tag:blogger.com,1999:blog-12761002050254122382024-03-05T06:13:26.701-03:00CLUBE DO CAMBAUNE PART DE BONHEURMarina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.comBlogger265125tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-45136852225949337832023-04-08T17:42:00.000-03:002023-04-08T17:42:51.518-03:00primeiro cigarro do dia<p> Ao longo da construção da minha persona professora, acordar cedo, bem cedo mesmo, passou a fazer parte da minha rotina. Mesmo aos sábados, domingos e feriados, eu desperto antes das 6h. Há dias que forço o sono a voltar, querendo retomar aquele sonho gostoso que ficou pela metade, ou deixar relaxar o corpo dolorido pelo excesso de peso na mochila, as mil telas abertas na cabeça, a longa agenda de compromissos, os alarmes, listas de afazeres, preocupações. Forço o lado fantasia, permito que o cansaço me vença e sorrio. Já adianto que raramente isso me leva a dormir para além das 9h, no entanto, aprendi a ser confortável durante as manhãs. </p><p>Gosto das manhãs dos dias semi livres, quando posso me demorar em cada etapa da rotina que criei para meu deleite. Levanto, passo uns minutos sentada na cama acarinhando meus gatos, olhando apaixonada para meu amor e, então, me dirijo ao banheiro. Xixi, torneira aberta para Zizek tomar água da pia, escovo os dentes, lavo o rosto com algum sabonete fresco, checo olheiras e marcas na pele e estou pronta para a cozinha. </p><p>Fazer o café é das atividades rotineiras que mais me encantam. Eu faço quando acordo e logo depois do almoço. Às vezes, faço de novo no final da tarde. Mas, pela manhã, a água ferve enquanto limpo a pia, lavando a louça que quase sempre sobra da noite anterior. Adoro dobrar o filtro, como se fosse um segredo, uma simpatia. As 4 colheres de pó se ajeitam dentro e despejo, lentamente e apenas no meio do filtro, a água quente. O cheiro de carinho, de calma, de começo invade a casa toda. A banana com granola aguarda em cima da mesa e talvez uma tapioca com queijo no fogão. </p><p>Talvez o que mais me agrade nessas manhãs seja mesmo o fato de que tudo isso acontece no silêncio solitário de alguém que fura os acordos sociais e se levanta quando todos ainda dormem. Penso que haja um paralelo no prazer que tinha de viver as madrugadas e a volta para casa no contra fluxo da cidade, quando todos saem e você volta. Lembro de levar óculos escuros na bolsa para que na volta pudesse me camuflar ao mesmo tempo que me destacava.</p><p>Mas, voltando às manhãs da atualidade, o ciclo se completa com aquele primeiro cigarro do dia. Este tão demonizado inclusive por adeptos do tabagismo, como o cigarro maldito, o excessivo, o fora do lugar. Ao final dessa breve refeição, um gole longo de café quente, uma segunda caneca já, o gosto do tabaco se ajeita na boca, acomodando o vício no lugar do prazer e não da repetição. Talvez seja, junto com o cigarro pós banho do final do dia, os que fogem da automaticidade e se alegram com a retomada do prazer primeiro. O resto é fuga. </p><p>Por isso, mesmo na criação e insistência de uma vida de cuidados, saudável, defendo a manutenção desse único companheiro matutino pelo equilíbrio, pelo prazer e, principalmente, porque se destaca de todo o resto por não apresentar utilidade. É só o que é. Meu primeiro cigarro, delicioso, da manhã.</p>Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-86970248280113993912022-03-26T10:07:00.002-03:002022-03-26T11:53:19.572-03:00(des)forma<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEGW-S-16rnL-Rq8tnvA3FEpxG9VSpCgdrxNAru-6Wbv_O5cDPKk7tANe16j7C2pbLG7ptdtgcV4h2zxnm7vr8PLZ-hrEGZHnoGFiU_fJN-RW-rCl_5CSqqiD3Z9chRRBWSs41ENDh3R4SlGKpokwoBdehiW1iNyzeZ0OlWZHvdFnIelKlYlM3p8dZ/s1228/IMG-20190405-WA0080.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1228" data-original-width="831" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEGW-S-16rnL-Rq8tnvA3FEpxG9VSpCgdrxNAru-6Wbv_O5cDPKk7tANe16j7C2pbLG7ptdtgcV4h2zxnm7vr8PLZ-hrEGZHnoGFiU_fJN-RW-rCl_5CSqqiD3Z9chRRBWSs41ENDh3R4SlGKpokwoBdehiW1iNyzeZ0OlWZHvdFnIelKlYlM3p8dZ/s320/IMG-20190405-WA0080.jpg" width="217" /></a></div><br />as linhas do corpo transbordam a constituição concreta, carnuda, informe e desnudam a justaposição de imagens, sons e traumas que compõem a materialidade imaterial. cada centímetro medido ou desmedido dessa corporeidade invade percepções emocionais e desfigura mentalmente o contorno nada familiar daquilo que passou a vida desviando o olhar.<p></p><p>olhos cansados, secos, porém bem abertos, num esforço descabido e exagerado de não perder nenhum detalhe, forçando as barreiras do aceitável e ceifando excessos constituídos de tanta falta. o vazio preenchido pelo vácuo de afetos e compreensão. de mim para mim.</p><p>apetite de sentir-se e olhar-se transfigurado em desejo de ancoramento em si, ensimesmado porém conectando o que ainda não foi ligado. necessidade de vínculo com seu próprio umbigo e o ânsia de perder-se em sua territorialidade, filiando-se a si.</p><p>na unidade corporal que se propõe como eu, ergue costas e olhos e se fita no espelho, amparando-se na força que a ajuda a sobreviver aos ataques que vêm do centro de seu ventre. uma guerra na boca do seu estômago esparramada nos líquidos de seu peito.</p>Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-41564778218640331892021-12-09T18:14:00.000-03:002021-12-09T18:14:07.116-03:00a outra cena<p>Com os olhos fixos no chão, a cabeça se agitava para que saísse daquele lugar, de perto daquelas pessoas, do olhar enojado dele sobre a sombra dela, já que fingiu não vê-la. Ela, no entanto, não conseguia fazer com que suas pernas se movessem e pudesse sumir dali. Da excitação de ver o objeto de seu desejo se aproximar enquanto atravessava a rua para sentir o mundo engolindo sua cabeça e expondo suas entranhas no meio da calçada, pulsando a dor e a vergonha quentes no rosto. 'Mas ela achou que eu fosse querer?'</p><p>Caminhava pelo corredor da escola num desenho que faria Bentham chorar de emoção. O casaco ficava muito grande nela, mas a sensação de vesti-lo e sentir seu perfume era quase como abraçá-lo, como se seus braços dessem a volta nas costas e segurassem, mesmo que frouxamente, suas mãos. Acho que nunca vou esquecer aquele perfume. 'Você não é nojenta, nem parece gorda.'</p><p>Deitada, ainda olho para o teto, contando cada um dos quadrados desenhados ao redor do lustre. A janela à sua frente mostra um pedaço do prédio do hospital e o céu aparece cinza, molhado, como se pudesse chover por semanas a fio. Já na rua, meus passos incertos porém atentos impulsionam-me para a menina paralisada na calçada. Enquanto a olho, ainda distante, busco palavras que pudessem ser dela dentro de mim e largo um sorriso de reconhecimento sem dentes mas com brilho nos olhos.</p><p>É tarde, mas o sol ainda não esquentou a sala por inteiro e o gelado atípico do começo de dezembro é cortado pelos goles de café que regularmente levo aos lábios enquanto viro as páginas do livro. Uma canseira parece tomar conta do corpo e uma preguiça espicha as pernas e os pés que roçam os gatos no caminho. Viro a cabeça para a porta da sacada, iluminada de verde da luz da manhã na árvore que se agiganta à minha frente e acomodo os mundos que tenho dentro de mim.</p><p>Nesse meu mundo sempre tem trilha sonora, mas agora os acordes que deixo ao fundo funcionam mais como o ruído do vento e dos poucos carros que passam lá embaixo. No entanto, brinco de imaginar a projeção da sequência de eventos no enquadramento da tela de cinema e decido não só os sons que fariam de meus momentos cinematografáveis mas também o rumo dos acontecimentos que se desenham em minha mente.</p><p>É curiosa a maneira como a lembrança nos transforma em personagens de nós mesmos, mas também dá a chance de fazermos as vezes de diretores e rever papeis, posicionamentos e sensações. 'Desliga o som e traz a menina aqui'. Dou ordens e refaço a cena, congelando os outros personagens e suas caras e bocas tortas com gosto de passado. A luta na refação é lidar com tantos resquícios que sobram dentro de mim, escondidos em hábitos que grudaram fundo na pele e sobem para a boca com a agitação das borboletas no estômago. Decido por convidá-la a me acompanhar no hoje em diante e pensar junto com seu olhar o que fica e o que vai, acalmando a menina assustada, receosa, humilhada, mas sonhadora.</p>Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-66125354332510842122021-12-07T11:26:00.001-03:002021-12-07T11:26:42.576-03:00sou meu hóspede<p style="text-align: justify;">Sou meu hóspede noturno</p><p style="text-align: justify;">em doses mínimas</p><p style="text-align: justify;">e uso a noite</p><p style="text-align: justify;">para despojar-me</p><p style="text-align: justify;">da modéstia</p><p style="text-align: justify;">e outras vaidades</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">procuro ser tratado</p><p style="text-align: justify;">sem os prejuízos</p><p style="text-align: justify;">das boas-vindas</p><p style="text-align: justify;">e com as cortesias</p><p style="text-align: justify;">do silêncio</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">não coleciono padeceres</p><p style="text-align: justify;">nem os sarcasmos</p><p style="text-align: justify;">que deixam marca</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">sou tão-só</p><p style="text-align: justify;">meu hóspede</p><p style="text-align: justify;">e trago uma pomba</p><p style="text-align: justify;">que não é sinal de paz</p><p style="text-align: justify;">mas sim pomba</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">como hóspede</p><p style="text-align: justify;">estritamente meu</p><p style="text-align: justify;">no quadro-negro da noite</p><p style="text-align: justify;">traço uma linha</p><p style="text-align: justify;">branca</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Mário Benedetti (1920-2009), poeta uruguaio, In: De La Vida ese Parentesis.</p>Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-11908387074751272982020-07-22T17:10:00.001-03:002020-07-22T17:10:22.417-03:00Zeitgeist Post-it<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPWaBo5yopoku-SKr8YezsyRB9aJ6yRgnwuJ0PtdVPktsTKcXEnb0iOrZvgc6ZT5A_pee7clqFk0T4qiP6CMsjwbnH6HQvKZXmHJD0yUywaf0o6WGzxXoblukcMibcz9t0CVrQXcPsRoc/s1600/pricetag_5103.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="512" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPWaBo5yopoku-SKr8YezsyRB9aJ6yRgnwuJ0PtdVPktsTKcXEnb0iOrZvgc6ZT5A_pee7clqFk0T4qiP6CMsjwbnH6HQvKZXmHJD0yUywaf0o6WGzxXoblukcMibcz9t0CVrQXcPsRoc/s320/pricetag_5103.png" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div>
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<br />
Eu pedi um café e tirei da bolsa o caderno que levava para todo lado junto comigo - é olhando pela janela do ônibus ao cruzar da zona oeste para a sul que as coisas mais genéricas, mas que parecem tão sintéticas de tantas reflexões, aparecem. Era principalmente nas corridas para o trabalho, no ônibus quase vazio das cinco da manhã, que elas vinham. Mas sempre temia que o caderno não estivesse à mão e eu perdesse algo e a memória ótima porém seletiva não me deixasse lembrar mais tarde. Enfim, se bem o conhecia, iria atrasar. Assim, podia ou continuar a ler os contos do século passado ou me atentar a um zeitgeist menos jazzístico espontâneo, um que me causava arrepios na nuca já há alguns anos e que se espalhava em aforismo nas folhas do tal caderno.</div>
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<br /></div>
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É curioso como algumas reflexões nos assaltam por longos períodos de tempo. A sensação é de que estejam ali à espreita desde os primórdios de uma vida intelectualmente ativa. É um olhar cujo ponto de partida se perdeu, mas que oferece lembranças bastante longínquas, quase infantis, definitivamente ingênuas, até as frases soltas anotadas depois da conversa de whatsapp do dia anterior. </div>
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<br /></div>
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Muito se fala em bolha, mas esse não é um conceito perceptível somente ou nascente nos meios virtuais. Tribos, identificação, pertenciamento. No entanto, ao que me parece, é a internet, ou melhor, as redes sociais, que funcionam como catalisadoras de uma demanda por ecoar determinados ethos, garantindo uma suposta adesão, mesmo que superficial, a uma identidade ideal. Claro que isso não ocorre apenas para as telas. Mas, talvez, no lugar de tentarmos recriar nosso eu em imagens e textos na internet, estejamos trabalhando pela coerência delas com o nosso eu offline. </div>
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<br /></div>
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Veja aquele rapaz sentado ali na mesa perto da janela, por exemplo. Meu pai costumava dizer, logo que entrei na USP, que era possível reconhecer meus colegas de universidade de longe. Grande frequentador do supermercado Padrão, reduto de estudantes duros, papai chegava de suas compras diárias sempre com uma descrição afiada e jocosa. "Barba, sandalinha de jesus, igual a sua, uma camiseta quase sem cor e o cabelo desgrenhado". E riam. Todos riam. Eu não, fingia bem que não entendia, porque entender seria concordar com o fato de também utilizar os acessórios que me garantiam a identificação a uma filiação universitária. E para garantir o pertencimento é preciso acaso. É preciso que imaginemos que nossas escolhas ecoem como se fossem feitas espontaneamente. Aguele rapaz jura que sua camisa xadrez e barba, calça preta mais coladinha e o tênis que todo mundo usa são escolhas que não seguem uma tendência. Porque para identificação não é possível que a escolha seja estética, ela precisa ser imbuída do que o mundo do marketing gosta de chamar de conceito e tudo deve ser uma grande coincidência de encontro destes.<br />
<br />
A coincidência se coaduna a busca por o que hoje chamam de consumo consciente, mas que já teve outros nomes. Naomi Klein falava de consumir um estilo de vida. Eu chamo de comprar um ethos. O mais curioso desses consumidores todos, cada um de seu modo particular mas nem tanto, é o fato de que existe uma insistência importante para a construção de seu ideal de eu no aspecto outsider de seus sujeitos. Como diria um grande professor meu, não existe fora. Mesmo porque, o que há de tão diferente se o consumo ainda é parte não só integrante quanto estrutural dessa equação que visa mais a apaziguar as culpas pelo pertencimento a um sistema tão abjeto e revoltante?<br />
<br />
Olha ele vindo. Sabia que haveria atraso, mas a surpresa é que ele é muito menor do que já foi ao longo dessa década de encontros marcados. Ele ainda me faz sorrir... Grande parte dessas anotações nos vários cadernos que carrego, no bloco de notas do celular, na arquivo <i>Ideias</i> no Drive, como grande parte das reflexões que vêm me assaltando ao longo da vida, começando não sei bem quando, têm a influência dessa troca que fazemos desde o primeiro dia que nos vimos. A gente costumava sentar na cozinha da casa que construímos juntos e passar horas conversando sobre o que estávamos estudando, lendo parágrafos um para o outro, anotando frases.<br />
<br />
M. Iaiiimmm?! Pensei que ia demorar mais!<br />
P. Ando trablhando com pontualidade.<br />
M. ahaha Muito bem!<br />
P. Me fala! como a gente vai atacar o tal zeitgest?<br />
M: O zeitgeist que eu vou começar a chamar de post-it. Zeitgeist Caixa Oragnizadora. Zeitgeist Tenho que Botar Nome em Tudo.<br />
P: Ahhshs , explica essa maluquice!<br />
M: Hahahaha Qual?<br />
P: O Zeitgeist de cada cosia. Mas eu acho que tem que ser um Zeitgeist geral<br />
M: É um só. eu só dou vários nomes.<br />
P: Que é o da cagação de regra - que eu acabo de fazer, inclusive.<br />
M: Eu acho que cabe no mesmo.<br />
M: É o zeitgeist post-it!<br />
P: Hahha O Zeitgeist identificador.<br />
M: Exato!<br />
P: Caixa organizadora é maravilhoso!<br />
M: E por identificar e botar em caixas, é também caga regra!<br />
P: Total!<br />
M: Mas nomear é apenas um dos passos. O outro é aproximar como experiência vivida, fazendo o que ativismo faz. Não é um outro. É criar meios de identificação com a tag de ALERTA. Agora, o que eu fico pensando é o que poderia estar por trás de tanta categoria.<br />
(um gole de café)<br />
M: E eu penso umas coisas.<br />
P: Em que coisas?<br />
M: Pra respoder a uma planificação das identidades antes multifacetadas, a criação de centenas de etiquetas daria a falsa (ou superficial) impressão de uma complexidade identitária.<br />
P: Hummm... E acho o uso da palavra "etiqueta" sensacional nesse contexto. Porque me remete a uma relação quase mercadológica. No sentido de "escolha a sua identidade" dentre essas opções.<br />
M: Sim!!! E o lance da caixa organizadora também. Porque é tudo coisa. Pegue a sua. Escolha a cor e vista.<br />
P: Sim, sim!<br />
M: Mesmo porque são coisas acessórias mesmo para criar essa falsa complexidade identitária. Tem a ver com consumo. Sartre se mataria porque não tem nada de olhar para dentro, mas olhar para a construção de um ideal de eu para fora.<br />
P: Vc está pronta pra entrar num mestrado sobre identidades. pra destruir por dentro. hehehe<br />
M: Meu tema de maior bode...hahahahah Mas olha, nessa a gente não é mais produto. A gente é cabide, porque ainda tem a ver com o que uma marca suporta em termos de "valores".<br />
P: Caralho, vc tá uma frasista de responsa.<br />
M: hahahahaha eu tô entediada e de saco cheio da minha bolha. minha bolha podia estourar, sabe<br />
P: Vou te dar umas agulhas<br />
M: metafóricas?<br />
P: no campo hoje. teve um momento em que eu estava caminhando e trocando ideia com um cara mais velho que eu, usuário de crack, poeta...<br />
M: hmm<br />
P: Ele tirando várias conclusões do pequenas empresas, grandes negócios que ele viu no domingo Hahaha Mas sabe? Alguém fora da minha bolha imediata<br />
M: sim<br />
P: Se envolver com coisas diferentes. e tipo, não é em sarau de classe média-elite<br />
M: ah nao, pq é mais do mesmo<br />
P: Tem gente mais liberta dessa maluquice de etiqueta no sarau, mas tem muita gente bitolada tbm<br />
M: bastante mais. sabe, eu não consigo mais me comunicar com nossa bolha<br />
P: te falar que fora tbm é bem difícil. Mas parece mais arejado<br />
M: nao me instiga, nao me dá tesão. é um disco riscado. o campo semantico é o mesmo, sabe<br />
P: Eu sei. Vc que me chamou atenção. De papo de mesa de bar. De já saber oq a próxima pessoa vai dizer. A gente entrou numas de extrema segurança<br />
M: tem q todo mundo postar a mesma porra de video q a chimamanda fala sobre o brasil, para vc ser inserido no grupo com as etiquetas tais e tais e tais<br />
P: De qq surpresa ser potencialmente disruptiva. E aí fomos tirando a potência da vida e que tbm envolve decepções, tombos<br />
M: devir é o mesmo de ontem com um bottom diferentão e engraçadinho<br />
P: Mano, mano, mano! vc tem que escrever sobre essas coisas, pequena. Sério.<br />
M: Mas eu não sei nem por onde começar. Faço em que formato? conto? artigo? crônica?<br />
P: Com essas frases? Do jeito que vc quiser! Mas eu penso em poesia e crônica. Algo meio Nietzsche, uns aforismos.<br />
M: Vou tenta. porque isso não sai da minha cabeça há anos.<br />
P: Pois é. Colocar pra fora de alguma forma. Se exorcizar de algum jeito.<br />
<br />
De alguma maneira, então, esse é o começo de um exorcismo de todos esse caos e desconforto que tem crescido, se desenvolvido e até se reproduzido nos últimos anos. Vez ou outra defenstro esse caos com uma frase ou outra em tweets ou provocações que talvez só eu mesma entenda, numa piada tão interna que é de plateia única. Hoje, relendo as palavras, penso em como elas reverberarão em mim daqui a algum tempo, se eu continuarei a alimentar esse diálogo interno como ainda o faço. Já me parece incompleto o que aqui está, mas preciso de um primeiro passo e aqui vai ele.<br />
<br />
(continua)</div>
</div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-35462819970311306822020-06-15T18:45:00.001-03:002020-06-15T18:45:36.052-03:00Before you knew You Owned it, Alice Walker<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxVHf1WXbusbGLIEdTzM5kO_RGHleN48el2fWvh3LUzAgXWDzet2E4FW0pSb19C6Shb_X2SNaC1Z4BEtjSs1Q' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-52478733866921988192019-10-02T01:47:00.004-03:002019-10-02T01:47:43.468-03:00The Fairest of the Seasons - NicoNow that it's time<br />
Now that the hour hand has landed at the end<br />
Now that it's real<br />
Now that the dreams have given all they had to lend<br />
I want to know do I stay or do I go<br />
And maybe try another time<br />
And do I really have a hand in my forgetting ?<br />
<br />
Now that I've tried<br />
Now that I've finally found that this is not the way<br />
Now that I turn<br />
Now that I feel it's time to spend the night away<br />
I want to know do I stay or do I go<br />
And maybe finally split the rhyme<br />
And do I really understand the undernetting?<br />
<br />
[Chorus]<br />
Yes and the morning has me<br />
Looking in your eyes<br />
And seeing mine warning me<br />
To read the signs carefully<br />
<br />
Now that it's light<br />
Now that the candle's falling smaller in my mind<br />
<br />
Now that it's here<br />
Now that I'm almost not so very far behind<br />
I want to know do I stay or do I go<br />
And maybe follow another sign<br />
And do I really have a song that I can ride on?<br />
<br />
Now that I can<br />
Now that it's easy, ever easy all around<br />
Now that I'm here<br />
Now that I'm falling to the sunlights and a song<br />
I want to know do I stay or do I go<br />
And do I have to do just one<br />
And can I choose again if I should lose the reason?<br />
<br />
Yes, and the morning<br />
Has me looking in your eyes<br />
And seeing mine warning me<br />
To read the signs more carefully<br />
<br />
Now that I smile<br />
Now that I'm laughing even deeper inside<br />
Now that I see<br />
Now that I finally found the one thing I denied<br />
It's now I know do I stay or do I go<br />
And it is finally I decide<br />
That I'll be leaving<br />
In the fairest of the seasons<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/D5JX4-zZbiY/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/D5JX4-zZbiY?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-57660226439792146022019-03-06T18:49:00.002-03:002019-03-06T18:49:29.982-03:00Superstar<span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;">Loneliness is such a sad affair</span><br style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;" /><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;">And I can hardly wait to be with you again</span><br style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;" /><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;">What to say to make you come again?</span><br style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;" /><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: Roboto, HelveticaNeue, Arial, sans-serif; font-size: 14px; max-height: 999999px;">Come back to me again and play your sad guitar</span>Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-77955689987729907102018-12-24T12:36:00.000-02:002018-12-24T12:36:37.055-02:00esquinaUma esquina<br />
e o bar que já serviu<br />
copos de cerveja, plural,<br />
hoje serve um, singular.<br />
<br />
Mas é celebração<br />
e não lamento.<br />
À saúde da mulher<br />
que hoje se sustenta.<br />
<br />
E é a mim que recorro<br />
no refresco da alma<br />
e do corpo só<br />
e inteiro.Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-11765107909876135212018-12-22T20:57:00.001-02:002018-12-22T20:57:21.222-02:00Cadeiras vaziasNossa mesa estava vazia e nos meus ouvidos os fones pendurados<br />
no som que trazia de volta o cheiro de março, o verão à noite.<br />
<br />
Caminhar por essa calçada é misto de desejo e saudade<br />
e a trilha é extensa entre sorrisos, engasgo e lágrimas.<br />
<br />
Hoje, no entanto, as lágrimas são de graça e não de dor,<br />
dor que arranquei com a força dos dedos desiludidos e acordados.<br />
<br />
E continuo em verso lavando o resto que sobrou da miséria de um amor perdido.Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-56492985559716107532018-12-22T20:34:00.000-02:002018-12-22T20:34:22.887-02:00às muitas vistasSonhei que tinha mandado uma música do Chico César para você.<br />
E você chorou quando ouviu.<br />
Eu via tudo,<br />
como onipotente e onipresente em sonho.<br />
Uma deusa do meu próprio destino.<br />
Uma menina nas mãos decisivas dos caminhos trilhados por mim.<br />
<br />
Era simples<br />
e corajoso.<br />
Era um resumo de mim<br />
e de quando caminhou ligeiro (e fugidio) ao meu lado.<br />
Era sonho,<br />
mas era memória também.<br />
<br />
E acordei para dedilhar no piano as notas adormecidas no peito.<br />
Era eu, mais do que você. Mas você também estava lá.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/kZ9f68Kbn5A/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/kZ9f68Kbn5A?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-40185332126634367942018-12-16T02:10:00.000-02:002018-12-16T02:10:12.077-02:00Expurgo<div style="text-align: justify;">
Foram três palavras lidas e uma descarga elétrica despejada no topo da sua cabeça. Não sabia nem como e nem o porquê de ter parado ali, novamente com o risco, agora comprovado, de sofrer com a imagem de sua mentira. As três palavras não machucavam tanto quanto a dor da perda da propriedade delas. Não eram mais suas. Não eram mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A luz em volta de si foi se apagando enquanto passava a mão direita no estômago dolorido, ardente. Suas unhas cavucavam e a ardência parecia aumentar. Sangue, carne e o dedos a perfurar a pele. Coçava de vazio, coçava de ausência. Recostou no travesseiro sua cabeça pesada e ainda eletrizada pelas três palavras desprovidas de seu corpo. Ou seu corpo desprovido delas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sua mão já apalpava algo quente, úmido e palpitante no centro de sua barriga. Segurava-o fortemente, acariciava-o e retirava-o de dentro de si. A incisão que fizera foi o caminho para a salvação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi até o banheiro e com uma toalha limpou o sangue, lavou a barriga. Pegou gaze na gaveta, passou algodão com iodo e fechou com esparadrapo. O curativo superficial não era uma preocupação. Seu ventre se recompunha rápido. As células de carne e de pele se multiplicavam a cada passada de algodão. Seu corpo se acalmava e as três palavras não coçavam mais no centro de seu ventre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Retomava posse, oferecendo-se para si.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Trocou os lençóis da cama, arrastou os móveis e o ar chegava agora em seus cantos escondidos. Fez um café e sentou-se de frente para a vista do céu. Aquela dor não era mais sua. A dor, desapossada, destituída, desabrigada, fora jogada pela janela e sua redenção vinha de dentro daquela mulher.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Voltava a ser senhora de si. Voltava a ser um corpo completo, uma mulher com outras tantas acomodadas em seu peito. Todas pela reconstrução do caminho labiríntico que levava até o seu coração.</div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-48814940341829895082018-11-26T12:01:00.001-02:002018-11-26T12:01:27.677-02:00PromessasDe amor:<br />
um violão,<br />
a viagem,<br />
algum tostão.<br />
<br />
De presença:<br />
permanência,<br />
as estrelas,<br />
o pão.<br />
<br />
De verdade,<br />
um museu,<br />
os planetas,<br />
sua mão.<br />
<br />
De perto<br />
um olhar<br />
não sustenta<br />
a paixão.<br />
<br />Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-14549868909821067782018-10-15T20:17:00.001-03:002020-11-13T19:07:49.910-03:00Catarse com Nick Cave<div style="text-align: justify;">
<i>Shoot me down</i> me arrancou todas as lágrimas que eu não imaginei que estavam no peito. E nossa, como havia lágrima ainda!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Into my arms</i> começou com olhos molhados e meu corpo todo se acalmando. 'But I believe in love' e uau! como eu acredito no amor. E como eu acredito em mim e nas possibilidades da vida. E pensei que eu tenho medo, mas sou corajosa demais por tudo o que tem acontecido e por não me esconder, não desviar mais o olhar. E bateu uma vontade louca da vida, sabe? Eu sorri e pensei que esse lugar que foi ocupado recentemente, abruptamente e intensamente no meu coração precisa ser curado, mas tudo bem. Tudo bem eu ter ficado mal, tudo bem eu ter sofrido, mas agora a vida está toda aí para mim e tem acontecido muita coisa boa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu chorei mais por mim do que por ele. Eu chorei por ter acreditado no que a gente tinha e isso é bom, não é ruim. Eu chorei essas noites todas porque estou aprendendo a viver comigo mesma. Tirei da cabeça a desconfiança do que foi sentido do outro lado dessa relação, mas confirmei a certeza de que para andar ao meu lado além de disposição tem que ter coragem. De se decepcionar, de chorar e de se doar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E sentir saudade é ter sido honesta e inteira. E eu sou honesta com meus afetos, inteira nas minhas escolhas e certa dos caminhos todos até aqui. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>I believe in love and I know that you do too</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>And I believe in some kind of path that we can walk down, me and you</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>So keep your candle burning and make (his) journey bright and pure</i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/LnHoqHscTKE/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/LnHoqHscTKE?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-44139327930303477902018-09-20T10:05:00.001-03:002018-09-20T10:06:01.374-03:00há poesia em são pauloLoucura em goles de vinho<br />
<div>
inebriando a tarde de segunda.</div>
<div>
<br />
<div>
A corrida semi-fria</div>
<div>
(e quase chuvosa)</div>
<div>
para alcançar notas</div>
<div>
e espremer lágrimas de deslumbramento.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
E a sua mão segurando a minha, leve e querida.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Outro copo </div>
<div>
outro drink.</div>
<div>
Bolas iluminadas</div>
<div>
e uma vontade de dividir.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Levo uma flor</div>
<div>
recebendo o abraço acolhedor do seu peito.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
À meia-luz, vejo nos seus olhos os meus.</div>
</div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-42892751178252709352018-08-01T15:29:00.001-03:002018-08-01T15:29:22.375-03:00Milton Nascimento e euPena, que pena, que coisa bonita, diga<br />
Qual a palavra que nunca foi dita, diga<br />
Qualquer maneira de amor vale aquela / amar / à pena /<br />
valerá<br />
<br />
Eles partiram por outros assuntos, muitos<br />
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito<br />
<br />
Qualquer maneira que eu cante este canto<br />
Qualquer maneira me vale cantar<br />
Eles se amam de qualquer maneira, à vera<br />
Eles se amam é prá vida inteira, à vera<br />
<br />
Qualquer maneira de amor vale o canto<br />
Qualquer maneira me vale cantar<br />
Qualquer maneira de amor vale aquela<br />
Qualquer maneira de amor valerá<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/-T-esXst0sc/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/-T-esXst0sc?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-16179194805434570702018-07-29T22:08:00.004-03:002018-07-29T22:58:16.385-03:00“The shampoo”, by Elizabeth BishopThe still explosions on the rocks,<br />
the lichens, grow<br />
by spreading, gray, concentric shocks.<br />
They have arranged<br />
to meet the rings around the moon, although<br />
within our memories they have not changed.<br />
And since the heavens will attend<br />
as long on us,<br />
you’ve been, dear friend,<br />
precipitate and pragmatical;<br />
and look what happens. For Time is<br />
nothing if not amenable.<br />
The shooting stars in your black hair<br />
in bright formation<br />
are flocking where,<br />
so straight, so soon?<br />
– Come, let me wash it in this big tin basin,<br />
battered and shiny like the moon.Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-14744204656836153462018-07-16T23:23:00.003-03:002018-07-16T23:23:17.903-03:00SaramagoAs palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras nos absorvem, não nos deixam: são como garras, vêm nos livros, nos jornais, nas mensagens publicitárias, nos rótulos dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, intimidam, impõem, segregam , eliminam. São melífluas ou ácidas. E tudo isso aturde as estrelas e perturbam as comunicações, como as tempestades solares.<br />
Porque as palavras têm deixado de comunicar. Cada palavra é dita para que não se ouça outra. A palavra, até quando não afirma, se afirma: a palavra é a erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra não mostra. A palavra disfarça.<br />
<br />
Daí que resulte urgente podar as palavras para que a plantação se converta em colheita. Daí que as palavras sejam instrumento de morte ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que vale o silêncio do ato.<br />
<br />
Há, também, o silêncio. O silêncio é, por definição, o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calado sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio. “Mas só o trigo dá pão”.Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-59026938855166631362018-06-10T17:02:00.000-03:002018-06-10T17:02:34.463-03:00the mad ones<div class="_1dwg _1w_m" style="background-color: white; font-size: 12px; padding: 12px 12px 0px;">
<div>
<div class="mtm _5pco" data-ft="{"tn":"K"}" style="margin-top: 10px;">
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_5b1d82e9049a02f82259565" style="display: inline;">
<div style="margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"the only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones that nev<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">er yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars and in the middle you see the blue centerlight pop and everybody goes "Awww!" J.K - On the Roa</span></span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">d <span class="_47e3 _5mfr" style="font-family: inherit; line-height: 0; margin: 0px 1px; vertical-align: middle;" title="Emoticon smile"><span aria-hidden="true" class="_7oe" style="display: inline-block; font-family: inherit; font-size: 0px; width: 0px;">:-)</span></span></span></div>
</div>
</div>
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
</div>
</div>
<div style="font-family: inherit;">
</div>
</div>
</div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px;">
<form action="https://www.facebook.com/ajax/ufi/modify.php" class="commentable_item collapsed_comments" data-ft="{"tn":"]"}" id="u_fetchstream_34_1u" method="post" rel="async" style="margin: 0px; padding: 0px;">
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</div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-85792147561364465202018-05-22T10:04:00.002-03:002018-05-22T10:04:22.520-03:00o gritoA cortina estava aberta e a fresta da janela trazia o vento frio às suas costas. Lembrou-se de respirar. Como podia se esquecer tão frequentemente de respirar? Virou de barriga para cima, encarou o teto e puxou quase que todo o ar que havia no quarto, fechou os olhos e ao soltá-lo um grito guardado, não no peito, mas no fundo de cada um dos pulmões escapou, escancarou a boca e arrancou lágrimas dos olhos de solidão. O grito foi sufocado pela verdade do corpo fora e suas mãos procuravam o amor ao lado.Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-70822679041931331022018-04-18T20:45:00.001-03:002018-04-18T20:45:05.218-03:00Namorados, Manuel BandeiraO rapaz chegou-se para junto da moça e disse:<br />
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.<br />
A moça olhou de lado e esperou.<br />
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?<br />
A moça se lembrava:<br />
-A gente fica olhando...<br />
A meninice brincou de novo nos olhos dela.<br />
O rapaz prosseguiu com muita doçura:<br />
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.<br />
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.<br />
O rapaz concluiu:<br />
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.<br />
<br />
Manuel Bandeira BANDEIRA, M., Libertinagem, 1930.<br />
<div>
<br /></div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-52142707933035555722018-03-08T23:41:00.002-03:002018-03-09T09:08:28.102-03:00Luz e (ah!) escuridão<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">The attempt at introspective analysis […] is in fact</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">like seizing a spinning top to catch its motion, or</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">trying to turn up the gas quickly enough to see how</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">the darkness looks.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">William James</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Eu estava farto de luz. Todos os países que</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">percorrera, todos os cenários que contemplava,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">inundava-os a luz do dia, e, à noite, a das estrelas.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Ah!, que impressão enervante me causava essa luz</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">eterna, essa luz enfadonha, sempre a mesma, sempre</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">tirando o mistério às coisas... Assim parti para uma</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">terra ignorada, perdida em um mundo extra-real</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">onde as cidades e as florestas existem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">perpetuamente mergulhadas na mais densa treva ...</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não há palavras que traduzam a beleza que</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">experimentei nessa região singular. Porque eu via as</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">trevas. A sua inteligência não concebe isto, decerto,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">nem a de ninguém ...</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Mario de Sá-Carneiro</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">By day there was nothing, but by night there were</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">lamps, and George Stransom was in a mood that</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">made lamps good in themselves. It wasn’t that they</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">could show him anything, it was only that they could</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">burn clear.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Henry James</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">And the people bowed and prayed</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">To the neon god they made</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">And the sign flashed out its warning</span></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">In the words that it was forming</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">And the sign said, the words of the prophets are written on the subway walls</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">And tenement halls</span></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">And whispered in the sounds of silence</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">Paul Simon</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">You wanna it darker</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">We killed the flame.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span jsname="YS01Ge" style="background-color: white;">Leonard Cohen</span></span><br />
<br />Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-7953605021354540782018-02-25T22:28:00.000-03:002018-02-25T22:29:51.484-03:00Intertexto, de Bertolt BrechtPrimeiro levaram os negros<br />
Mas não me importei com isso<br />
Eu não era negro<br />
<br />
Em seguida levaram alguns operários<br />
Mas não me importei com isso<br />
Eu também não era operário<br />
<br />
Depois prenderam os miseráveis<br />
Mas não me importei com isso<br />
Porque eu não sou miserável<br />
<br />
Depois agarraram uns desempregados<br />
Mas como tenho meu emprego<br />
Também não me importei<br />
<br />
Agora estão me levando<br />
Mas já é tarde.<br />
Como eu não me importei com ninguém<br />
Ninguém se importa comigo.<br />
<br />
<br />
<img alt="Resultado de imagem para intervenção rio de janeiro crianças" height="266" src="https://f.i.uol.com.br/fotografia/2018/02/21/15192676735a8e2f595bccb_1519267673_3x2_md.jpg" width="400" /><br />
<span style="font-family: inherit;">Rio de Janeiro, Brasil. Fevereiro/2018</span>Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-5502150409181818802018-02-21T10:31:00.001-03:002018-02-21T10:31:09.500-03:00Conheço o meu lugar - Belchior<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/TeIiPgCNwj8/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/TeIiPgCNwj8?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />
O que é que pode fazer o homem comum<br />
Neste presente instante senão sangrar?<br />
Tentar inaugurar<br />
A vida comovida<br />
Inteiramente livre e triunfante?<br />
<br />
O que é que eu posso fazer<br />
Com a minha juventude<br />
Quando a máxima saúde hoje<br />
É pretender usar a voz?<br />
<br />
O que é que eu posso fazer<br />
Um simples cantador das coisas do porão?<br />
Deus fez os cães da rua pra morder vocês<br />
Que sob a luz da lua<br />
Os tratam como gente - é claro! - aos pontapés<br />
<br />
Era uma vez um homem e o seu tempo<br />
Botas de sangue nas roupas de lorca<br />
Olho de frente a cara do presente e sei<br />
Que vou ouvir a mesma história porca<br />
Não há motivo para festa: Ora esta!<br />
Eu não sei rir à toa!<br />
<br />
Fique você com a mente positiva<br />
Que eu quero é a voz ativa (ela é que é uma boa!)<br />
Pois sou uma pessoa<br />
Esta é minha canoa: Eu nela embarco<br />
Eu sou pessoa!<br />
A palavra pessoa hoje não soa bem<br />
Pouco me importa!<br />
<br />
Não! Você não me impediu de ser feliz!<br />
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!<br />
Ninguém é gente!<br />
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!<br />
<br />
Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!<br />
Não sou da nação dos condenados!<br />
Não sou do sertão dos ofendidos!<br />
Você sabe bem: Conheço o meu lugar!<br />
<div>
<br /></div>
Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1276100205025412238.post-89310257303695017312018-02-20T00:41:00.002-03:002018-02-20T00:41:37.952-03:00El bigodon ;-)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwRd_KCIHiDEIHGzpu2fVSIScJqDDQCij5xzKNsAXdKBzzvnmL5ozBMyNT2-z4GeN6L_sjXxomJZK1WXCwVMoLDdRU19We1Ir5GM1-Jwb2bfVZsjqotUeRYMz9AIp1ocuSQe-w7Nz6klk/s1600/WhatsApp+Image+2018-02-20+at+00.30.08.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwRd_KCIHiDEIHGzpu2fVSIScJqDDQCij5xzKNsAXdKBzzvnmL5ozBMyNT2-z4GeN6L_sjXxomJZK1WXCwVMoLDdRU19We1Ir5GM1-Jwb2bfVZsjqotUeRYMz9AIp1ocuSQe-w7Nz6klk/s320/WhatsApp+Image+2018-02-20+at+00.30.08.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />Marina Pavelosk Migliaccihttp://www.blogger.com/profile/06538631283491203658noreply@blogger.com0