sexta-feira, 23 de abril de 2010

Medo

Sentia muito medo e nem sabia defini-lo. Nem sabia de quê porque nunca soube que era isso que sentia. Nunca ligou o nome a pessoa, sabe? Procurava sempre uma forma de encontrá-lo, de falar com ele, mas sua cabeça se arrepiava dependendo do tom de sua voz, da resposta online, da pergunta que fosse proferida depois do 'tudo bem e vc?'.

O formigamento começava na cabeça e pulava para o estômago. Como se estivesse acontecendo tudo ao mesmo tempo, mas fossem processos separados. Subia pelas pernas e ardia nos olhos. Doía. Doía bastante, mas era uma dor como que em cima do corpo, superficial, mas muito lá dentro, bem profunda. O corpo todo ficava quente, o rosto, o peito, extremamente esquisito. Doía tanto. Depois, como se tudo aquilo não coubesse dentro do corpo, explodia no rosto e escorria pelos olhos. Molhado.

Com uma dor forte no peito, parecia que o mundo todo ia cair em sua cabeça porque os ombros não aguentariam tamanho peso. Tudo desabaria daquilo que contruiu tão bem construidinho. Todos os pedaços do inteiro agora eram só pedaços e juntá-los demorava e pulsava em suas mãos. Não havia travesseiro que agarrasse que diminuiria a pressão que sentia no estômago.

Depois de doer e apertar, uma hora, que ela nunca lembrava quando, as coisas se apagavam, os olhos fechavam para secar e ela dormia.

Um comentário:

Celso Ramos disse...

Pô...só o Chico Buarque pra traduzir teu texto...a Alma feminina é realmente um mistério. Que bom....porque quando agente descobre rápido as coisas ai perde agraça! Legal é viver o mistério!
Abraços!!
Ps. è sempre bom ter comentários teus lá no blog!! Fica com Deus!