Escolhi as letras para formar minha visão crítica do mundo, meu conhecimento sociológico e minha tentativa de apreender o mundo pela literatura. As letras surgiram para mim como uma forma de ler para aprender a escrever. Era isso o que eu queria quando comecei a estudar os grandes.
A necessidade de desenvolver artigos, ensaios e análises, fez nascer uma vontade de pensar pela minha cabeça e assim montei meu blog, o meio moderno mais rápido de testar e experimentar as formas e ferramentas que vão sendo acumuladas não só na academia, mas pelas ruas adentro. Com ele, descobri habilidade em forma e experimentei o sentimento de não só preencher páginas em branco, mas o de encarar o leitor como um crítico.
Leitor crítico, aliás, foi a denominação mais caçada durantes os anos de faculdade, herança da tradição marxista que o instituto segue. E já que citei Marx, gostaria de apresentar a matriz dialética do conceito de história, o que ela tem que me encanta e como a arte faz com que essa realidade seja aplicada de maneira completa, tridimensional, sublime.
O centro do pensamento de Marx se concentra na contradição, a seus olhos, inerente à sociedade moderna a que dá o nome de capitalismo. A obra de Marx demonstra essa contradição como sendo inseparável da estrutura fundamental do regime capitalista e do movimento histórico. A luta de classes é o ponto de partida para a elaboração de sua interpretação histórica, já que a partir do presente encontra diferentes sociedades históricas com equivalentes.
A história para Marx apresenta as ideias se realizando e perdendo sua arbitrariedade. Apoiam-se na economia, na prática, nos sistemas e nas relações de produção. A história é atividade prática. Assim, a consciência em Marx é reflexo da realidade. Os homens reais, atuantes, condicionados a forças produtivas e a relações que lhes correspondam são os produtores de suas ideias.
A literatura é um discurso - produto do contexto no qual é realizado e 'produtor' de ideologias, significados e identidades. A arte, a literatura, portanto, é a transposição do real para um mundo ilusório por meio da estilização formal da linguagem. Nela se combinam vinculação à realidade natural ou social e manipulação técnica. A literatura nasce, assim, da relação que as palavras estabelecem com o contexto. A linguagem literária ocorre quando seu uso instaura um universo, um espaço de interação de subjetividade, escapando do previsível e do estereótipo das situações e usos da linguagem que configuram a vida cotidiana.
Assim, a literatura é uma forma de estudar não apenas um recorte histórico-social, mas o discurso do momento do recorte e da situação da enunciação dentro do texto. Sua beleza vem do fato de conseguir reunir em personagens e localizações a luta, a contradição, o movimento das ideias se realizando e perdendo sua arbitrariedade.
3 comentários:
Que beleza! Você realmente tem o dom, ou poderia ser seu plano divino, da comunicação; das palavras. Algo complicado, com suas palavras torna-se acessível, claro. Parabéns!
Mamãe, sua linda!
Acho que tenho que ler outra vez ...
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