O cinema americano cria muitos rostos bonitos e convence o mundo todo da qualidade artística de quem na verdade, muitas vezes, não tem muito mais a oferecer do que beleza e um suspiro entre sorrisos. Para mim, George Clooney sempre foi esse rosto maravilhoso. Cara de homem mesmo, simpático (aparentemente), charmoso, misterioso e com o olhar enrugado na medida certa para ornar ainda melhor com o cabelo grisalho.
Suas atuações nunca me convenceram e, mesmo achando que valia a pena vê-lo pela beleza, nunca tinha paciência para muito mais do que 5 minutos. Sua participação no cinema dos últimos anos chegava a ser bizarra de tanto que se insistia somente no que seu corpinho era capaz de oferecer. Ou pelo menos era isso que meu cérebro escolhia me mostrar já que, por um tempão, cheguei a me recusar a ver qualquer filme em que ele estivesse. Mas aí veio Os Descendentes e foi indicado ao Oscar. Por mais que o prêmio tenha um monte de porcaria manjada nos indicados, era o único concorrente a melhor filme que eu ainda não tinha visto.
Membro da família herdeira de vastas e belíssimas terras havaianas, alguns problemas legais parecem forçá-los a vendê-las em favor de empreendimentos imobiliários que irão transformar o paraíso em hotéis luxuosos, praias particulares e tudo mais. Já vimos quantas vezes esse filme? Em meio a essa confusão, sua mulher Elizabeth sofre um acidente, entra em coma e parece que não haverá saída para ela. Pai de duas meninas, Scottie de 10 anos e Alexandra de 17, Matt King, o Clooney, deve enfrentar tudo isso e mais a novidade nada agradável, ainda mais nesse momento de já muita dor, de que sua mulher estava o traindo com o bunda mole Brian Speer.
O filme podia apresentar mil clichezões e até pode ter trazido alguns, mas os clássicos ele deixou de fora. Com tanta angústia, momentos de auto-análise, reflexão e dor, a história desse momento na vida das três pessoas sofrendo é contada com doçura, de forma sensível e, acima de tudo, humana. E Clooney, o pai das meninas, o marido traído, o genro insultado, o familiar responsável pela venda das terras, o homem, nem é lembrado por ser o bonitão em tomadas sem camisa nas lindas praias do Havaí, mas como uma personagem rica e muitíssimo bem trabalhada por aqueles olhos que foram focados não somente por serem bonitos, mas por terem conseguido demostrar o quanto ele vivia.
Clooney, you have shut my mouth. And I appreciate that.
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