quarta-feira, 17 de junho de 2015

Ah, os 30...

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Todas as pílulas em cima da mesa do café. Dizem que um bom dia começa com uma xícara de café. Eu acho que um bom dia começa com um coquetel completo: Citalopran, Metformina, Fluoxetina, Yasmin, Vitamina D, Complexo B e duas aspirinas para acabar com a dor de cabeça de uma noite mal dormida.

Mal engolidas, o táxi já manda mensagens dizendo estar ali embaixo da minha janela. Pego o casaco, o cachecol, o crachá e a caneca de chá verde para tomar entre um anúncio mal escrito e um pedido estúpido de algum so called account manager.

Nem sete da manhã e o alarme do celular avisa que a reunião da equipe de 'social media' foi alterada para as 9. Ótima ideia, não fosse o fato de que ninguém chega antes das 11h. Estratégia para não participar de uma conversa com meia dúzia de bobagens e a outra meia dúzia também.

Alcanço um pacote de balas de mel com própolis para chegar ao fim do dia. Ah, o fim do dia tem yoga e o colchão ficou em cima do sofá do escritório. Corro para cima novamente e checo se na mochila está a calça azul nova  porque não dá mais para aparecer para Sidarta com aquela calça desbotada que murcha minha bunda.

Fechei o e-mail corporativo às 22h e já tem vídeo com russas de biquíni enviado pelos engraçadinhos do TI acidentalmente acionado pelo dedos nervosos e atrasados. A bunda dessas russas não pode ser real. Nem esses peitos. They don't match with those ruined faces. Isso me lembra a calça para o Sidarta. Abro a mochila novamente e alcanço o tecido frio que vai levantar até a minha alma.

Acendo as luzes e as paredes de vidro do escritório marcam minha silhueta segura com a meia calça plus(z) cinta. Mais café e mais uma pílula - FortéPharma para a pele. Há dez anos, a única pílula seria a do dia seguinte. 

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