quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Agenor, meu Revisor

Escrever no blog me dá uma pressa. Uma pressa de postar, pressa de mostrar para as pessoas, pressa de saber o que elas acharam. Com toda essa pressa, essa correria, eu acabo passando por cima de revisar minhas palavras (o que é um absurdo para quem aponta o erro em qualquer texto que cai nas mãos) e depois passo dias lendo e relendo e arumando, consertando, revisando, trocando, 'melhorando'.

Aí, numa noite de domingo, tediosa, quente, quase de verão num inverno inexistente, distante, desejoso, Felipe Tonet, com quem eu divido o Cru Blog, se é que esse espaço ainda existe, pois há tanto foi abandonado, espremia-se em ansiedade e falta de tempo para contar sobre a África, escrever sobre inutilidades ou satirizar sua classe - a dos jornalistas, de alguma forma. Tudo isso requeria a ajuda de um quase assessor. E ele achou Agenor, seu novo, e meu também, revisor.

Agenor chegou em minha casa, onde tenho um pedaço de privacidade para escrever, ler e pensar, e sentou-se em frente ao computador para fuçar em meus registros jogados no mundo online. Começou, logicamente, por onde comecei - o Clube do Camba.

'Cara Marina, você tem fixação por casais na cama? Por Deus...Conspiração Universal? Eles ficam juntos devido à ação divina...que tipo de relacionamentos você tem?'

'Não é fixação. Mas eu não escrevo mais sobre isso não. E tenho outras histórias também. Olha lá o blog que eu divido com o Fê...Cru Blog'

'Sexo, drogas e rock'n' roll? Bukowiski era bêbado. É por admiração? Você admira um depravado, bêbado? Marininha, seus pais já leram essas suas coisas aqui?'

'Então dá uma olhada no blog novo...'O que Será que Será'.'

'Fundo preto é para evitar que eu revise seus erros, né? É para dificultar que pessoas da minha idade leiam alguma coisa aí. Vocês precisam mesmo de ajuda de alguém'.

Ficou '''feliz''' por encontrar umas gramáticas e dicionários pelas minhas prateleiras. 'Felipe pede para que eu procure na internet. Dicionário na internet? Ele é um pouco relaxado demais, não?'

Agenor senta em uma poltrona e solta uns barulhos entre os dentes enquanto eu digito alguma coisa. Ontem, olhando umas fotos no mural, achou minha tia Marcia e sorriu. 'Ela parece com Cida'. Fiquei com vergonha de perguntar quem era Cida. Talvez um dia ele me conte. Imagino que seja um amor perdido em Cosmópolis, sua cidade natal. Lá não tem festa da uva, mas é onde moram seus 5 irmãos, 2 irmãs e seus milhões de sobrinhos.

'Eu não gosto dessa cidade suja, horrorosa, mas prefiro perder minha paciência aqui do que ser obrigado a conviver com aquela 'aristocracia do interior'.'

Encontramo-nos, Felipe, Agenor e eu, para conversar sobre a logística das revisões que nosso novo assessor vai se dividir para entregar. Agenor, quieto enquanto ríamos de eclipses e glenns, levantou os olhos por cima dos óculos e azedou o nosso comentário sobre mulheres obsessivas. 'Vocês assistem televisão demais.' Eu não aguento esse tipo de inocência com relação ao modo glenn de se relacionar e ironizei seu senso de superioridade. 'O senhor conheceu poucas mulheres'.

A cerveja acabou. Seu guaraná ficou pela metade. Fomos para casa. Cada um para um lado....carro, metrô e ônibus. Já estou com saudade de rir do azedume dele. Hoje ele está com Felipe. Amanhã o assessor é meu.

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