segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Cadê?

Eu tenho lido minhas coisas de novo...releitura de mim mesma. Eu realmente não sei de onde tiro algumas 'melodices' que viram textos. São sempre mulheres encantadas, exageradas, apaixonadas, desesperadas, com milhões de olhares que só denunciam o quanto são frágeis, vulneráveis, de outros e não delas mesmas.

Eu não sei de onde tiro isso tudo porque talvez não me identifique com nenhuma dessas imagens que transcrevo. Talvez. Não tenho essa imagem de mim, apesar de usar todos esses adjetivos quando penso sobre mim mesma. Mas a imagem que sustento (mesmo que sem querer, ou mesmo não querendo) de mim é de quase uma pedra. Uma pessoa distante, azeda, irônica.

E talvez eu possa ser tudo dos dois parágrafos, mas talvez não caibam em mim as mulheres sobre as quais escrevo. Ou eu não caibo nelas. Eu não tenho esse olhar, apesar do encantamento, apesar da paixão, apesar...

Eu também não sou só o segundo parágrafo, apesar dos comentários molhados de um pouco de dor, impregnados de crise, de falta ou excesso de identidade. Talvez o meu distanciamento seja uma fachada, talvez eu me sinta mal de ver o quanto essas mulheres têm de mim, ou o quanto eu tenho delas. Elas são bobas, são bestas, são quase o oposto do que eu realmente acredito ser.

Eu prefiro o azedume às bobagens meladas de inocência. Apesar de defender a inocência como algo imprescindível para o bem viver. Ao mesmo tempo que com a inôcencia, somente com ela, o bem viver não se estabelece.

Eu vou parar com as ficções. Talvez só por um tempo, talvez pelo cansaço, talvez pelo medo de repetir essas imagens em quartos com garrafas de vinho. Vou tentar a realidade, qua talvez me ajude a chegar numa mulher mais próxima a mim ou que talvez me distancie completamente.

Eu quero um texto mais longe de mim. Eu quero um que não me confunda com o tema, com o enredo, com as cenas. Um texto que não me reconheça e no qual eu não seja reconhecida. Pelo menos que não seja reconhecida no conteúdo. Por isso, mais realidade e menos repetição de invencionices.

Eu posso desistir de tudo isso. Por enquanto, fico com a relativização do mundo dito real, porque, segundo o guru Leary: a realidade é apenas uma opinião.

ps. escrevi em crise...um pouco antes de resolver mudar de casa. não vou largar a ficção, só tentar encontrar uma outra forma de expressá-la. E também não prefiro o azedume às bobagens meladas e inocentes.

4 comentários:

Marina Pavelosk Migliacci disse...

não prefiro o azedume coisa nenhuma. chega de amargura, meu deus.
não tem coisa pior do que estar bem e ouvir respostas tortas de gente q tá infeliz e não sabe lidar com a felicidade dos outros.

Anônimo disse...

Mari, não sei, mas sempre que leio seus textos te vejo em todas as mulheres descritas. É vc mana!

Paula Oliveira disse...

Adorei o painel com as fotos!
O Clube tá mais lindo q nunca.

bsomeliga ♥

alcides disse...

Linda,o clube está magnífico, seus textos merecem um lugar como este. E esse parece um manifesto.