No meio da noite
Acordou sobressaltada, um susto, um grito, um ato - 'Eu te amo'. De olhos abertos, mirava o teto e procurava os olhos que dormiam ao lado dos seus. Ou pelo menos, pareciam que dormiam em meio à escuridão do quarto.
Como resposta, o outro, que podia ser ela mesma (e era o q mais desejava) ou ele, disse 'eu também', leve e sincero, com algum sorriso que também não a ajudava a lembrar de quem eram os dentes brilhantes com a resposta.
Primeiro sentiu medo de que tivesse dito aquelas palavras alto, enquanto dormia, enquanto seu auto-controle perdia o controle para a liberdade conquistada pelo subconsciente, inconsciente, id, whatever. Seu ato falho era ter aquelas palavras guardadas dentro de si.
Depois, e se tivesse sido ele quem as ponunciara? E se ela sonhou porque ouviu a fala livre de quem dorme ao seu lado. Podia ser também apenas dentro do seus sonhos, reflexo de seu desejo, consequência de coisas conversadas e mastigadas, engolidas com um pouco de vinho, embebidas e entorpecidas pela uva.
Preferia falar 'eu também'. Preferia concordar, preferia sentir a declaração e somente respondê-la. Não contestá-la. Sem questionamentos em ouvir pela primeira vez o amor em palavras, senti-lo em gestos, em carinho, em olhares, no seu silêncio.
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