segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Você entra e não deixa rastro. É um fantasma. E eu morro de curiosidade.

_noite

Não sei quem precisava mais daquele carinho. Ela estava chorando e pareceu uma ótima oportunidade de se acalmar junto a outra também. No escuro, as lágrimas brilhavam nos rostos com a ajuda da luz do poste da rua que invadia o quarto. Escuro, mas quente, aconchegante. Há uma coisa nas mãos das mães que aquecem, compreendem e tiram toda a dor de dentro da gente. Não há palavra ou qualquer outra coisa que consiga com tanta eficácia.

As mãos alisavam os cabelos e massageavam a cabeça, pescoços, orelhas. Queria entender o que tanto a machucava, incomodava. Por que tanto sofrimento? Sem saber, ambas sentiam pela mesma coisa, mas com razões distintas.

Queria atenção. Era mais ou menos por isso que sentia tanto. Do outro lado, envelhecer era dolorido por se perder a autoridade de si, transformando crianças tontas e dependentes em arrogantes que acham que podem tratar aqueles que os criaram como inválidos, chamando a atenção, brigando.

Vê-la mais calma, entrando devagar no sono e sentindo que os carinhos e o amor a estavam guiando para a paz trouxe tranquilidade a um coração que estava também machucado.