quarta-feira, 15 de julho de 2009

Luiza sofria sem palavras. Escondia todas dentro de si mesma. Amarrava todas as letras de dores no seu peito, e chorava. Não encontrava prosa ou poesia que pudesse evacuar sua dor, sua angústia, seu grito de socorro. Não encontrava coragem para dizer tudo em voz alta, para declarar, pronunciar, advertir, opinar, libertar-se das cordas que a prendiam no exagero de emoções que pululavam no estômago. Amava com convicção. Fingia não odiar. Medo, isso ela sabia que tinha. De perder, de ganhar, de perdoar, de esquecer, de enfrentar. Enfiava-se nas madrugadas em busca de um pouco de vida e encontrava solidão e saudade.

Ela precisava de atenção. Muita. Sim, porque isso ela tinha de sobra e conseguia ao abrir o sorriso fácil, largo e simpático. Mas ela queria a todos os minutos. Não conseguia dizer compreensivelmente que precisava e magoava-se por ser mal interpretada. Sua auto-confiança fora afetada pela paixão. A mesma que a testara tão arduamente.

Frio e o desejo de fumar um cigarro. Ela não fumava e detestava o vício, o cheiro, a dança da fumaça quente entre os dentes. Detestava. E precisou se lembrar muitas vezes disso enquanto fumava só um para acalmar a ansiedade que a impedia de continuar sua conversa aflita com Carlos. Ele era mais novo do que ela. 5 anos. Media a distância entre eles pelas músicas que reconhecia e ele não. Ela não se importava. Suas músicas eram a forma mais simples, o caminho mais curto para alongar a conversa entre eles.

Suas músicas eram a única forma de manter suas atenções em Carlos. Ele não tinha nada que Pedro tinha e ela sabia disso a cada vez que Carlos tentava engraçar-lhe um punhado de parágrafos. Pulava linhas e corria superficialmente os olhos tirando proveito de um ou outro fragmento. Tentava ler novamente mas desistia assim que uma frase chegava ao ponto final.

O café frio ao lado do teclado, o cinzeiro já cheio dos inúmeros cigarros que desistira de resistir e a sujeira de sua encenação virtual. Despedia-se para lavar-se demoradamento no chuveiro. Deitada em sua cama, olharia ainda o teto por horas até que se perdesse em pensamentos outros que a fizessem fechar os olhos e abri- los somente quando fosse estritamente necessário.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O trabalho enobrece (e individa) o homem

Eu tenho uma dívida há um bom tempo já. Fui levando para frente, odeio banco, queria evitar ao máximo o contato com essa instituição do demônio. Até sexta-feira passada - cobraram formalmente com a ameaça de mandá-lo para a outra instituição do demônio, o Serasa.

E aí, fodida, fodida e meia, vamos lá resolver, pagar o serviço que nunca utilizei e tirar isso da minha vida o mais rápido possível. Para piorar um bocado a minha situação, o tal banco, que prefiro nem mencionar o nome, fica na Vila Olímpia, a 'minha agência' fica naquele lixo de bairro. Lugar horroroso, fedido, confuso, bagunçado e perigoso.

Meu pai foi comigo para dar apoio moral, mesmo porque eu nem sabia o que dizer e estava mais propícia a sair quebrando tudo. Sabe banquinho?...é isso que aquilo é. Atendimento de merda, gente com cara de quem acabou de acordar e não lavou o rosto. A atendente me pediu vários minutinhos até me avisar que, como minha dívida já tinha ido para a cobrança eu tinha que ligar em outro departamento e ali não teria como resolver nada.

Atendimento telefônico. Milhões de minutinhos, por favor depois (são perguntas que todos que entram em contato com eles devem fazer e mesmo assim eles desaparecem na linha por minutos intermináveis para procurar a resposta) eu consegui descobrir um monte de bizarrices: a primeira delas é que você pode querer pagar, mas tem que ser do jeito deles. São eles que decidem se o valor é alto ou baixo para poder parcelar, por exemplo. A segunda bizarrice, a mais bizarra de todas: o boleto para pagamento pode ser retirado na agência ou vai direto para o meu e-mail (não, eles não mandam para sua casa, apesar de me mandarem milhões de correspondências por mês, e aí entraria a terceira bizarrice). Para eu poder pagar devo, então, retirar o boleto na agência ou imprimi-lo. No meu e-mail chega dentro de 48 horas (???????!!!!) e na agência, bom, eu estava estacionada na porta de uma, a minha ainda. Mas sabe, se eu entrar na agência no mesmo minuto que negocio o pagamento, pago a divída sem o 'descontão' que eles resolveram me dar, e se esperar as 48 horas sai tudo com desconto.

Eu me pergunto: Caralho, como assim? Se eu quero pagar hoje pago mais caro do que se pagar daqui 2 dias? Não é tudo informatizado? Não está tudo na porra do sistema que insiste em não funcionar quando eu estou precisando dele? Pois é. Daqui 48 horas eu imprimo o boleto e pago minha única dívida e me livro das eternas cartas que esse shitbank manda para mim.

Eu devia mandar a conta para meu ex-empregador! Eu só tenho essa conta, que NUNCA foi utilizada (nem senha dela eu tenho) por ter sido obrigada a abri-la para poder receber minha bolsa-estágio, que nunca foi depositada lá.

Um puta estágio esse que eu fiz. Além de aprender muita coisa por lá (verdade, aprendi mesmo...sem ironia aqui), conheci pessoas lindas e amadas até hoje eu ainda aprendi como se cobra, como se paga e como não se negocia.

Ahhhhh vá!