quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

2008 Docinho Docinho!!!!!!!!!!!


Talvez não escreva aqui até o ano que vem. Talvez sim. Na dúvida, fique sempre na dúvida e, neste caso, faço meus votos antes que faça o papel ridículo de desejar ótimo ano só no próprio, dando a desculpa da falta de tempo. Pfffff.

Começo com meus desejos para 2008. Vemnimim!!! Eu sei. Muitos deles ficarão para serem feitos novamente em Dezembro do ano que vem, já que boa parte do que a gente deseja e promete, fica como gás para correr de janeiro às próximas festas, mas enfim, lá vão.

Eu desejo um ano mais doce. Principalmente no que diz respeito ao meu humor. Meu azedume tem se tornado quase crônico e quase não há mais controle sobre ele. Por isso, pedirei ajuda à mainha - Iemanjá. Volta para o mar, oferenda!!!!

Desejo mais trabalho. Tá, eu sei que quase todo mundo do universo queria trabalhar menos. Mas como as coisas não funcionam como a gente deseja...só trabalhando mesmo para gente ter uma grana para fazer coisinhas bacanas. Que nosso patrocinador nos reconheça, então.

Amor!!! Muito a todos! Sentido de viver...da vida. Aprender a amar, a si próprio antes de se aventurar por aí machucando os outros. E todo mundo precisa, peloamordedeus!!!

Música boa, baladinha, teatro, cinema, filmes bons, mais música boa, bons recomeços, boa viagem a quem vai, boa continuação a quem fica. Saudade de muita coisa em 2007. Começando pelo ano novo numa ilha perdida no litoral, passando pelo carnaval, todas as noites sujas de janeiro a dezembro, festinhas, pessoas que foram, que ficaram, que beijaram, que sumiram...

Desejo a todos coisas novas...de todos os tipos. gente nova. gente bacana. gente amiga. gente inteligente. gente fofa. gente...muita gente. tipo muita!

E muito obrigada por terem feito de 2007 um ano especial, que apesar de cheio de coisas, muito trabalho, muito estresse, foi um ano em que eu conheci pessoas maravilhosas, mulherada fofa, meninos por aí, pessoas boas, escutei boas músicas, conversas bacanas, baladas gostosas, bebidinhas, paradigmas, e mais e mais.

Ótimo 2008 a todos! Feliz Ano Novo. Adeus Ano Velho! Que tudo se realize no ano que vai nascer. rs

Beijomeligafeliz2008ecomentaessepost!!!!!!!

Nova Fase Azeda

"Está bem, você riu muito. Mas depois que você riu, o quê? -- deixa de rir. A vida é só isso." (Millôr, 1965)

domingo, 23 de dezembro de 2007

Mais que bem querer

Levara um soco no estômago. O ar fugiu de seus pulmões e os olhos escureceram. O coração batia forte. Olhos fixos na parede branca do quarto, olhos longe na tarde chuvosa. Ele jogou seu livro no chão. Ele pisou nas páginas da vida dela. Ele arregaçou sua história e a fez com que a escrevesse de trás para frente.

Sua sorte era o acaso. E o acaso era ter passado naquele corredor de uma livraria às 17 horas de uma tarde bagunçada de domingo. Os dias arrastavam-se no percurso árido da vida de uma menina e ela ia se tornando uma mulher. Exigente, amarga.

Sua estupidez foi ter acreditado que estava imune ao vazio no estômago, a dor angustiante que corre o corpo, que aquece as pernas, e o que há entre elas, que estaria imune à paixão.

Sabia de cor todos as sensações de lê-las por aí, de ouvir as amigas comentando sobre o casinho, o namorinho, o menininho, o xuxinho, e blábláblá. Achava um porre o assunto. Achava pouco prático, achava piegas.

Levara um soco no estômago. Ele fechou os cinco dedos e mirou dentro - todas as borboletas voaram...dançaram, berraram nas paredes úmidas da menina que achava que tinha o coração já seco.

A vontade de colar a vida na dele, de não deixar seus olhos fugirem para lá...mas sempre para cá. Queria seguir as linhas no livro que ele segurava nas mãos. Queria tê-lo entre os braços doloridos de vazio.

Ele era a visão que ela criara para encher o vazio de seus dias. Sua vida arrastava-se e ela arrastava a ilusão de um querer mais que bem querer por entre suas preocupações.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Nova janela no Mundo Virtual

Após longa, longuíssima tarde produtiva, entre conversas emessênicas com amigo quase que só virtual, montei novo blog - CRU.

Não abandonarei o Clube do Camba. Não, não, não. Este é meu e é nele que as experimentações, às vezes sacais, são minhas e são testadas.

O outro - http://crublog.blogspot.com - é um espaço divido com um amigo das noites sujas, das madrugadas insones e das tardes de cansaço e tédio - Fê - para criação de textos com temática específica - sexo, drogas e rock'n roll.

Com postagem de estréia fresquinha e angustiante. Dêem uma olhada quando puderem. Interessante. Experimento.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Solidão, solidez

Marília abria os olhos mais uma vez entre tantas vezes que já os abrira e tantas que ainda abriria. Seu corpo doía, suas mãos tentavam alcançar o relógio, desligar o despertador, levantar-se e fazer mais aquela segunda-feria, mais aquele início de qualquer coisa, mais aquele pedaço até o próximo final de semana, mais uma semana que a separava dos seus dois dias de solidão, aqueles dias que a solidificavam no que era, no que queria ser, no que ansiava, arrastando-se pelas avenidas engarrafadas dessa cidade suja.

Ia de encontro ao chuveiro, que parecia não funcionar direito, deixando toda aquela água fervendo cair com o pingo contínuo e cansado da água gelada, estridente entre tanta quentura.

Vestia o vestido negro, all star e jogava a mochila nas costas. Corria entre mordidas na banana meio passada, da semana passada. Corria para seu lugar vago no ônibus lotado, seu mp3 funcionava. Ouvia guns of brixton, não com the clash, mas com novelle vague, como uma bossinha em inglês, um som no meio daquele game called survivin'.

A cabeça recostada e os olhos a vagar pela corrida de pontes, avenidas e prédios. Seu dia corria como se não houvessem tantas linhas a preeencher no computador, como se não houvesse tanta notícia a ler na internet, como se não houvesse tanto e-mail a responder, pessoas a ligar, tantos rostos distantes em pensamento, tantos mundos complexos por trás de faces em complacência, em paciência, seguindo dedos batendo e castigando teclados.

Sua noite começava com nova viagem de ônibus. As luzes de Natal enchiam a memória que transbordava de boas recordações. Agora sentia um azedo subindo seu corpo, como se sua tristeza disfarçada de ironia tivesse contaminado as últimas gotas da época que mais se sentia aconchegada. Sentia a solidão solidificando-se dentro de seu peito, amargurando suas palavras, envenenando pensamentos.

Tindersticks e lágrimas escorriam naquela travellin' light. Tindersticks e aquele último beijo, aquele último abraço, as últimas palavras, aquele último carnaval....teve seu fim.

Acomodava-se com um cigarro entre os dedos e ligava para ouvir sua voz. Ligava para sentir suas cordas vocais acariciando seu ego, seu colo, sua face, enxugar suas lágrimas, ninar sua dor.

Dirceu tossia antes do alô. Dirceu e sua voz grave, vibaravam os dois na pequena mulher alta, na mulher que se tornava pequena a cada dia dentro do tão grande que era sua ambição. Sua felicidade, seu sonho.

Marília de Dirceu. Marília do mundo e de ninguém. Não se sentia parte daquele lugar, não se sentia em comum, mas incomum. Ele viria buscá-la, ninar a cabeça cansada, os olhos secos, o coração estrangulado.

Os cachos dela, o colo dele. Ela segurava na garganta tudo aquilo que a fazia tremer e soluçar, sozinha. A mão dele escorreu pelo seu rosto e caiu entre os seios, como se quisesse segurar o coração dela com as mãos. As lágrimas escorriam para limpar a dor de suas olheiras, a canseira de suas palavras. Adormeceu com a última gota de esperança de uma vida menos solitária. Ele a deixou deitada no sofá verde e foi embora. Dirceu de Marília. Assustara-se com a pequena sua mulher. Sentia a dor dela entre seus dedos, entre suas palavras.

Pegava o ônibus lotado, sentava-se com seu mp3 e ouvia o som que a fazia viajar por entre as ruas de sua cidade. O pensamento dele era dela. Dirceu de Marília.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Jorge, Ernesto e Virginia

dêem uma olhada nestes contos selecionados. vale cada linha.
bjomeligacomenta

http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/funes.htm - Funes, o memorioso de Jorge Luis

http://www.bartleby.com/85/8.html - The Mark on the wall de Virginia

http://plato.acadiau.ca/courses/engl/lawson/acadia03/texts/HillsLikeWE.html - Hills like white elephants de Ernesto

A Pedra do Reino


Nobres senhores e belas damas,

A peça dirigida por Antunes Filho e encenada pelo Grupo Macunaíma de Teatro de São Paulo no Teatro Anchieta – Sesc Consolação, é uma adaptação d’O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta e História do Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana, do paraibano Ariano Suassuna.

Cinco minutos para o início do espetáculo e as luzes se apagam. A campainha toca alto e a iluminação torna-se alaranjada com fundo meio amarelado. Um jovem ator – Lee Thalor - chega ao canto direito do palco munido de uma pequena mala, um pedaço de uma grade e um banquinho. Ouve-se ao fundo marcha e apitos e o ator começa a ser perseguido por um grupo organizado de policiais. É preso. Senta-se no pequeno banquinho, arruma sua maleta no chão e agarra-se ao pedaço da grade como em uma prisão.

Assim começa a narrativa da história de D. Pedro Diniz Guaderna, um sertanejo de Taperoá que havia sido preso acusado de subversão durante o Estado Novo – autor de uma obra tida como subversiva, seu memorial, apresenta um ideal de sociedade longe dos padrões estabelecidos pelo Estado. Sua visão aproxima-se de um sebastianismo português e louva a tentativa de Antonio Conselheiro em Canudos. Proclama-se herdeiro dos verdadeiros reis – mulatos – do Brasil (daí seu título de Dom).

Guaderna, no tribunal, respondendo às acusações feitas contra ele, faz sua própria defesa perante o corregedor e, para tanto, conta a história de sua família, das desavenças, das lutas e das controvérsias políticas, literárias e filosóficas em que se vira envolvido. Os Dantas, os Pessoa, os integralistas, os esquerdistas, os partidários do azul e os do encarnado: todos fazem parte dessa história. Assim como os coronéis e a Revolução de 1930, a Guerra de 1912, a Coluna Prestes, o cangaço e a Era Vargas, momentos históricos do país que Antunes Filho aliou à representação do mundo fantasioso descrito por Quaderna.

A Pedra do reino é uma representação física deste mundo idealizado pelo personagem principal. Sua construção é uma reflexão sobre a realidade sertaneja em contexto reprimido social e politicamente, além de ser uma reflexão sobre a concepção de uma obra de arte crítica em relação a si mesma, fazendo a metalinguagem da formulação da peça de teatro, o que também funciona na leitura da obra de Ariano Suassuna – a metalinguagem da formulação da trama de sua narrativa.

Apresentação simples, cenografia limitada às luzes e à presença de personagens e poucos objetos, como numa brincadeira de criança, ‘A Pedra do Reino’ representa a mitologia do sertão brasileiro de forma lúdica e encantada.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Haikai - Chuva


Pingos prateados no vidro
aqui dentro gelado
lá fora - molhado.





almofadas cinzas de algodão
o vento sopra
pingos de sabão

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Momento Curta

E para dar continuidade ao momento youtube...vídeo bem bonitinho achado pela irmã Delma na grade teia, naquele site de vídeo da empresa com dois o's no nome.

Piadinha




E para acompanhar a leitura dessa tirinha, nada melhor do que essa música...enjoy!


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

One for my baby (and one for the road)

Ouvir Billie é ser levada a outro tempo, espaço. April in Paris - outro mundo. Fine and mellow sua voz chega aos ouvidos e você still got the blues. Ouvia-la e se perguntar what a little moonlight can do? Passar as nights in white com o sax a ecoar pelo quarto acordado pela insônia e o pensamento jogado neste summertime. Imaginar as histórias embutidas nas letras com a melodia envolta em fumaça e goles de uísque. The lady sings the blues.



My man don't love me
Treats me oh so mean
My man he don't love me
Treats me awfully (awful mean)
He's the lowest man
That I've ever seen

He wears high draped pants
Stripes are really yellow
He wears high draped pants
Stripes are really yellow

But when he starts in to love me
He's so fine and mellow

Love will make you drink and gamble
Make you stay out all night long
Love will make you drink and gamble
Make you stay out all night long

Love will make you do things
That you know is wrong

But if you treat me right baby
I'll stay home every day
If you treat me right baby
I'll stay home every day

But you're so mean to me baby
I know you're gonna drive me away

Love is just like a faucet
It turns off and on
Love is like a faucet
It turns off and on

Sometimes when you think it's on baby
It has turned off and gone

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Salve!


Meus escritores favoritos cometeram suicídio - Hemingway e Virginia Woolf. Ele com um tiro na cabeça e ela afogada. Ele foi o primeiro escritor que me fez refletir sobre a forma de uma narrativa. Ela me inspirou em sua forma desforme, seu fluxo de consciência, sua dor, tensão, tristeza, depressão.

Borges disse certa vez que não há obra literária que brote da felicidade. Posso concordar. Tanto meus dois preferidos como o próprio Borges, de quem possuo uma admiração quase que platônica devido ao mísero número de textos assinados por ele nos quais passei os olhos, são personalidades marcadas pela dor, pelo sofrimento e pela depressão.. entre tantas outras coisas.


A tristeza, para mim, é uma forma de ver o mundo. A dureza com que a realidade se mostra e a reflexão sobre as relações no mundo fragmentado e desconcentrado turva olhares.

Não acho o suicídio solução. Penso o suicídio como uma impotência frente às reflexões sem conclusões, a vida sem caminhos e os caminhos sem objetivo. Talvez seja um ato de coragem e humildade deixar esse mundo no qual não se encontra inserção. Talvez seja arrogância de não se sentir parte dessa mediocridade. Talvez a mistura dos dois. A hibridez das relações e a falta delas. Talvez desespero.

Sem conclusão alguma, só agradeço às reflexões desses e suas obras provindas de tristezas e desilusões que me fizeram refletir e fazer uso de minhas lágrimas e aflições.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Haikai - Século XXI


Rostos anônimos na massa
comprimida, dolorida
O relógio corre, pessoas atrás de minutos.



Cara-pálida, cara cinza
A vida sem cor
com trilha sonora de amor.



'Quem te fez fingir viver uma vida feliz?'
'Sou apenas mais um alegre deprê'
- Móveis Coloniais de Acaju

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Olhos nos Olhos

Pedro olhava-a de longe. Olhava os olhos de Clarice que olhava outros olhos. Sorria para o sorriso dele, que a abraçava. Estava recostado no balcão e lembrava do café que iria com ela. Lembrava do teatro que a levaria, dos livros que eles leriam, do charme que ela usaria para insistir que ele a ligasse.

Antonio envaidecia-se com tantos homens a olhá-la, sorririndo para ela, invejando-o. Engrandecia-se com a menina em seus braços, os cabelos encaracolados a atrapalhar sua visão, a encher suas narinas de perfume, a crescer seu peito de saudade.

Com a cabeça recostada na camiseta azul, as mãos correndo pelas costas dele, seus corpos colavam-se e espremiam-se. Percebia cada olhar daqueles que um dia foram alguém em sua vida. Daqueles que já a inspiraram outras músicas, outras noites, outras ilusões. Enche-se com esta camiseta azul, agora.

Acendia um cigarro e tomava o último gole da vodka com limão do copo que suava em sua mão. Mastigava as pedras de gelo. Derretiam-se entre seus dentes, enfriando a língua. Tragava o cigarro, a fumaça gelada. Livrava-se da ponta entre seus dedos e beijava-o com os lábios gelados. Clarice nos lábios de Antonio nos lábios de Clarice.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

De Renata Martins

Percorri caminhos que achei bem conhecer. Andei, andei e quando cansei parei. Ao parar, olhei para o lado e não consegui encontrar muitas coisas que outrora foram essenciais para continuar minha caminhada. Quando quis voltar, não mais encontrei minhas pegadas. Notei então que tinha me transformado em uma outra coisa na qual eu não tinha domínio. Sempre achei que esse era o caminho correto, mas como pode ser correto se estamos sozinhos? Será que a solidão faz parar a caminhada, que cada um tem a sua e, que em algum instante, aquele momento vai chegar para todos? É aí que é há prova de fogo - continuar com o anseio de encontrar algum rosto conhecido mais adiante ou parar e tentar voltar e, quem sabe ainda, encontrar alguma mão que ficou esperando na certeza da volta.

Fechei os olhos, dei um giro que não sei ao certo se foi de 180º ou 360º. Tudo girou junto, minhas idéias descolaram-se uma das outras. Quando abri os olhos, continuei sozinha, apenas com uma brisa soprando em meu rosto. Insistentemente. Não sei se era um afago ou se era vento mesmo. Fique sentada esperando a brisa passar. Ela era mais intensa na face direita, forçando-me a olhar para o outro lado. Na certeza cheia de incertezas, continuei ali, sentada, olhando para frente, sem pegadas, sem caminho, sem volta ...sem ida...sem sorriso...sem ...sem...

domingo, 18 de novembro de 2007

Vida Virtual

Ela era um pouco mais nova do que ele. Aquele ar de patricinha não assustara o menino rock'n'roll. Não, ele barbudo e sedutor, havia sido seduzido pelo sorriso solto e por algumas poucas bobagens que escutava dela.

Fora arrastado para um mundo que não o seu. Fora levado para longe das agitações do seu mundo familiar. Arrastara poucos amigos com ele. Faria amizade com os 'namoridos', designação dos namoradinhos das amigas dela, e que não suportava mais escutar.

Encantado, postava fotos dos dois em seu fotolog, que bombava de recados dela, apaixonada. No dela, declarações de amizade às amigas, saudações aos novos integrantes daquele grupo que agora recebia os membros masculinos e vibrava com tanto que já haviam vivido. Tanto aos 20 e poucos anos será ridículo em 4 ou cinco para frente.

Seu desajuste naquele mundo cor-de-rosa, aquela bahia falante, personificada, foi se intensificando pouco a pouco em crises de ciúmes, em confusões de personalidade e tudo o que ele ainda não havia visto naquela menina, ia tornando-se cada vez mais evidente, chegando a apontar o dedo e rir de tal engano.

Procurou no passado, na menina de cabelos lisos, nas noites de esbórnia o que talvez as baladas com a patricinha não haviam proporcionado. Esqueceu-se de que as mulheres não mudam radicalmente em poucos meses. E quando mudam, rejeitam o passado, ignoram o que já foi, riem das atitudes que agora, mudadas, parecem ridículas.

Agora desabafa seu cetismo com um amiga do outro lado da tela. Uma amiga quase que só virtual, que não aconselha, porque se recusa a fazê-lo, mas tenta o outro lado da história, mostrar a ele que meninas são meninas, e garotos, sempre tão espertos, perto de uma mulher, são só garotos.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Conspiração Universal - parte IV

Ele tinha um passado com o qual lidar - uma ex-mulher e dois filhos. Ela era 20 anos mais nova do que ele. Escolhia a blusa, verde ou vinho? Queria usar aquela branca com rendinha. Saia parecia uma boa opção até começar a chover de novo. Não. A calça de veludinho vinho, a blusa branca de rendinha. Ia de tênis? Sapatilha, já que ele era um homem, ela não queria ir com cara de menina.

Calça jeans, camiseta branca e ia ficar descalço. Não tinha a menor idéia do que colocar nos pés e resolveu não se preocupar com isso. O molho estava quase pronto, a chuva castigava a janela e ele acendia abajures no lugar daquela luz fria da sala. Alguns livros jogados na mesa de centro, nenhuma paciência para lê-los.

Linda, cabelos jogados e despenteados. A boca vermelha que havia conversado com ele no café e uma garrafa de vinho. Não conhecia muito safras, tipos, mas decidiu-se por um, após longa pesquisa pelo supermercado próximo a casa dele.

Copos, goles, risadas, sorrisos encabulados, cigarros, fumaça, escutavam Etta James. Ele escolheu a música preferida dela.

At last, my love has come along
my lonely days are over
and life is like a song

And the skies above were blue, she had a dream to call her own. And he smiled, they were in heaven and she was his, at last.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Defenestrações

Atiro-me, desgarrada, infame, desprotegida. Atiro-me aos braços do amigo, do inimigo, do sorriso, da lágrima. Atiro-me ao riso, a dor, ao sofrimento.

De olhos fechados, prendendo a respiração, atiro-me para frente. Meus pés desgrudam-se lentamente da superfície gélida. Atiro-me ao infinito, liberto-me do insuportável, desagradável, do desconforto, do desaconchego.

Atiro-me à liberdade, à esperança, ao sonho.

Atiro meus textos em páginas em branco. Minhas idéias desconexas e confusas ao acaso. Minhas histórias pela janela.

Defenestro-me, e assim o faço com minhas elucubrações, minhas paixões, meus desejos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Conspiração Universal - parte III

Quarta-feira, fim da aula. Chovia forte e ela não havia trazido guarda-chuva. Só lembrava-se dele quando não havia necessidade de levá-lo com ela. Ia correr até o ponto e talvez ainda conseguisse pegar o ônibus das 23, como se em São Paulo fosse possível confiar na pontualidade dos meios de transporte. Ainda mais no meio de tanta chuva, onde apenas um pingo de água no chão já fazia o trânsito parar em qualquer horário - 'a cidade que não dorme', não pára, não dá trégua.

Melhor parar no café, comer alguma coisa, ir para casa só quando não houvesse realmente outra alternativa, quando não houvesse ônibus disponíveis e ele tivesse novamente que pagar aquela grana de taxi que não podia. Era luxo demais. Café duplo, um pão de queijo. Passava os olhos no jornal. Sempre derrubava açúcar na mesa, mas era mais gostoso recolhê-lo com os dedos molhados e lambê-los.

Seu tênis estava encharcado. Sua blusa branca era a atração da Haddock Lobo. Um Franns, graças a deus. Café e um pão de queijo. Acendeu um cigarro e se sentou no balcão, olhando para fora. Via as luzes dos carros correndo na rua, guarda-chuvas espremendo-se na calçada, olhos castanhos do outro lado do café a analisá-la, admirá-la. Sorriu e baixou os olhos. Empresta o isqueiro? Queimou a língua, baixou a xícara e recolheu o resto de açúcar derrubado no balcão.

domingo, 4 de novembro de 2007

Conspiração Universal - Parte II

Ele tirava os cachos de frente dos olhos dela. Ela sorria e olhava fundo em seus olhos que olhavam fundo os olhos dela. Eles não viam nada além daquele brilho escuro e daquela alegria de pupilas saltando o rosto.

Suas mãos corriam pelas costas dela, gelada, esquentando-na - por dentro. As delas corriam por aquele rosto que sorria e gelava no toque de lábios próximos em sonho.

Escutavam a respiração ofegante um do outro. Ele a tocava na orelha, no pescoço, beijava-o. Beijava seu corpo entre milhares de outros possíveis. Beijava os sonhos de corpos e era o dela que desejava, que ansiava, que queria.

Esta manhã de domingo era chuvosa, nebulosa, fria. Aquele quarto não estava laranja, mas cinza, explodindo em vermelho, verde, azul - brilhando de olhos fechados.

Thörm mandava raios, trovões, água. Acima a os espreitar, ele corria a mão sobre aquela folha longa de seu livro em branco.

Ele sussurrou 'eu te amo'. Ela fechou os olhos e dormiu aquelas palavras em silêncio. Chovia lá fora e o vento uivava no escuro.

sábado, 3 de novembro de 2007

Poema de Finados - Manuel Bandeira


Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.


Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.


O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

lembrei desse poema hoje. podia ter postado ontem. acho q queria ter postado ontem, mas só lembrei dele hoje. um dos meus preferidos, um dos primeiros poemas que lembro de ter amado.

Haikai para criança


olhos de vidro
cabelos amarelos - de lã
fita vermelha - brinquedo de criança.





Colorida: olhos verdes,
vestido azul e
fita vermelha. Boneca.


Gostei dessa brincadeira. Não sei se fica bonitinho, mas é bem gostoso de fazer. rs

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

TIM


Seis da tarde de um ensolarado domingo. Cervejas em copo de plástico e maços de cigarro a R$ 7,00...pfff...Óculos escuro, tênis, calça jeans e toda a vontade de ver a banda que mais tenho escutado nos últimos meses - the killers.
I need direction to perfection..nonononono

Um show após o outro e as dores nas pernas foram aumentando, os pés quase em carne viva (exagero..rs). O atraso foi se estendendo e os tempos de intervalo ultrapassavam o tempo de música das bandas iluminadas pelos holofotes coloridos.

Spank Rock - batidas eletrônicas misturas com hip-hop e um pouco de rockn'roll. Hot Chip over and over. Bjork e seu sarau eletrônico....horas de espera...mais horas de espera. Juliette de pena na cabeça, como mais um monte de outras meninas de todos os tipos andando pelo vasto anhembi-campo-de-concentração. Som um pouco baixo, mas performances à la Iggy Pop e pitadas de Mick Jagger.

Arctic Monkeys levantando a molecada cansada...horas de espera. Celulares perdidos, tinha água, tinha cerveja, tinha pizza, tinha refrigerante.

Garrafinha de água guardada sabiamente na enorme bolsa de crochê - cores frias - entre cigarros e o óculos escuro desnecessário na longa madrugada.

Quatro da manhã. Luzes amarelas, 'Sam's Town', guitarras, bateria, e eles entram.
O show mais emocionante de todo o Festival. Somebody told me...

I wanna stand up, i wanna let go....

20 mil pessoas cantando as músicas que eu sussurro o dia inteiro colada ao computador. Help me out....yeah yeah yeah...

Escutá-los é mais gostoso agora. For reasons unknown....for reasons unknown...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Haikai


de Marina Pavelosk Migliacci
Denis Fujito



deitada na grama
as mãos buscam:
borboletas vermelhas, amarelas e azuis.





borboletas
flutuando uma a uma
amarelo no azul.





tatuada no braço
a pele branca e lisa
borboletas por dois segundos apenas.

...

Cansada ela olhas para as folhas em cima da cama. Cansada ela deita os olhos na árvore que balança lá fora. Cansada ela sonha. Cansada ela pensa nele. Cansada busca as palavras dele - na tela, no passado, nela.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Presentinho

Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem opano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam anil, ensaboam e torcem mais uma, duas vezes. Depois enxágüam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.

Graciliano Ramos

Ganhei esse trechinho de Luna, uma fofinha que lê os meus posts e comenta pelo messenger. rs. Ela me deu de presente de despedida - a dela - qd deu linha do yahoo.
Beijo

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Circular

Uma tarde à toa para ser enchida de silêncios - intimidades, cerveja, lanchinhos, cafés derrubados na blusa branca, passeios de circular.

Esse convite original me foi feito por uma pessoa que só encontro em dias frios. O acaso sempre nos faz esbarrarmos onde quer que seja, em dias cinzas, meio chuvosos, cheios de blusas, mangas compridas, gorros (que salvou o meu cabelo do desastre da garoa do final da tarde)...

Em um longo passeio de circular, pulando de um para o outro, tive algumas idéias empreendedoras, e megalomaníacas. O passeio foi todo, na verdade, um profundo trabalho de campo.

Acho que tinha que escrever sobre otimismo. Logo eu que tenho uns três posts com a palavra insatisfação no título.

Estou otimista em relação às minhas idéias.

Thanks for the ride, Alcides.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Vozes


Uma família italiana, histórias com música, arte, sofrimento (é lógico que é genético) e nostalgia. No último mês morreu um dos tenores mais populares das últimas décadas. Pavarotti ajudou a popularizar a ópera e as dramáticas cancionetas napolitanas, misturando a música popular e a erudita de um país culto e ao mesmo tempo cafona.

Na minha vida, participou indiretamente como trilha sonora para churrascos à beira da piscina das minhas primeiras e distantes lembranças da fase mais sublime da vida. Ao ler nos jornais e ao assistir na televisão a antigas apresentações, escutando canções como 'O Sole Mio', 'Marechiare' e 'Nessum Dorma', fui transportada para um daqueles domingos de sol no Jardim Bonfiglioli, na sacada de casa, quando meu pai escutava a estas músicas e contava as histórias dos almoços numa casa da Barra Funda algumas décadas antes.

Meu avô, Hércules Migliacci, barítono do Teatro Municipal de São Paulo, durante a década de vinte, como bom italiano com o orgulho da pátria, ouvia na rádio Gazeta, durante 'A Hora Italiana', famosos cantores patrícios como Tito Schipa, Beniamino Gigli e Enrico Caruso, cantores que misturavam em seu repertótio, assim como Pavarotti, o popular e erudito, influenciados pelo desenvolvimento da indústria fonográfica. Interpretavam Puccini, Verdi, Leoncavallo e as tristezas do povo do sul napolitano pobre. Neste programa também cantavam Tito Gobbi e Mario Lanza, artistas renegados pelo povo, pois eram vistos como vendidos para os americanos, tendo escolhido fazer a América, a do Norte.

Meu avô parou de cantar para sustentar esposa e 10 filhos. Deixou as cancionetas paras as horas do almoço e as óperas para as tardes dos finais de semana, com as mesmas histórias que muitos anos depois seriam contadas pelos seus filhos para os filhos deles. Meu pai para mim e meus irmãos. Meus tios para os zilhões de primos que eu tenho.

E todo mundo tem seus favoritos. Para lembrar do meu pai, preciso de alguns minutos de Puccini – O Babinno Caro, uma ária de Giani Schichi. A ária é a história da filha pedindo ao pai (Babinno) querido (caro) para se encontrar com o namorado, de uma forma trágica, uma das grandes marcas das óperas italianas. A parte cômica, também sempre presente nestas obras, fica por conta do casamento arranjado entre famílias inimigas, sendo o pai do noivo um grande picareta.

A minha favorita, com pouquíssimo conhecimento, é Bohemia, também de Puccini, apresentada a mim por Hollywood. Quem não assistiu ‘O Feitiço da Lua’? Filme estrelado pela diva Cher e pelo gorgeous Nicholas Cage, história emoldurada por uma – estereotipada, mas verdadeira - família italiana (a da Cher) nos EUA. Enfim, Nick leva a diva à ópera para assistir a esta obra de Puccini.

Que os italianos se libertem da imagem da Terra Nostra e da porcaria da RAI e sejam também lembrados pela arte que sempre foi um ponto forte daquela botinha cafona. Rs

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Explicações


Boa noite.

Venho por meio deste post explicar a assinatura desconhecida que passou a possuir este bolg. Este pequeno espaço foi por mim criado, há alguns meses atrás, no sentido de satisfazer a carência feminina (lê-se: das minhas amigas e minha) por um lugar onde pudéssemos expor nossas opiniões, distorcidas ou não, sobre quaisquer que fossem os assuntos.

Para tanto, criei o blog e, privando pela liberdade, escondemo-nos atrás de pseudônimos bastante criativos, posso dizer. Inspiradas por uma onda travesti, influência que levamos no coração e tatuada em nossas personalidades, escolhemos nomes bizarros que nos acompanharam até hoje.

Não quero, com minha saída do armário, obrigar ninguém a fazer o mesmo. Na verdade, foi uma forma de divulgar mais o que tenho feito aqui dentro. Divulgar o que tenho tentado fazer aqui no Clube do Camba.

Por isso, achei conveniente revelar minha verdadeira identidade. Meu nome é Marina Pavelosk Migliacci. Meu primeiro nome provém da parte russa da família (talvez polonesa. Essas histórias de miseráveis que fogem para o Brasil com medo de algum coisa além-mar, só causam confusão nas gerações seguintes que gostariam de ter certeza de suas origens.) O segundo, como é notável, é italiano. Aquela raça de homens redundantes. O italiano é conhecido por sua beleza, charme, delicioso perfume, cultura e gentileza. Aqueles que descendem ou são italianos, são conhecidos por mulheres de alta cultura como homens redundância. Exemplo disso, Contardo Calligaris. Quem não o conhece, visite semanalmente sua coluna na folha, às quintas-feiras.

Uma pequena digressão para voltar ao assunto deste singelo post. Então, sou estudante de Letras (3º obscuro ano) e trabalho na rede mundial de computadores, também conhecida como a grande teia.

Mais detalhes sobre a minha vida é só dar uma rápida olhada pelos posts antigos e acompanhar os futuros.

Agradeço a compreensão. Continuem comentando.
Mari

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Conspiração Universal

de Marina Pavelosk Migliacci

Manhã. Os raios de Sol espremiam-se através das persianas para adentrar o quarto escuro. Ele abriu os olhos lentamente. Fazia tempo que não dormia tão bem. Seu corpo estava colado na cama. Olhou o corpo que estava ao lado do seu. Os raios de Sol alaranjavam a pele branca e ele sorria.

Encostou seu dedos nos ombros com todas aquelas marcas de alguns verões e ela os encolheu, arrepiada. Abriu os olhos verdes e sorriu com a boca vermelha para aqueles olhos castanhos que a penetravam e a devoravam mais uma vez.

Thörm era grande, sentava-se em grandes almofadas coloridas e tinha um grande livro sobre seus joelhos. Seu pulso corria sobre a folha branca e enchia todo aquele infinito de possibilidades com uma história de amor.

Seus cabelos brancos e longos, cacheados, atrapalhavam sua visão e, de tempos em tempos, tirava os longos fios prateados de frente da sua face concentrada na história do casal que criava e que idealizava.

Ele continuava deitado olhando os olhos verdes que o olhavam com fome de beijá-lo. Respiravam fundo e sentiam um cheiro gostoso que nunca haviam sentido de outros corpos antes.

O toque dos dedos dele nos quadris dela faziam-na se arrepiar e estremecer. Sua pele estava marcada e esticada pela sensação e sensibilidade de se escostar nele.
Fecharam os olhos e em poucos minutos adormeceram de novo. Sonhavam.

Cansada, ela não sabia muito o que pensar e apenas sorria com as lembranças de uma longa noite. Corria os olhos pelo quarto que começava a se aquecer com o aproximar do meio-dia. Lençóis enrolavam-se nos pés da cama, cabelos castanhos jogavam-se nas fronhas brancas e amassadas. Pés encontravam-se e se distanciavam num exercício de sedução e de se deixar seduzir. Eles brincavam.

Ao passar da manhã e ao aquecer o quarto, não conseguiam se mover. Não se distaciavam. Não se desencostavam.

OS cabelos brancos pendiam sobre os ombros largos e ele continuava escrevendo sobre o casal num quarto quente numa manhã de primavera. OS raios entrariam pela persianas, eles se amariam, e de novo, de novo, de novo.

Com as paredes a os silenciarem, não produziam uma palavra, não desencadeavam um sussurro. Não deixavam que nenhum ruído atrapalhasse o momento em que mais eram íntimos e próximos, no momento em que seus corpos se escostavam e se amaciavam.

Não se abriam as janelas, não se mexiam da cama. Não saiam do santuário onde sacrificavam seus desejos pelos desejos do outro. Ela e ele eram um só.

Thröm sorriu e largou o longo lápis.

Ele se levantou da cama e recolheu a última garrafa de vinho.

Ela lavou o rosto e se vestiu.

O domingo de setembro estava quase no final, mas Thröm havia apenas começado a escrever a história dele e dela.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Aquela Insatisfação


A Revista Piauí, na edição de Setembro, lança um concurso literário com o desafio para que os leitores criem um texto que contenha a seguinte frase - O convite para virar estátua no Madame Tussauds lhe chegou em boa hora.

Ia participar, mas antes resolvi dar uma olhada no que já foi enviado à revista e classificado com 'publicável'.

Quando pensei em escrever o texto, coloquei minha esquizofrenia para funcionar. Elaborei idéias complexas envolvendo todas as minhas outras personalidades e vidas parelelas. Meus casamentos com Johnn, Kiefer, minha carreira como escritora, como crítica literária, como representante das mulheres que levam cambas, como ativista, política engajada, jornalista cultural, como mulher, enfim, uma viagem sem fim.

Desenvolvi alguns temas na cabeça e não escrevi uma linha sequer. Esses temas, todos de vidas bem sucedidas não cobinavam com meu estado de espírito e minha aversão ao narcisismo.

Hoje li alguns dos textos no site da Piauí. Não sou só eu quem está também avesso ao sucesso como única forma honrosa de ser homenageado. Não sou a única pessoa a achar grotesca a apelação e vangloriação da imagem de si mesmo.

A grande parte dos textos 'publicáveis' conta a história de insatisfeitos com o próprio destino, deslumbrados com pequenos momentos de felicidade, desesperados por um pedaço do fantástico mundo da alegria e bem-estar.

São textos que apresentam uma visão ácida da 'justeza' da realidade, irônica dos caminhos tomados, pessismista em relação ao futuro. Assim o convite ao madame Tussauds lhes chega em boa hora.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Arte de Dar Cigarros


Quem foi o fumante que nunca se encontrou desprovido desta substância que acompanha e consola os momentos duros e as bad trips da vida? E que neste momentos de desespero e desconsolo, já não tentou encontrar um bom samaritano e também fumante que pudesse fazer a gentileza de fornecer um cigarro para saciar suas necesidades psicológicas e fisiológicas?

Mesmo encontrando estes renegados sociais aos montes em todas as esquinas, neste mundo movido e guiado pela pseudo-geração saúde, ao pedir gentilmente pelo tão desejado objeto, somos tratados com certo desdém.

Às vezes o desdém pode ser ignorado pela satisfação de se conseguir o objeto, mas normalmente é lembrado, também com desdém, afinal por sermos excluídos do ideal contemporâneo, deveríamos nos unir a nos amar. RSRSRSRS.
Já me disseram que eu dou cigarros sorrindo. Bonito. Doar cigarros é uma arte inata, mas pode ser adquirida e aperfeiçoada com esforço e dedicação.

Já que vai dar um cigarro, dê sorrindo e linda (o). Vão lembrar de você com um carinho especial. Você pode ter ajudado a melhorar o dia de merda de um pessoa.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Sexta-feira


Fomos apresentados numa noite de fria sexta-feira de agosto. Ex-estranhos colegas de trabalho e vizinhos ignorantes de faculdade, nos conhecemo em frente à biblioteca num banco frio envoltos pela fumaça leve de cigarros aguardados ansiosamente.

Seguimos caminhos opostos que nos guiaram ao mesmo ponto - um bar perifa ao som de MPB, dividindo copos de cerveja numa outra sexta-feira fria do mesmo agosto.

Leves encontros fingidos ocasionais, breves conversas esfumaçadas, distraídos contatos visuais e corporais. Vivíamos uma distância disfarçada. Havia sempre um algo mais a esconder, a esperar, a ansiar.

Estreitamos vagarosamente os laços virtualmente e, aos poucos, ou, na verdade, bem rapidamente, começamos a nos estreitar. E, na mesma velocidade, o contato entre aqueles e estes olhos começaram a faltar.

Decalrações por e-mail, conversas adiadas e outra sexta-feira, agora fria por causa de um ar-condiconado de uma balada escondida nesta cidade suja - uma explosão daquilo que foi ansiado e desejado.

Hoje em dia não nos vemos mais. Não pessoalmente e nem tão pouco virtualmente. Mas o vejo sempre que quero e que não quero, na memória que insiste em me atormentar.

Apesar da história bonita, porém patética, não há muito mais a que esperar.

-texto encontrado (começado) em uma folha de algum caderno perdido nas pratelerias repletas de histórias, e terminado no mesmo banco daquela primeira sexta-feira daquele distante agosto.

domingo, 16 de setembro de 2007

Insatisfeito? Entre na fila



Tenho, há bastante tempo, escutado pessoas próximas e também não muito próximas reclamando do trabalho, da vida amorosa (este bolg, por exemplo), da família, da cidade enlouquecedora, da faculdade, das dificuldades e de todo o resto. A reclamação vem sempre seguida de uma ponta de esperança, já que tudo é uma fase.

Desculpe, a insatisfação não é uma fase. É uma constatação. Abrimos os olhos para o mundo e vemos o quanto tudo é cinza, esquisito, injusto ou quando é bom, gostoso e nos faz bem, passageiro.

Sempre há alguma coisa que nos faz perder a calma, que nos faz esquecer de todo o resto e concentrar para achar um outro caminho, uma solução ou mesmo uma forma de enganarmos a nós mesmo, para que tudo 'volte a ser como era antes', pelo amor de Deus. Mas 'como era antes' era também marcado por uma outra preocupação, insatisfação, ambição.

Meus últimos textos, bastantes azedos (aí não só os últimos), têm mostrado uma incerteza e angústia que tenho tentado aprender a lidar. Uma crise, não de identidade, mas algo até que parecido com isso, mas quase o oposto. A insatisfação, diferente da crise de identidade, vem com a certeza daquilo que ansiamos, mas não podemos ou estamos empacados para alcançar.

A insatisfação é uma conseqüência da formação completa do indivíduo, já que esse se vê impotente para chegar onde deseja. Vêm da constatação da impossibilidade de vida justa numa sociedade e num mundo marcado por necessidades e não desejos. Vivemos para satisfazer nossas necessidades imediatas e não para satisfazer nossos desejos alimentados durante tempos.

Apesar disso, a cada dia que passa tentamos alimentar novos desejos e sonhos e dividir a energia depositada neste que não foi satisfeito e começamos tudo de novo. Apesar deste texto, alimento meus desejos com a mesma intensidade que penso neles com desconfiança.

Apesar da insatisfação, me satisfaço em saber que isso tudo provém de minhas certezas. Pelo menos de alguma coisa eu tenho certeza - daquilo que quero. Se vou conseguir, já são outros quinhetos.

Tá insatisfeito? Entre na fila. Welcome.

domingo, 2 de setembro de 2007

Caminhos e Rumos

Tomei uma resolução corajosa hoje. Uma na qual tenho pensado há muito tempo. Uma com a qual sinto que vou chegar em algum lugar. Na verdade, com ela poderei chegar em vários lugares. Depois de passar duas semanas acordada, debruçada sobre livros, lendo, escrevendo, pensando, estudando, às vezes sofrendo, cansando, consegui terminar minha maratona acadêmica de forma mais ou menos saudável. Só uma dor de garganta de leve e um início de gripe que tem sido desejada por mim há um tempo.
Bom, depois desse tempo de reflexão e insônia forçada, resolvi acompanhar o movimento Cansei! Na verdade, criei um novo. Cansei da vida babaca que levo. Cansei de correr, correr e não chegar em lugar nenhum. Pois bem, como conheço bem o corpo docente da universidade a qual freqüento, esperando ter me dado mal em alguma dessas matérias para as quais me dediquei sem pensar em canseira, temo pela desilusão de uma nota ruim que me levará a passar por tudo isso novamente, refazendo-a para poder me formar. Sou pessimista sempre. Qq coisa vira lucro, se não virar, já era esperado.
Neste sentido, se isso realmente acontecer, tranco tudo, largo tudo e caio na estrada. Vou ser mochileira. Aproveitando que terminei de ler On the Road, Kerouac - um livro que todo bom mochileiro deveria ler, um guia, um manual, inspirada por isso e por minhas angústias em relação ao meu futuro, resolvi que se meu esforço der com os burros n'água, vou cair na estrada, viver de pequenos bicos, tirar fotos, escrever para outros lugares que não só o meu blog e ter uma vida que me deixe ver coisas novas e não só a reprodução do dia anteiror a cada nova aurora.
Como se ir embora fosse resolver alguma coisa. Pelo menos ia dar uma viajada. Mas isso não vai acontecer nem se eu me der mal com alguma dessas matérias. Eu vou continuar correndo e correndo, e por mais que meu pessimismo às vezes seja tão forte a ponto de me fazer criar planos absurdos para ultrapassar a mesmice que me condena, vou continuar querendo fazer essas coisas absurdas enquanto trabalho insanamente em frente ao computador, 7 dias por semana. ou enquanto estudo para alguma recuperação, prova final ou quando o semestre que vem recomeçar na semana pós feriado.
Eta vida besta, meu deus!

sábado, 1 de setembro de 2007

For no one - Beatles




Your day breaks, your mind aches
You find that all her words of kindness linger on
When she no longer needs you
She wakes up, she makes up
She takes her time and doesn't feel she has to hurry
She no longer needs you
And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years
You want her, you need her
And yet you don't believe her when she said her love is dead
You think she needs you ...
You stay home, she goes out
She says that long ago she knew someone but now he's gone
She doesn't need him
Your day breaks, your mind aches
There will be time when all the things she said
will fill your head
you won't forget her ...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mixed Feelings


Noites mal dormidas estudando em frente ao computador, deitada na cama, sentada no chão, já que minha cadeira é a causa da minha dor nas costas. Cochilos encostada na parede, sonos profundos embalados por textos longos e confusões de raciocínio.
Entre um parágrafo escrito e outro, refletindo sobre os trabalhos que devo entregar esta semana, tento imaginar qual será o prazo das minhas escolhas...qd será que elas vencem e qd será que vou ter que entregá-las, talvez para mim mesma?
Acabei colocando tudo no mesmo saco - vida profissional, acadêmica, homens, amigos, minhas frustrações, indecisões, angústias, medos e aflições. A TPM sempre é um campo fértil para o bode se aconchegar e, em muitas vezes, tomar conta da mente cansada e dos olhos secos.
Uma última gota caiu em um copo quase cheio, fazendo-o transbordar. Encontrei o passado, um não muito distante, um que ainda não resolvi direito e um com o qual, agora que reencontrei, não sei o que fazer, como agir, o que pensar. Decisões, novamente.
Noite fria, sorrisos encabulados. Olhos que relutam para não se cruzar. Apesar disso, a dificuldade que nunca existiu também não surgiu neste reencontro. A falta de esforço, o conforto de estar perto e saber que se tem perto permanecem mesmo com tanto entre o primeiro e este último contato.
O misticismo maternal ajudou muito hoje. Até aprendi alguns mantras para aliviar uma coisa que machuca, literalmente, de dentro para fora. Talvez deva seguir este lado já bastante ironizado neste blog, talvez meu azedume, tão cultivado e querido por mim, possa ser curado por Shivas, Hyshinus e outras entidades. Talvez.

domingo, 26 de agosto de 2007

Totally Cool

Sabado à noite, hora de sair da reclusão máxima depois de duas semanas longe da noite paulistana devido às responsabilidades acadêmicas retomadas após longo período de greve e férias. Saudade dos tipo esquisitos e engraçados, bonitos e interessantes, xavequeiros e malandros da gafieira hype, mais conhecida como Ibotirama, e das noites intermináveis na casa divertida.
Produção quase independente na companhia de uma das melhores companhias. Risadas e bobeiras regadas a seleta e cervejinha na mesa de canto e no canto do balcão.
Uma rosa presa ao cabelo, maquiagem leve, papos fúteis sobre cabelo e esmalte, saudosismo das belezas e encantos de ilhas longínqüas e situações engraçadas envolvendo bêbados apaixonados.
Auto-estima elevada de forma contraditória, afinal confiar em bêbado tem duas mãos. A sinceridade extrema do estado alcoólico e a deturpação da realidade da visão deste estado. Um tipo muito engraçado de bêbado, um tipo xavequeiro e malandro. Maquiagem linda, totally cool. Linda. Puro Style. Parece que não era só a mulherada que estava no âmbito fútil da percepção da 'realidade'.
Festinha engraçada com gente esquisita. Oswaldos Montenegros barbudos e cabeludos andando pelos corredores e escadas, fazendo caretas e inventado histórias. Gente gentil.
Conversas eternas com todas as pessoas do bar. Encontros com irmãos da balada. Declarações de amizade. Ampliação do círculo de amizades e, às sete horas da manhã - xaveco by Oswaldo Montenegro cover com direito a cabecinha no ombro, óculos escuros e canseira de se divertir.
A volta de ônibus, as novas paixões a partir daquela noite, o nascer do sol, fuscas style. Dormir até a hora do almoço e acordar para comer a lasanha mais delícia do mundo.
Domingo à tarde e toda a vida de sempre volta ao normal. Aconchega-se em páginas de livros, preocupações com a segunda-feira, discussões políticas e místicas duante o café e a dificuldade de desenvolver aqueles textos começados no dia de folga cheio de aventuras.
Pelo menos tudo isso vale a pena. Ou não. Deve valer. Pelo menos dá para escrever alguma coisa e passar o resto de noite entre o relaxed de ter tido a noite de sábado, e stressed de saber que se terá o dia de segunda.
Boa semana.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Escolas de Mistério

Não fui trabalhar ontem. Agilizar a vida acadêmica vem em primeiro lugar para mim, apesar das últimas semanas, nas quais não consegui desligar meu cérebro do mundo corporativo. No geral, a graduação é uma atividade que me dá mais gás para ir andando e fazer me sentir menos burra, mesmo quando saio de algumas aulas achando que sou uma completa ignorante.
Pois então, não fui trabalhar para trabalhar em casa. Ler, escrever, pensar, ler, divagar, fumar, escrever, pensar, tomar café. E como não podia imaginar, foi um dia cheio de aventuras. Sentei confortavelmente numa cadeira de plástico no meu quarto (pfff...preciso comprar outra cadeira, talvez as dores na minhas costas sejam provenientes do conforto invejável que esta cadeira proporciona) e lendo um texto que já havia lido há 2 anos, comecei a entender como se fosse a primeira vez que estivesse lendo aquilo tudo - a luz do meu quarto queimou. Puta que pariu. Azeda, saí xingando a minha sorte. Procurei em todas as gavetas e armários e acabei roubando a lâmpada do corredor do meu enorme apartamento. Troquei honestamente a bendita e sentei novamente para escrever algumas notas que me ajudariam a escrever o texto que começou a fazer sentido na minha cabeça durante o trabalho braçal de torcer a lâmpada no teto do meu quartinho 2,5x2,5.
Alguns impressões na máquina que já estava virando peça de altar, o cartucho acabou. Puta que pariu. Saí mais uma vez xingando com o azedume cada vez mais latente. Liguei para o help desk - meu irmão, e finalmente troquei a porra da tinta da impressora.
Leio mais um pouco. Alguém bate a porta. Meu pai 'vc quer um pastel?'. Lógico, de carne. Leio mais um pouco, mais algumas anotações. 'Vamos almoçar? Papai trouxe o pastel'. Lógico.
Minha mãe muito contente com a nova tinta da impressora me pede para imprimir aquele manual ma-ra-vi-lho-so e super essencial para os decretos das meditações para Fraternidade Branca, da qual ela faz parte juntamente com os 12 Mestres Ascencionados - um deles para o qual deveria me dedicar, Confúcio - mestre da sabedoria do Raio Amarelo. Imprimo o manual.
Depois do suporte técnico dado em troca de pastéis, cigarros, almoço e café, volto ao meu quarto e continua a mesopotâmica jornada que havia começado naquela longinqüa manhã.
O dia não poderia terminar sem uma meditação familiar em busca de paz e benção de anjos, mestres, luzes e raios. Minha família não existe.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Sabedorias Populares

A frase que expressa melhor essa fase da minha vida, ou talvez da vida de muitas mulheres com as quais convivo é 'Burro não encosta em vaca'. Não, não estou chamando nenhum cara de burro, apesar de achar que muitos são. Também não estou chamando nenhuma mulher de vaca. Apesar de achar que muitas são.
Quando você conhece um cara e acha que ele é interessante por algum motivo, que depois você não sabe bem qual é (deve ser efeito daquela substância sobre a qual escrevi há algum tempo já, a tal da feniletilamina) e vê que ele está saindo com uma menina bem abaixo do que você esperava que ele poderia se interessar, se envolver e se apaixonar, e desacredita de tal laço, união, situação, pense nessa frase, pois não há união, laço entre pessoas que não têm realmente alguma coisa a ver. Principalmente se ele se mostra bastante interessado nesta sobre a qual seu julgamento não permite uma nota acima da média.
Pense que este estado de encantamento deriva de uma percepção sobre esta com a qual se interessa e talvez se apaixone que não foge daquilo que ele é e daquilo que ele espera que uma mulher seja. Do mesmo texto no qual descrevo os efeitos da substância abordada no parágrafo acima, também é a compreensão e assimilação de um estudo da psicanálise sobre o nosso envolvimento com pessoas nas quais projetamos o nosso ideal. Se ele está saindo com esta mulher, então ela representa para ele um ideal.
Como diria meu pai - não confunda cu com bunda. Não confunda o ideal que você projetou neste mesmo cara com aquilo que ele só mostra, ou que você só percebe depois que toma conhecimento de uniões como esta.
'Os opostos se distraem e os dispostos se atraem...'
Agradeço a amiga Glen pela sabedoria do pensamento.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Elfos



Os elfos...ah os elfos. Conheci um elfo certa vez. Estava numa ilha não muito deserta e nem tão pouco encantada, mas doce...adocicada, melada. Fazia bastante calor e estávamos todos queimados de sol. Bebíamos hidromel, uma bebida típica da Terra Média, da qual saem todos os seres encantados, com orelhas pontudas e histórias absurdas. Dançávamos ao som de flautas e alguns poucos tambores. Não tinha o visto ainda por aqueles lados daquele outro mundo qualquer. Ele me viu. Continuamos dançando e tomando aquela bebida doce. A lua nos levava para uma outra parte da ilha. E lá chegamos. O mar - negro, como o céu. Ventava. Sorria. Gargalhava. Deitava na areia. Ria. Seguindo os encantos de uma estação na qual nunca confiei muito - o verão, fui sendo surpreendida pela graciosidade e pela doçura de um ser que beirava o surreal. Ele, interessado e interessante, me levava pelas noites daquele janeiro aos lugares mais comuns mas nunca dante visitados por essa mulher que vos escreve. A volta para essa cidade que não dorme foi realizada num mar de lágrimas. A estrada longa a fria foi também triste e solitária. Fui recepcionada por uma briga de trânsito e o estresse da Babilônia já acalorava o coração gelado que sentia que o mundo real não permite a existência de fadas, duendes e elfos. Continuo brindando com hidromel e continuo uma fada saltitante. (tá, eu sei o quanto isso é ridículo, mas ele é lindo e pode me chamar assim...rs). E de tempos em tempos ele ressurge e faz com que eu me lembre daquele verão que foi diferente, incomum, especial.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

By Bete Modelete

Ela é a personificação do lema que criamos: "foca e vai". Tanto focou, que está prestes a ir simbora, ganhar o mundo e conquistar mais um monte de amigos para a sua extensa lista!
É uma mistura de alegria com dor no coração, pq a gente sabe que as baladas, répies, papos...não serão mais os mesmos. Vai sempre faltar tuas risadas, jargões que são copiados e recitados por milhões de pessoas! ahahaha
A gente se conheceu há um tempão, nos perdemos por alguns anos e depois nos reencontramos para virarmos manas! Com ela e com outra mana especialíssima, tive uma das viagens mais legais da minha vida! Um verdadeiro surto que só nós podemos compreender! ahahaha Acho até que foi um recorde mundial! Vou procurar saber!
oooooooooo, filha! eu e frida vamos nos matar de tomar cachaça, pq vamos sempre tomar por você! Vamos nos acabar de beijar todos os gatos fodas (mesmo que estes nos dêem cambas!), pq vai faltar você! Desculpa boa pra tomar todas e beijar todos, né, mas não vai ser tão legal quanto parece...
Mana, eu tô com o coração partido só de imaginar sua ida, mas te desejo toda a sorte do mundo com a certeza que você vai ser muito feliz, pq em todo o lugar que vc aparecer com essa sua alegria e risada solta vai conquistar um por um!
É hora de dominar o mundo!!! ahahahahahaha
States, tremei!
beijoteamoporra!

LA - by AL

Fudeu! O cigarro acabou... pra quem vou pedir "só umzinho??"A conta atrasou, quem vai me dizer " Pega meu cartão e paga essa merda logo."??O gás acabou, que vai comprar logo dois butijões de 1.755 litros cada um, "só pra não ter mais esse tipo de problema" nos próximos 70 anos?Quem vai dividir comigo o amor incondicional por Angelinas e Nicoles, de uma forma pura e heterossexual?Quem vai surtar comigo na véspera de Natal, quando temos que fazer uma turnê Beto Carreiro pelo interior, só pra ouvir o quanto nossas plantas devem ter morrido de sede?Quem vai me lembrar que eu "Tenho que ligar pro pai, porra??"Quem vai deixar secadores e chapinhas e esmaltes e creminhos por todo o banheiro? Ninguém.

Boa sorte mana.Você sempre consegue tudo oque quer. Não seria diferente agora. Posso transformar seu quarto num lounge? Tá!

Pára de gritar!!!


< / bjomeliga! / \

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Mana Linda

Eu tenho uma amiga-irmã linda. É aquele tipo de amizade 24hs - todos os dias, há alguns anos. Há algum tempinho, essas 24hs se tornaram menos metafóricas. Passamos a dividir a mesma baia numa empresa de marketing na rede mundial de computadores - a grande teia. Hoje já começo a me despedir dela. Com todo o merecimento pelo sua capacidade e fodalidade, ela está se mudando para o país matriz desta mesma empresa.
Senti que com toda a emoção esquisita de estar feliz e com saudade de uma das pessoas mais importantes da minha vida (junto com o pacote família - meu e dela), precisava fazer uma pequena homenagem a esta Femme Fatale.
Esta querida foi a mim apresentada pela sua irmã quando estudávamos juntas para o ingresso na Universidade. Em pouco tempo, AL (utilizo siglas para manter o acesso às informações deste blog restrito a um grupo seleto de pessoas, afinal abrimos demais a nossa vida aqui) percebeu que éramos bastante parecidas em vários aspectos.
A partir daí, começamos a frequentar os bares da vida. Fui apresentada a uma infinidade de bandas que hoje fazem parte das my favorites, bares, pessoas, lugares e pelas noites dessa cidade suja nos divertimos às custas do nosso alcoolismo crescente. rs.
Não há ninguém que conheça mais as minhas histórias, as minhas neuras, as minhas bobagens, a minha esquizofrenia, a minha insegurança, as minhas felicidades, minhas nóias, minhas paixões, minhas brincadeiras tontas, minha timidez ocasional, meu humor sarcástico, meu azedume latente, o mau humor das minhas manhãs, o bom humor crescente das noites de quinta, sexta e sábado, o meu ciúme idiota, entre tantas outras coisas, e que além de conhecê-los, respeita tudo isso enquanto tira o maior sarro da minha cara.
Ela é uma das pessoas que mais tenho orgulho de ter por perto. Além de ser foda, como já foi mencionado neste mesmo post, é inteligente, linda, divide uma mesa de bar com qq pessoa, e sabe o que fazer na mesa de bar com qq pessoa, toma vodka e seleta como nunca vi, cabeça aberta para entender as coisas da vida e dar conselhos e muito mais coisas que faltam palavras para expressar toda sorte de características que a fazem ser a minha mana.
Eu desejo todo o amor que houver nessa vida! rs...que vc se jogue em LA e passe por toda sorte de boas experiência. Que conheça as pessoas fofas, que vc se dê suuper bem, que cresça sempre, que vc seja feliz por lá. E que tenha um colchãozinho vago para minha visita.
E vê se arranja um gringo lindo e casa.
Te amo muito.
Toda sorte que houver nessa vida.
Muá Muá Muá
bjomeliga

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Sonho

Queria poder levar algumas pessoas sempre comigo. Algumas pessoas se mostram muito importantes fazendo qualquer coisa que lhe agrade, ou não, sem fazer nada também. Alguns amigos são necessários à nossa auto-estima que às vezes rasteja na lama, levantando levemente a cabeça para dar uma respirada. Com esses queridíssimos, ela - a auto-estima, se levanta, ergue a cabeça e caga para o resto do mundo gritando 'sim, sou foda'.
E como são amigos sem a finalidade de te comer depois dos elogios, é mais fácil levá-los à sério. Para eles sou cheirosa, bonita, linda, pareço uma atriz foda de Hollywood, sofisticada com ar retrôzinho, inteligente, e mais alguns outros adjetivos fofos que somente pessoas fofas poderiam usar.
Eles também dão camba, sempre dão. E levam...bastante também. Mas escutam todos eles enquanto fazem um carinho na sua cabeça. Contam os deles para mostrar que tudo podia ficar pior. E a gente conta também, com a mesma finalidade. A gente passa um tempão sem encontrá-los, afinal a vida de solteira exige exposição quase que 24hs (rs), mas quando encontramos, gostarímos de colocar todos dentro da bolsa e carregá-los sempre com a gente. Assim, economizava tempo de msn, crédito de celular e nos poupávamos de entrar no orkú e acabar fuçando no profile de quem a gente não devia, trazendo só uma coisa boa - inspiração para encher esse blog de bode.
Só eles entendem nosso humor sarcástico e irônico, a maldade das nossas brincadeiras e o azedume de nossos comentários. Só eles riem disso sem perguntar se tá tudo bem. Pfff.
Como são a família que a gente escolhe...são para sempre, nem que não sejam para sempre de verdade, mas agora eles são.
Amigos queridos...Frida agradece a presença sempre especial. (momento rasgação de seda). Amo!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Auguri!

Ai como uma desilusão pode dar dor de barriga. A decepção de ver que aquele cara bonitinho e fofinho, inteligente e doce não é mais bonitinho, fofinho, inteligente e doce. Ele foi. Para você não é mais. A verdade é que o interesse e o foco não é mais você. Agora ele se dedica a cultivar esse tipo de ilusão em outra pessoa. Até que ache outro de seus ideais espalhados pelas noites por aí e troque, de novo, o foco de seu empenho.
A psicanálise diz que quando amamos, ou nos apaixonamos, o fazemos pelo nosso ideal. Nós nos apaixonamos e vemos no outro, projetamos nosso ideal no outro. Assim, ser amado e querido pelo nosso ideal transforma o sentimento de ser amado em uma situação extremamente satisfatória e 'orgástica'. Para que essa situação se mantenha, precisamos da dificuldade desse amor. Ou seja, precisamos que esse amor seja difícil...distante, para que nosso ideal continue nos amando e, o mais importante, para que continuemos amando aquele que é para nós o ideal. Sem a distância, esse ciclo quase infinito não se mantém. Ele desmorona quando há a percepção de que aquele não é o que tínhamos pensado que era. Na verdade, o engano foi nosso. Isso não é uma característica feminina. É uma característica básica da paixão. Paixão esta que, aliás, é um processo fisiológico.
Nosso cérebro, quando acionado de alguma forma por algum dos sentidos, começa a liberar feniletilamina, substância que causa a euforia conhecida da situação de estar apaixonado - dor no estômago, suores, tremores, entre outros. Acontece que esta substância é liberada por um tempo determinado. Ela não é infinita. Portanto, nenhuma paixão é eterna. Ela tem prazo de validade - 6 meses, segundo cientistas.
Aí que vêm a interrogação que assombra a vida das mulheres e de alguns poucos homens - 6 meses? Acontece que estes meses têm vencido muito antes. Em 6 meses consigo conhecer umas 6 pessoas e 'manter' essa feniletilamina sendo liberada por no máximo um mês. O que eu faço de errado? Que tipo de ação deve ser praticada para que esta reação se prolongue por mais 5 meses e esse prazo valha na prática e não só na teoria científica?
Pois é. Para responder a essa eterna discussão este blog foi gerado. Acontece que parece haver um padrão nas ações masculinas e, mesmo fugindo do padrão das ações femininas, o resultado é negativo. Mesmo não sendo aquela mulherzinha chata e grudenta, ciumenta e infantil. Mesmo tentando ser um pouco mais do que um encontro a cada 15 dias, mesmo assim, as coisas tendem a duram 2, 3 encontros, e casuais, diga-se de passagem.
O espanto que não deveria ser espanto, é que aquilo que mais aborrece e amedronta os homens não é essa mulher chata e que não sabe conversar, essa grudenta e comum. Não. Essas das quais, como amigas, afinal sempre viramos amigas, reclamam e dizem fugir, são as que fazem com que eles liberem mais, ou por mais tempo a tal da feniletilamina. E nós...Bom, nós somos mais interessantes para manter uma conversa boa, uma discussão de qq assunto ou uma cerveja em um bar qq, numa sexta ou sábado à noite. A verdade é que somos nós que botamos medo nestes homens. A verdade é que estes homens não conseguem dividir a atenção, a inteligência, a fofura e a doçura com uma mulher. Precisam de uma garota, uma menina para chamarem de 'docinho', 'bonita' e afins e mostrarem para todo mundo o ideal de qq coisa que conseguiram alcançar. Enquanto isso, a mulher com a qual a coragem faltará sempre para o desenvolver de um relacionamento maior do que amizade, passa por inúmeras experiências, inúmeros cambas, leva e recebe grande parte deles, e no fim, chega a cafonice de escrever em um blog sobre tudo isso para se divertir às custas daquilo que a incomoda.
É isso mulheres. Como uma boa terapia em grupo, em tom de pensamento afirmativo, nós somos boas demais. Nós nos divertimos e divertimos os outros. Chegamos ao cúmulo de dar conselhos a ex-qq coisa e ainda terminamos tudo isso com uma cerveja e uma seleta em qq bar espalhado por essa cidade. E brindando. Sempre a nós. E é a nós que eu dedico este blog. E aos nossos lamentos escondidos em brincadeiras. A nossa tristeza e talvez solidão escondidos em nomes bizarros criados na hora do almoço ou no café do final da tarde. É a nós.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

The End para Paulete

Ai querida, atitude. Só isso que eu tenho a dizer. Arrasa. E ameba way of life....NEXT!


Ó eu aqui de novo! Paulete Pink escrevendo outra vez... de novo sobre o mesmo bofe, porém com o final da história...
Ai gente...eu me sinto a pior das idiotas... não que eu esteja triste, porque agora já estou bem melhor. Mas me sinto idiota por ter perdido meses da minha vidénha pensando em um bofe que não tava nem aí pra mim. Ainda vou me atolar muito na vida com essa coisa de ser sentimental demais, e até carente demais. Pois vejam só o que a bicha fez: em mais uma de nossas conversas emessênicas (por sinal foi a última) começou a me falar que estava interessado em duas amapoas! Vê se eu posso! E nenhuma delas era eu... Ai, não gostei. Depois eu acabei falando pra ele que eu tava in love por ele (já que já estava tudo cagado mesmo, eu quis mais era falar tudo!!), mas que eu já tinha percebido que talvez tudo não tivesse mesmo passado de ilusão, e que na verdade eu tinha me apegado a uma imagem, não a uma pessoa real... O bofe ainda tentou fazer o amigo, dizendo que infelizmente não podia fazer todo mundo feliz, mas que eu havia ganhado uma amizade (?!). Eu até demonstrei que aceitaria a amizade. Mas não sei se posso. Enfim, tudo esclarecido, e afinal tudo não foi mais do que uma ilusão criada por essa romântica aqui que vos escreve, mas que diante de vocês todas promete a partir de agora procurar ser um pouco mais racional antes de se apaixonar outra vez... será que é possível? Conto com a força de vocês! Me ajudeeeem!

Muah!

P. Pink (ainda pink)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Depô 2 - Bete Modelete

Quirida....ai...uó...Mas é bem mais fácil de ignorar tb....olhe pelo lado bom. e quem quer sair com um bofe que tem medo de ligar para vc, gata?
Arrasa. E abafa a mensagem, bein!
muá muá muá

Oi, eu sou a Bete Modelete! Quero dividir com vcs um camba do tipo moderno, inovador, típico das bichas tecnológicas, que não dispensam um celular!
Para ligar?
Não, minhas queridas!! ahaha! Para mandar mensagens!! Isso! É a nova moda! A bicha não tem coragem de ligar e fica gastando todo o crédito em mensagens que têm um objetivo certo: o edredon, a cabeça no travesseiro e quem do lado da cama, quem? A porra do celular!!!

Uma história bem particular que se repetiu diversas vezes e com diversos bofes diferentes é a seguinte: Você tá lá, né, entretida na novela, ou então lendo alguma revista de moda quando de repente: "Plirilim". Nossa - vc grita surpresa com um sorriso escacarado - uma mensagem! óaaa, do bofe! ai, adorei!
- "Vamos sair hoje?", ele pergunta.
Vc responde saltitante mais que imediatamente: - Vamos! Me liga.
"Plirilim".
- "Quero te ver, linda! Como faço?", ele.
Vc responde: - "Tb quero te ver, me liga!".
"Pririlim"
- "Onde quer ir?".
Vc: "Me liga!!!".
(...)
(...)
(...)
PUTO!!
BICHA!!

Minha gente, minhas amigas, a bicha não tem coragem de ligar! Elas agora partiram para essa tática. Se não há troca verbal, aaaa, é mais fácil de dar o camba, não é mesmo minha gente?

Na opinião de vcs, essa moda já pegou e veio pra ficar??

ó a puta!

sábado, 7 de julho de 2007

Moderno

Ai...olha só....assim não dá. Os cambas estão ficando freqüentes e o bode tem se instalado já na sexta-feira de manhã. O assunto da vez é o famoso e velho Camba. Todo mundo uma vez na vida, às vezes, ou na maioria das vezes, mais de uma vez, já levou e já deu um cambinha. Esta prática recebe várias nomenclaturas - fora, cano, perdido, sai para lá, me erra, não tô afim, conheci outra pessoa, enfim, toda sorte de desculpas para que o cara não fique com você e saia com aquela menininha sem graça e nada a ver - o tipo comum. Básico.
Para compartilhar essa riqueza de experiências do universo femino, foi criado este clube. Depois de semanas de gestação, ele foi concretizado numa sexta-feira à noite, um dia para o qual todos vivemos e trabalhamos, o dia no qual utilizamos nosso patrocínio - o trabalho - para a atividade gostosa de beber e sair por aí.
Aqui você poderá entrar em contato com toda sorte de experiências e depoimentos verdadeiros do universo da mulher solteira. Aquela - a leprosa social.
Meu nome é Frida Hoitman e contarei com grandes amigas para a construção deste que será um refúgio para o bode do dia seguinte. Vera Verão, Paulete Pink e Fofolete Jones me ajudarão a relatar os problemas que toda mulher solteira enfrenta de sexta a domingo, mas que se refletem por toda a semana. Conversas emessênicas, recados do orkú, telefonemas e mensagens de celular. Contamos com toooda sorte de dados para ajudar você a rir de tudo isso.
Se você quiser mandar a sua história, escreva para o e-mail fridahoitman@hotmail.com e sua história passará por um longo processo de avaliação e poderá ser publicado neste distinto e humilde blog.
Não faça a Lôca. Fique puta.
Obrigada