sexta-feira, 24 de abril de 2009

Amanhecer

Apesar de toda a dor de acordar cedo, e que tenho passado todos os dias (menos às sextas) por causa do meu novo horário de obrigações e afazeres, sinto um prazer absurdo quando chego ainda antes do almoço em casa com tudo o que havia planejado cumprido.

Acordar com beijinhos doces e a preguiça maior do mundo, querendo alongar os curtos minutos que separam a cama quente do metrô lotado, do ônibus demorado, do frio meio abafado desses dias de outono. Esquecer de pentear o cabelo, sonhar acordada enquanto a cidade vai correndo debaixo e em cima da terra. Ter pesadelos também faz parte do processo 'acordado'. E achar um cantinho para ler algumas palavras em algum dos livros que escolho na hora, todos guardados dentro da minha mochila, também.

Aí aparece o mundo frio molhado da grande cidade universitária, seus papos chatos de corredor, suas pessoas perdidas, sonolentas. Aconchego as folhas xerocadas dentro do caderno e corro para a segunda obrigação. Até tentei fazer meu óculos hoje, mas a busca pelo óculos perfeito ficará para o final de semana, quiçá semana que vem. Tá difícil.

O caminho de volta para casa, descendo o morro da USP para o mundo real é feita por meio de respirações profundas ... todas de satisfação. Uma bobeira burguesa de dever cumprido, de trabalho concretizado, bem-feito, acabado. Achieved goals.

Assim, com essa tranquilidade, restou-me estudar um bucadim, responder e-mails, almocinho familiar e rumo à segunda parte do dia, na qual me encontro agora. Trabalho. Aguardo a terceira parte do dia...a definir.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Se você fosse um livro, qual seria?

Como de costume, quando estou entediada, quase dormindo na minha mesa, eu recorro ao uol, onde nunca acho nada mas sempre finjo que achei alguma coisa. Preciso passar o tempo e não tenho tido muita paciência com a grande teia. Então, no lugar de passar horas fuçando, eu entro dez minutinho no uol, olho a home e vou entrando nas bizarrices que podem estar destacadas.

Hoje, poucos minutos atrás, achei um teste - Se você fosse um livro nacional, qual seria?

As perguntas são bem ruins, as respostas que você tem que dar
também não ajudam muito. Mas aí eu vi o resultado e fiquei bastante feliz. (Coisa boba que sou)

Dá uma lida no resultado:

"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector

Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.

Achei bonito. E vou ler o livro para ver se concordo com o resultado.
E viva o dia do livro (outra tirada do uol)!!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Como ter um dia ruim - By Gabriela Mori

A perna latejava no ônibus. A dor não era tanta, mas a sensação do sangue pulsando incomodava. Incomodava também o gosto de estômago vazio na boca. Acordei mais cedo e fui à busca de um banco 24 horas para sacar a grana do aluguel. Consegui num caixa vagabundo do Compre Bem da avenida Liberdade. Corri para casa, corri para a imobiliária, corri para o metrô. O primeiro trem parou sem que pessoa alguma descesse naquela estação. Próximo, então. Algumas pessoas desceram, o espaço deixado por elas lá dentro foi imediatamente preenchido por outros passageiros. Ameacei entrar, alguém se apertou um pouco mais e me chamou. À medida que a outra estação se aproximava, os animais se agitavam e empurravam mais. Estação Vergueiro. A porta se abriu e eu fui espirrada para fora. Ao tentar voltar ao vagão, errei a distância entre o trem e a plataforma. "Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma. Evite acidentes." Três pessoas me puxavam em meio ao estouro da manada. Nem estávamos no Paraíso...calma, né, gente? Resgatada, não pude deixar de imaginar: e se minha perna tivesse ficado presa? e se ninguém tivesse me visto e o trem seguisse seu rumo? Acidentes assim acontecem no metrô, CPTM, no ônibus. Mortes acontecem assim. E a culpa é sua, meu amigo, minha senhora. Você com sua vidinha de merda que precisa correr pois senão perde a outra condução, e dá licença que eu preciso passar, eu preciso empurrar, eu preciso chegar. Estação Ana Rosa, acesso à linha 2, verde. Fila. 677A.Com o corpo aquecido não sentia a dor. Mas a perna latejava. O gosto ruim na boca. Thom berrava em meu ouvido. Take the money and run, take the money and run, take the money and run. Sentia nojo das pessoas. Me esforçava para não encostar na menina que dormia ao meu lado. Em vão. Ao dormir, ela tinha espasmos que faziam seus braços pularem, a cabeça repuxar para o lado. A curva era violenta e o motorista, estúpido. Nojo do cheiro de tempero às 9 da manhã ao passar por algum restaurante. Nojo dos pombos encardidos e seu andar coreografado sobre a grama. Da cor mostarda do livro que tinha nas mãos. Os olhos passeavam pelas letras que, naquela hora, hora errada. Se pudesse, me teletransportava para um bom hospital para, só um pouco, ser o centro das atenções, dos cuidados. Seria tudo pra mim. Eu não teria que resolver nada. Fique deitada aí, descanse um pouco. Tome seu soro. Cubra-se pois está frio. Estão trazendo o cobertor para você. Para mim. Só hoje queria que alguém me perguntasse "precisa de ajuda aí?". Porque o dia começou mal. E tende a terminar mal. E a espera pelo fim é cruel, ingrata. A perna começou a doer.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O dia que nunca começa

Perdeu a hora. Percebeu pela ligação com o bom dia doce. Sua voz estava com o sabor amargo do sono, do acordar, para dizer a verdade. Não sabia que horas eram e, por longos minutos, preferia não saber. Mas o doce do bom dia fizeram-na correr para o chuveiro e engolir a saliva seca para o dia azul e quente que ansiava pela sua caminhada, pela corrida por colinas urbanas até o banquinho que já viu tanto - no meio da universidade, em frente às Letras.

Com os fones no ouvido atravessou toda a preguiça das primeiras horas do dia para encontrar o beijo do qual sente falta desde o segundo em que os lábios se desencostam até o próximo toque.

Não há lugar em que se sinta mais à vontade do que naquele banquinho. Mesmo sabendo que aquele não é seu lugar, que ela não se encaixa - mesmo - ali. Esperou ver os olhos verdes dele para saber que o dia podia não ser tão ruim.

Café com leite para aquecer o estômago e as pernas. Alguns sons que preferia não escutar, algumas coisas que machucam dentro, uma meia dúzia de lágrimas contidas, por alguns minutos, ao menos.

Quem sabe um dos últimos cigarros da sua vida - depois do fim do dia percebeu que não precisa tanto assim deles. Mas eles estavam ali, disponíveis e prontos para serem escolhidos, e acesos. Quando acabar o maço, vai parar...pelo menos deixá-los para eventos especiais.

'Se eu preciso chorar?'. Não segura mais as lágrimas, ficou tão fácil soltá-las no seu colo que ela deixou que rolassem, tentando acalmar as frustrações, as preocupações, a tristeza que atormenta um dia ou outro. Aceitou as palavras de conforto. Cansou de contradizer, contrariar. Aceitou que está a escolher entre dois caminhos na vida, e espera, enquanto tenta não pensar mais que precisa de um cigarro, que uma hora dessas se decide.

E agradece a doçura e gentileza. 'Obrigada'

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Smile

Smile though your heart is aching
Smile even though its breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile

That's the time you must keep on trying
Smile, whats the use of crying
Youll find that life is still worthwhile
If you just smile