terça-feira, 25 de setembro de 2007

Aquela Insatisfação


A Revista Piauí, na edição de Setembro, lança um concurso literário com o desafio para que os leitores criem um texto que contenha a seguinte frase - O convite para virar estátua no Madame Tussauds lhe chegou em boa hora.

Ia participar, mas antes resolvi dar uma olhada no que já foi enviado à revista e classificado com 'publicável'.

Quando pensei em escrever o texto, coloquei minha esquizofrenia para funcionar. Elaborei idéias complexas envolvendo todas as minhas outras personalidades e vidas parelelas. Meus casamentos com Johnn, Kiefer, minha carreira como escritora, como crítica literária, como representante das mulheres que levam cambas, como ativista, política engajada, jornalista cultural, como mulher, enfim, uma viagem sem fim.

Desenvolvi alguns temas na cabeça e não escrevi uma linha sequer. Esses temas, todos de vidas bem sucedidas não cobinavam com meu estado de espírito e minha aversão ao narcisismo.

Hoje li alguns dos textos no site da Piauí. Não sou só eu quem está também avesso ao sucesso como única forma honrosa de ser homenageado. Não sou a única pessoa a achar grotesca a apelação e vangloriação da imagem de si mesmo.

A grande parte dos textos 'publicáveis' conta a história de insatisfeitos com o próprio destino, deslumbrados com pequenos momentos de felicidade, desesperados por um pedaço do fantástico mundo da alegria e bem-estar.

São textos que apresentam uma visão ácida da 'justeza' da realidade, irônica dos caminhos tomados, pessismista em relação ao futuro. Assim o convite ao madame Tussauds lhes chega em boa hora.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Arte de Dar Cigarros


Quem foi o fumante que nunca se encontrou desprovido desta substância que acompanha e consola os momentos duros e as bad trips da vida? E que neste momentos de desespero e desconsolo, já não tentou encontrar um bom samaritano e também fumante que pudesse fazer a gentileza de fornecer um cigarro para saciar suas necesidades psicológicas e fisiológicas?

Mesmo encontrando estes renegados sociais aos montes em todas as esquinas, neste mundo movido e guiado pela pseudo-geração saúde, ao pedir gentilmente pelo tão desejado objeto, somos tratados com certo desdém.

Às vezes o desdém pode ser ignorado pela satisfação de se conseguir o objeto, mas normalmente é lembrado, também com desdém, afinal por sermos excluídos do ideal contemporâneo, deveríamos nos unir a nos amar. RSRSRSRS.
Já me disseram que eu dou cigarros sorrindo. Bonito. Doar cigarros é uma arte inata, mas pode ser adquirida e aperfeiçoada com esforço e dedicação.

Já que vai dar um cigarro, dê sorrindo e linda (o). Vão lembrar de você com um carinho especial. Você pode ter ajudado a melhorar o dia de merda de um pessoa.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Sexta-feira


Fomos apresentados numa noite de fria sexta-feira de agosto. Ex-estranhos colegas de trabalho e vizinhos ignorantes de faculdade, nos conhecemo em frente à biblioteca num banco frio envoltos pela fumaça leve de cigarros aguardados ansiosamente.

Seguimos caminhos opostos que nos guiaram ao mesmo ponto - um bar perifa ao som de MPB, dividindo copos de cerveja numa outra sexta-feira fria do mesmo agosto.

Leves encontros fingidos ocasionais, breves conversas esfumaçadas, distraídos contatos visuais e corporais. Vivíamos uma distância disfarçada. Havia sempre um algo mais a esconder, a esperar, a ansiar.

Estreitamos vagarosamente os laços virtualmente e, aos poucos, ou, na verdade, bem rapidamente, começamos a nos estreitar. E, na mesma velocidade, o contato entre aqueles e estes olhos começaram a faltar.

Decalrações por e-mail, conversas adiadas e outra sexta-feira, agora fria por causa de um ar-condiconado de uma balada escondida nesta cidade suja - uma explosão daquilo que foi ansiado e desejado.

Hoje em dia não nos vemos mais. Não pessoalmente e nem tão pouco virtualmente. Mas o vejo sempre que quero e que não quero, na memória que insiste em me atormentar.

Apesar da história bonita, porém patética, não há muito mais a que esperar.

-texto encontrado (começado) em uma folha de algum caderno perdido nas pratelerias repletas de histórias, e terminado no mesmo banco daquela primeira sexta-feira daquele distante agosto.

domingo, 16 de setembro de 2007

Insatisfeito? Entre na fila



Tenho, há bastante tempo, escutado pessoas próximas e também não muito próximas reclamando do trabalho, da vida amorosa (este bolg, por exemplo), da família, da cidade enlouquecedora, da faculdade, das dificuldades e de todo o resto. A reclamação vem sempre seguida de uma ponta de esperança, já que tudo é uma fase.

Desculpe, a insatisfação não é uma fase. É uma constatação. Abrimos os olhos para o mundo e vemos o quanto tudo é cinza, esquisito, injusto ou quando é bom, gostoso e nos faz bem, passageiro.

Sempre há alguma coisa que nos faz perder a calma, que nos faz esquecer de todo o resto e concentrar para achar um outro caminho, uma solução ou mesmo uma forma de enganarmos a nós mesmo, para que tudo 'volte a ser como era antes', pelo amor de Deus. Mas 'como era antes' era também marcado por uma outra preocupação, insatisfação, ambição.

Meus últimos textos, bastantes azedos (aí não só os últimos), têm mostrado uma incerteza e angústia que tenho tentado aprender a lidar. Uma crise, não de identidade, mas algo até que parecido com isso, mas quase o oposto. A insatisfação, diferente da crise de identidade, vem com a certeza daquilo que ansiamos, mas não podemos ou estamos empacados para alcançar.

A insatisfação é uma conseqüência da formação completa do indivíduo, já que esse se vê impotente para chegar onde deseja. Vêm da constatação da impossibilidade de vida justa numa sociedade e num mundo marcado por necessidades e não desejos. Vivemos para satisfazer nossas necessidades imediatas e não para satisfazer nossos desejos alimentados durante tempos.

Apesar disso, a cada dia que passa tentamos alimentar novos desejos e sonhos e dividir a energia depositada neste que não foi satisfeito e começamos tudo de novo. Apesar deste texto, alimento meus desejos com a mesma intensidade que penso neles com desconfiança.

Apesar da insatisfação, me satisfaço em saber que isso tudo provém de minhas certezas. Pelo menos de alguma coisa eu tenho certeza - daquilo que quero. Se vou conseguir, já são outros quinhetos.

Tá insatisfeito? Entre na fila. Welcome.

domingo, 2 de setembro de 2007

Caminhos e Rumos

Tomei uma resolução corajosa hoje. Uma na qual tenho pensado há muito tempo. Uma com a qual sinto que vou chegar em algum lugar. Na verdade, com ela poderei chegar em vários lugares. Depois de passar duas semanas acordada, debruçada sobre livros, lendo, escrevendo, pensando, estudando, às vezes sofrendo, cansando, consegui terminar minha maratona acadêmica de forma mais ou menos saudável. Só uma dor de garganta de leve e um início de gripe que tem sido desejada por mim há um tempo.
Bom, depois desse tempo de reflexão e insônia forçada, resolvi acompanhar o movimento Cansei! Na verdade, criei um novo. Cansei da vida babaca que levo. Cansei de correr, correr e não chegar em lugar nenhum. Pois bem, como conheço bem o corpo docente da universidade a qual freqüento, esperando ter me dado mal em alguma dessas matérias para as quais me dediquei sem pensar em canseira, temo pela desilusão de uma nota ruim que me levará a passar por tudo isso novamente, refazendo-a para poder me formar. Sou pessimista sempre. Qq coisa vira lucro, se não virar, já era esperado.
Neste sentido, se isso realmente acontecer, tranco tudo, largo tudo e caio na estrada. Vou ser mochileira. Aproveitando que terminei de ler On the Road, Kerouac - um livro que todo bom mochileiro deveria ler, um guia, um manual, inspirada por isso e por minhas angústias em relação ao meu futuro, resolvi que se meu esforço der com os burros n'água, vou cair na estrada, viver de pequenos bicos, tirar fotos, escrever para outros lugares que não só o meu blog e ter uma vida que me deixe ver coisas novas e não só a reprodução do dia anteiror a cada nova aurora.
Como se ir embora fosse resolver alguma coisa. Pelo menos ia dar uma viajada. Mas isso não vai acontecer nem se eu me der mal com alguma dessas matérias. Eu vou continuar correndo e correndo, e por mais que meu pessimismo às vezes seja tão forte a ponto de me fazer criar planos absurdos para ultrapassar a mesmice que me condena, vou continuar querendo fazer essas coisas absurdas enquanto trabalho insanamente em frente ao computador, 7 dias por semana. ou enquanto estudo para alguma recuperação, prova final ou quando o semestre que vem recomeçar na semana pós feriado.
Eta vida besta, meu deus!

sábado, 1 de setembro de 2007

For no one - Beatles




Your day breaks, your mind aches
You find that all her words of kindness linger on
When she no longer needs you
She wakes up, she makes up
She takes her time and doesn't feel she has to hurry
She no longer needs you
And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years
You want her, you need her
And yet you don't believe her when she said her love is dead
You think she needs you ...
You stay home, she goes out
She says that long ago she knew someone but now he's gone
She doesn't need him
Your day breaks, your mind aches
There will be time when all the things she said
will fill your head
you won't forget her ...