domingo, 17 de fevereiro de 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
a palavra também pode gerar dor
Sabe aquela frase 'a ignorância é uma benção'? Então, acho que começo a concordar com ela, em casos específicos, logicamente. Antes de expô-los, sei que você pode dizer que é uma delícia ignorar os horrores do mundo e sair feliz tomando sua cerveja. Nesse caso, devo discordar. A informação pode libertar. A reflexão tem o poder de mudar nossas atitudes e de nos tirar de um ciclo infinito de horrores. Eu acredito nisso.
Porém, há informações que tenho plena convicção de não haveria nenhum dano à sua formação e construção de valores se ela não chegasse até você. Algumas informações servem apenas para criar dor, sofrimento, angústia, te deixar completamente alheio à qualquer tentativa de conserto frente à certa situação. Não importa o quanto eu ache importante a informação chegar a todos os lugares, há ainda essas obscuridades da alma humana que devem ser tratadas em consultório e com mais ninguém.
Você pode me chamar de preconceituosa, e isso se dá por conta da falta de dados que te ofereço com esse texto. Daí que você tem o direito de me julgar. Não posso dar as informações já que elas podem gerar tanto. Talvez essa seja uma dessas situações em que dar as informações seja fazer sofrer. Então, aqui, não digo mais nada, apenas que é necessário tomar cuidado com o que e a quem é dito o que você guarda tão dentro de você. É preciso compreender que nem todos são os melhores interlocutores para suas dores, para suas angústias, decepções. E que há coisas que não se diz nem com toda a decepção e desilusão do mundo.
Não custa nada pensar antes de falar. Não há nervosismo que justifique certas escolhas semânticas.
Porém, há informações que tenho plena convicção de não haveria nenhum dano à sua formação e construção de valores se ela não chegasse até você. Algumas informações servem apenas para criar dor, sofrimento, angústia, te deixar completamente alheio à qualquer tentativa de conserto frente à certa situação. Não importa o quanto eu ache importante a informação chegar a todos os lugares, há ainda essas obscuridades da alma humana que devem ser tratadas em consultório e com mais ninguém.
Você pode me chamar de preconceituosa, e isso se dá por conta da falta de dados que te ofereço com esse texto. Daí que você tem o direito de me julgar. Não posso dar as informações já que elas podem gerar tanto. Talvez essa seja uma dessas situações em que dar as informações seja fazer sofrer. Então, aqui, não digo mais nada, apenas que é necessário tomar cuidado com o que e a quem é dito o que você guarda tão dentro de você. É preciso compreender que nem todos são os melhores interlocutores para suas dores, para suas angústias, decepções. E que há coisas que não se diz nem com toda a decepção e desilusão do mundo.
Não custa nada pensar antes de falar. Não há nervosismo que justifique certas escolhas semânticas.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Risco de Morte
Nossa, olha como o Henrique tá mal! Acho que tá numa crise brava de falta de alguma coisa. Pode até ser de amor. Essa mulher dele, rebolando ali em frente, não consegue ver que ele tá acabado e precisando de ajuda. Ela tá mais para lá do que para cá. Sei lá.
Foi numa noite que saí para relaxar. Meu pai no hospital e eu querendo tomar uma cerveja e te contar que as coisas precisavam melhorar, que vê-lo daquele jeito era triste demais e que eu nunca queria visitá-lo por medo de vê-lo como ele estava, com medo de perdê-lo, de perceber sua fragilidade. Era muita coisa e estava tudo acontecendo na minha vida. Muita coisa. Descobertas, primeiro ano de faculdade, trabalho e aquele pânico de saber que ele podia ir embora, nos deixar.
Daí queria mesmo a cerveja. Consigo lembrar apenas de um calor ameno, a gente sentada na parte de dentro do bar. Ainda podia fumar tomando cerveja, sentado. Eu acho que não sabia muito bem o que fazer quando era olhada por alguém. Como reagir. Ele passou algumas vezes parar ir ao banheiro e a cada vez um sorriso se abria quando me via. Não era bem um sorriso aberto, simpático. Era mais do tipo sedutor. Já sabia antes.
Você me disse que eu deveria olhar para ele, virando-me para trás, voltar ao meu lugar e depois quando ele passasse de novo sorrir da mesma maneira que via em seus lábios. Foi fácil. Logo ele parou na mesa e tivemos uma conversa rápida, nem lembro o que foi dito, ele derrubou o copo de cerveja na minha calça.
Algum tempo depois nos beijamos. Fomos para o outro lado do bar e só num segundo momento soube que sua mulher gargalhava embriagada do lado onde estava sentada antes. Primeira sensação da vida por um fio. Você acha exagero? Depois que a vi pela primeira vez, achei que sobrevivi por pura sorte.
Eu dei meu telefone, não compreendo muito bem até hoje, mas morri de medo que ele decidisse ligar e continuasse aquele papo pouco agradável que começou num balcão de bar. Não ligou e por dias senti calafrio cada vez que o som do celular soava, temerosa de ouvir a voz dele.
Dias depois, encontrei o Henrique sentado em frente àquele restaurante que sempre íamos, lembra? Ele olhou para mim e eu, tomando gosto pelo coisa, repeti os movimentos que o aproximaram de mim naquela noite. E ele veio. Correndo. Eu nem olhava para trás até que ele me alcançou. É que eu não olho quando gritam coisas que não o meu nome e você nem deve saber qual é. Sabia. Outra daquela conversa meio sem conversa e um abraço rápido. Agora sempre achava que ela estava olhando.
Não, foram só essas duas vezes. Depois sempre evitava que ele chegasse muito perto. É, sim, deu uns presentes, sempre falava alguma coisa e eu me sentia uma delícia sempre que passava em frente ao restaurante.
Mas daí vê-lo aqui, assim, desse jeito. Acho triste. Uma hora ele desaparece do mundo e todo esse tremilique e solidão vão embora do seu corpo.
Foi numa noite que saí para relaxar. Meu pai no hospital e eu querendo tomar uma cerveja e te contar que as coisas precisavam melhorar, que vê-lo daquele jeito era triste demais e que eu nunca queria visitá-lo por medo de vê-lo como ele estava, com medo de perdê-lo, de perceber sua fragilidade. Era muita coisa e estava tudo acontecendo na minha vida. Muita coisa. Descobertas, primeiro ano de faculdade, trabalho e aquele pânico de saber que ele podia ir embora, nos deixar.
Daí queria mesmo a cerveja. Consigo lembrar apenas de um calor ameno, a gente sentada na parte de dentro do bar. Ainda podia fumar tomando cerveja, sentado. Eu acho que não sabia muito bem o que fazer quando era olhada por alguém. Como reagir. Ele passou algumas vezes parar ir ao banheiro e a cada vez um sorriso se abria quando me via. Não era bem um sorriso aberto, simpático. Era mais do tipo sedutor. Já sabia antes.
Você me disse que eu deveria olhar para ele, virando-me para trás, voltar ao meu lugar e depois quando ele passasse de novo sorrir da mesma maneira que via em seus lábios. Foi fácil. Logo ele parou na mesa e tivemos uma conversa rápida, nem lembro o que foi dito, ele derrubou o copo de cerveja na minha calça.
Algum tempo depois nos beijamos. Fomos para o outro lado do bar e só num segundo momento soube que sua mulher gargalhava embriagada do lado onde estava sentada antes. Primeira sensação da vida por um fio. Você acha exagero? Depois que a vi pela primeira vez, achei que sobrevivi por pura sorte.
Eu dei meu telefone, não compreendo muito bem até hoje, mas morri de medo que ele decidisse ligar e continuasse aquele papo pouco agradável que começou num balcão de bar. Não ligou e por dias senti calafrio cada vez que o som do celular soava, temerosa de ouvir a voz dele.
Dias depois, encontrei o Henrique sentado em frente àquele restaurante que sempre íamos, lembra? Ele olhou para mim e eu, tomando gosto pelo coisa, repeti os movimentos que o aproximaram de mim naquela noite. E ele veio. Correndo. Eu nem olhava para trás até que ele me alcançou. É que eu não olho quando gritam coisas que não o meu nome e você nem deve saber qual é. Sabia. Outra daquela conversa meio sem conversa e um abraço rápido. Agora sempre achava que ela estava olhando.
Não, foram só essas duas vezes. Depois sempre evitava que ele chegasse muito perto. É, sim, deu uns presentes, sempre falava alguma coisa e eu me sentia uma delícia sempre que passava em frente ao restaurante.
Mas daí vê-lo aqui, assim, desse jeito. Acho triste. Uma hora ele desaparece do mundo e todo esse tremilique e solidão vão embora do seu corpo.
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