domingo, 25 de fevereiro de 2018

Intertexto, de Bertolt Brecht

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


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Rio de Janeiro, Brasil. Fevereiro/2018

Um comentário:

Adoniran Leblon disse...

Olá! Desculpe a demora de quase dois meses para responder... Vi seu comentário no Léxico só agora - eles são tão raros que nem verifico e por sorte notei o e-mail antes de limpar a caixa.

Pois é... há vida para além dos empregos típicos. Minha postagem refere-se a um momento que passou já há alguns anos. Não estou com nada regularizado mas a vida segue de projeto em projeto, de bico em bico. Se não há nada definitivo, a constância com que novas coisas aparecem tem me dado uma certa paz. Quase uma meta-estabilidade. E, de fato, encontramos mais pessoas nessa vida. Não apenas pessoas boas e interessantes. Nos tempos em que vivemos, expor-se mais significa encontrar de tudo - por isso deixo o comentário aqui nessa postagem tão significativa.

Vez ou outra tenho sofrido com essa exposição. Descobrir a complexidade de ver pessoas boas comigo, boas com os colegas, mas que ainda assim conservam e defendem opiniões das mais absurdas, ou que tem atitudes profundamente contraditórias. Com mulheres, com opiniões políticas... O mundo é uma bagunça. Expor-se mais a ele é expor-se à bagunça, paciência.

Há, é claro, pessoas boas e interessantes diluídas por aí. E encontrá-las é um grande alívio, uma lufada de ar fresco pro espírito. Obrigado :)