as linhas do corpo transbordam a constituição concreta, carnuda, informe e desnudam a justaposição de imagens, sons e traumas que compõem a materialidade imaterial. cada centímetro medido ou desmedido dessa corporeidade invade percepções emocionais e desfigura mentalmente o contorno nada familiar daquilo que passou a vida desviando o olhar.
olhos cansados, secos, porém bem abertos, num esforço descabido e exagerado de não perder nenhum detalhe, forçando as barreiras do aceitável e ceifando excessos constituídos de tanta falta. o vazio preenchido pelo vácuo de afetos e compreensão. de mim para mim.
apetite de sentir-se e olhar-se transfigurado em desejo de ancoramento em si, ensimesmado porém conectando o que ainda não foi ligado. necessidade de vínculo com seu próprio umbigo e o ânsia de perder-se em sua territorialidade, filiando-se a si.
na unidade corporal que se propõe como eu, ergue costas e olhos e se fita no espelho, amparando-se na força que a ajuda a sobreviver aos ataques que vêm do centro de seu ventre. uma guerra na boca do seu estômago esparramada nos líquidos de seu peito.