segunda-feira, 30 de março de 2009

?Angústia?

Será que sobraram porquês a serem respondidos? Será que resta alguma dúvida, alguma lacuna, alguma observação não pensada anteriormente? Será que restam questões a serem expostas, às quais não teremos resposta? Será que deixaram alguma coisa passar, algum branco, algo não pensado?

Quanto mais textos mais dúvidas e, ao mesmo tempo e angustiantemente, a sensação de que todas elas já estão respondidas em algum lugar. Não vai sobrar nada para mim? Não vou responder nenhuma pergunta? Não vou pensar e apresentar algo novo? Não vou escrever nunca algo que não foi escrito previamente?

Não quero uma teoria do romance enquanto ainda tenho a idade de Lukács. Não quero nenhuma mimésis. Queria algo para ser o primeiro. Algo que fosse só meu, que eu tivesse elaborado sozinha, que não precisasse atrelar ao pensamento posto. Queria liberdade, desde que tivesse para onde voar.

Será que restam linhas e páginas e cadernos e capítulos? Será que ainda possa perguntar algo que não seja, no fundo, óbvio demais?

Sempre haverá resposta em algum lugar. Sempre haverá quem já terá pensado sobre tal ponto anteriormente, alguém que já terá escrito aquilo que quero escrever. Escrever sobre o que? Pensar sobre o que? Repetir modelos? Construir o já construído? Pensar numa bobagem qualquer que possa provar empiricamente o que foi pensado e estudado e elaborado e publicado?

Há algo que não tenha sido publicado? Algo que eu possa publicar?

Um comentário:

Adoniran Leblon disse...

Calma, calma. Só não acalme muito, que se a inquietação existe, então a inquietação também é boa.

Leia Alberto Caeiro. E vai ver que sempre que quiser escrever algo e escrever algo, então foi importante escrever algo... porque algo foi escrito. E não há coisas novas ou velhas, inéditas ou repetidas. Há sempre outras coisas, e cada uma coisa é uma coisa diferente.

E tão genuínos quanto os olhares de todos os outros a julgar o que é ou não meritório, é o seu olhar e a sua vontade também.

Exista sempre, sem medo de existir.

Existir é sempre inédito.

Beijo!