segunda-feira, 9 de março de 2009

Vocabulary

O mundo cu-rporativo possui um léxico bastante específico, principalmente as cu-rporações digitais e seu envolvimento no competitivo seguimento de marketing. Este breve artigo tem por objetivo apontar as particularidades do discurso desse contexto e exibir as implicações nas relações sociais - de poder, e culturais.

A análise discursiva crítica de Michel Foucault apresenta o discurso como não somente o produto do contexto no qual é realizado mas como o 'produtor' de ideologias, significados e identidades. Sua teoria vai além, expondo o discurso como uma forma de controlar o que é produzido numa luta de poder sobre a enunciação através da realização em enunciados.

Bakhtin expõe que o enunciado é polifônico, ou seja, construído por diversas vozes, o que nos faz chegar à intertextualidade - todo discurso (enunciado, ou statement em inglês - enuncié em francês) é uma repetição de enunciados previamente realizados.

Para melhor expor as visões teóricas do que podemos chamar de Critical Discurse Analysis, movimento iniciado na França em resposta à análise descritiva feita até então, tomemos nosso objeto para apreciação prática do que foi exposto acima.

'A grande trend deste quarter é a mídia focada no mundo mobile. Possuímos um market share de 30%, o que nos dá um forecast de follow-up para otimizar o mercado através da união de adnertworkings. É uma tática que vem dando certo por agregar conteúdos de grandes veículos de comunicação. A equação é simples: os anunciantes vão atrás das trends. Com parceiros de peso e a vontade de se fazer presente numa mídia que se torna cada dia mais importante, o espaço publicitário mobile se valoriza.'

Pela teoria analítica de Foucault, o discurso é produto - repetido - mas também produtor de ideologias, identidades e significados. Produz e é produto da ideologia da globalização prevalecente,da comunicação global.O que está em questão fundamentalmente aqui é a lógica da política econômica global que está mobilizando os novos meios de comunicação e informação para criar um espaço extraterritorial de empresas, desafiando as realidades culturais e políticas do mundo real no qual vive a maioria nós.

A utilização de termos em inglês, predominantemente, por exemplo, é fruto da preocupação da globalização da informação. Mas, mesmo a estrutura do discuso proferido pelos publicitários marqueteiros em questão também segue um padrão, respondendo à exigência de se usar somente uma linguagem para a comuniação destinada a qualquer mercado. Com a 'multinacionalização' de empresas cada vez mais crescente, esse fenômeno linguístico espalha-se com o objetivo de unificar a mensagem e a estrutura dessa.

Esquecendo-se das particularidades de cada língua, de cada uso da língua, esse processo tende a ser empobrecedor, restringindo a possibilidade de expressão e engessando o uso nesse contexto. A polifonia acaba por não acrescentar nenhum novo valor ou significado a cada repetição do enunciado, esvaziando-o. O esvaziamento ocorre também no seguimento da identidade. Ou melhor, a identidade é somente 'decalcada', mas seus significados completamente perdidos.

O artigo não tinha intenção de ser sério, nem acadêmico. Sua estrutura seria uma forma de usar um discurso para criticar outro, o acadêmico contra o corporativo. The goal, infelizmente was not achieved. Somente escrevendo sobre um objeto podemos realize o quanto somos próximos daquilo que criticamos, de uma certa forma.

O discurso corporativo é somente um genre no meio de tantos outros que se perdem no vazio da repetição de ideias de terceiros, nas quais o autor da análise se perde e não responde ao proposto pelo trabalho. O summary, normalmente, acaba por ser somente um desejo não concretizado pelo paper.

Eu perdi o feeling para a crítica corporativa - graças às forças divinas - mas ainda tenho para a acadêmica. E digo mais, é o objeto que mais me interesso em criticar (adoro, in fact). No final das contas, o meu objetivo acabou virando mote para o que aqui se concretizou. Os letrólogos devem entender o que quis dizer. E, desculpe, mas se tiver que explicar acaba todo o encanto do desencantado texto.

2 comentários:

daniel disse...

hahahahaha, sem comentários.
a gente marca um appointment no outlook pra falar disso depois.

[me pinga]

Tina Soares disse...

ha ha ha ha ha!!!! demais, filha! aquele paragrafo esta amazing! por essas e outras, eu rio pra nao chorar...