terça-feira, 14 de abril de 2009

O dia que nunca começa

Perdeu a hora. Percebeu pela ligação com o bom dia doce. Sua voz estava com o sabor amargo do sono, do acordar, para dizer a verdade. Não sabia que horas eram e, por longos minutos, preferia não saber. Mas o doce do bom dia fizeram-na correr para o chuveiro e engolir a saliva seca para o dia azul e quente que ansiava pela sua caminhada, pela corrida por colinas urbanas até o banquinho que já viu tanto - no meio da universidade, em frente às Letras.

Com os fones no ouvido atravessou toda a preguiça das primeiras horas do dia para encontrar o beijo do qual sente falta desde o segundo em que os lábios se desencostam até o próximo toque.

Não há lugar em que se sinta mais à vontade do que naquele banquinho. Mesmo sabendo que aquele não é seu lugar, que ela não se encaixa - mesmo - ali. Esperou ver os olhos verdes dele para saber que o dia podia não ser tão ruim.

Café com leite para aquecer o estômago e as pernas. Alguns sons que preferia não escutar, algumas coisas que machucam dentro, uma meia dúzia de lágrimas contidas, por alguns minutos, ao menos.

Quem sabe um dos últimos cigarros da sua vida - depois do fim do dia percebeu que não precisa tanto assim deles. Mas eles estavam ali, disponíveis e prontos para serem escolhidos, e acesos. Quando acabar o maço, vai parar...pelo menos deixá-los para eventos especiais.

'Se eu preciso chorar?'. Não segura mais as lágrimas, ficou tão fácil soltá-las no seu colo que ela deixou que rolassem, tentando acalmar as frustrações, as preocupações, a tristeza que atormenta um dia ou outro. Aceitou as palavras de conforto. Cansou de contradizer, contrariar. Aceitou que está a escolher entre dois caminhos na vida, e espera, enquanto tenta não pensar mais que precisa de um cigarro, que uma hora dessas se decide.

E agradece a doçura e gentileza. 'Obrigada'

3 comentários:

Adoniran Leblon disse...

.......... que aperto..........

Adoniran Leblon disse...

Será que você é capaz de ver sua própria vida com um "olhar independente"? Não o tempo todo, que ninguém consegue, mas às vezes ao menos?

É bem útil, pois geralmente... vemos as coisas por de trás de nossas emoções do momento. Através de uma gota de desânimo, o mundo inteiro se distorce e fica cinza. Através de um pedacinho de preocupação, parece que nada está certo...

Mas é bom ter noção de quais sentimentos são "exageros emocionais gigantes do momento" e o que realmente retrata uma situação mais ampla, que requer alguma medida mais drástica...

Assim você continua tendo seus altos e baixos aí, mas sabendo separar o que é alarme falso do que não é......

bons apertos ;)

Marina Pavelosk Migliacci disse...

eu sou escorpiana....não preciso de uma gota inteira para me desesperar. meia gota tá lindo. mas, com a mesma facilidade que chega vai, porque eu consigo ver que há coisas confusas e ainda não resolvidas...um monte delas, mas ao mesmo tempo, um monte de coisas boas. muitas.

as confusas, alguns dias, apertam mais...e nos outros todos, eu sei que elas estão confusas ainda, mas sei de todo o resto tb...

se eu não tivesse esses dias de desespero acho q não conseguiria escrever uma linha.