quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Empacotei e encadernei o meu passado

Para ler ouvindo Roxy Music

O tempo passa muito rápido. E não to apelando para clichês porque eu não tenho mais o que escrever, mas porque eu senti isso ontem ao arrumar minha vida acadêmica todinha em pastas. Eu tinha um baú cheio de tudo o que fui juntando ao longo desses anos de USP, saídas, visitas, aulas, amigos, cadernos e amores.

Resolvi abrir o baú e revirar o passado, sem metáforas. Pegar folha por folha, texto por texto. Escolher o que iria ficar, quem iria embora e separar todos para que eles sejam organizados de forma que eu possa saber o que eu tenho e onde está. Mas daí que eu fui pegando cada um desses textos e viajei para o tempo próximo de quando os li, de quando adquiri cada um deles, sentindo o cheiro daqueles momentos, uma melancolia se instalando, uma saudade de tanto e a percepção de que eu envelheci.

Não é envelheci de ‘estou velha’, mas de amadurecimento, de passar por diversas fases e de ir completando cada uma delas. Fiquei com vontade de ligar para todas as pessoas que estiveram lá comigo, mas algumas (várias) eu nem tenho contato, não sei onde encontrar. Outras já foram para mais longe e o único meio de contato é visual, virtual.

Aqueles vários que continuam aqui são, como eu também sou, outra pessoa, diferente daquelas que foram, que fomos. Somos outros daqueles que se deslumbravam com festas no gramado, com aulas incríveis, com gente linda, com a vida. O que somos hoje? Quem somos? Onde estamos?

Uma vontade de me instalar naquele tempo, levar comigo o meu amor, todos esses textos e voltar a tomar cerveja baratinha nas festas mais divertidas que eu já fui. Com muita lama, um som incompreensível, salsichas sem pão e a noite, sempre a me receber, a me ensinar, a me encantar.

O tempo realmente passa depressa. E quando você percebe, está chorando em cima de uma pilha de papéis que dizem tudo menos sobre o que você está sentindo – saudade.

4 comentários:

ana disse...

Eu tbem queria a Ana de volta. Uma que vejo em algumas fotos por ai (fotos que nem são minhas) e que nem tive o cuidado de guardá-las enquanto era tempo. Mas ser bagunceira as vezes é bom tbem mana. Perca seus textinhos sem querer e escreva novos. Se precisar de ajuda na formatação...
te amo pra sempre

Sandra disse...

Hoje conversei com alguém que conheci há 20 anos. Não sabíamos mais como nos conhecemos. Ficamos conjecturando, tentando encontrar amigos em comum. Até que lembramos que nós conhecíamos do trabalho. Sim, trabalhamos no mesmo lugar por anos e as lembranças que ficaram, depois de tanto tempo, foram das festas e das pessoas que conhecíamos.
Fiquei pensando que o que guardamos no baú é previamente escolhido. Por que eu não lembrava que a conhecia do trabalho?
Observe tudo com muito carinho. Absolutamente tudo que está aí tem história para contar.

Marina Pavelosk Migliacci disse...

Mana, nossas caminhadas à tarde para a USP, nosso café antes da aula, cervejinha e baladinhas. Cara, eu tô muito saudosa hoje. San!! Eu morro de saudade de passar as tardes com você na Trip. Conversas, bolos, cafés e uma amizade fofa e querida desde que descobrimos compartilhar o amor por Jeff Buckley's e Miles! :-)

Marcia Pavelosk disse...

A vida é assim! Você entende agora a razão de tantas lágrimas de saudade, idas constantes para o bairro do coração, conversas intermináveis falando da época de ouro de nossas vidas? Encontros com amigos já envelhecidos e transformados pelo tempo, mas que em nossos corações são os mesmos sempre! Que delícia! Feliz de quem tem o que lembrar, pois é sinal de que viveu!