quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Nome Próprio


Eu não tenho muita paciência para a pseudo-intelectual/rebelde/contestadora Leandra Leal. Não estava muito inclinada a assistir ao filme estrelado por ela - 'Nome Próprio', mas depois de ter ouvido de vários amigos que assistiram, ouviram falar ou leram sobre, que fizeram uma conexão da personagem comigo e minha obsessão e dedicação ao(s) meu(s) blog(s), resolvi que podia ser uma opção razoável para um domingo chuvoso. Além, claro, de fugir do Faustão e tomar café com Rô Naddeo.

O roteiro é fraquíssimo, insistindo na imagem Bukowskiana do escritor alcóolatra, devasso, exagerado, intenso. Se fosse só isso (ou se fosse realmente isso), não teria problema. O problema é que tudo isso soa falso, forçado, como se toda a imagem de um escritor beat não coubesse em toda a trama adolescente criada.

A levada Malhação ainda fica mais evidente quando a 'escritora' parece, cada vez mais, reforçar os mitos e fantasias que vivem na cabeça de meninos com seus 15 anos. Aliás, a única frase que talvez tenha me feito rir sem desprezo foi 'todo homem tem entre 12 e 18 anos'. Boa...apesar de ser uma generalização estúpida.

Uma 'mulher' (parece mais uma garota perdida na interpretação de ser uma mulher) mostra-se insensível aos próximos e distantes. Fere e desrespeita aqueles que a ajudam e a 'amam'. Paula, sua amiga/namorada/garota/whatever, é a única para qual Camila apresenta, em certa medida, carinho e amor.

Sua intensidade é de fachada. Toda sua fúria de viver é mais uma desculpa para fazer aquilo que deseja sem pensar nos outros. Todo o seu caos é só mais um clichê babaca que invade também seus textos mal escritos, pobres, fracos e bobos.

É tão insegura e desequilibrada, lembrando Alex Forest de 'Atração Fatal'. Referência explícita presente em uma das cenas iniciais do filme, na qual liga desesperadamente para o ex-namorado, encostada na parede, de camiseta branca, acendendo e apagando um abajur, lágrimas nos olhos. (Vale ver Glenn Close como louca...sempre).

Sua insensibilidade não a deixaria escrever mais do que foram capazes de 'inventar' na tela. Sua metalinguagem é deprimente, sua necessidade fingida.

Acho que não vou comentar sobre personagens que desaparecem e outros que não fazem o menor sentido. Acho melhor você assistir e ver com seus próprios olhos.

Um - não escrevo pelada. Não fumo loucamente enquanto estou escrevendo e também, quando estou fumando, não desencano da cinza que pode cair a qualquer momento. Não escrevo na parede, não colo folhas como lembretes e também não tenho cadernos e cadernos de caos para um possível livro.

Dois - Minha insegurança não chega a me dar bolas para emagrecer. Não sou alcóolatra e não dependo disso para ter alguma idéia para escrever.

Três - A sensibilidade é a única coisa/sentimento/palavra-chave necessária para inspirar a ler ou escrever no mundo virtual e fora dele.

Sobre blogueiros e variações, ver coluna 'Recomendo'. Vai fazer o filme ficar cada vez mais pobre e triste pelo roteiro fraco e deprimente.

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