de Marina Pavelosk Migliacci
Manhã. Os raios de Sol espremiam-se através das persianas para adentrar o quarto escuro. Ele abriu os olhos lentamente. Fazia tempo que não dormia tão bem. Seu corpo estava colado na cama. Olhou o corpo que estava ao lado do seu. Os raios de Sol alaranjavam a pele branca e ele sorria.
Encostou seu dedos nos ombros com todas aquelas marcas de alguns verões e ela os encolheu, arrepiada. Abriu os olhos verdes e sorriu com a boca vermelha para aqueles olhos castanhos que a penetravam e a devoravam mais uma vez.
Thörm era grande, sentava-se em grandes almofadas coloridas e tinha um grande livro sobre seus joelhos. Seu pulso corria sobre a folha branca e enchia todo aquele infinito de possibilidades com uma história de amor.
Seus cabelos brancos e longos, cacheados, atrapalhavam sua visão e, de tempos em tempos, tirava os longos fios prateados de frente da sua face concentrada na história do casal que criava e que idealizava.
Ele continuava deitado olhando os olhos verdes que o olhavam com fome de beijá-lo. Respiravam fundo e sentiam um cheiro gostoso que nunca haviam sentido de outros corpos antes.
O toque dos dedos dele nos quadris dela faziam-na se arrepiar e estremecer. Sua pele estava marcada e esticada pela sensação e sensibilidade de se escostar nele.
Fecharam os olhos e em poucos minutos adormeceram de novo. Sonhavam.
Cansada, ela não sabia muito o que pensar e apenas sorria com as lembranças de uma longa noite. Corria os olhos pelo quarto que começava a se aquecer com o aproximar do meio-dia. Lençóis enrolavam-se nos pés da cama, cabelos castanhos jogavam-se nas fronhas brancas e amassadas. Pés encontravam-se e se distanciavam num exercício de sedução e de se deixar seduzir. Eles brincavam.
Ao passar da manhã e ao aquecer o quarto, não conseguiam se mover. Não se distaciavam. Não se desencostavam.
OS cabelos brancos pendiam sobre os ombros largos e ele continuava escrevendo sobre o casal num quarto quente numa manhã de primavera. OS raios entrariam pela persianas, eles se amariam, e de novo, de novo, de novo.
Com as paredes a os silenciarem, não produziam uma palavra, não desencadeavam um sussurro. Não deixavam que nenhum ruído atrapalhasse o momento em que mais eram íntimos e próximos, no momento em que seus corpos se escostavam e se amaciavam.
Não se abriam as janelas, não se mexiam da cama. Não saiam do santuário onde sacrificavam seus desejos pelos desejos do outro. Ela e ele eram um só.
Thröm sorriu e largou o longo lápis.
Ele se levantou da cama e recolheu a última garrafa de vinho.
Ela lavou o rosto e se vestiu.
O domingo de setembro estava quase no final, mas Thröm havia apenas começado a escrever a história dele e dela.
10 comentários:
Thörm escreve muito bem. Uma narrativa que acende os sentidos. Eu senti aquele perfume que invade o quarto depois do amor. Senti o arrepio nos quadris. O calorzinho da manhã. Ouvi o silêncio que vinha das paredes, e o rosto lavado.
Quero um pouco desse vinho. aha.
Frida, cada vez q entro aqui mais me encanto com a qualidade dos seus posts!!
Espero q a história q Thörm está escrevendo continue.
Bjosmeliga
Frida, cada vez q entro aqui mais me encanto com a qualidade dos seus posts!!
Espero q a história q Thörm está escrevendo continue.
Bjosmeliga
Sensacional....não vejo a hora de continuar a ler a história. Bom de verdade, dá até vontade de sê-la...
Gostei do espaço, da decoração, das narrativas e reflexões, parece que o vinho não embala somente Thörm. Um novo endereço para eu pousar meus olhos e agraciar minha mente, e ainda, de quebra, colher mais detalhes do mundo vistos pela ótica feminina, que mesmo quando não é distante da dos homens, tem mais charme.
Visitarei mais vezes.
Adorei mana, agurado ansiosamente pela continuação !!!
Tipo folhetim? ADOROOOOOO!
Excelentemente bem escrito, seria (auto)biogr�fico? humm... quem sabe...
Excelenteeeeeeeee
Mto bom mana!!! Ta de parabéns, quero ver a continuação.... =)
A sensibilidade feminina faz recortes interessantíssimos a respeito destes domingos onde dois se tornam um só.
Sinto nas entrelinhas as marcas mais do que características de seus "traços zodiacais", se é que me entende ;-)
Bejuzimiligah
Thörm escreverá o que sentirá, ou que viverá um dia ao lado dela?
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