terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Salve!


Meus escritores favoritos cometeram suicídio - Hemingway e Virginia Woolf. Ele com um tiro na cabeça e ela afogada. Ele foi o primeiro escritor que me fez refletir sobre a forma de uma narrativa. Ela me inspirou em sua forma desforme, seu fluxo de consciência, sua dor, tensão, tristeza, depressão.

Borges disse certa vez que não há obra literária que brote da felicidade. Posso concordar. Tanto meus dois preferidos como o próprio Borges, de quem possuo uma admiração quase que platônica devido ao mísero número de textos assinados por ele nos quais passei os olhos, são personalidades marcadas pela dor, pelo sofrimento e pela depressão.. entre tantas outras coisas.


A tristeza, para mim, é uma forma de ver o mundo. A dureza com que a realidade se mostra e a reflexão sobre as relações no mundo fragmentado e desconcentrado turva olhares.

Não acho o suicídio solução. Penso o suicídio como uma impotência frente às reflexões sem conclusões, a vida sem caminhos e os caminhos sem objetivo. Talvez seja um ato de coragem e humildade deixar esse mundo no qual não se encontra inserção. Talvez seja arrogância de não se sentir parte dessa mediocridade. Talvez a mistura dos dois. A hibridez das relações e a falta delas. Talvez desespero.

Sem conclusão alguma, só agradeço às reflexões desses e suas obras provindas de tristezas e desilusões que me fizeram refletir e fazer uso de minhas lágrimas e aflições.

6 comentários:

Paula Oliveira disse...

O início do post me lembrou aquela frase do cazuza "meus heróis morreram de overdose" (comentário dispensável né...rs)

Tenho opinião bem parecida com a sua com relação a suicídio, essa coisa de fuga talvez possa ter a ver com não se sentir compatível com o que está ao redor, se sentindo "sem lugar" por alguma razão que só mesmo os suicidas sabem... ou talvez nem saibam direito.

E embora não conheça bem a obra dos seus dois autores preferidos, das poucas coisas q li deles posso dizer q são fantásticos trabalhos ("O velho e o mar", dele e "A viagem", dela).

Beijo, gatammmmm!

Anônimo disse...

um trecho do primeiro post do meu blog sobre poetas: Na vida ele ta sempre de arquibancada e no lugar mais perto, mais suado, apertado de doer o coração, mas não sei ainda se é porque ele quer ou porque nasceu assim, ou se de tanto interesse que tem pela vida que acaba vendo tudo mais com a fuça dentro...

Anônimo disse...

Os três autores que você citou são nomes de peso da literatura mundial e, biblioteca básica de quem aprecia um ótimo livro.

xoxo

Anônimo disse...

Não vou entrar no tema senão me empolgo com teorias... rs... deixo apenas uma do Quintana: "Suicídio é falta de
curiosidade".

Continua muito bom querida, parabéns!!!

Beijão!!!

alcides disse...

Marininha
Seu texto é uma delícia de ler!

Lembra da lição de casa no dia que tomamos uma no Mestre ou no Rei das batidas, leu Funes El Memorioso do Borges? vai pirá o cabeção. Não diga que não avisei.

Marina Pavelosk Migliacci disse...

'é melhor viver do q ser feliz'
ao som da voz de bethânia