Foi assim mesmo que eu coloquei no google para ele achar para mim algo bem didático.
O texto abaixo eu achei num blog, e o autor desse blog recebeu por e-mail. Assim, não vou dar crédito para ninguém.
O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender Cachaça “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capítais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêubidos da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia vai para o brejo.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Leila Lopes ultrapassou o Limite da Morte
O sol está lindo e azul neste 'verão' primaveril para receber LeiLo no céu, já que ela tinha certeza que ia para lá quando fosse resolvido que era essa a hora dela!
A professorinha deixará saudades nas estradas entre rio, são paulo e porto alegre, por onde ela dirigia muito bem!
Fica aí minha homenagem!
A professorinha deixará saudades nas estradas entre rio, são paulo e porto alegre, por onde ela dirigia muito bem!
Fica aí minha homenagem!
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Redação de Escola
Sou Marina mas não das muito morenas. Mesmo assim, Caymmi aterrorizou meus dias pueris quando meu pai colocava durante tardes de domingo no meio de tanta música sua 'Marina Morena'. Deitava-me no chão da sala e dava uma vontade imensa de chorar. O pânico que eu tinha de ser o centro das atenções e de deixar de sê-lo tudo assim ao mesmo tempo me levava à loucura. Até que eu cresci e me apaixonei por ele, pelo Caymmi, e a música que me atordoava traz na letra uma homenagem torta e um sabor de saudade.
Eu cresci em muitos lugares, não tenho, portanto, o pedaço da minha infância em portões brancos e jardim com balanço e anões. Meus primeiros anos passei em uma casa numa rua que está na terceira margem do rio, sendo a primeira o mundo urbano e individualista das cidades, e a segunda, idealizada, o interior e sua vida arborizada, calma, silenciosa. Poucas crianças corriam nessa Cunha Gonçalves, e meus dois irmãos e eu decidimos inventar pessoas, lugares, brincadeiras e aventuras.
Mas, com dez anos ou alguma idade próxima a isso, mudamos-nos todos para o símbolo máximo da grande cidade, o condomínio fechado, e o mundo criado lá dentro era sedutor. Foram poucos anos morando no nono andar mas inesquecíveis pela quantidade inimaginável de pequenas histórias que eu carrego.
A crise chegou bastante previamente na família e fomos respirar novos ares pelos lados baianos do território brasileiro. Fizemos o caminho contrário. Morar em Salvador não foi um carnaval sem fim. Eu era uma completa estrangeira. Estado quente com um estado de espírito não muito condizente com seu clima, contrariando a impressão geral da nação. Porém, apesar de trazer a dor da adaptação acabou por se tornar quase um símbolo de resistência familiar.
Voltamos depois de um ano descansados e com desejo de metrópole. Os anos que se seguiram ensinaram o valor, alto, do dinheiro. Ensinaram com dificuldade que a cidade também consegue ser dura, má, injusta. Perdi minha fé nos universais e agarrei-me na verdade de cada interpretação.
As letras surgiram para mim como uma forma de ler para aprender a escrever. Era isso o que eu queria quando comecei a estudar os grandes. Porém, os grandes intimidam, podam e envergonham as linhas que guardo em cantos obscuros de arquivos digitais, até se tomar coragem para publicar a primeira linha. Depois da primeira linha, defenestrei tecnologicamente o tanto que pude para manter o contato com os olhos que me liam, com a cabeça que compreendia, que interpretava, com o coração que me ouvia.
Senti que podia atirar-me, desgarrada, infame, desprotegida. Atirar-me aos braços do amigo, do inimigo, do sorriso, da lágrima. Atirar-me ao riso, à dor, ao sofrimento. Apostei no infinito, libertei-me do insuportável, desagradável, do desconforto, do desaconchego. Escrever me levou à liberdade, à esperança, ao sonho. Atirei meus textos em páginas em branco. Minhas ideias desconexas e confusas ao acaso. Minhas histórias pela janela. Defenestrei-me, e assim o fiz com minhas elucubrações, minhas paixões, meus desejos.
Ironicamente, ou não, sou revisora, sou a leitora de quem todos fogem, a quem todos temem. Eu leio as palavras dos outros. E ficou um buraco com toda essa vontade, todo esse amor. Revisar é muito pouco para o que eu quero com as palavras. Minha ideia romântica traz as palavras para a ponta dos meus dedos e não para o polo extremo do meu nariz. Concluo o curso das letras este ano, e em 2010 inicio a prática de tudo o que venho teorizando, aprendendo. A língua portuguesa me está na ponta dos dedos. Sonho que ela, então, afiada na língua, desenhe curvas vistosas e próprias, que corra para o lado que meus dedos decidirem. Viver de escrever e escrever para viver.
Eu cresci em muitos lugares, não tenho, portanto, o pedaço da minha infância em portões brancos e jardim com balanço e anões. Meus primeiros anos passei em uma casa numa rua que está na terceira margem do rio, sendo a primeira o mundo urbano e individualista das cidades, e a segunda, idealizada, o interior e sua vida arborizada, calma, silenciosa. Poucas crianças corriam nessa Cunha Gonçalves, e meus dois irmãos e eu decidimos inventar pessoas, lugares, brincadeiras e aventuras.
Mas, com dez anos ou alguma idade próxima a isso, mudamos-nos todos para o símbolo máximo da grande cidade, o condomínio fechado, e o mundo criado lá dentro era sedutor. Foram poucos anos morando no nono andar mas inesquecíveis pela quantidade inimaginável de pequenas histórias que eu carrego.
A crise chegou bastante previamente na família e fomos respirar novos ares pelos lados baianos do território brasileiro. Fizemos o caminho contrário. Morar em Salvador não foi um carnaval sem fim. Eu era uma completa estrangeira. Estado quente com um estado de espírito não muito condizente com seu clima, contrariando a impressão geral da nação. Porém, apesar de trazer a dor da adaptação acabou por se tornar quase um símbolo de resistência familiar.
Voltamos depois de um ano descansados e com desejo de metrópole. Os anos que se seguiram ensinaram o valor, alto, do dinheiro. Ensinaram com dificuldade que a cidade também consegue ser dura, má, injusta. Perdi minha fé nos universais e agarrei-me na verdade de cada interpretação.
As letras surgiram para mim como uma forma de ler para aprender a escrever. Era isso o que eu queria quando comecei a estudar os grandes. Porém, os grandes intimidam, podam e envergonham as linhas que guardo em cantos obscuros de arquivos digitais, até se tomar coragem para publicar a primeira linha. Depois da primeira linha, defenestrei tecnologicamente o tanto que pude para manter o contato com os olhos que me liam, com a cabeça que compreendia, que interpretava, com o coração que me ouvia.
Senti que podia atirar-me, desgarrada, infame, desprotegida. Atirar-me aos braços do amigo, do inimigo, do sorriso, da lágrima. Atirar-me ao riso, à dor, ao sofrimento. Apostei no infinito, libertei-me do insuportável, desagradável, do desconforto, do desaconchego. Escrever me levou à liberdade, à esperança, ao sonho. Atirei meus textos em páginas em branco. Minhas ideias desconexas e confusas ao acaso. Minhas histórias pela janela. Defenestrei-me, e assim o fiz com minhas elucubrações, minhas paixões, meus desejos.
Ironicamente, ou não, sou revisora, sou a leitora de quem todos fogem, a quem todos temem. Eu leio as palavras dos outros. E ficou um buraco com toda essa vontade, todo esse amor. Revisar é muito pouco para o que eu quero com as palavras. Minha ideia romântica traz as palavras para a ponta dos meus dedos e não para o polo extremo do meu nariz. Concluo o curso das letras este ano, e em 2010 inicio a prática de tudo o que venho teorizando, aprendendo. A língua portuguesa me está na ponta dos dedos. Sonho que ela, então, afiada na língua, desenhe curvas vistosas e próprias, que corra para o lado que meus dedos decidirem. Viver de escrever e escrever para viver.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
O Espetáculo da Sua Própria Miséria
Você é ferida e sente que toda a força do seu corpo se esvai, devagar, deixando o rastro de calor, a ardência de uma raiva talvez de si próprio, talvez do objeto, do outro, de você no outro. Um desconforto insuportável como algo pontudo entrando e saindo de seu estômago, de seu peito.
Desconfiança de si mesmo, de suas crenças, da felicidade. Procura-se um lugar dentro onde haja aconchego e a cabeça te leva a lugares doloridos, escondidos. A necessidade de esquecer a dor faz com o sua mente procure fora qualquer coisa na qual possa concentrar toda a atenção e interesse, e apaga-se.
O sono é a cura para todo o mal de ontem. Amanhã deve chegar logo, hoje deve acabar depressa.
Desconfiança de si mesmo, de suas crenças, da felicidade. Procura-se um lugar dentro onde haja aconchego e a cabeça te leva a lugares doloridos, escondidos. A necessidade de esquecer a dor faz com o sua mente procure fora qualquer coisa na qual possa concentrar toda a atenção e interesse, e apaga-se.
O sono é a cura para todo o mal de ontem. Amanhã deve chegar logo, hoje deve acabar depressa.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Escrever
Desde sempre eu tenho a impressão que escrevo melhor quando estou mal, triste, desencantada. Esse blog mesmo surgiu num desses momentos. A infelicidade em comentários azedos me levou a fazer uma brincadeira que acabou ficando séria. Depois de milhões de foras aparentemente insignificantes e de uma angústia solitária, eu montei o clube, e o nome era para divir o espaço com todos que passavam pela mesma situação estarrecedora que eu.
O tempo passou, eu já contei essa história várias vezes, inclusive aqui, e agora percebo que ainda hoje eu preciso dessa angústia, desse sentimento de rejeição para escrever um punhado de parágrafos nesta página.
Ultimamente, essa angústia vem e vai. Uma culpa por todas as minhas atitudes, uma vontade de me esconder, e, depois, assim como veio, vai. Mas a sensibilidade extrema só tem me feito passar pelo sentimento sem aproveitá-lo para escrever, ao menos. E também me cansei das minhas histórias iguais, coisas mesmas sobre o mesmo.
Talvez eu devesse guardar isso para mim, mas ia ser desperdício não aproveitar essa meia dúzia de linhas que eu consegui escrever em tempos. E mais, estou escrevendo para mim mesma, com a chance de algum 'viajante' passar por aqui e deixar seu comentário.
O tempo passou, eu já contei essa história várias vezes, inclusive aqui, e agora percebo que ainda hoje eu preciso dessa angústia, desse sentimento de rejeição para escrever um punhado de parágrafos nesta página.
Ultimamente, essa angústia vem e vai. Uma culpa por todas as minhas atitudes, uma vontade de me esconder, e, depois, assim como veio, vai. Mas a sensibilidade extrema só tem me feito passar pelo sentimento sem aproveitá-lo para escrever, ao menos. E também me cansei das minhas histórias iguais, coisas mesmas sobre o mesmo.
Talvez eu devesse guardar isso para mim, mas ia ser desperdício não aproveitar essa meia dúzia de linhas que eu consegui escrever em tempos. E mais, estou escrevendo para mim mesma, com a chance de algum 'viajante' passar por aqui e deixar seu comentário.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Só
Luiza sofria sem palavras. Escondia todas dentro de si mesma. Amarrava todas as letras de dores no seu peito, e chorava. Não encontrava prosa ou poesia que pudesse evacuar sua dor, sua angústia, seu grito de socorro. Não encontrava coragem para dizer tudo em voz alta, para declarar, pronunciar, advertir, opinar, libertar-se das cordas que a prendiam no exagero de emoções que pululavam no estômago. Amava com convicção. Fingia não odiar. Medo, isso ela sabia que tinha. De perder, de ganhar, de perdoar, de esquecer, de enfrentar. Enfiava-se nas madrugadas em busca de um pouco de vida e encontrava solidão e saudade.
Ela precisava de atenção. Muita. Sim, porque isso ela tinha de sobra e conseguia ao abrir o sorriso fácil, largo e simpático. Mas ela queria a todos os minutos. Não conseguia dizer compreensivelmente que precisava e magoava-se por ser mal interpretada. Sua auto-confiança fora afetada pela paixão. A mesma que a testara tão arduamente.
Frio e o desejo de fumar um cigarro. Ela não fumava e detestava o vício, o cheiro, a dança da fumaça quente entre os dentes. Detestava. E precisou se lembrar muitas vezes disso enquanto fumava só um para acalmar a ansiedade que a impedia de continuar sua conversa aflita com Carlos. Ele era mais novo do que ela. 5 anos. Media a distância entre eles pelas músicas que reconhecia e ele não. Ela não se importava. Suas músicas eram a forma mais simples, o caminho mais curto para alongar a conversa entre eles.
Suas músicas eram a única forma de manter suas atenções em Carlos. Ele não tinha nada que Pedro tinha e ela sabia disso a cada vez que Carlos tentava engraçar-lhe um punhado de parágrafos. Pulava linhas e corria superficialmente os olhos tirando proveito de um ou outro fragmento. Tentava ler novamente mas desistia assim que uma frase chegava ao ponto final.
O café frio ao lado do teclado, o cinzeiro já cheio dos inúmeros cigarros que desistira de resistir e a sujeira de sua encenação virtual. Despedia-se para lavar-se demoradamento no chuveiro. Deitada em sua cama, olharia ainda o teto por horas até que se perdesse em pensamentos outros que a fizessem fechar os olhos e abri- los somente quando fosse estritamente necessário.
Ela precisava de atenção. Muita. Sim, porque isso ela tinha de sobra e conseguia ao abrir o sorriso fácil, largo e simpático. Mas ela queria a todos os minutos. Não conseguia dizer compreensivelmente que precisava e magoava-se por ser mal interpretada. Sua auto-confiança fora afetada pela paixão. A mesma que a testara tão arduamente.
Frio e o desejo de fumar um cigarro. Ela não fumava e detestava o vício, o cheiro, a dança da fumaça quente entre os dentes. Detestava. E precisou se lembrar muitas vezes disso enquanto fumava só um para acalmar a ansiedade que a impedia de continuar sua conversa aflita com Carlos. Ele era mais novo do que ela. 5 anos. Media a distância entre eles pelas músicas que reconhecia e ele não. Ela não se importava. Suas músicas eram a forma mais simples, o caminho mais curto para alongar a conversa entre eles.
Suas músicas eram a única forma de manter suas atenções em Carlos. Ele não tinha nada que Pedro tinha e ela sabia disso a cada vez que Carlos tentava engraçar-lhe um punhado de parágrafos. Pulava linhas e corria superficialmente os olhos tirando proveito de um ou outro fragmento. Tentava ler novamente mas desistia assim que uma frase chegava ao ponto final.
O café frio ao lado do teclado, o cinzeiro já cheio dos inúmeros cigarros que desistira de resistir e a sujeira de sua encenação virtual. Despedia-se para lavar-se demoradamento no chuveiro. Deitada em sua cama, olharia ainda o teto por horas até que se perdesse em pensamentos outros que a fizessem fechar os olhos e abri- los somente quando fosse estritamente necessário.
terça-feira, 7 de julho de 2009
O trabalho enobrece (e individa) o homem
Eu tenho uma dívida há um bom tempo já. Fui levando para frente, odeio banco, queria evitar ao máximo o contato com essa instituição do demônio. Até sexta-feira passada - cobraram formalmente com a ameaça de mandá-lo para a outra instituição do demônio, o Serasa.
E aí, fodida, fodida e meia, vamos lá resolver, pagar o serviço que nunca utilizei e tirar isso da minha vida o mais rápido possível. Para piorar um bocado a minha situação, o tal banco, que prefiro nem mencionar o nome, fica na Vila Olímpia, a 'minha agência' fica naquele lixo de bairro. Lugar horroroso, fedido, confuso, bagunçado e perigoso.
Meu pai foi comigo para dar apoio moral, mesmo porque eu nem sabia o que dizer e estava mais propícia a sair quebrando tudo. Sabe banquinho?...é isso que aquilo é. Atendimento de merda, gente com cara de quem acabou de acordar e não lavou o rosto. A atendente me pediu vários minutinhos até me avisar que, como minha dívida já tinha ido para a cobrança eu tinha que ligar em outro departamento e ali não teria como resolver nada.
Atendimento telefônico. Milhões de minutinhos, por favor depois (são perguntas que todos que entram em contato com eles devem fazer e mesmo assim eles desaparecem na linha por minutos intermináveis para procurar a resposta) eu consegui descobrir um monte de bizarrices: a primeira delas é que você pode querer pagar, mas tem que ser do jeito deles. São eles que decidem se o valor é alto ou baixo para poder parcelar, por exemplo. A segunda bizarrice, a mais bizarra de todas: o boleto para pagamento pode ser retirado na agência ou vai direto para o meu e-mail (não, eles não mandam para sua casa, apesar de me mandarem milhões de correspondências por mês, e aí entraria a terceira bizarrice). Para eu poder pagar devo, então, retirar o boleto na agência ou imprimi-lo. No meu e-mail chega dentro de 48 horas (???????!!!!) e na agência, bom, eu estava estacionada na porta de uma, a minha ainda. Mas sabe, se eu entrar na agência no mesmo minuto que negocio o pagamento, pago a divída sem o 'descontão' que eles resolveram me dar, e se esperar as 48 horas sai tudo com desconto.
Eu me pergunto: Caralho, como assim? Se eu quero pagar hoje pago mais caro do que se pagar daqui 2 dias? Não é tudo informatizado? Não está tudo na porra do sistema que insiste em não funcionar quando eu estou precisando dele? Pois é. Daqui 48 horas eu imprimo o boleto e pago minha única dívida e me livro das eternas cartas que esse shitbank manda para mim.
Eu devia mandar a conta para meu ex-empregador! Eu só tenho essa conta, que NUNCA foi utilizada (nem senha dela eu tenho) por ter sido obrigada a abri-la para poder receber minha bolsa-estágio, que nunca foi depositada lá.
Um puta estágio esse que eu fiz. Além de aprender muita coisa por lá (verdade, aprendi mesmo...sem ironia aqui), conheci pessoas lindas e amadas até hoje eu ainda aprendi como se cobra, como se paga e como não se negocia.
Ahhhhh vá!
E aí, fodida, fodida e meia, vamos lá resolver, pagar o serviço que nunca utilizei e tirar isso da minha vida o mais rápido possível. Para piorar um bocado a minha situação, o tal banco, que prefiro nem mencionar o nome, fica na Vila Olímpia, a 'minha agência' fica naquele lixo de bairro. Lugar horroroso, fedido, confuso, bagunçado e perigoso.
Meu pai foi comigo para dar apoio moral, mesmo porque eu nem sabia o que dizer e estava mais propícia a sair quebrando tudo. Sabe banquinho?...é isso que aquilo é. Atendimento de merda, gente com cara de quem acabou de acordar e não lavou o rosto. A atendente me pediu vários minutinhos até me avisar que, como minha dívida já tinha ido para a cobrança eu tinha que ligar em outro departamento e ali não teria como resolver nada.
Atendimento telefônico. Milhões de minutinhos, por favor depois (são perguntas que todos que entram em contato com eles devem fazer e mesmo assim eles desaparecem na linha por minutos intermináveis para procurar a resposta) eu consegui descobrir um monte de bizarrices: a primeira delas é que você pode querer pagar, mas tem que ser do jeito deles. São eles que decidem se o valor é alto ou baixo para poder parcelar, por exemplo. A segunda bizarrice, a mais bizarra de todas: o boleto para pagamento pode ser retirado na agência ou vai direto para o meu e-mail (não, eles não mandam para sua casa, apesar de me mandarem milhões de correspondências por mês, e aí entraria a terceira bizarrice). Para eu poder pagar devo, então, retirar o boleto na agência ou imprimi-lo. No meu e-mail chega dentro de 48 horas (???????!!!!) e na agência, bom, eu estava estacionada na porta de uma, a minha ainda. Mas sabe, se eu entrar na agência no mesmo minuto que negocio o pagamento, pago a divída sem o 'descontão' que eles resolveram me dar, e se esperar as 48 horas sai tudo com desconto.
Eu me pergunto: Caralho, como assim? Se eu quero pagar hoje pago mais caro do que se pagar daqui 2 dias? Não é tudo informatizado? Não está tudo na porra do sistema que insiste em não funcionar quando eu estou precisando dele? Pois é. Daqui 48 horas eu imprimo o boleto e pago minha única dívida e me livro das eternas cartas que esse shitbank manda para mim.
Eu devia mandar a conta para meu ex-empregador! Eu só tenho essa conta, que NUNCA foi utilizada (nem senha dela eu tenho) por ter sido obrigada a abri-la para poder receber minha bolsa-estágio, que nunca foi depositada lá.
Um puta estágio esse que eu fiz. Além de aprender muita coisa por lá (verdade, aprendi mesmo...sem ironia aqui), conheci pessoas lindas e amadas até hoje eu ainda aprendi como se cobra, como se paga e como não se negocia.
Ahhhhh vá!
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Foucault
Eu tomei a liberdade de copiar essa conferência do Foucault traduzida e transcrita de forma bela pelo querido Marcelo Coelho, outro que não perco nunca, às quartas-feiras, na Ilustrada, Folha de São Paulo. Aliás, para quem estiver em Campinas dia 19 de Junho, terá a oportunidade de participar de um café filosófico com ele num ciclo dedicado às utopias. Seu tema será a utopia do corpo perfeito.
Deem uma olhada na transcrição do Foucault e vejam se não é a coisa mais linda e coerente que vocês já leram!
Basta eu acordar, diz Foucault, que não posso escapar deste lugar, o meu corpo.
Posso me mexer, andar por aí, mas não posso me deslocar sem ele. Posso ir até o fim do mundo, posso me encolher debaixo das cobertas, mas o corpo sempre estará onde eu estou. Ele está aqui, irreparavelmente: não está nunca em outro lugar. Meu corpo é o contrário de uma utopia. Todos os dias, continua Foucault, eu me vejo no espelho: rosto magro, costas curvadas, olhos míopes, nenhum cabelo mais... Verdadeiramente, nada bonito. Meu corpo é uma jaula desagradável. É através de suas grades que eu vou falar, olhar, ser visto. É o lugar a que estou condenado sem recurso.
É possível que contra esse corpo tenham nascido todas as utopias, dele nasce a utopia original --a de um corpo incorporal: o país das fadas, dos elfos, dos gênios, onde as feridas se curam imediatamente, onde caímos de uma montanha sem nos machucar, onde podemos ficar invisíveis.
Há outra utopia dedicada a desfazer o corpo é o país dos mortos. A múmia é o corpo utópico que desafia o tempo. Há as pinturas e esculturas dos túmulos, que prolongam uma juventude que nunca vai passar, que será eterna. Meu corpo se torna sólido como uma coisa, e eterno como um deus.
A outra, a maior utopia criada contra o corpo é o grande mito da alma, que funciona maravilhosamente dentro do meu corpo, mas escapa dele. É bela, pura, branca, ao contrário do meu corpo. Durará para sempre. É meu corpo luminoso, purificado.
Assim, pela mágica dessas utopias, meu corpo pesado e feio desaparece magicamente. Recebo-o de volta fulgurante e perpétuo.
Mas meu corpo, nele mesmo, seus recursos próprios de fantástico. Tem lugares sem-lugar. Tem seus lugares obscuros e praias luminosas. Minha cabeça é uma estranha caverna, com duas aberturas, meus olhos. E, se as coisas entram na minha cabeça, ficam ao mesmo tempo fora delas.
Corpo incompreensível, penetrável e opaco, aberto e fechado: corpo utópico. Absolutamente visível --porque sei o que é ser visto e ver os outros. Mas esse corpo é também tomado por uma certa invisibilidade: minha nuca, por exemplo. Minhas costas: conheço seus movimentos, sua posição, mas não as vejo. Corpo que é um fantasma, que só posso ver pelo truque, pela miragem de um espelho.
Esse corpo não é uma coisa: anda, mexe, quer, se deixa atravessar sem resistências por minhas intenções. Só quando estou doente –dor de estômago, febre-- ele se torna coisa, opaca, independente de mim.
Não, o corpo não precisa de fadas e almas para ser utópico, visível e invisível, transparente e concreto. Para que eu seja utopia, preciso apenas ser... um corpo. As utopias não apagam o corpo: nasceram dele, para só depois, talvez, voltarem-se contra ele.
Uma coisa, entretanto, é certa: o corpo humano é o ator principal de todas as utopias. O sonho de um corpo imenso, o mito dos gigantes, de Prometeu, é uma utopia. O sonho de voar também.
O corpo é também ator utópico quando se pensa nas máscaras, na tatuagem, na maquiagem. Não se trata, aqui, propriamente, de adquirir um outro corpo, mais bonito ou reconhecível.
Trata-se de fazer o corpo entrar em comunicação com poderes secretos, forças invisíveis. Uma linguagem enigmática e sagrada se deposita sobre o corpo, chamando sobre ele o poder de um deus, a força surda do sagrado, a vivacidade do desejo. Fazem do corpo o fragmento de um espaço imaginário, que entra em comunicação com o universo dos outros, dos deuses, das pessoas que queremos seduzir.
O corpo é arrancado de seu espaço próprio e arremessado a um outro espaço. As vestimentas religiosas, por exemplo, fazem o indivíduo entrar no espaço cercado do sagrado, ou na comunhão da sociedade. Tudo o que toca no corpo, uniformes, diademas, faz florescerem as utopias internas do corpo.
E a carne nela mesma pode ser também utópica. Faz o corpo voltar-se contra si: o outro mundo, o contra-mundo, penetra nesse corpo, que se torna produto de seus fantasmas: o corpo de um dançarino, por exemplo, é um corpo dilatado pelo espaço –espaço que lhe é interior e exterior ao mesmo tempo. O corpo do mártir acolhe a dor e a salvação. O corpo de um drogado, de um possuído, de um estigmatizado, recebe em si o que lhe é exterior.
Bobagem dizer portanto, como fiz no início, que meu corpo nunca está em outro lugar. Meu corpo está sempre em outro lugar. Está ligado a todos os outros lugares do mundo, e está num outro lugar que é o além do mundo. É em relação ao corpo que existe uma esquerda e uma direita, um atrás e um na frente, um embaixo e um em cima.
O corpo está no centro do mundo, nódulo utópico a partir do qual penso, sonho, me comunico. O corpo, como a Cidade de Deus, não tem lugar, e é de lá que se irradiam todos os lugares possíveis.
Apenas o espelho e o cadáver selam e calam essa voragem utópica. Os dois estão num outro lugar impenetrável, mas nesse momento já não sou eu mesmo. Para que eu seja eu mesmo, no meu corpo, sem utopia, é preciso uma situação bem definida. Só o ato amoroso, quando nos entregamos a ele, acalma a utopia do nosso corpo: por isso é tão próximo, no imaginário, ao espelho e à morte. É porque só no amor o meu corpo está AQUI.
Deem uma olhada na transcrição do Foucault e vejam se não é a coisa mais linda e coerente que vocês já leram!
Basta eu acordar, diz Foucault, que não posso escapar deste lugar, o meu corpo.
Posso me mexer, andar por aí, mas não posso me deslocar sem ele. Posso ir até o fim do mundo, posso me encolher debaixo das cobertas, mas o corpo sempre estará onde eu estou. Ele está aqui, irreparavelmente: não está nunca em outro lugar. Meu corpo é o contrário de uma utopia. Todos os dias, continua Foucault, eu me vejo no espelho: rosto magro, costas curvadas, olhos míopes, nenhum cabelo mais... Verdadeiramente, nada bonito. Meu corpo é uma jaula desagradável. É através de suas grades que eu vou falar, olhar, ser visto. É o lugar a que estou condenado sem recurso.
É possível que contra esse corpo tenham nascido todas as utopias, dele nasce a utopia original --a de um corpo incorporal: o país das fadas, dos elfos, dos gênios, onde as feridas se curam imediatamente, onde caímos de uma montanha sem nos machucar, onde podemos ficar invisíveis.
Há outra utopia dedicada a desfazer o corpo é o país dos mortos. A múmia é o corpo utópico que desafia o tempo. Há as pinturas e esculturas dos túmulos, que prolongam uma juventude que nunca vai passar, que será eterna. Meu corpo se torna sólido como uma coisa, e eterno como um deus.
A outra, a maior utopia criada contra o corpo é o grande mito da alma, que funciona maravilhosamente dentro do meu corpo, mas escapa dele. É bela, pura, branca, ao contrário do meu corpo. Durará para sempre. É meu corpo luminoso, purificado.
Assim, pela mágica dessas utopias, meu corpo pesado e feio desaparece magicamente. Recebo-o de volta fulgurante e perpétuo.
Mas meu corpo, nele mesmo, seus recursos próprios de fantástico. Tem lugares sem-lugar. Tem seus lugares obscuros e praias luminosas. Minha cabeça é uma estranha caverna, com duas aberturas, meus olhos. E, se as coisas entram na minha cabeça, ficam ao mesmo tempo fora delas.
Corpo incompreensível, penetrável e opaco, aberto e fechado: corpo utópico. Absolutamente visível --porque sei o que é ser visto e ver os outros. Mas esse corpo é também tomado por uma certa invisibilidade: minha nuca, por exemplo. Minhas costas: conheço seus movimentos, sua posição, mas não as vejo. Corpo que é um fantasma, que só posso ver pelo truque, pela miragem de um espelho.
Esse corpo não é uma coisa: anda, mexe, quer, se deixa atravessar sem resistências por minhas intenções. Só quando estou doente –dor de estômago, febre-- ele se torna coisa, opaca, independente de mim.
Não, o corpo não precisa de fadas e almas para ser utópico, visível e invisível, transparente e concreto. Para que eu seja utopia, preciso apenas ser... um corpo. As utopias não apagam o corpo: nasceram dele, para só depois, talvez, voltarem-se contra ele.
Uma coisa, entretanto, é certa: o corpo humano é o ator principal de todas as utopias. O sonho de um corpo imenso, o mito dos gigantes, de Prometeu, é uma utopia. O sonho de voar também.
O corpo é também ator utópico quando se pensa nas máscaras, na tatuagem, na maquiagem. Não se trata, aqui, propriamente, de adquirir um outro corpo, mais bonito ou reconhecível.
Trata-se de fazer o corpo entrar em comunicação com poderes secretos, forças invisíveis. Uma linguagem enigmática e sagrada se deposita sobre o corpo, chamando sobre ele o poder de um deus, a força surda do sagrado, a vivacidade do desejo. Fazem do corpo o fragmento de um espaço imaginário, que entra em comunicação com o universo dos outros, dos deuses, das pessoas que queremos seduzir.
O corpo é arrancado de seu espaço próprio e arremessado a um outro espaço. As vestimentas religiosas, por exemplo, fazem o indivíduo entrar no espaço cercado do sagrado, ou na comunhão da sociedade. Tudo o que toca no corpo, uniformes, diademas, faz florescerem as utopias internas do corpo.
E a carne nela mesma pode ser também utópica. Faz o corpo voltar-se contra si: o outro mundo, o contra-mundo, penetra nesse corpo, que se torna produto de seus fantasmas: o corpo de um dançarino, por exemplo, é um corpo dilatado pelo espaço –espaço que lhe é interior e exterior ao mesmo tempo. O corpo do mártir acolhe a dor e a salvação. O corpo de um drogado, de um possuído, de um estigmatizado, recebe em si o que lhe é exterior.
Bobagem dizer portanto, como fiz no início, que meu corpo nunca está em outro lugar. Meu corpo está sempre em outro lugar. Está ligado a todos os outros lugares do mundo, e está num outro lugar que é o além do mundo. É em relação ao corpo que existe uma esquerda e uma direita, um atrás e um na frente, um embaixo e um em cima.
O corpo está no centro do mundo, nódulo utópico a partir do qual penso, sonho, me comunico. O corpo, como a Cidade de Deus, não tem lugar, e é de lá que se irradiam todos os lugares possíveis.
Apenas o espelho e o cadáver selam e calam essa voragem utópica. Os dois estão num outro lugar impenetrável, mas nesse momento já não sou eu mesmo. Para que eu seja eu mesmo, no meu corpo, sem utopia, é preciso uma situação bem definida. Só o ato amoroso, quando nos entregamos a ele, acalma a utopia do nosso corpo: por isso é tão próximo, no imaginário, ao espelho e à morte. É porque só no amor o meu corpo está AQUI.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Lei Antifumo Causa Furor no Estadão
Por partes.
Ontem, no Estadão, jornal de grande circulação no Brasil, um dos grandes brasileiros entre os dois existentes, publicou a matéria sobre como os bares da Vila Madalena vão lidar com a nova pegadinha do Nosferatu para controle do uso da substância legal e de alto custo pela população.
Sendo ou não fumante, você deve ter lido alguma coisa sobre essa nova lei que restringe o consumo em lugares fechados, proibindo os fumódromos, que por lei federal são legalizados, áreas de fumantes em bares e restaurantes, deixando como única alternativa para os viciados nesta substância 'suja' fumar na rua, desde que o pedaço onde esteja encostado livre dos olhares de reprovação seja descoberto.
Assim, os bares, temendo o futuro negro e sombrio que os aguarda, resolveram fazer uma campanha na qual façam com que o cliente 'doente' veja o quanto a nova lei 'amplia o acesso à saúde', segundo a advogada da ONG ACT, Adriana Pereira.
Enfim, depois de uma longa discussão idiota sobre como o fumante não sabe o quanto faz mal a si mesmo (ninguém nunca disserta sobre os benefícios de tal hábito, ou mesmo da possibilidade de já sabermos de todo mal e a opção por arcar com as consequências garantindo, pelo menos virtualmente, a nossa tão declarada liberdade individual, pregada como a marca deste lado ocidental da grande esfera azul).
Como não tenho acesso livre ao site, não tenho como comentar as notícias apresentadas naquelas páginas. E não pude me conter com tamanha ignorância de uma dos comentadores que, infelizmente, não lerá minhas palavras. Abaixo segue sua opinião acerca da nova lei:
'Fumantes Imbecis
Seg, 25/05/09 10:22 bubulicious, bubulicious@estadao.com.br
Todo fumante deveria ter a decencia de ir induzir esse vicio asqueroso bem longe de pessoas que prezam por sua saude e possuem um instinto de alto-preservacao. Eu nao quero correr o risco de perder minha visao ( degeneracao macular ) para que um patetico fracassado que acha que tem o "direito" de se drogar e induzir seu vicio nogento na minha presenca, possa faze-lo. Alem disso, a fumaca do fumo nos faz tossir, fere os olhos e simplesmente e fetida e eu nao quero cheirar como voce, ou seja, um cinzeiro. Outra coisa, se voce e fumante provavelmente sua filha adolescente tbem fuma e qquer garoto na escola dela sabe que se ela fuma, ela tbem se envolve em outros comportamentos de risco como o "Sexo". Mais um fato: Fumantes geralmente obteem resultados inferiores em teste de inteligencia basica do que nao-fumantes. Se voce tem funcionarios fumantes, voce nao esta obtendo eficiencia do trabalho e seu custo/beneficio esta desproporcional. O fumante com seus problemas de saude acaba te custando dobrado p/ manter.'
Agora vamos por partes, pq eu fui tentando grifar, mas parece que ficou o texto todo grifado. Vamos aos comentários:
1 - fumantes induzem ao vício - opa! se conseguimos induzir os mais privilegiados intelectualmente, é porque não somos assim tão 'inferiores em teste de inteligência básica', certo?
2 - Aqueles que prezam por sua saúde tem instinto de alto-preservação. Inteligência básica? Redundância eu não comento porque tenho vergonha. e alto? ou auto? hmmm. tá.
3 - 'perder minha visão (degeneracao macular)' - ô meu querido, dá uma abraço? Você sabia que a fumaça tóxica do lindo trânsito de São Paulo, que nenhum vampiro ainda teve a preocupação de repensar e controlar, apresenta uma fumaça não sei qts vezes mais tóxica do que a do meu cigarrinho? Cuidado com os caminhões para não sofrer degeneração macular!
4 - patetico fracassado que tem o direito de fumar. Hmmm...não sei se deixo meus hormônios tomarem conta do fluxo infinito de sinapses que ocorrem neste segundo dentro do meu cerébro ou se te chamo de babaca só e parto para a próxima. Mas vem cá! Você faz o que da vida, meu bem? Patético no mundo atual acho pouco para todos nós que todos os dias achamos que estamos construindo alguma coisa de valor numa sociedade que só nos castra e nos transforma em homens-massa. Repense seu argumento, querido bem-sucedido. Sobre o direito de fumar, sim, nós temos. Cigarro é uma substância legal e, qualquer indivíduo maior de 18 anos tem a liberdade de escolher se a consumirá ou não.
5 - Sobre o cheiro, devo admitir que é desagrável. Muito bem. Ponto para vc. Agora, você não precisa ficar colado em mim quando eu estiver fumando, nem segurar meu cancer stick, porque só assim você vai ficar impregnado pelo meu 'cheiro de cinzeiro', visto que você é uma pessoa de bem que não deve frequentar casas noturnas, os templos da perdição, e não sabe como a fumaça funciona lá dentro.
6 - Eu adoro essa parte: 'se voce e fumante provavelmente sua filha adolescente tbem fuma e qquer garoto na escola dela sabe que se ela fuma, ela tbem se envolve em outros comportamentos de risco como o "Sexo".' Gente, eu não sei como comentar essa parte, porque só rindo AHHAAHHAAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA! O sexo é um comportamento de risco? O risco é ter um pai (não sei porque assumi que vc é um cara) e perder a oportunidade de conversar abertamente em casa evitando assumir um comportamento de risco por falta de informação. O que é sexo entre aspas?
Ai, cansei. Sobre a inferioridade intelectual eu comentei um bocado e as imagens abaixo falam mais do que mil palavras.
Em breve mais textos e intelectuais para você, querido bem-sucedido-livre-democrático-ocidental!
Leia a coluna de ontem na Folha de Felipe Pondé - Ilustrada. Eu poderia colocar o link aqui, mas não tenho acesso à área restrita.
Ontem, no Estadão, jornal de grande circulação no Brasil, um dos grandes brasileiros entre os dois existentes, publicou a matéria sobre como os bares da Vila Madalena vão lidar com a nova pegadinha do Nosferatu para controle do uso da substância legal e de alto custo pela população.
Sendo ou não fumante, você deve ter lido alguma coisa sobre essa nova lei que restringe o consumo em lugares fechados, proibindo os fumódromos, que por lei federal são legalizados, áreas de fumantes em bares e restaurantes, deixando como única alternativa para os viciados nesta substância 'suja' fumar na rua, desde que o pedaço onde esteja encostado livre dos olhares de reprovação seja descoberto.
Assim, os bares, temendo o futuro negro e sombrio que os aguarda, resolveram fazer uma campanha na qual façam com que o cliente 'doente' veja o quanto a nova lei 'amplia o acesso à saúde', segundo a advogada da ONG ACT, Adriana Pereira.
Enfim, depois de uma longa discussão idiota sobre como o fumante não sabe o quanto faz mal a si mesmo (ninguém nunca disserta sobre os benefícios de tal hábito, ou mesmo da possibilidade de já sabermos de todo mal e a opção por arcar com as consequências garantindo, pelo menos virtualmente, a nossa tão declarada liberdade individual, pregada como a marca deste lado ocidental da grande esfera azul).
Como não tenho acesso livre ao site, não tenho como comentar as notícias apresentadas naquelas páginas. E não pude me conter com tamanha ignorância de uma dos comentadores que, infelizmente, não lerá minhas palavras. Abaixo segue sua opinião acerca da nova lei:
'Fumantes Imbecis
Seg, 25/05/09 10:22 bubulicious, bubulicious@estadao.com.br
Todo fumante deveria ter a decencia de ir induzir esse vicio asqueroso bem longe de pessoas que prezam por sua saude e possuem um instinto de alto-preservacao. Eu nao quero correr o risco de perder minha visao ( degeneracao macular ) para que um patetico fracassado que acha que tem o "direito" de se drogar e induzir seu vicio nogento na minha presenca, possa faze-lo. Alem disso, a fumaca do fumo nos faz tossir, fere os olhos e simplesmente e fetida e eu nao quero cheirar como voce, ou seja, um cinzeiro. Outra coisa, se voce e fumante provavelmente sua filha adolescente tbem fuma e qquer garoto na escola dela sabe que se ela fuma, ela tbem se envolve em outros comportamentos de risco como o "Sexo". Mais um fato: Fumantes geralmente obteem resultados inferiores em teste de inteligencia basica do que nao-fumantes. Se voce tem funcionarios fumantes, voce nao esta obtendo eficiencia do trabalho e seu custo/beneficio esta desproporcional. O fumante com seus problemas de saude acaba te custando dobrado p/ manter.'
Agora vamos por partes, pq eu fui tentando grifar, mas parece que ficou o texto todo grifado. Vamos aos comentários:
1 - fumantes induzem ao vício - opa! se conseguimos induzir os mais privilegiados intelectualmente, é porque não somos assim tão 'inferiores em teste de inteligência básica', certo?
2 - Aqueles que prezam por sua saúde tem instinto de alto-preservação. Inteligência básica? Redundância eu não comento porque tenho vergonha. e alto? ou auto? hmmm. tá.
3 - 'perder minha visão (degeneracao macular)' - ô meu querido, dá uma abraço? Você sabia que a fumaça tóxica do lindo trânsito de São Paulo, que nenhum vampiro ainda teve a preocupação de repensar e controlar, apresenta uma fumaça não sei qts vezes mais tóxica do que a do meu cigarrinho? Cuidado com os caminhões para não sofrer degeneração macular!
4 - patetico fracassado que tem o direito de fumar. Hmmm...não sei se deixo meus hormônios tomarem conta do fluxo infinito de sinapses que ocorrem neste segundo dentro do meu cerébro ou se te chamo de babaca só e parto para a próxima. Mas vem cá! Você faz o que da vida, meu bem? Patético no mundo atual acho pouco para todos nós que todos os dias achamos que estamos construindo alguma coisa de valor numa sociedade que só nos castra e nos transforma em homens-massa. Repense seu argumento, querido bem-sucedido. Sobre o direito de fumar, sim, nós temos. Cigarro é uma substância legal e, qualquer indivíduo maior de 18 anos tem a liberdade de escolher se a consumirá ou não.
5 - Sobre o cheiro, devo admitir que é desagrável. Muito bem. Ponto para vc. Agora, você não precisa ficar colado em mim quando eu estiver fumando, nem segurar meu cancer stick, porque só assim você vai ficar impregnado pelo meu 'cheiro de cinzeiro', visto que você é uma pessoa de bem que não deve frequentar casas noturnas, os templos da perdição, e não sabe como a fumaça funciona lá dentro.
6 - Eu adoro essa parte: 'se voce e fumante provavelmente sua filha adolescente tbem fuma e qquer garoto na escola dela sabe que se ela fuma, ela tbem se envolve em outros comportamentos de risco como o "Sexo".' Gente, eu não sei como comentar essa parte, porque só rindo AHHAAHHAAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA! O sexo é um comportamento de risco? O risco é ter um pai (não sei porque assumi que vc é um cara) e perder a oportunidade de conversar abertamente em casa evitando assumir um comportamento de risco por falta de informação. O que é sexo entre aspas?
Ai, cansei. Sobre a inferioridade intelectual eu comentei um bocado e as imagens abaixo falam mais do que mil palavras.
Em breve mais textos e intelectuais para você, querido bem-sucedido-livre-democrático-ocidental!
Leia a coluna de ontem na Folha de Felipe Pondé - Ilustrada. Eu poderia colocar o link aqui, mas não tenho acesso à área restrita.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Estreeeeeeeesse
Canseira, dor de cabeça, dor no corpo, eterno sono, impaciência, insegurança, carência...eu estou muito precisada de férias. Sabe, ficar deitadinha uma semana, sem fazer nada, num lugar calmo, tranquilo, com uma televisão, filminhos, chocolate, nenhuma forma de comunicação com o resto do mundo e a maior cama do universo, com almofadas, o colo mais gostoso do mundo e tudo à meia luz.
Deus!!! Não é muito, vai!
Não tô pedindo para ficar milionária, o que seria lindo, só queria um pouquinho de paz e sossego, para poder ficar numa boa e continuar a fazer minhas coisas. Aí, assim louca-estressada-cansada-trabalhativa, eu só consigo ficar esperando o fim - do ano, das aulas, do dia...esperando o final de semana, as férias, o final da graduação.
Me ajuda!! Canseira...tô me sentindo uma velha chata que só reclama. Mas até dor na coluna eu tive...pela primeira vez na minha vida. Estou quase esperando para ver se minhas costas travam e eu consigo na marra esse descanso necessário para a minha integridade física e psíquica.
Uma hora tem que ter 5 minutos! E eu preciso muito deles...AGORA!
Deus!!! Não é muito, vai!
Não tô pedindo para ficar milionária, o que seria lindo, só queria um pouquinho de paz e sossego, para poder ficar numa boa e continuar a fazer minhas coisas. Aí, assim louca-estressada-cansada-trabalhativa, eu só consigo ficar esperando o fim - do ano, das aulas, do dia...esperando o final de semana, as férias, o final da graduação.
Me ajuda!! Canseira...tô me sentindo uma velha chata que só reclama. Mas até dor na coluna eu tive...pela primeira vez na minha vida. Estou quase esperando para ver se minhas costas travam e eu consigo na marra esse descanso necessário para a minha integridade física e psíquica.
Uma hora tem que ter 5 minutos! E eu preciso muito deles...AGORA!
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Amanhecer
Apesar de toda a dor de acordar cedo, e que tenho passado todos os dias (menos às sextas) por causa do meu novo horário de obrigações e afazeres, sinto um prazer absurdo quando chego ainda antes do almoço em casa com tudo o que havia planejado cumprido.
Acordar com beijinhos doces e a preguiça maior do mundo, querendo alongar os curtos minutos que separam a cama quente do metrô lotado, do ônibus demorado, do frio meio abafado desses dias de outono. Esquecer de pentear o cabelo, sonhar acordada enquanto a cidade vai correndo debaixo e em cima da terra. Ter pesadelos também faz parte do processo 'acordado'. E achar um cantinho para ler algumas palavras em algum dos livros que escolho na hora, todos guardados dentro da minha mochila, também.
Aí aparece o mundo frio molhado da grande cidade universitária, seus papos chatos de corredor, suas pessoas perdidas, sonolentas. Aconchego as folhas xerocadas dentro do caderno e corro para a segunda obrigação. Até tentei fazer meu óculos hoje, mas a busca pelo óculos perfeito ficará para o final de semana, quiçá semana que vem. Tá difícil.
O caminho de volta para casa, descendo o morro da USP para o mundo real é feita por meio de respirações profundas ... todas de satisfação. Uma bobeira burguesa de dever cumprido, de trabalho concretizado, bem-feito, acabado. Achieved goals.
Assim, com essa tranquilidade, restou-me estudar um bucadim, responder e-mails, almocinho familiar e rumo à segunda parte do dia, na qual me encontro agora. Trabalho. Aguardo a terceira parte do dia...a definir.
Acordar com beijinhos doces e a preguiça maior do mundo, querendo alongar os curtos minutos que separam a cama quente do metrô lotado, do ônibus demorado, do frio meio abafado desses dias de outono. Esquecer de pentear o cabelo, sonhar acordada enquanto a cidade vai correndo debaixo e em cima da terra. Ter pesadelos também faz parte do processo 'acordado'. E achar um cantinho para ler algumas palavras em algum dos livros que escolho na hora, todos guardados dentro da minha mochila, também.
Aí aparece o mundo frio molhado da grande cidade universitária, seus papos chatos de corredor, suas pessoas perdidas, sonolentas. Aconchego as folhas xerocadas dentro do caderno e corro para a segunda obrigação. Até tentei fazer meu óculos hoje, mas a busca pelo óculos perfeito ficará para o final de semana, quiçá semana que vem. Tá difícil.
O caminho de volta para casa, descendo o morro da USP para o mundo real é feita por meio de respirações profundas ... todas de satisfação. Uma bobeira burguesa de dever cumprido, de trabalho concretizado, bem-feito, acabado. Achieved goals.
Assim, com essa tranquilidade, restou-me estudar um bucadim, responder e-mails, almocinho familiar e rumo à segunda parte do dia, na qual me encontro agora. Trabalho. Aguardo a terceira parte do dia...a definir.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Se você fosse um livro, qual seria?
Como de costume, quando estou entediada, quase dormindo na minha mesa, eu recorro ao uol, onde nunca acho nada mas sempre finjo que achei alguma coisa. Preciso passar o tempo e não tenho tido muita paciência com a grande teia. Então, no lugar de passar horas fuçando, eu entro dez minutinho no uol, olho a home e vou entrando nas bizarrices que podem estar destacadas.
Hoje, poucos minutos atrás, achei um teste - Se você fosse um livro nacional, qual seria?
As perguntas são bem ruins, as respostas que você tem que dar
também não ajudam muito. Mas aí eu vi o resultado e fiquei bastante feliz. (Coisa boba que sou)
Dá uma lida no resultado:
"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.
Achei bonito. E vou ler o livro para ver se concordo com o resultado.
E viva o dia do livro (outra tirada do uol)!!
Hoje, poucos minutos atrás, achei um teste - Se você fosse um livro nacional, qual seria?
As perguntas são bem ruins, as respostas que você tem que dar
também não ajudam muito. Mas aí eu vi o resultado e fiquei bastante feliz. (Coisa boba que sou)
Dá uma lida no resultado:
"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.
Achei bonito. E vou ler o livro para ver se concordo com o resultado.
E viva o dia do livro (outra tirada do uol)!!
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Como ter um dia ruim - By Gabriela Mori
A perna latejava no ônibus. A dor não era tanta, mas a sensação do sangue pulsando incomodava. Incomodava também o gosto de estômago vazio na boca. Acordei mais cedo e fui à busca de um banco 24 horas para sacar a grana do aluguel. Consegui num caixa vagabundo do Compre Bem da avenida Liberdade. Corri para casa, corri para a imobiliária, corri para o metrô. O primeiro trem parou sem que pessoa alguma descesse naquela estação. Próximo, então. Algumas pessoas desceram, o espaço deixado por elas lá dentro foi imediatamente preenchido por outros passageiros. Ameacei entrar, alguém se apertou um pouco mais e me chamou. À medida que a outra estação se aproximava, os animais se agitavam e empurravam mais. Estação Vergueiro. A porta se abriu e eu fui espirrada para fora. Ao tentar voltar ao vagão, errei a distância entre o trem e a plataforma. "Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma. Evite acidentes." Três pessoas me puxavam em meio ao estouro da manada. Nem estávamos no Paraíso...calma, né, gente? Resgatada, não pude deixar de imaginar: e se minha perna tivesse ficado presa? e se ninguém tivesse me visto e o trem seguisse seu rumo? Acidentes assim acontecem no metrô, CPTM, no ônibus. Mortes acontecem assim. E a culpa é sua, meu amigo, minha senhora. Você com sua vidinha de merda que precisa correr pois senão perde a outra condução, e dá licença que eu preciso passar, eu preciso empurrar, eu preciso chegar. Estação Ana Rosa, acesso à linha 2, verde. Fila. 677A.Com o corpo aquecido não sentia a dor. Mas a perna latejava. O gosto ruim na boca. Thom berrava em meu ouvido. Take the money and run, take the money and run, take the money and run. Sentia nojo das pessoas. Me esforçava para não encostar na menina que dormia ao meu lado. Em vão. Ao dormir, ela tinha espasmos que faziam seus braços pularem, a cabeça repuxar para o lado. A curva era violenta e o motorista, estúpido. Nojo do cheiro de tempero às 9 da manhã ao passar por algum restaurante. Nojo dos pombos encardidos e seu andar coreografado sobre a grama. Da cor mostarda do livro que tinha nas mãos. Os olhos passeavam pelas letras que, naquela hora, hora errada. Se pudesse, me teletransportava para um bom hospital para, só um pouco, ser o centro das atenções, dos cuidados. Seria tudo pra mim. Eu não teria que resolver nada. Fique deitada aí, descanse um pouco. Tome seu soro. Cubra-se pois está frio. Estão trazendo o cobertor para você. Para mim. Só hoje queria que alguém me perguntasse "precisa de ajuda aí?". Porque o dia começou mal. E tende a terminar mal. E a espera pelo fim é cruel, ingrata. A perna começou a doer.
terça-feira, 14 de abril de 2009
O dia que nunca começa
Perdeu a hora. Percebeu pela ligação com o bom dia doce. Sua voz estava com o sabor amargo do sono, do acordar, para dizer a verdade. Não sabia que horas eram e, por longos minutos, preferia não saber. Mas o doce do bom dia fizeram-na correr para o chuveiro e engolir a saliva seca para o dia azul e quente que ansiava pela sua caminhada, pela corrida por colinas urbanas até o banquinho que já viu tanto - no meio da universidade, em frente às Letras.
Com os fones no ouvido atravessou toda a preguiça das primeiras horas do dia para encontrar o beijo do qual sente falta desde o segundo em que os lábios se desencostam até o próximo toque.
Não há lugar em que se sinta mais à vontade do que naquele banquinho. Mesmo sabendo que aquele não é seu lugar, que ela não se encaixa - mesmo - ali. Esperou ver os olhos verdes dele para saber que o dia podia não ser tão ruim.
Café com leite para aquecer o estômago e as pernas. Alguns sons que preferia não escutar, algumas coisas que machucam dentro, uma meia dúzia de lágrimas contidas, por alguns minutos, ao menos.
Quem sabe um dos últimos cigarros da sua vida - depois do fim do dia percebeu que não precisa tanto assim deles. Mas eles estavam ali, disponíveis e prontos para serem escolhidos, e acesos. Quando acabar o maço, vai parar...pelo menos deixá-los para eventos especiais.
'Se eu preciso chorar?'. Não segura mais as lágrimas, ficou tão fácil soltá-las no seu colo que ela deixou que rolassem, tentando acalmar as frustrações, as preocupações, a tristeza que atormenta um dia ou outro. Aceitou as palavras de conforto. Cansou de contradizer, contrariar. Aceitou que está a escolher entre dois caminhos na vida, e espera, enquanto tenta não pensar mais que precisa de um cigarro, que uma hora dessas se decide.
E agradece a doçura e gentileza. 'Obrigada'
Com os fones no ouvido atravessou toda a preguiça das primeiras horas do dia para encontrar o beijo do qual sente falta desde o segundo em que os lábios se desencostam até o próximo toque.
Não há lugar em que se sinta mais à vontade do que naquele banquinho. Mesmo sabendo que aquele não é seu lugar, que ela não se encaixa - mesmo - ali. Esperou ver os olhos verdes dele para saber que o dia podia não ser tão ruim.
Café com leite para aquecer o estômago e as pernas. Alguns sons que preferia não escutar, algumas coisas que machucam dentro, uma meia dúzia de lágrimas contidas, por alguns minutos, ao menos.
Quem sabe um dos últimos cigarros da sua vida - depois do fim do dia percebeu que não precisa tanto assim deles. Mas eles estavam ali, disponíveis e prontos para serem escolhidos, e acesos. Quando acabar o maço, vai parar...pelo menos deixá-los para eventos especiais.
'Se eu preciso chorar?'. Não segura mais as lágrimas, ficou tão fácil soltá-las no seu colo que ela deixou que rolassem, tentando acalmar as frustrações, as preocupações, a tristeza que atormenta um dia ou outro. Aceitou as palavras de conforto. Cansou de contradizer, contrariar. Aceitou que está a escolher entre dois caminhos na vida, e espera, enquanto tenta não pensar mais que precisa de um cigarro, que uma hora dessas se decide.
E agradece a doçura e gentileza. 'Obrigada'
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Smile
Smile though your heart is aching
Smile even though its breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
That's the time you must keep on trying
Smile, whats the use of crying
Youll find that life is still worthwhile
If you just smile
Smile even though its breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
That's the time you must keep on trying
Smile, whats the use of crying
Youll find that life is still worthwhile
If you just smile
segunda-feira, 30 de março de 2009
?Angústia?
Será que sobraram porquês a serem respondidos? Será que resta alguma dúvida, alguma lacuna, alguma observação não pensada anteriormente? Será que restam questões a serem expostas, às quais não teremos resposta? Será que deixaram alguma coisa passar, algum branco, algo não pensado?
Quanto mais textos mais dúvidas e, ao mesmo tempo e angustiantemente, a sensação de que todas elas já estão respondidas em algum lugar. Não vai sobrar nada para mim? Não vou responder nenhuma pergunta? Não vou pensar e apresentar algo novo? Não vou escrever nunca algo que não foi escrito previamente?
Não quero uma teoria do romance enquanto ainda tenho a idade de Lukács. Não quero nenhuma mimésis. Queria algo para ser o primeiro. Algo que fosse só meu, que eu tivesse elaborado sozinha, que não precisasse atrelar ao pensamento posto. Queria liberdade, desde que tivesse para onde voar.
Será que restam linhas e páginas e cadernos e capítulos? Será que ainda possa perguntar algo que não seja, no fundo, óbvio demais?
Sempre haverá resposta em algum lugar. Sempre haverá quem já terá pensado sobre tal ponto anteriormente, alguém que já terá escrito aquilo que quero escrever. Escrever sobre o que? Pensar sobre o que? Repetir modelos? Construir o já construído? Pensar numa bobagem qualquer que possa provar empiricamente o que foi pensado e estudado e elaborado e publicado?
Há algo que não tenha sido publicado? Algo que eu possa publicar?
Quanto mais textos mais dúvidas e, ao mesmo tempo e angustiantemente, a sensação de que todas elas já estão respondidas em algum lugar. Não vai sobrar nada para mim? Não vou responder nenhuma pergunta? Não vou pensar e apresentar algo novo? Não vou escrever nunca algo que não foi escrito previamente?
Não quero uma teoria do romance enquanto ainda tenho a idade de Lukács. Não quero nenhuma mimésis. Queria algo para ser o primeiro. Algo que fosse só meu, que eu tivesse elaborado sozinha, que não precisasse atrelar ao pensamento posto. Queria liberdade, desde que tivesse para onde voar.
Será que restam linhas e páginas e cadernos e capítulos? Será que ainda possa perguntar algo que não seja, no fundo, óbvio demais?
Sempre haverá resposta em algum lugar. Sempre haverá quem já terá pensado sobre tal ponto anteriormente, alguém que já terá escrito aquilo que quero escrever. Escrever sobre o que? Pensar sobre o que? Repetir modelos? Construir o já construído? Pensar numa bobagem qualquer que possa provar empiricamente o que foi pensado e estudado e elaborado e publicado?
Há algo que não tenha sido publicado? Algo que eu possa publicar?
sexta-feira, 20 de março de 2009
O Homem Redundância
Foi numa noite não muito quente de quinta-feira quando eu o avistei pela segunda vez. Assim como na primeira, fiquei com uma certa dúvida ridícula de confundir aquele senhor com ConCa. (Isso acontece frequentemente com meu pai. Para quem assiste à Cultura e conhece meu pai e Rolando Boldrin (googla lá) entende o que eu quero dizer. Fiquei achando que pudesse cometer o mesmo erro de tantos...chegar pertinho, falar o quanto eu admiro tudo o que ele faz e pimba...não era Conca.
Continuei andando, segurando forte o braço de Paulo. Boba, encantada, babando (quase literalmente). Aliás, o que parece tietagem besta quando na verdade o que eu gosto mais é do que ele escreve, como, o que diz, e que sabe como dizer. (if you know what i mean) Foi rápido, nossos olhos até se cruzaram (lógico, se uma louca estivesse olhando fixamente para você, pelo menos de canto de olho olharia para ela também - nem que não fosse por loucura).
Só depois que acabou é que eu pude compreender que aquela agitação toda era só a emoção de ver que todas as palavras saem dali. Que o discurso analítico-social-psicológico é de um senhor pequenino, cabelos grisalhos, com o andar tipicamente italiano (se você tem essa descendência e homens mais velhos na família compreende o que eu quero dizer), óculos pendurados no pescoço. Muito mais do que isso, e que já tinha visto por outros meios, ConCa é um autor vivo que escreve sobre este tempo com clareza e coerência que poucos 'artistas' são capazes de fazer.
Obrigada pelos textos, por organizar meus pensamentos, por garantir a mim, a cada texto, entrevista ou palestra, que a arrogância é mesmo um nojo, que a coerência é uma possibilidade real e que, entre tantas outras coisas, a simplicidade da forma não significa empobrecimento do discurso nem simplicidade de conteúdo. O abraço e o beijo que eu não dei dou agora, mesmo que virtualmente.
Continuei andando, segurando forte o braço de Paulo. Boba, encantada, babando (quase literalmente). Aliás, o que parece tietagem besta quando na verdade o que eu gosto mais é do que ele escreve, como, o que diz, e que sabe como dizer. (if you know what i mean) Foi rápido, nossos olhos até se cruzaram (lógico, se uma louca estivesse olhando fixamente para você, pelo menos de canto de olho olharia para ela também - nem que não fosse por loucura).
Só depois que acabou é que eu pude compreender que aquela agitação toda era só a emoção de ver que todas as palavras saem dali. Que o discurso analítico-social-psicológico é de um senhor pequenino, cabelos grisalhos, com o andar tipicamente italiano (se você tem essa descendência e homens mais velhos na família compreende o que eu quero dizer), óculos pendurados no pescoço. Muito mais do que isso, e que já tinha visto por outros meios, ConCa é um autor vivo que escreve sobre este tempo com clareza e coerência que poucos 'artistas' são capazes de fazer.
Obrigada pelos textos, por organizar meus pensamentos, por garantir a mim, a cada texto, entrevista ou palestra, que a arrogância é mesmo um nojo, que a coerência é uma possibilidade real e que, entre tantas outras coisas, a simplicidade da forma não significa empobrecimento do discurso nem simplicidade de conteúdo. O abraço e o beijo que eu não dei dou agora, mesmo que virtualmente.
CONTARDO CALLIGARIS - Ilustrada, Folha de São Paulo, 19 de Março de 2009.
Coisa de homens
Os atiradores parecem agir na tentativa desesperada de se levarem a sério
DUAS notícias na Folha de quinta passada. Em Wendlingen, Alemanha, Tim Kretschmer, 17, saiu de casa com uma Beretta 9 mm e 200 cartuchos. O pai do jovem colecionava armas, todas legais e bem guardadas, salvo a fatídica pistola, que estava na gaveta de um cria- do mudo.
Kretschmer matou 15 pessoas, no colégio do qual ele tinha sido aluno, ao longo da estrada e numa revenda de carros, onde ele, enfim, suicidou-se. Em sua grandíssima maioria, os alvos eram femininos. Kretschmer não tinha um rancor especial pela escola onde se formara e, campeão de tênis de mesa, não era marginalizado socialmente.
Em Kinston, Alabama, EUA, Michael McLendon, 28, matou dez pessoas, começando pela mãe. McLendon (com dois fuzis, uma pistola e uma espingarda) eliminou uma lista de parentes que, aparentemente, ele detestava. As autoridades declararam: "Ele não tinha sido demitido, não houve rompimento amoroso. Ele não tinha ficha criminal nem história de distúrbios mentais". Os assassinatos em massa já são uma tradição nos EUA (desde o massacre de Columbine, em 1999) e na Alemanha (desde o massacre de Erfurt, em 2002). Mas a epidemia começou na Escócia, em 1996, com a morte de 16 crianças e um professor (mais o assassino, suicida).
E houve duas manifestações na Finlândia (nove mortos em 2007 e 11 em 2008). Isso sem contar o Iêmen, em 1997, com a morte de seis crianças e dois adultos. Claro, a mídia facilita a identificação por contaminação: de país em país, o comportamento extremo de alguém se torna "exemplar" para outros. Mas isso não nos diz a razão da série, apenas explica sua possibilidade.
A cada vez, a gente se pergunta o que pode levar alguém a sair matando. Uma patologia? Um evento inadmissível? A sensação de uma exclusão irremediável? A história de cada atirador é diferente. Alguns eram de classe média, outros de classes menos favorecidas. Alguns pareciam ter um brilhante futuro, outros acabavam convencidos de que o mundo não era lugar para eles. Entre esses, havia os que execravam sua exclusão e os que a curtiam como se fosse um privilégio. Alguns sofriam de depressões ou transtornos mais graves, mas não todos.
Será, então, que a série de horrores corresponde a um traço cultural? E lá vamos nós, reinventando banalidades sobre o "horror" moderno. Seja como for, diante dos massacres, é difícil não procurar denominadores comuns. Por exemplo, esses gestos homicidas e suicidas são propositalmente públicos. Não se trata de alvejar os passantes a partir de uma janela escondida: a matança é teatral.
Como se, para os atiradores, encarnar o anjo da morte (dos outros e deles mesmos) fosse uma demonstração, uma prova, que deve valer aos olhos de todos. Uma prova de quê? Pois é, os atiradores são sempre homens. O que eles querem provar? A identidade da gente é um tecido de imagens incertas; nesse jogo de espelhos, há poucos atos "reais", que possam dizer a que viemos sem que seu sentido dependa do olhar dos outros.
Como dizia um psicanalista famoso, é possível que haja só dois atos dessa qualidade: dar à luz e morrer. Claro, para os "meninos" só sobraria morrer. Mas acrescento: morrer e, talvez, matar. Atrás da singularidade de suas razões, os atiradores parecem agir numa tentativa desesperada de se levarem a sério e de serem, enfim, levados a sério. Algo assim: "O mundo me desprezará, mas, diante de meu ato, não poderá negar que sou um "macho de respeito'".
Faz décadas que a masculinidade está doente: sofre de uma incerteza aguda sobre o que a demonstraria de maneira irrefutável. As máscaras masculinas herdadas do século 19 (do provedor de paletó ao garimpeiro) não bastam mais. Qual é a nova fronteira que é preciso desbravar para "ser" homem?
Na aurora da modernidade, Hegel escrevia que o desprendimento em encarar a morte era a marca do mestre. Depois de dois séculos higienistas, que fizeram a apologia da sobrevivência a qualquer custo, nestas décadas em que arriscar a vida num esporte extremo é apenas um entretenimento televisivo, talvez, aos olhos de alguns, a verdadeira marca do mestre pareça ser o desprendimento em matar.
Num dos romances de Jean-Patrick Manchette (não lembro mais qual), um jovem circula de carro pelo bulevar periférico de Paris. Ele carrega uma pistola e, enquanto dirige, sussurra: "Eu vou lhes mostrar que sou gente grande".
Os atiradores parecem agir na tentativa desesperada de se levarem a sério
DUAS notícias na Folha de quinta passada. Em Wendlingen, Alemanha, Tim Kretschmer, 17, saiu de casa com uma Beretta 9 mm e 200 cartuchos. O pai do jovem colecionava armas, todas legais e bem guardadas, salvo a fatídica pistola, que estava na gaveta de um cria- do mudo.
Kretschmer matou 15 pessoas, no colégio do qual ele tinha sido aluno, ao longo da estrada e numa revenda de carros, onde ele, enfim, suicidou-se. Em sua grandíssima maioria, os alvos eram femininos. Kretschmer não tinha um rancor especial pela escola onde se formara e, campeão de tênis de mesa, não era marginalizado socialmente.
Em Kinston, Alabama, EUA, Michael McLendon, 28, matou dez pessoas, começando pela mãe. McLendon (com dois fuzis, uma pistola e uma espingarda) eliminou uma lista de parentes que, aparentemente, ele detestava. As autoridades declararam: "Ele não tinha sido demitido, não houve rompimento amoroso. Ele não tinha ficha criminal nem história de distúrbios mentais". Os assassinatos em massa já são uma tradição nos EUA (desde o massacre de Columbine, em 1999) e na Alemanha (desde o massacre de Erfurt, em 2002). Mas a epidemia começou na Escócia, em 1996, com a morte de 16 crianças e um professor (mais o assassino, suicida).
E houve duas manifestações na Finlândia (nove mortos em 2007 e 11 em 2008). Isso sem contar o Iêmen, em 1997, com a morte de seis crianças e dois adultos. Claro, a mídia facilita a identificação por contaminação: de país em país, o comportamento extremo de alguém se torna "exemplar" para outros. Mas isso não nos diz a razão da série, apenas explica sua possibilidade.
A cada vez, a gente se pergunta o que pode levar alguém a sair matando. Uma patologia? Um evento inadmissível? A sensação de uma exclusão irremediável? A história de cada atirador é diferente. Alguns eram de classe média, outros de classes menos favorecidas. Alguns pareciam ter um brilhante futuro, outros acabavam convencidos de que o mundo não era lugar para eles. Entre esses, havia os que execravam sua exclusão e os que a curtiam como se fosse um privilégio. Alguns sofriam de depressões ou transtornos mais graves, mas não todos.
Será, então, que a série de horrores corresponde a um traço cultural? E lá vamos nós, reinventando banalidades sobre o "horror" moderno. Seja como for, diante dos massacres, é difícil não procurar denominadores comuns. Por exemplo, esses gestos homicidas e suicidas são propositalmente públicos. Não se trata de alvejar os passantes a partir de uma janela escondida: a matança é teatral.
Como se, para os atiradores, encarnar o anjo da morte (dos outros e deles mesmos) fosse uma demonstração, uma prova, que deve valer aos olhos de todos. Uma prova de quê? Pois é, os atiradores são sempre homens. O que eles querem provar? A identidade da gente é um tecido de imagens incertas; nesse jogo de espelhos, há poucos atos "reais", que possam dizer a que viemos sem que seu sentido dependa do olhar dos outros.
Como dizia um psicanalista famoso, é possível que haja só dois atos dessa qualidade: dar à luz e morrer. Claro, para os "meninos" só sobraria morrer. Mas acrescento: morrer e, talvez, matar. Atrás da singularidade de suas razões, os atiradores parecem agir numa tentativa desesperada de se levarem a sério e de serem, enfim, levados a sério. Algo assim: "O mundo me desprezará, mas, diante de meu ato, não poderá negar que sou um "macho de respeito'".
Faz décadas que a masculinidade está doente: sofre de uma incerteza aguda sobre o que a demonstraria de maneira irrefutável. As máscaras masculinas herdadas do século 19 (do provedor de paletó ao garimpeiro) não bastam mais. Qual é a nova fronteira que é preciso desbravar para "ser" homem?
Na aurora da modernidade, Hegel escrevia que o desprendimento em encarar a morte era a marca do mestre. Depois de dois séculos higienistas, que fizeram a apologia da sobrevivência a qualquer custo, nestas décadas em que arriscar a vida num esporte extremo é apenas um entretenimento televisivo, talvez, aos olhos de alguns, a verdadeira marca do mestre pareça ser o desprendimento em matar.
Num dos romances de Jean-Patrick Manchette (não lembro mais qual), um jovem circula de carro pelo bulevar periférico de Paris. Ele carrega uma pistola e, enquanto dirige, sussurra: "Eu vou lhes mostrar que sou gente grande".
segunda-feira, 9 de março de 2009
Vocabulary
O mundo cu-rporativo possui um léxico bastante específico, principalmente as cu-rporações digitais e seu envolvimento no competitivo seguimento de marketing. Este breve artigo tem por objetivo apontar as particularidades do discurso desse contexto e exibir as implicações nas relações sociais - de poder, e culturais.
A análise discursiva crítica de Michel Foucault apresenta o discurso como não somente o produto do contexto no qual é realizado mas como o 'produtor' de ideologias, significados e identidades. Sua teoria vai além, expondo o discurso como uma forma de controlar o que é produzido numa luta de poder sobre a enunciação através da realização em enunciados.
Bakhtin expõe que o enunciado é polifônico, ou seja, construído por diversas vozes, o que nos faz chegar à intertextualidade - todo discurso (enunciado, ou statement em inglês - enuncié em francês) é uma repetição de enunciados previamente realizados.
Para melhor expor as visões teóricas do que podemos chamar de Critical Discurse Analysis, movimento iniciado na França em resposta à análise descritiva feita até então, tomemos nosso objeto para apreciação prática do que foi exposto acima.
'A grande trend deste quarter é a mídia focada no mundo mobile. Possuímos um market share de 30%, o que nos dá um forecast de follow-up para otimizar o mercado através da união de adnertworkings. É uma tática que vem dando certo por agregar conteúdos de grandes veículos de comunicação. A equação é simples: os anunciantes vão atrás das trends. Com parceiros de peso e a vontade de se fazer presente numa mídia que se torna cada dia mais importante, o espaço publicitário mobile se valoriza.'
Pela teoria analítica de Foucault, o discurso é produto - repetido - mas também produtor de ideologias, identidades e significados. Produz e é produto da ideologia da globalização prevalecente,da comunicação global.O que está em questão fundamentalmente aqui é a lógica da política econômica global que está mobilizando os novos meios de comunicação e informação para criar um espaço extraterritorial de empresas, desafiando as realidades culturais e políticas do mundo real no qual vive a maioria nós.
A utilização de termos em inglês, predominantemente, por exemplo, é fruto da preocupação da globalização da informação. Mas, mesmo a estrutura do discuso proferido pelos publicitários marqueteiros em questão também segue um padrão, respondendo à exigência de se usar somente uma linguagem para a comuniação destinada a qualquer mercado. Com a 'multinacionalização' de empresas cada vez mais crescente, esse fenômeno linguístico espalha-se com o objetivo de unificar a mensagem e a estrutura dessa.
Esquecendo-se das particularidades de cada língua, de cada uso da língua, esse processo tende a ser empobrecedor, restringindo a possibilidade de expressão e engessando o uso nesse contexto. A polifonia acaba por não acrescentar nenhum novo valor ou significado a cada repetição do enunciado, esvaziando-o. O esvaziamento ocorre também no seguimento da identidade. Ou melhor, a identidade é somente 'decalcada', mas seus significados completamente perdidos.
O artigo não tinha intenção de ser sério, nem acadêmico. Sua estrutura seria uma forma de usar um discurso para criticar outro, o acadêmico contra o corporativo. The goal, infelizmente was not achieved. Somente escrevendo sobre um objeto podemos realize o quanto somos próximos daquilo que criticamos, de uma certa forma.
O discurso corporativo é somente um genre no meio de tantos outros que se perdem no vazio da repetição de ideias de terceiros, nas quais o autor da análise se perde e não responde ao proposto pelo trabalho. O summary, normalmente, acaba por ser somente um desejo não concretizado pelo paper.
Eu perdi o feeling para a crítica corporativa - graças às forças divinas - mas ainda tenho para a acadêmica. E digo mais, é o objeto que mais me interesso em criticar (adoro, in fact). No final das contas, o meu objetivo acabou virando mote para o que aqui se concretizou. Os letrólogos devem entender o que quis dizer. E, desculpe, mas se tiver que explicar acaba todo o encanto do desencantado texto.
A análise discursiva crítica de Michel Foucault apresenta o discurso como não somente o produto do contexto no qual é realizado mas como o 'produtor' de ideologias, significados e identidades. Sua teoria vai além, expondo o discurso como uma forma de controlar o que é produzido numa luta de poder sobre a enunciação através da realização em enunciados.
Bakhtin expõe que o enunciado é polifônico, ou seja, construído por diversas vozes, o que nos faz chegar à intertextualidade - todo discurso (enunciado, ou statement em inglês - enuncié em francês) é uma repetição de enunciados previamente realizados.
Para melhor expor as visões teóricas do que podemos chamar de Critical Discurse Analysis, movimento iniciado na França em resposta à análise descritiva feita até então, tomemos nosso objeto para apreciação prática do que foi exposto acima.
'A grande trend deste quarter é a mídia focada no mundo mobile. Possuímos um market share de 30%, o que nos dá um forecast de follow-up para otimizar o mercado através da união de adnertworkings. É uma tática que vem dando certo por agregar conteúdos de grandes veículos de comunicação. A equação é simples: os anunciantes vão atrás das trends. Com parceiros de peso e a vontade de se fazer presente numa mídia que se torna cada dia mais importante, o espaço publicitário mobile se valoriza.'
Pela teoria analítica de Foucault, o discurso é produto - repetido - mas também produtor de ideologias, identidades e significados. Produz e é produto da ideologia da globalização prevalecente,da comunicação global.O que está em questão fundamentalmente aqui é a lógica da política econômica global que está mobilizando os novos meios de comunicação e informação para criar um espaço extraterritorial de empresas, desafiando as realidades culturais e políticas do mundo real no qual vive a maioria nós.
A utilização de termos em inglês, predominantemente, por exemplo, é fruto da preocupação da globalização da informação. Mas, mesmo a estrutura do discuso proferido pelos publicitários marqueteiros em questão também segue um padrão, respondendo à exigência de se usar somente uma linguagem para a comuniação destinada a qualquer mercado. Com a 'multinacionalização' de empresas cada vez mais crescente, esse fenômeno linguístico espalha-se com o objetivo de unificar a mensagem e a estrutura dessa.
Esquecendo-se das particularidades de cada língua, de cada uso da língua, esse processo tende a ser empobrecedor, restringindo a possibilidade de expressão e engessando o uso nesse contexto. A polifonia acaba por não acrescentar nenhum novo valor ou significado a cada repetição do enunciado, esvaziando-o. O esvaziamento ocorre também no seguimento da identidade. Ou melhor, a identidade é somente 'decalcada', mas seus significados completamente perdidos.
O artigo não tinha intenção de ser sério, nem acadêmico. Sua estrutura seria uma forma de usar um discurso para criticar outro, o acadêmico contra o corporativo. The goal, infelizmente was not achieved. Somente escrevendo sobre um objeto podemos realize o quanto somos próximos daquilo que criticamos, de uma certa forma.
O discurso corporativo é somente um genre no meio de tantos outros que se perdem no vazio da repetição de ideias de terceiros, nas quais o autor da análise se perde e não responde ao proposto pelo trabalho. O summary, normalmente, acaba por ser somente um desejo não concretizado pelo paper.
Eu perdi o feeling para a crítica corporativa - graças às forças divinas - mas ainda tenho para a acadêmica. E digo mais, é o objeto que mais me interesso em criticar (adoro, in fact). No final das contas, o meu objetivo acabou virando mote para o que aqui se concretizou. Os letrólogos devem entender o que quis dizer. E, desculpe, mas se tiver que explicar acaba todo o encanto do desencantado texto.
Elogio da Somba - Borges
A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
A sorte de um amor tranquilo...well, almost!
2009 começou muito bem. Uma ótima continuação de 2008, que foi um ano de conquistas extremamente importantes na minha vida, de lições valiosas, de posicionamento profissional e pessoal, escolhas importantes, foco. Comecei o ano numa praia linda, numa cidade que eu adoro e que, por mais defeitos que eu encontre, eu sempre quero voltar. Pé na areia, descanso, enxergar o horizonte. Em São Paulo o horizonte é apenas metafórico. Já no Rio essa imagem se faz real e transforma o metafórico da cidade na concretude da imensidão do mar.
Aí voltei para a realidade da conta negativa, do trânsito da manhã, do computador, dos papéis bagunçados em cima da mesa e do amor. Descobri que ele existe da forma mais pura e sincera, que ele cresce com o tempo, que ele aperta com a distância, que ele dói gostoso com a felicidade. Descobri que o amor é leve, que é tranquilo, que ter aqueles olhinhos verdes ao meu lado trazem uma paz e uma vontade de fazer sempre mais.
Também descobri o valor das palavras. Estou aprendendo a dar valor a elas. Aprendendo que os sentimentos não são óbvios e que, por mais transparentes que tentemos ser, não há nada mais bonito do que encontrar palavras que tentem traduzir o que sentimos e como sentimos. E como isso é importante, sendo transmissor ou receptor da mensagem.
Mas, uma vez por mês, às vezes até menos do que isso, durante um ou dois dias, que infelizmente sempre caem no final de semana, eu sou atacada por uma deprê, um desânimo, uma carência extrema, fico cheia de manha, chorosa, completamente louca. Com isso, todo o meu amor sofre com a impaciência contraditória de quem já mostrou ser descendente de Jó (mas que no fundo sempre foi ansiosa, só aprendeu a controlar).
Durante dois dias eu duvido de tudo que foi descrito acima, eu esqueço de tudo o que aconteceu, eu quase me desespero. São dias difíceis na vida de uma mulher. São dias que a gente mostra o quanto somos desequilibradas, mesmo afirmando o contrário no resto do mês.
Depois que esses dias passam, fico com uma ressaca de TPM. Fico me achando exagerada (e não é por menos), fico querendo 'consertar' a merda daquela outra mulher insana que toma conta de mim durante o final de semana. Aquela mulher insegura, chata, pegajosa. 28 dias no mês na maior tranquilidade, paciência e liberdade para ter ressaca de dias por causa de um final de semana incorporada pela personificação do pesadelo. Impressionante é que quanto mais segura eu estou em relação às minhas escolhas, a minha vida, ao meu amor, mais insegura eu fico nesses dois dias de terror. Uma relação diretamente proporcional.
E agora passou. Além disso, descobri um remédio ótimo para estresse e ansiedade, e mês que vem espero que esses dois dias não sejam desperdiçados com nóia que não pertence a mim (de jeito nenhum).
Aí voltei para a realidade da conta negativa, do trânsito da manhã, do computador, dos papéis bagunçados em cima da mesa e do amor. Descobri que ele existe da forma mais pura e sincera, que ele cresce com o tempo, que ele aperta com a distância, que ele dói gostoso com a felicidade. Descobri que o amor é leve, que é tranquilo, que ter aqueles olhinhos verdes ao meu lado trazem uma paz e uma vontade de fazer sempre mais.
Também descobri o valor das palavras. Estou aprendendo a dar valor a elas. Aprendendo que os sentimentos não são óbvios e que, por mais transparentes que tentemos ser, não há nada mais bonito do que encontrar palavras que tentem traduzir o que sentimos e como sentimos. E como isso é importante, sendo transmissor ou receptor da mensagem.
Mas, uma vez por mês, às vezes até menos do que isso, durante um ou dois dias, que infelizmente sempre caem no final de semana, eu sou atacada por uma deprê, um desânimo, uma carência extrema, fico cheia de manha, chorosa, completamente louca. Com isso, todo o meu amor sofre com a impaciência contraditória de quem já mostrou ser descendente de Jó (mas que no fundo sempre foi ansiosa, só aprendeu a controlar).
Durante dois dias eu duvido de tudo que foi descrito acima, eu esqueço de tudo o que aconteceu, eu quase me desespero. São dias difíceis na vida de uma mulher. São dias que a gente mostra o quanto somos desequilibradas, mesmo afirmando o contrário no resto do mês.
Depois que esses dias passam, fico com uma ressaca de TPM. Fico me achando exagerada (e não é por menos), fico querendo 'consertar' a merda daquela outra mulher insana que toma conta de mim durante o final de semana. Aquela mulher insegura, chata, pegajosa. 28 dias no mês na maior tranquilidade, paciência e liberdade para ter ressaca de dias por causa de um final de semana incorporada pela personificação do pesadelo. Impressionante é que quanto mais segura eu estou em relação às minhas escolhas, a minha vida, ao meu amor, mais insegura eu fico nesses dois dias de terror. Uma relação diretamente proporcional.
E agora passou. Além disso, descobri um remédio ótimo para estresse e ansiedade, e mês que vem espero que esses dois dias não sejam desperdiçados com nóia que não pertence a mim (de jeito nenhum).
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