quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Oscar no Carnaval

Estava calor. Sim. E muito. 'Pular' o carnaval no interior, cidade natal e casa de Paulo, no sertão de São Paulo. SoroHell! Soroheaven! A casa de campo que todo mundo sonha. Aquela que tem um sofá ou cama perto da janela, de onde, deitados, vocês podem ver o céu. Final de tarde razoavelmente quente, mas com vento e talvez uma chuva rápida para refrescar a sessão de cinema que vocês prepararam em casa, na cama, ou que vão enfrentar no novo minishopping pertinho de lá. Aquele em frente à praça, perto do coreto, do lado do restaurante árabe que realmente traz delícias do oriente. Casa de campo cheia de frutas, com samba na outra sala, carinho e as melhores conversas e o por do sol alaranjado visto lá do alto.

E estivemos também em tardes na piscina e compartilhamos a experiência do convescote interiorano, o afamado churrasco. Pão de queijo tarde da noite, sorvetes e tudo devidamente controlado pela eterna vigilância do meu peso.

Fora o amor e o calor, o feriado se concentrou no Oscar. Novamente tomada pela magia do cinema e pela obsessão de assistir a todos os indicados pelo menos para melhor filme até domingo, controlei cada passo cinematográfico para que pudéssemos avançar na enorme (não parece, mas é) lista de 9 concorrentes.

Começamos com The Artist, The Iron Lady e parte do Moneyball. O primeiro me atraiu pela simplicidade, pela nostalgia, pelo trabalho bem-feito de atores que devem se expressar sem palavras. O filme mudo trabalha excessos para compensar a falta dos diálogos. E nunca se sentiu falta deles nessas obras. O Artista tenta mostrar a importância que esses filmes tiveram para a história da sétima arte. Com 10 indicações ao Oscar, parece que a academia esperava que o foco se distanciasse um pouco dos efeitos especiais/tecnologia e se aproximasse mais da história. Ou como disse Scorcese, diretor de outro filme que discorre sobre o mesmo tema e que também concorre nessa categoria, o cinema antes tinha um significado para a sociedade.



The Iron Lady me incomodou um pouco. A Meryl Streep está ótima, como sempre. Espara-se que ela ganhe o pequeno homem dourado. Tem a Glenn maravilhosa no papel da mulher que se trasveste de homem e chega na meia idade sem saber mais ao certo quem é. Também incrível, dizem. Mas a Margaret tá coisa de louco. O problema é que eu fiquei com a impressão que o filme diz 'não fosse o marido rico, uma das mulheres mais importantes do século passado, por mais que a gente a deteste, não chegaria onde chegou.' Sabe? Então. Idosa e com problemas para deixar o marido morto partir rumo à luz, ela recorda seus feitos durante a década que governou a Inglaterra. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas é bom prestar atenção. As inserções do marido querido, por mais românticas em alguns casos, pareceram-me pouco inocentes. Claro que, quando a dama entrou para a política, ainda mais sendo filha de comerciante, não tivesse casado com o moço rico e bem formado academicamente, teria mais dificuldade para entrar nesse mundo fechado. Mas...não sei se gostei do foco.



Moneyball é um filme basicamente sobre baseball. Brad Pitt, indicado a melhor ator, vive Billy Beane, gerente de um time sem muito dinheiro que mudou a forma de ver o esporte a partir de técnicas de probabilidade e ranking. É melhor você assistir para entender. Mas o lance é o seguinte. O baseball é do mais injustos esportes americanos. Não há teto salarial e quem pagar mais leva o melhor jogador. Você vai dizer que o mundo é assim, mas o Football e mesmo o Basketball não vivem dessa maneira. Há um sistema que garante que todos os times tenham a mesma chance de contratar astros e rechear seu grupo com os melhores. No basebaal, essas regras não existem. Com um time pobrinho perdendo astros, Billy encontra um economista que o ajuda a criar uma outra maneira de procurar 'estrelas'. E o filme é sobre essa incrível descoberta. Bonito. Interessante. Se você tiver interesse sobre baseball ou se quiser ver o Brad Pitt bonitão e mau humorado. Eu tive por meio filme. Quem sabe ainda dou mais uma chance à outra metade.



Ainda fiquei com The Separation, Hugo e Extremely Loud and Incredibly Close, temas do próximo post. E Midnight in Paris já tinha sido muito bem aproveitado numa sala de cinema, assim como The Tree of Life, não tão bem aproveitado. Ou melhor dizendo, horas não tão bem aproveitadas.

Continuo em texto separado para não cansar seus olhos, caro leitor. Ainda mais com o fim do carnaval, o início oficial do ano, das aulas, do trabalho, dos estudos e das resoluções de ano novo (lembre-se que são somente duas).

Voltar de Sorocaba na quarta de cinzas, deixar a casa de campo, o coisinho e o cinema improvisado no quarto já tem gosto de saudade. Mas também é uma ótima maneira de começar um ano olhando para o céu, procurando mais desse por do sol alaranjado e esperar a chuva para refrescar.

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