Ela era um pouco mais nova do que ele. Aquele ar de patricinha não assustara o menino rock'n'roll. Não, ele barbudo e sedutor, havia sido seduzido pelo sorriso solto e por algumas poucas bobagens que escutava dela.
Fora arrastado para um mundo que não o seu. Fora levado para longe das agitações do seu mundo familiar. Arrastara poucos amigos com ele. Faria amizade com os 'namoridos', designação dos namoradinhos das amigas dela, e que não suportava mais escutar.
Encantado, postava fotos dos dois em seu fotolog, que bombava de recados dela, apaixonada. No dela, declarações de amizade às amigas, saudações aos novos integrantes daquele grupo que agora recebia os membros masculinos e vibrava com tanto que já haviam vivido. Tanto aos 20 e poucos anos será ridículo em 4 ou cinco para frente.
Seu desajuste naquele mundo cor-de-rosa, aquela bahia falante, personificada, foi se intensificando pouco a pouco em crises de ciúmes, em confusões de personalidade e tudo o que ele ainda não havia visto naquela menina, ia tornando-se cada vez mais evidente, chegando a apontar o dedo e rir de tal engano.
Procurou no passado, na menina de cabelos lisos, nas noites de esbórnia o que talvez as baladas com a patricinha não haviam proporcionado. Esqueceu-se de que as mulheres não mudam radicalmente em poucos meses. E quando mudam, rejeitam o passado, ignoram o que já foi, riem das atitudes que agora, mudadas, parecem ridículas.
Agora desabafa seu cetismo com um amiga do outro lado da tela. Uma amiga quase que só virtual, que não aconselha, porque se recusa a fazê-lo, mas tenta o outro lado da história, mostrar a ele que meninas são meninas, e garotos, sempre tão espertos, perto de uma mulher, são só garotos.