segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Desventura de Viver

Clara passava o dia com a melodia de 'Eu sei q vou te amar' na cabeça. Cantarolava sempre que respirava de boca aberta, sentia cada palavra de amor, de sofrimento. Chorava. De óculos escuros ninguém podia ver as lágrimas que escorriam de seus olhos, pela sua face, até que brilhavam na ponta de seus lábios pintados de batom cor-de-rosa.

'Eu sei que vou sofrer
a eterna desventura de viver
a espera de viver ao lado teu
por toda minha vida'

Sabia o que essas palavras significam dentro do seu peito, nos poros de sua pele, nos pêlos de suas costas, em sua espinha, nos cabelos que se arrepiavam ao lembrar de seus olhos profundos nos seus.

Sabia que cada verso seu seria para dizer-lhe que ia, e sabia que ia, amá-lo por toda sua vida. Ouvia as notas do piano soarem dentro de seu corpo, vibrando junto com seu sangue que esquentava e corria por suas veias e artérias levando toda a sensação de tê-lo perto, dentro, em cada pedaço de si mesma.

Chorava a cada ausência de seus olhos, de seu corpo. A volta apagava sempre tudo o que sua ausência causava. Dizia sim. Era levada por suas mãos, deitava sua cabeça no ombro encolhido, sentia a esquisitice, estranheza de seus pensamentos. Ouvia de longe. O som todo era abafado por toda a alegria, a ofegangte epidemia de tê-lo por segundos ao seu lado.

Despedia-se apreensiva, dolorida, temerosa. Sabia que suas ausências seriam sempre mais longas que a volta para junto dela. Sabia que a angústia ia sempre ser mais do que a febre de se controlar ao acariciar seus cabelos, seu rosto, sua pele.

Seus olhos lambiam palavras em livros, em cadernos, nas carícias virtuais que se acumulavam em sua caixa de e-mail. Seus dedos corriam em folhas em branco, em telas em branco e enchiam de palavras linhas e linhas de paixão.

Continuava cantarolando 'eu sei que vou te amar'. Continuava com a certeza incerta de pedidos e promessas. Continuava com o medo e a coragem de quem ama, de quem espera.

8 comentários:

Anônimo disse...

E se tudo fosse vivido?
Escreveria algo diferente?

Enquanto isso você inventa, reinventa, desinventa o que são.

Anônimo disse...

Mari.. que triste..
"por toda a minha vida" é muito tempo...
beijos

Marina Pavelosk Migliacci disse...

a música diz "por toda a minha vida"
é uma historinha berincando com a música...
:P

alcides disse...

Do amor, talvez Clara devesse aproveitar o prazer. Sentimento que deve ser descoberto, mas ausente de dor do corpo e da alma.

Você está tão longe
que às vezes penso
que nem existo
nem fale em amor
que amor é isto
— Paulo Leminski

alcides disse...

Enfim acho que não seja sentimento, mas sensação, mas acho que dá pra entender, né?
Sei lá.
Beijocas

Marina Pavelosk Migliacci disse...

oee!!!
não entendi não!
eu fiz uma brincadeirinha com a música só. Acho a música exagerada. mas não é assim q a gente fica qd apaixonado? acho q sim. sei lá.
tudo meio desmedido, as dores nos estômago, formigamento...isso tudo acaba por aumentar um pouco a 'tragédia' de se apaixonar por alguém. (entre várias aspas...rs).
Clara é menina. e meninas exageram demais na dose. amam mais do que realmente amam.

Anônimo disse...

Quando a gente se apaixona, ama, a gente é totalmente exagerado mesmo. Dói esperar, aguardar, ficar sem ver, nem que sejam 20 minutos é exagero mesmo!
Quando acaba, o mundo parace que vai acabar tb rs mas aí a gente encontra um outro e esquece o que passou rs. Comentários apaixonantes, rs. Genteee menos!

Anônimo disse...

troque Clara por Michelle. Fará mais sentido...