sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Cativar
verbo
transitivo direto, bitransitivo e pronominal
1 tornar(-se) cativo; prender(-se) física ou moralmente a; sujeitar(-se)
Ex.:
transitivo direto
2 Derivação: sentido figurado.
guardar em seu poder; reter, conservar
Ex.: seus olhos cativavam a luz da manhã
transitivo direto
3 Derivação: sentido figurado.
obter a simpatia ou o amor de; seduzir; atrair
Ex.: procurou c. o patrão com pequenos obséquios
pronominal
4 Derivação: sentido figurado.
ficar encantado com; enamorar-se, apaixonar-se
Ex.: cativou-se da mulher do sócio
transitivo direto, bitransitivo e pronominal
1 tornar(-se) cativo; prender(-se) física ou moralmente a; sujeitar(-se)
Ex.:
transitivo direto
2 Derivação: sentido figurado.
guardar em seu poder; reter, conservar
Ex.: seus olhos cativavam a luz da manhã
transitivo direto
3 Derivação: sentido figurado.
obter a simpatia ou o amor de; seduzir; atrair
Ex.: procurou c. o patrão com pequenos obséquios
pronominal
4 Derivação: sentido figurado.
ficar encantado com; enamorar-se, apaixonar-se
Ex.: cativou-se da mulher do sócio
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
12 de Novembro de 2008
Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida ‚ nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida ‚ nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
A Dor em Capítulos - I
Eu vi meu sobrinho na calçada oposta e brequei. Meu pé afundava-se no acelerador e eu ia estourar o muro se não tivesse encontrado os olhos de Pedro do outro lado da rua. Eu ia dar um fim na loucura dolorida que apertava meu peito há 20 anos. Iria deixar entre o muro e o poste toda a obsessão, a doença chamada Carlos.
'Entra aqui' gritei a ele. Gritei implorando ajuda. Meus olhos devem ter assustado o garoto. Olhos vermelhos, inchados de tristeza, de incerteza, de amargura. Gritei pela minha vida, que já não era minha, que já escorria pelas minhas mãos, já doía a culpa da minha recente intenção.
Minha morte seria talvez uma forma de limpar tanta mágoa, humilhação. Apagaria de dentro de mim, que não existiria mais. Eu não seria mais nada do que um corpo preso entre a lataria daquele carro velho, acabado, enferrujado.
Dei a volta no quarteirão e peguei a estrada para o sítio. Voltava correndo no dia azul, aberto para o abraço da minha irmã, para o meu quarto sozinho, vazio. O verde que beirava a estrada me levava para aquele dia no bar do centro, aquele dia que encontrei na boca daquele homem as palavras que esperei escutar e o olhar que esperei para me atirar.
Eu tinha acabado de fazer aniversário - 35 anos. Uma jovem, nem tanto, mulher solteira numa cidade pequena do interior. Uma mulher que já havia sido abandonada no altar, que já havia ouvido promessas para toda a vida e que agora bebia numa mesa de um bar, sozinha, comemorando a decepção de uma vida insatisfeita.
Tinha visto-o encostado no bar pedindo bebidas. Vagarosamente aproximava-se da minha mesa. 'Posso sentar com você?' 'Claro, por favor'. Retirei correndo minha pequena bolsa vermelha de cima da mesa derrubando meu copo de uísque. Desastre. 'Desculpa' 'Imagina, deixa eu te ajudar'. Enquanto nossas mãos secavam todo o meu desconserto eu suava e respirava forte, no ritmo da minha ansiedade.
Recusei suas mãos mas aceitei o presente de seus beijos. Um doce para equilibrar a acidez da idade 'avançada'. Fiquei sentada no chevette velho com perfume de rosas olhando para o vazio do estacionamento. Algumas imagens pareciam-me mais brilhantes, mais nítidas e, se me permitem a pieguice, mais coloridas.
'Entra aqui' gritei a ele. Gritei implorando ajuda. Meus olhos devem ter assustado o garoto. Olhos vermelhos, inchados de tristeza, de incerteza, de amargura. Gritei pela minha vida, que já não era minha, que já escorria pelas minhas mãos, já doía a culpa da minha recente intenção.
Minha morte seria talvez uma forma de limpar tanta mágoa, humilhação. Apagaria de dentro de mim, que não existiria mais. Eu não seria mais nada do que um corpo preso entre a lataria daquele carro velho, acabado, enferrujado.
Dei a volta no quarteirão e peguei a estrada para o sítio. Voltava correndo no dia azul, aberto para o abraço da minha irmã, para o meu quarto sozinho, vazio. O verde que beirava a estrada me levava para aquele dia no bar do centro, aquele dia que encontrei na boca daquele homem as palavras que esperei escutar e o olhar que esperei para me atirar.
Eu tinha acabado de fazer aniversário - 35 anos. Uma jovem, nem tanto, mulher solteira numa cidade pequena do interior. Uma mulher que já havia sido abandonada no altar, que já havia ouvido promessas para toda a vida e que agora bebia numa mesa de um bar, sozinha, comemorando a decepção de uma vida insatisfeita.
Tinha visto-o encostado no bar pedindo bebidas. Vagarosamente aproximava-se da minha mesa. 'Posso sentar com você?' 'Claro, por favor'. Retirei correndo minha pequena bolsa vermelha de cima da mesa derrubando meu copo de uísque. Desastre. 'Desculpa' 'Imagina, deixa eu te ajudar'. Enquanto nossas mãos secavam todo o meu desconserto eu suava e respirava forte, no ritmo da minha ansiedade.
Recusei suas mãos mas aceitei o presente de seus beijos. Um doce para equilibrar a acidez da idade 'avançada'. Fiquei sentada no chevette velho com perfume de rosas olhando para o vazio do estacionamento. Algumas imagens pareciam-me mais brilhantes, mais nítidas e, se me permitem a pieguice, mais coloridas.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Conversa de Elevador
O tempo tá demais. Um dia tá calor, no outro tá frio. Você acorda nublado, passa pelo efeito cebola, sofre de calor na hora do almoço e volta à noite para casa se perguntando se estamos realmente em outubro.
E aí a crise, você vê? As pessoas perdendo as casas. É, a mentira americana uma dia ia das com os burros n'água. Tem gente morando dentro do carro, você viu isso? Uma loucura. Não tá fácil para ninguém. O que é notícia de Datena's por aqui, virou uma realidade da dita classe média lá. Perdendo tudo...um pecado, viu?
Aqui o preço dos alimentos...tudo sobe e nada desce. Sair para comer em São Paulo? Como pode né? E as 'criança' em casa, a escola, a natação...tá tudo pela hora da morte. Uma loucura. As 'conta' 'pendurada' na porta da geladeira e eu digo 'olhe a situação da sua mãe do seu pai....vá apagar a luz! você pensa que eu sou sócio da eletropaulo?'
Você vê o trânsito dessa cidade? Um dia pára. Olha...São Paulo, ame-a ou deixe-a, como se diz, né? E a vida do ouro lado da ponte. Ah, tão difícil atravessá-la. Não tá fácil.
ps....minha falta de assunto e minha homenagem a estas conversas vazias e tão divertidas.
E aí a crise, você vê? As pessoas perdendo as casas. É, a mentira americana uma dia ia das com os burros n'água. Tem gente morando dentro do carro, você viu isso? Uma loucura. Não tá fácil para ninguém. O que é notícia de Datena's por aqui, virou uma realidade da dita classe média lá. Perdendo tudo...um pecado, viu?
Aqui o preço dos alimentos...tudo sobe e nada desce. Sair para comer em São Paulo? Como pode né? E as 'criança' em casa, a escola, a natação...tá tudo pela hora da morte. Uma loucura. As 'conta' 'pendurada' na porta da geladeira e eu digo 'olhe a situação da sua mãe do seu pai....vá apagar a luz! você pensa que eu sou sócio da eletropaulo?'
Você vê o trânsito dessa cidade? Um dia pára. Olha...São Paulo, ame-a ou deixe-a, como se diz, né? E a vida do ouro lado da ponte. Ah, tão difícil atravessá-la. Não tá fácil.
ps....minha falta de assunto e minha homenagem a estas conversas vazias e tão divertidas.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Sutiã - Deus o Abençoe
Há alguns - muitos - meses, eu resolvi que não iria mais usar esse estilingue ao redor do meu corpo, prendendo meus seios, levantando-os. Comprei tops e usava esse artigo do vestuário 'esportivo' todos os dias, com (quase) todas as minhas roupas e em todos os lugares.
Aí que eu cansei do efeito estético proporcionado por ele. Ontem, com meu real payment, comprei alguns presentes para mim mesma, e entre eles estava 'o sutiã'.
Agora, deslumbrada como se fosse o meu primeiro, fico imaginando porque nunca tinha usado esse modelo 'potente', turbinador, ultra delícia e confortável antes. E como, por deus, fiquei tantos meses com o colo achatado de uma pessoa breastless?
Eu gosto dos básicos. Detesto renda, que me dá uma alergia danada. Gosto de algodão, mas tudo bem se for outro tecido, desde que não 100% sintético. Os sintéticos não deixam a pele respirar, e mais alergia.
Não gosto de estampas, desenhos, mas se for listrado (as calcinhas, principalmente) pode ser. Aliás, adoro calcinhas de algodão com pouca lycra, listradinhas. É tão bonitinho, um pouco coloridinho.
Mas o sutiã é um artigo de poder. Como deixar de usá-lo? Não um poder sexual, somente. O que pode ser bem interessante também (as nazi-feministas que me perdoem). Mas não. O sutiã proporciona à mulher uma atitude mais confortável consigo mesma, auto-estima para dar segurança aos seus atos e decisões.
Mas aí que foi o conforto que me fez mudar dele para o top (mais leve, mais livre).
A minha conclusão é que não dá para usá-lo todos os dias, em todos os contextos. Mesmo porque todo esse sentimento de auto-estima/arraso/delícia acaba se desfazendo com a banalização do uso. Afinal, você pode estar com o turbinador mais potente do mercado, mas se não tiver um conteúdo 'bem-resolvido' e satisfeito, não há lycra que resolva seu problema.
Aí que eu cansei do efeito estético proporcionado por ele. Ontem, com meu real payment, comprei alguns presentes para mim mesma, e entre eles estava 'o sutiã'.
Agora, deslumbrada como se fosse o meu primeiro, fico imaginando porque nunca tinha usado esse modelo 'potente', turbinador, ultra delícia e confortável antes. E como, por deus, fiquei tantos meses com o colo achatado de uma pessoa breastless?
Eu gosto dos básicos. Detesto renda, que me dá uma alergia danada. Gosto de algodão, mas tudo bem se for outro tecido, desde que não 100% sintético. Os sintéticos não deixam a pele respirar, e mais alergia.
Não gosto de estampas, desenhos, mas se for listrado (as calcinhas, principalmente) pode ser. Aliás, adoro calcinhas de algodão com pouca lycra, listradinhas. É tão bonitinho, um pouco coloridinho.
Mas o sutiã é um artigo de poder. Como deixar de usá-lo? Não um poder sexual, somente. O que pode ser bem interessante também (as nazi-feministas que me perdoem). Mas não. O sutiã proporciona à mulher uma atitude mais confortável consigo mesma, auto-estima para dar segurança aos seus atos e decisões.
Mas aí que foi o conforto que me fez mudar dele para o top (mais leve, mais livre).
A minha conclusão é que não dá para usá-lo todos os dias, em todos os contextos. Mesmo porque todo esse sentimento de auto-estima/arraso/delícia acaba se desfazendo com a banalização do uso. Afinal, você pode estar com o turbinador mais potente do mercado, mas se não tiver um conteúdo 'bem-resolvido' e satisfeito, não há lycra que resolva seu problema.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Cadê?
Eu tenho lido minhas coisas de novo...releitura de mim mesma. Eu realmente não sei de onde tiro algumas 'melodices' que viram textos. São sempre mulheres encantadas, exageradas, apaixonadas, desesperadas, com milhões de olhares que só denunciam o quanto são frágeis, vulneráveis, de outros e não delas mesmas.
Eu não sei de onde tiro isso tudo porque talvez não me identifique com nenhuma dessas imagens que transcrevo. Talvez. Não tenho essa imagem de mim, apesar de usar todos esses adjetivos quando penso sobre mim mesma. Mas a imagem que sustento (mesmo que sem querer, ou mesmo não querendo) de mim é de quase uma pedra. Uma pessoa distante, azeda, irônica.
E talvez eu possa ser tudo dos dois parágrafos, mas talvez não caibam em mim as mulheres sobre as quais escrevo. Ou eu não caibo nelas. Eu não tenho esse olhar, apesar do encantamento, apesar da paixão, apesar...
Eu também não sou só o segundo parágrafo, apesar dos comentários molhados de um pouco de dor, impregnados de crise, de falta ou excesso de identidade. Talvez o meu distanciamento seja uma fachada, talvez eu me sinta mal de ver o quanto essas mulheres têm de mim, ou o quanto eu tenho delas. Elas são bobas, são bestas, são quase o oposto do que eu realmente acredito ser.
Eu prefiro o azedume às bobagens meladas de inocência. Apesar de defender a inocência como algo imprescindível para o bem viver. Ao mesmo tempo que com a inôcencia, somente com ela, o bem viver não se estabelece.
Eu vou parar com as ficções. Talvez só por um tempo, talvez pelo cansaço, talvez pelo medo de repetir essas imagens em quartos com garrafas de vinho. Vou tentar a realidade, qua talvez me ajude a chegar numa mulher mais próxima a mim ou que talvez me distancie completamente.
Eu quero um texto mais longe de mim. Eu quero um que não me confunda com o tema, com o enredo, com as cenas. Um texto que não me reconheça e no qual eu não seja reconhecida. Pelo menos que não seja reconhecida no conteúdo. Por isso, mais realidade e menos repetição de invencionices.
Eu posso desistir de tudo isso. Por enquanto, fico com a relativização do mundo dito real, porque, segundo o guru Leary: a realidade é apenas uma opinião.
ps. escrevi em crise...um pouco antes de resolver mudar de casa. não vou largar a ficção, só tentar encontrar uma outra forma de expressá-la. E também não prefiro o azedume às bobagens meladas e inocentes.
Eu não sei de onde tiro isso tudo porque talvez não me identifique com nenhuma dessas imagens que transcrevo. Talvez. Não tenho essa imagem de mim, apesar de usar todos esses adjetivos quando penso sobre mim mesma. Mas a imagem que sustento (mesmo que sem querer, ou mesmo não querendo) de mim é de quase uma pedra. Uma pessoa distante, azeda, irônica.
E talvez eu possa ser tudo dos dois parágrafos, mas talvez não caibam em mim as mulheres sobre as quais escrevo. Ou eu não caibo nelas. Eu não tenho esse olhar, apesar do encantamento, apesar da paixão, apesar...
Eu também não sou só o segundo parágrafo, apesar dos comentários molhados de um pouco de dor, impregnados de crise, de falta ou excesso de identidade. Talvez o meu distanciamento seja uma fachada, talvez eu me sinta mal de ver o quanto essas mulheres têm de mim, ou o quanto eu tenho delas. Elas são bobas, são bestas, são quase o oposto do que eu realmente acredito ser.
Eu prefiro o azedume às bobagens meladas de inocência. Apesar de defender a inocência como algo imprescindível para o bem viver. Ao mesmo tempo que com a inôcencia, somente com ela, o bem viver não se estabelece.
Eu vou parar com as ficções. Talvez só por um tempo, talvez pelo cansaço, talvez pelo medo de repetir essas imagens em quartos com garrafas de vinho. Vou tentar a realidade, qua talvez me ajude a chegar numa mulher mais próxima a mim ou que talvez me distancie completamente.
Eu quero um texto mais longe de mim. Eu quero um que não me confunda com o tema, com o enredo, com as cenas. Um texto que não me reconheça e no qual eu não seja reconhecida. Pelo menos que não seja reconhecida no conteúdo. Por isso, mais realidade e menos repetição de invencionices.
Eu posso desistir de tudo isso. Por enquanto, fico com a relativização do mundo dito real, porque, segundo o guru Leary: a realidade é apenas uma opinião.
ps. escrevi em crise...um pouco antes de resolver mudar de casa. não vou largar a ficção, só tentar encontrar uma outra forma de expressá-la. E também não prefiro o azedume às bobagens meladas e inocentes.
Drummond e a Língua Portuguesa
Aula de português
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Acomodava os livros em cima da mesa, ao lado uma caixa de giz branco e alguns pedaços perdidos de giz colorido, o apagador. Retirava da mochila os óculos e escondia sua insegurança atrás das lentes. Tïnha uma caneta vermelha, uma azul e um pequeno lápis...acreditava na sorte que ele dava para ela.
Silvia olhava o rosto daquela dezena de meninos e meninas e seus olhos faziam-na acreditar que eram centenas, milhares de rostinhos que ameaçavam sua fala entre gaguejos e tremedeiras.
Era sua primeira vez sozinha. Era a primeira vez em que encararia aquele grupo tão grande de pequenos ameaçadores. Pequenos vilões, pequenas crianças. Sentia-se do tamanho delas enquanto eles olhavam par cima para encontrar a aula da tal nova professora.
Um por vez, todos os nomes, todas as histórias de férias, todos com 11 anos.
Aula de português ...
um poema do Drummond, atividades na ponta da língua, na superfície estrelada de letras...
'sabe lá o que ela quer dizer?'
Todas atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me...
Certa gritaria, alguna papéis voando, algumas risadas, desentendimentos, desespero. Sentava em frente ao menino de boné verde, olhava-o fundo nos olhos sem pronunciar uma palavra. Olhava como se olhava para si própria, nã diziam uma só palavra, não reclamaria, não começaria sermões. Levantava-se e corria para ajuda da poesia. Sentia-se atacada, ofendida. Podia sair correndo, podia não dizer, nem ler. O poema diria sozinho:
Já esqueci a língua em que comia...
a língua, breve língua entrecortada.
O português são dois; o outro, mistério.
ps. vou escrevendo umas coisas e guardando. tenho um monte de histórias começadas e guardadas na caixa de postagens. essa é uma de meses atrás. nem gostei muito, talvez por isso não tenha postado, mas lá vai. dos meus tempos de professorinha.
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Acomodava os livros em cima da mesa, ao lado uma caixa de giz branco e alguns pedaços perdidos de giz colorido, o apagador. Retirava da mochila os óculos e escondia sua insegurança atrás das lentes. Tïnha uma caneta vermelha, uma azul e um pequeno lápis...acreditava na sorte que ele dava para ela.
Silvia olhava o rosto daquela dezena de meninos e meninas e seus olhos faziam-na acreditar que eram centenas, milhares de rostinhos que ameaçavam sua fala entre gaguejos e tremedeiras.
Era sua primeira vez sozinha. Era a primeira vez em que encararia aquele grupo tão grande de pequenos ameaçadores. Pequenos vilões, pequenas crianças. Sentia-se do tamanho delas enquanto eles olhavam par cima para encontrar a aula da tal nova professora.
Um por vez, todos os nomes, todas as histórias de férias, todos com 11 anos.
Aula de português ...
um poema do Drummond, atividades na ponta da língua, na superfície estrelada de letras...
'sabe lá o que ela quer dizer?'
Todas atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me...
Certa gritaria, alguna papéis voando, algumas risadas, desentendimentos, desespero. Sentava em frente ao menino de boné verde, olhava-o fundo nos olhos sem pronunciar uma palavra. Olhava como se olhava para si própria, nã diziam uma só palavra, não reclamaria, não começaria sermões. Levantava-se e corria para ajuda da poesia. Sentia-se atacada, ofendida. Podia sair correndo, podia não dizer, nem ler. O poema diria sozinho:
Já esqueci a língua em que comia...
a língua, breve língua entrecortada.
O português são dois; o outro, mistério.
ps. vou escrevendo umas coisas e guardando. tenho um monte de histórias começadas e guardadas na caixa de postagens. essa é uma de meses atrás. nem gostei muito, talvez por isso não tenha postado, mas lá vai. dos meus tempos de professorinha.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Textos do 'O que Será que Será'
No meio da noite
Acordou sobressaltada, um susto, um grito, um ato - 'Eu te amo'. De olhos abertos, mirava o teto e procurava os olhos que dormiam ao lado dos seus. Ou pelo menos, pareciam que dormiam em meio à escuridão do quarto.
Como resposta, o outro, que podia ser ela mesma (e era o q mais desejava) ou ele, disse 'eu também', leve e sincero, com algum sorriso que também não a ajudava a lembrar de quem eram os dentes brilhantes com a resposta.
Primeiro sentiu medo de que tivesse dito aquelas palavras alto, enquanto dormia, enquanto seu auto-controle perdia o controle para a liberdade conquistada pelo subconsciente, inconsciente, id, whatever. Seu ato falho era ter aquelas palavras guardadas dentro de si.
Depois, e se tivesse sido ele quem as ponunciara? E se ela sonhou porque ouviu a fala livre de quem dorme ao seu lado. Podia ser também apenas dentro do seus sonhos, reflexo de seu desejo, consequência de coisas conversadas e mastigadas, engolidas com um pouco de vinho, embebidas e entorpecidas pela uva.
Preferia falar 'eu também'. Preferia concordar, preferia sentir a declaração e somente respondê-la. Não contestá-la. Sem questionamentos em ouvir pela primeira vez o amor em palavras, senti-lo em gestos, em carinho, em olhares, no seu silêncio.
Acordou sobressaltada, um susto, um grito, um ato - 'Eu te amo'. De olhos abertos, mirava o teto e procurava os olhos que dormiam ao lado dos seus. Ou pelo menos, pareciam que dormiam em meio à escuridão do quarto.
Como resposta, o outro, que podia ser ela mesma (e era o q mais desejava) ou ele, disse 'eu também', leve e sincero, com algum sorriso que também não a ajudava a lembrar de quem eram os dentes brilhantes com a resposta.
Primeiro sentiu medo de que tivesse dito aquelas palavras alto, enquanto dormia, enquanto seu auto-controle perdia o controle para a liberdade conquistada pelo subconsciente, inconsciente, id, whatever. Seu ato falho era ter aquelas palavras guardadas dentro de si.
Depois, e se tivesse sido ele quem as ponunciara? E se ela sonhou porque ouviu a fala livre de quem dorme ao seu lado. Podia ser também apenas dentro do seus sonhos, reflexo de seu desejo, consequência de coisas conversadas e mastigadas, engolidas com um pouco de vinho, embebidas e entorpecidas pela uva.
Preferia falar 'eu também'. Preferia concordar, preferia sentir a declaração e somente respondê-la. Não contestá-la. Sem questionamentos em ouvir pela primeira vez o amor em palavras, senti-lo em gestos, em carinho, em olhares, no seu silêncio.
Show da Madonna - Maratona?
Eu não ia mais. Eu troquei de emprego, estou naquele primeiro mês super duro até a felicidade de receber meu primeiro real payment e fiquei achando que talvez devesse deixar a Madonna para uma próxima, talvez quando eu estivesse viajando pelo mundo ou morando em alguma outra terra mais visitada pela rainha.
Mas aí todo mundo mudou de idéia e ver as pessoas se agitando para comprar o ingresso mais esperado da história da música pop e não tentar também é meio frustrante.
O telefone realmente não ajudava muito. Reunião online e decidimos (toda a mulherada) comprar pelo site numa organização nunca antes vista na história desse país. Acendi um cigarro e iniciei o processo descrito por muitos como torturante.
Entra no site, escolhe Show de São Paulo, entra na página para escolha de cartões - outros (não tenho conta no bradesco - com letra minúscula mesmo - graças a cris), setor, quantidade, concluir compra, dados do cartão de crédito - pronto. Eita....será que eu fiz alguma coisa errada?
Uia - e-mail de confirmação de compra 'Parabéns Marina Pavelosk Migliacci!'. Parabéns pelo meu cu virado para Lua? Eu comprei sentada confortavelmente na minha cadeira de plástico (a que eu já devia ter trocado por uma que não mate minhas costas, mas enfim...) fumando um cigarro mais longo do que o processo de compra. Com um monte de gente desistindo de ver a diva, reclamando do sistema de merda, do telefone que não completa a chamada, da fila absurda, dos cambistas.... não sei se sinto culpa de ser tão abençoada (hahahaha).
Senti até vontade de sair para comemorar, mas essa minha vontade, desejo, neste mês, não são exatamente ligados somente a um fato...mas a todos que estão mudando minha vida (ai que exagero...que bode...feliz, né? fico meio babaca quando estou feliz. Acho que escrevo melhor azeda - =/).
A espera torturante mesmo vai ser pelo show - DEZEMBRO! A pista que nos aguarde, Mad que nos aguarde, as bichas que nos aguardem...20 do último mês do ano, no estádio do Morumbi, às 20h - estaremos todas lindas vendo a diva suprema.
Eu não ia mais. Eu troquei de emprego, estou naquele primeiro mês super duro até a felicidade de receber meu primeiro real payment e fiquei achando que talvez devesse deixar a Madonna para uma próxima, talvez quando eu estivesse viajando pelo mundo ou morando em alguma outra terra mais visitada pela rainha.
Mas aí todo mundo mudou de idéia e ver as pessoas se agitando para comprar o ingresso mais esperado da história da música pop e não tentar também é meio frustrante.
O telefone realmente não ajudava muito. Reunião online e decidimos (toda a mulherada) comprar pelo site numa organização nunca antes vista na história desse país. Acendi um cigarro e iniciei o processo descrito por muitos como torturante.
Entra no site, escolhe Show de São Paulo, entra na página para escolha de cartões - outros (não tenho conta no bradesco - com letra minúscula mesmo - graças a cris), setor, quantidade, concluir compra, dados do cartão de crédito - pronto. Eita....será que eu fiz alguma coisa errada?
Uia - e-mail de confirmação de compra 'Parabéns Marina Pavelosk Migliacci!'. Parabéns pelo meu cu virado para Lua? Eu comprei sentada confortavelmente na minha cadeira de plástico (a que eu já devia ter trocado por uma que não mate minhas costas, mas enfim...) fumando um cigarro mais longo do que o processo de compra. Com um monte de gente desistindo de ver a diva, reclamando do sistema de merda, do telefone que não completa a chamada, da fila absurda, dos cambistas.... não sei se sinto culpa de ser tão abençoada (hahahaha).
Senti até vontade de sair para comemorar, mas essa minha vontade, desejo, neste mês, não são exatamente ligados somente a um fato...mas a todos que estão mudando minha vida (ai que exagero...que bode...feliz, né? fico meio babaca quando estou feliz. Acho que escrevo melhor azeda - =/).
A espera torturante mesmo vai ser pelo show - DEZEMBRO! A pista que nos aguarde, Mad que nos aguarde, as bichas que nos aguardem...20 do último mês do ano, no estádio do Morumbi, às 20h - estaremos todas lindas vendo a diva suprema.
Café, cigarros e um caderno
Iria escrever sobre o que? Pensava em todas as histórias que aconteciam na minha vida, nos últimos meses, nas últimas semanas e desistia antes mesmo de escrever a primeira palavra. Patético demais romancear minha vida, distanciar-me dos fatos, analisar meus pensamentos.
Tomava café e fumava um cigarro. Meus olhos até sorriam, mas seria pieguice demais contar tudo como se fosse uma historinha de livro. Apesar de achar que tudo parece mesmo uma grande invenção da minha cabeça.
E é por isso mesmo que seria ridículo. Exatamente piegas por isso. Detesto pieguices. Satirizo-as. Agora rio por perceber, então, o quanto tudo é ridículo que faz ser tão bom, gozado.
Não ia ser patética a ponto de contar sobre minhas coisas, minha vida, meus amores. Também não podia classificar tudo tão simplismente ou hipervalorizadamente.
O fato é que sinto necessidade de escrever. Não que minha vida não andaria da mesma forma ou que não escrever me sufocaria, ou todas essas bobagens que costumo ler por aí em pseudo-textos. Sinto necessidade porque é isso que quero fazer. Preciso porque quero. Só. Ponto.
Mas escreveria sobre o que? Inventaria mais uma história de coração despedaçado? De romances sem final feliz? De casais na cama...ao amanhecer? Parafrasearia meus próprios desejos? Nunca gostei de ler textos que transpereciam esses 'objetivos'. Também não os leria - os meus.
Critico bastante e até que bem e emperro, empaco para a produção de algum conto. Não necessariamente ficção. É difícil ler aquilo que eu penso. Ler minhas próprias palavras.
As conversas das mesas vizinhas me irritavam. Oito e meia da noite em um café e as pessoas procuravam do outro lado da linha conversas que eram evitadas do outro lado da mesa. Distanciavam-se daqueles com quem dividiram a conta no final da noite.
Discussão de negócios em espanhol e o amigo de bigode olhando para a moça de blusa vermelha. Uma loira discutia detalhes do casamento e o namorado fumava um cigarro em Milão - ainda pode fumar nas ruas de Milão? Não se pode mais fumar em lugar nenhum...
Na mesa da frente sentou-se um senhor. Correndo logo atrás chegou uma garotinha. Acho que devia ter uns 5 anos. Não sei...não tenho muita noção para classificações etárias, muito menos infantis.
Com um grande, para o tamanho dela, pedaço de bolo de morango, chamava o avô para dividir a coxinha. O cabelo escorria encaracolado pelos ombrinhos e costas. Algumas presilhinhas de borboleta salvavam seus olhinhos dos cachos avulsos.
Agora era o senhor de bigode quem atendia o celular e afastava-se da mesa. Seu amigo trocava olhares com a moça de blusa vermelha. Desistia logo para escrever uma mensagem sms.
A loira nem percebia seu namorado ausente. Detalhava, ainda, toda a festa que queria. E tinha que ser do jeito que ela queria. A pequena e o avô dividiam uma lata de coca-cola e se preparavam para ir para casa (?). Os amigos/colegas de trabalho também iam embora e a moça de blusa vermelha levantava para encontrar a namorada.
Iria escrever sobre o que? Havia muito mais histórias do que as minhas. E sentada nesse café capturava pobres fragmentos. Mesmo que tentasse uma das minhas, era tudo o que conseguiria descrever/narrar/contar - pedaços, partes, nada inteiro, algo mutilado.
Iria escrever sobre o que? Pensava em todas as histórias que aconteciam na minha vida, nos últimos meses, nas últimas semanas e desistia antes mesmo de escrever a primeira palavra. Patético demais romancear minha vida, distanciar-me dos fatos, analisar meus pensamentos.
Tomava café e fumava um cigarro. Meus olhos até sorriam, mas seria pieguice demais contar tudo como se fosse uma historinha de livro. Apesar de achar que tudo parece mesmo uma grande invenção da minha cabeça.
E é por isso mesmo que seria ridículo. Exatamente piegas por isso. Detesto pieguices. Satirizo-as. Agora rio por perceber, então, o quanto tudo é ridículo que faz ser tão bom, gozado.
Não ia ser patética a ponto de contar sobre minhas coisas, minha vida, meus amores. Também não podia classificar tudo tão simplismente ou hipervalorizadamente.
O fato é que sinto necessidade de escrever. Não que minha vida não andaria da mesma forma ou que não escrever me sufocaria, ou todas essas bobagens que costumo ler por aí em pseudo-textos. Sinto necessidade porque é isso que quero fazer. Preciso porque quero. Só. Ponto.
Mas escreveria sobre o que? Inventaria mais uma história de coração despedaçado? De romances sem final feliz? De casais na cama...ao amanhecer? Parafrasearia meus próprios desejos? Nunca gostei de ler textos que transpereciam esses 'objetivos'. Também não os leria - os meus.
Critico bastante e até que bem e emperro, empaco para a produção de algum conto. Não necessariamente ficção. É difícil ler aquilo que eu penso. Ler minhas próprias palavras.
As conversas das mesas vizinhas me irritavam. Oito e meia da noite em um café e as pessoas procuravam do outro lado da linha conversas que eram evitadas do outro lado da mesa. Distanciavam-se daqueles com quem dividiram a conta no final da noite.
Discussão de negócios em espanhol e o amigo de bigode olhando para a moça de blusa vermelha. Uma loira discutia detalhes do casamento e o namorado fumava um cigarro em Milão - ainda pode fumar nas ruas de Milão? Não se pode mais fumar em lugar nenhum...
Na mesa da frente sentou-se um senhor. Correndo logo atrás chegou uma garotinha. Acho que devia ter uns 5 anos. Não sei...não tenho muita noção para classificações etárias, muito menos infantis.
Com um grande, para o tamanho dela, pedaço de bolo de morango, chamava o avô para dividir a coxinha. O cabelo escorria encaracolado pelos ombrinhos e costas. Algumas presilhinhas de borboleta salvavam seus olhinhos dos cachos avulsos.
Agora era o senhor de bigode quem atendia o celular e afastava-se da mesa. Seu amigo trocava olhares com a moça de blusa vermelha. Desistia logo para escrever uma mensagem sms.
A loira nem percebia seu namorado ausente. Detalhava, ainda, toda a festa que queria. E tinha que ser do jeito que ela queria. A pequena e o avô dividiam uma lata de coca-cola e se preparavam para ir para casa (?). Os amigos/colegas de trabalho também iam embora e a moça de blusa vermelha levantava para encontrar a namorada.
Iria escrever sobre o que? Havia muito mais histórias do que as minhas. E sentada nesse café capturava pobres fragmentos. Mesmo que tentasse uma das minhas, era tudo o que conseguiria descrever/narrar/contar - pedaços, partes, nada inteiro, algo mutilado.
Agenor, meu Revisor
Escrever no blog me dá uma pressa. Uma pressa de postar, pressa de mostrar para as pessoas, pressa de saber o que elas acharam. Com toda essa pressa, essa correria, eu acabo passando por cima de revisar minhas palavras (o que é um absurdo para quem aponta o erro em qualquer texto que cai nas mãos) e depois passo dias lendo e relendo e arumando, consertando, revisando, trocando, 'melhorando'.
Aí, numa noite de domingo, tediosa, quente, quase de verão num inverno inexistente, distante, desejoso, Felipe Tonet, com quem eu divido o Cru Blog, se é que esse espaço ainda existe, pois há tanto foi abandonado, espremia-se em ansiedade e falta de tempo para contar sobre a África, escrever sobre inutilidades ou satirizar sua classe - a dos jornalistas, de alguma forma. Tudo isso requeria a ajuda de um quase assessor. E ele achou Agenor, seu novo, e meu também, revisor.
Agenor chegou em minha casa, onde tenho um pedaço de privacidade para escrever, ler e pensar, e sentou-se em frente ao computador para fuçar em meus registros jogados no mundo online. Começou, logicamente, por onde comecei - o Clube do Camba.
'Cara Marina, você tem fixação por casais na cama? Por Deus...Conspiração Universal? Eles ficam juntos devido à ação divina...que tipo de relacionamentos você tem?'
'Não é fixação. Mas eu não escrevo mais sobre isso não. E tenho outras histórias também. Olha lá o blog que eu divido com o Fê...Cru Blog'
'Sexo, drogas e rock'n' roll? Bukowiski era bêbado. É por admiração? Você admira um depravado, bêbado? Marininha, seus pais já leram essas suas coisas aqui?'
'Então dá uma olhada no blog novo...'O que Será que Será'.'
'Fundo preto é para evitar que eu revise seus erros, né? É para dificultar que pessoas da minha idade leiam alguma coisa aí. Vocês precisam mesmo de ajuda de alguém'.
Ficou '''feliz''' por encontrar umas gramáticas e dicionários pelas minhas prateleiras. 'Felipe pede para que eu procure na internet. Dicionário na internet? Ele é um pouco relaxado demais, não?'
Agenor senta em uma poltrona e solta uns barulhos entre os dentes enquanto eu digito alguma coisa. Ontem, olhando umas fotos no mural, achou minha tia Marcia e sorriu. 'Ela parece com Cida'. Fiquei com vergonha de perguntar quem era Cida. Talvez um dia ele me conte. Imagino que seja um amor perdido em Cosmópolis, sua cidade natal. Lá não tem festa da uva, mas é onde moram seus 5 irmãos, 2 irmãs e seus milhões de sobrinhos.
'Eu não gosto dessa cidade suja, horrorosa, mas prefiro perder minha paciência aqui do que ser obrigado a conviver com aquela 'aristocracia do interior'.'
Encontramo-nos, Felipe, Agenor e eu, para conversar sobre a logística das revisões que nosso novo assessor vai se dividir para entregar. Agenor, quieto enquanto ríamos de eclipses e glenns, levantou os olhos por cima dos óculos e azedou o nosso comentário sobre mulheres obsessivas. 'Vocês assistem televisão demais.' Eu não aguento esse tipo de inocência com relação ao modo glenn de se relacionar e ironizei seu senso de superioridade. 'O senhor conheceu poucas mulheres'.
A cerveja acabou. Seu guaraná ficou pela metade. Fomos para casa. Cada um para um lado....carro, metrô e ônibus. Já estou com saudade de rir do azedume dele. Hoje ele está com Felipe. Amanhã o assessor é meu.
Escrever no blog me dá uma pressa. Uma pressa de postar, pressa de mostrar para as pessoas, pressa de saber o que elas acharam. Com toda essa pressa, essa correria, eu acabo passando por cima de revisar minhas palavras (o que é um absurdo para quem aponta o erro em qualquer texto que cai nas mãos) e depois passo dias lendo e relendo e arumando, consertando, revisando, trocando, 'melhorando'.
Aí, numa noite de domingo, tediosa, quente, quase de verão num inverno inexistente, distante, desejoso, Felipe Tonet, com quem eu divido o Cru Blog, se é que esse espaço ainda existe, pois há tanto foi abandonado, espremia-se em ansiedade e falta de tempo para contar sobre a África, escrever sobre inutilidades ou satirizar sua classe - a dos jornalistas, de alguma forma. Tudo isso requeria a ajuda de um quase assessor. E ele achou Agenor, seu novo, e meu também, revisor.
Agenor chegou em minha casa, onde tenho um pedaço de privacidade para escrever, ler e pensar, e sentou-se em frente ao computador para fuçar em meus registros jogados no mundo online. Começou, logicamente, por onde comecei - o Clube do Camba.
'Cara Marina, você tem fixação por casais na cama? Por Deus...Conspiração Universal? Eles ficam juntos devido à ação divina...que tipo de relacionamentos você tem?'
'Não é fixação. Mas eu não escrevo mais sobre isso não. E tenho outras histórias também. Olha lá o blog que eu divido com o Fê...Cru Blog'
'Sexo, drogas e rock'n' roll? Bukowiski era bêbado. É por admiração? Você admira um depravado, bêbado? Marininha, seus pais já leram essas suas coisas aqui?'
'Então dá uma olhada no blog novo...'O que Será que Será'.'
'Fundo preto é para evitar que eu revise seus erros, né? É para dificultar que pessoas da minha idade leiam alguma coisa aí. Vocês precisam mesmo de ajuda de alguém'.
Ficou '''feliz''' por encontrar umas gramáticas e dicionários pelas minhas prateleiras. 'Felipe pede para que eu procure na internet. Dicionário na internet? Ele é um pouco relaxado demais, não?'
Agenor senta em uma poltrona e solta uns barulhos entre os dentes enquanto eu digito alguma coisa. Ontem, olhando umas fotos no mural, achou minha tia Marcia e sorriu. 'Ela parece com Cida'. Fiquei com vergonha de perguntar quem era Cida. Talvez um dia ele me conte. Imagino que seja um amor perdido em Cosmópolis, sua cidade natal. Lá não tem festa da uva, mas é onde moram seus 5 irmãos, 2 irmãs e seus milhões de sobrinhos.
'Eu não gosto dessa cidade suja, horrorosa, mas prefiro perder minha paciência aqui do que ser obrigado a conviver com aquela 'aristocracia do interior'.'
Encontramo-nos, Felipe, Agenor e eu, para conversar sobre a logística das revisões que nosso novo assessor vai se dividir para entregar. Agenor, quieto enquanto ríamos de eclipses e glenns, levantou os olhos por cima dos óculos e azedou o nosso comentário sobre mulheres obsessivas. 'Vocês assistem televisão demais.' Eu não aguento esse tipo de inocência com relação ao modo glenn de se relacionar e ironizei seu senso de superioridade. 'O senhor conheceu poucas mulheres'.
A cerveja acabou. Seu guaraná ficou pela metade. Fomos para casa. Cada um para um lado....carro, metrô e ônibus. Já estou com saudade de rir do azedume dele. Hoje ele está com Felipe. Amanhã o assessor é meu.
Good Morning, Heartache
Alguns dias começam errado e vão errando até você voltar para casa e dormir. Alguns dias, se fosse possível, era melhor ficar deitadinha, no escuro, sem a necessidade de socializar, de bom-dias, de sorrir, de ver seu novo cabelo no espelho, de ver sua espinha no espelho, de se ver no espelho.
Alguns dias a dor nas costas se espalha pelos ombros e sobe o pescoço. Suas unhas vermelhas ficam esquisitas, a blusa que você usa sempre e adora fica torta, até o all star que sai bem pouco do seu pé fica maior, desproporcional.
Acordar bufando não é uma prática agradável, muito menos para aqueles que acordam com você. Acordar com uma pressa que você nunca tem. Você nunca sai correndo para trabalhar. Você vai. Mas em alguns dias, os bem especiais, qualquer contratempo parece que, na verdade, é contra você.
Alguns dias você não aguenta ler duas páginas do livro que você está devorando. Nesses dias, o caminho para o trablho fica eterno, vira uma viagem de dias, com sol, sem água, sem música, seus pés inchando por conta do clima seco e asfixiante.
São esses dias que você quer abraçar todo mundo, que você chora por qualquer coisa, com qualquer música. Esses são os dias de TPM. Às vezes não é ela exatamente, mas é como se fosse. Dessa vez eu a recebi deitada no escuro sem querer levantar, com dor nas costas, cabelo novo ainda sem meu controle de qualidade dar uma nota final, achando minhas unhas esquisitas, detestanto minha blusa cinza, estranhando meu all star desproporcinal e tentando encontrar uma música que não me faça chorar por ser tão linda, quase tão minha (glenn).
Não é mau humor. Também não é o mood reclamar, é só um desconforto consigo mesmo. E a hipersensibilidade irritante. 'A tristeza de se saber mulher', como diria o grande Vinícius.
Alguns dias começam errado e vão errando até você voltar para casa e dormir. Alguns dias, se fosse possível, era melhor ficar deitadinha, no escuro, sem a necessidade de socializar, de bom-dias, de sorrir, de ver seu novo cabelo no espelho, de ver sua espinha no espelho, de se ver no espelho.
Alguns dias a dor nas costas se espalha pelos ombros e sobe o pescoço. Suas unhas vermelhas ficam esquisitas, a blusa que você usa sempre e adora fica torta, até o all star que sai bem pouco do seu pé fica maior, desproporcional.
Acordar bufando não é uma prática agradável, muito menos para aqueles que acordam com você. Acordar com uma pressa que você nunca tem. Você nunca sai correndo para trabalhar. Você vai. Mas em alguns dias, os bem especiais, qualquer contratempo parece que, na verdade, é contra você.
Alguns dias você não aguenta ler duas páginas do livro que você está devorando. Nesses dias, o caminho para o trablho fica eterno, vira uma viagem de dias, com sol, sem água, sem música, seus pés inchando por conta do clima seco e asfixiante.
São esses dias que você quer abraçar todo mundo, que você chora por qualquer coisa, com qualquer música. Esses são os dias de TPM. Às vezes não é ela exatamente, mas é como se fosse. Dessa vez eu a recebi deitada no escuro sem querer levantar, com dor nas costas, cabelo novo ainda sem meu controle de qualidade dar uma nota final, achando minhas unhas esquisitas, detestanto minha blusa cinza, estranhando meu all star desproporcinal e tentando encontrar uma música que não me faça chorar por ser tão linda, quase tão minha (glenn).
Não é mau humor. Também não é o mood reclamar, é só um desconforto consigo mesmo. E a hipersensibilidade irritante. 'A tristeza de se saber mulher', como diria o grande Vinícius.
Nome Próprio
Eu não tenho muita paciência para a pseudo-intelectual/rebelde/contestadora Leandra Leal. Não estava muito inclinada a assistir ao filme estrelado por ela - 'Nome Próprio', mas depois de ter ouvido de vários amigos que assistiram, ouviram falar ou leram sobre, que fizeram uma conexão da personagem comigo e minha obsessão e dedicação ao(s) meu(s) blog(s), resolvi que podia ser uma opção razoável para um domingo chuvoso. Além, claro, de fugir do Faustão e tomar café com Rô Naddeo.
O roteiro é fraquíssimo, insistindo na imagem Bukowskiana do escritor alcóolatra, devasso, exagerado, intenso. Se fosse só isso (ou se fosse realmente isso), não teria problema. O problema é que tudo isso soa falso, forçado, como se toda a imagem de um escritor beat não coubesse em toda a trama adolescente criada.
A levada Malhação ainda fica mais evidente quando a 'escritora' parece, cada vez mais, reforçar os mitos e fantasias que vivem na cabeça de meninos com seus 15 anos. Aliás, a única frase que talvez tenha me feito rir sem desprezo foi 'todo homem tem entre 12 e 18 anos'. Boa...apesar de ser uma generalização estúpida.
Uma 'mulher' (parece mais uma garota perdida na interpretação de ser uma mulher) mostra-se insensível aos próximos e distantes. Fere e desrespeita aqueles que a ajudam e a 'amam'. Paula, sua amiga/namorada/garota/whatever, é a única para qual Camila apresenta, em certa medida, carinho e amor.
Sua intensidade é de fachada. Toda sua fúria de viver é mais uma desculpa para fazer aquilo que deseja sem pensar nos outros. Todo o seu caos é só mais um clichê babaca que invade também seus textos mal escritos, pobres, fracos e bobos.
É tão insegura e desequilibrada, lembrando Alex Forest de 'Atração Fatal'. Referência explícita presente em uma das cenas iniciais do filme, na qual liga desesperadamente para o ex-namorado, encostada na parede, de camiseta branca, acendendo e apagando um abajur, lágrimas nos olhos. (Vale ver Glenn Close como louca...sempre).
Sua insensibilidade não a deixaria escrever mais do que foram capazes de 'inventar' na tela. Sua metalinguagem é deprimente, sua necessidade fingida.
Acho que não vou comentar sobre personagens que desaparecem e outros que não fazem o menor sentido. Acho melhor você assistir e ver com seus próprios olhos.
Um - não escrevo pelada. Não fumo loucamente enquanto estou escrevendo e também, quando estou fumando, não desencano da cinza que pode cair a qualquer momento. Não escrevo na parede, não colo folhas como lembretes e também não tenho cadernos e cadernos de caos para um possível livro.
Dois - Minha insegurança não chega a me dar bolas para emagrecer. Não sou alcóolatra e não dependo disso para ter alguma idéia para escrever.
Três - A sensibilidade é a única coisa/sentimento/palavra-chave necessária para inspirar a ler ou escrever no mundo virtual e fora dele.
Sobre blogueiros e variações, ver coluna 'Recomendo'. Vai fazer o filme ficar cada vez mais pobre e triste pelo roteiro fraco e deprimente.
Eu não tenho muita paciência para a pseudo-intelectual/rebelde/contestadora Leandra Leal. Não estava muito inclinada a assistir ao filme estrelado por ela - 'Nome Próprio', mas depois de ter ouvido de vários amigos que assistiram, ouviram falar ou leram sobre, que fizeram uma conexão da personagem comigo e minha obsessão e dedicação ao(s) meu(s) blog(s), resolvi que podia ser uma opção razoável para um domingo chuvoso. Além, claro, de fugir do Faustão e tomar café com Rô Naddeo.
O roteiro é fraquíssimo, insistindo na imagem Bukowskiana do escritor alcóolatra, devasso, exagerado, intenso. Se fosse só isso (ou se fosse realmente isso), não teria problema. O problema é que tudo isso soa falso, forçado, como se toda a imagem de um escritor beat não coubesse em toda a trama adolescente criada.
A levada Malhação ainda fica mais evidente quando a 'escritora' parece, cada vez mais, reforçar os mitos e fantasias que vivem na cabeça de meninos com seus 15 anos. Aliás, a única frase que talvez tenha me feito rir sem desprezo foi 'todo homem tem entre 12 e 18 anos'. Boa...apesar de ser uma generalização estúpida.
Uma 'mulher' (parece mais uma garota perdida na interpretação de ser uma mulher) mostra-se insensível aos próximos e distantes. Fere e desrespeita aqueles que a ajudam e a 'amam'. Paula, sua amiga/namorada/garota/whatever, é a única para qual Camila apresenta, em certa medida, carinho e amor.
Sua intensidade é de fachada. Toda sua fúria de viver é mais uma desculpa para fazer aquilo que deseja sem pensar nos outros. Todo o seu caos é só mais um clichê babaca que invade também seus textos mal escritos, pobres, fracos e bobos.
É tão insegura e desequilibrada, lembrando Alex Forest de 'Atração Fatal'. Referência explícita presente em uma das cenas iniciais do filme, na qual liga desesperadamente para o ex-namorado, encostada na parede, de camiseta branca, acendendo e apagando um abajur, lágrimas nos olhos. (Vale ver Glenn Close como louca...sempre).
Sua insensibilidade não a deixaria escrever mais do que foram capazes de 'inventar' na tela. Sua metalinguagem é deprimente, sua necessidade fingida.
Acho que não vou comentar sobre personagens que desaparecem e outros que não fazem o menor sentido. Acho melhor você assistir e ver com seus próprios olhos.
Um - não escrevo pelada. Não fumo loucamente enquanto estou escrevendo e também, quando estou fumando, não desencano da cinza que pode cair a qualquer momento. Não escrevo na parede, não colo folhas como lembretes e também não tenho cadernos e cadernos de caos para um possível livro.
Dois - Minha insegurança não chega a me dar bolas para emagrecer. Não sou alcóolatra e não dependo disso para ter alguma idéia para escrever.
Três - A sensibilidade é a única coisa/sentimento/palavra-chave necessária para inspirar a ler ou escrever no mundo virtual e fora dele.
Sobre blogueiros e variações, ver coluna 'Recomendo'. Vai fazer o filme ficar cada vez mais pobre e triste pelo roteiro fraco e deprimente.
Balé da Cidade de São Paulo
As luzes apagadas e um bailarino corre por entre a platéia até alcançar o palco vazio. Assim fazem mais três bailarinos que se contorcem beges à luz amarela forte. O palco é invadido por bailarinas que se sucedem no jogar para frente, para cima, para o lado, para os braços.
Dualidade@br é o primeiro ato do grande espetáculo do Balé da Cidade apresentado no Teatro Municipal de São Paulo. Criado pelo bailarino e coreógrafo Gagik Ismailian, é um jogo fragmentado de sentimentos intensos vividos no palco. O prazer, a solidão, paixão, dor, medo, o limite.
As pétalas vermelhas jogados em cima da bailarina solitária no canto direito do palco, o cair lento e gracioso, ela levemente iluminada, completam a poeticidade da apresentação.
O Segundo ato, Canela Fina, de Cayetano Soto, mantém o tom ocre/fosco enfatizado pelas luzes que exaltam o movimento dos músculos dos corpos dançantes. Uma nuvem de pó de canela nubla o palco e esconde os movimentos que tentam ser encontrados pelas luzes que vêm das laterais, do alto e do fundo. Apresentação com o aroma sensual do pó - fazendo lembrar a origem e o fim de todas as coisas.
Por fim, o espetáculo se encerra com uma comédia de valsas com figurino pesado, maquiagem carregada ressaltando o grotesco, a crueldade - Perpetuum, coreografia de Ohad Naharin. Esse último ato me pareceu bastante distante dos dois primeiros, com um proposta artística distinta - cômica. As duas primeiras tinham o ar solene e sério de um soneto.
Eu fiz balé quando criança. Gostava muito de dançar, das roupinhas e das amiguinhas da turma, das professoras. Até que minha tia, cuidando de mim e dos meus irmãos em uma das viagens dos meus pais, comprou salgadinhos com 'tatuagens perecíveis' e eu logo colei uma das tartarugas ninja no braço direito. Minha mãe voltou de viagem para minha última 'apresentação'. Minha professora disse que bailarinas não podiam ter tatuagens e eu me ofendi com a ignorância de uma mulher que não sabia o que era brincadeira de criança. Assim, seria pouco provável captar a sutileza da arte que é o balé. Logicamente não pensei nisso com 7 ou 8 anos.
As luzes apagadas e um bailarino corre por entre a platéia até alcançar o palco vazio. Assim fazem mais três bailarinos que se contorcem beges à luz amarela forte. O palco é invadido por bailarinas que se sucedem no jogar para frente, para cima, para o lado, para os braços.
Dualidade@br é o primeiro ato do grande espetáculo do Balé da Cidade apresentado no Teatro Municipal de São Paulo. Criado pelo bailarino e coreógrafo Gagik Ismailian, é um jogo fragmentado de sentimentos intensos vividos no palco. O prazer, a solidão, paixão, dor, medo, o limite.
As pétalas vermelhas jogados em cima da bailarina solitária no canto direito do palco, o cair lento e gracioso, ela levemente iluminada, completam a poeticidade da apresentação.
O Segundo ato, Canela Fina, de Cayetano Soto, mantém o tom ocre/fosco enfatizado pelas luzes que exaltam o movimento dos músculos dos corpos dançantes. Uma nuvem de pó de canela nubla o palco e esconde os movimentos que tentam ser encontrados pelas luzes que vêm das laterais, do alto e do fundo. Apresentação com o aroma sensual do pó - fazendo lembrar a origem e o fim de todas as coisas.
Por fim, o espetáculo se encerra com uma comédia de valsas com figurino pesado, maquiagem carregada ressaltando o grotesco, a crueldade - Perpetuum, coreografia de Ohad Naharin. Esse último ato me pareceu bastante distante dos dois primeiros, com um proposta artística distinta - cômica. As duas primeiras tinham o ar solene e sério de um soneto.
Eu fiz balé quando criança. Gostava muito de dançar, das roupinhas e das amiguinhas da turma, das professoras. Até que minha tia, cuidando de mim e dos meus irmãos em uma das viagens dos meus pais, comprou salgadinhos com 'tatuagens perecíveis' e eu logo colei uma das tartarugas ninja no braço direito. Minha mãe voltou de viagem para minha última 'apresentação'. Minha professora disse que bailarinas não podiam ter tatuagens e eu me ofendi com a ignorância de uma mulher que não sabia o que era brincadeira de criança. Assim, seria pouco provável captar a sutileza da arte que é o balé. Logicamente não pensei nisso com 7 ou 8 anos.
New Home
Eu precisava de um espaço que fosse mais condizente com minha nova proposta. O Clube do Camba foi meu lar por pouco mais de um ano e recebeu inúmeros tipos de prosa (e poesia, por incrível que pareça). Mas a forma pela qual me expresso nele está bem longe daquilo que parece mais próximo a mim agora.
A forma de minhas prosas por aqueles lados ficou um pouco repetitiva e, no bom sentido, se é que há um bom sentido, acho q construi um estilo de contar alguma coisa. Mas a reflexão que tenho feito sobre esse estilo, assim como a reflexão que tenho feito acerca da forma como me comunico, exige uma roupagem nova.
Semana passada, comecei a ler 'Paris é uma Festa', do Hemingway, e me vi diante da prosa que mais agrada os meus sentidos. Além do prazer enorme de passar os olhos e a mente por todas aquelas descrições de cena que só ele sabe fazer, ainda é bonito demais saber como foi para o jovem escritor conviver com grandes da literatura nos anos em que viveu naquela cidade.
Ele sempre me faz pensar sobre como é escrever e no que escrever. Ele sempre me intriga com a ironia, com a sinceridade, com o que não é dito mas está tão presente under the surface. Hemingway foi o primeiro autor que me fez refletir sobre estilo, sobre a forma de se contar uma história (e isso longe dos estudos de letras, ainda).
Aqui é o novo espaço para experimentar essa nova forma que pretendo construir/testar. É aqui que pretendo levar mais à sério a experiência de deixar meu canal mais livre, mais aberto, ser mais sincera com o que tenho a dizer. Deixar o fingimento de contar e 'liberar' algumas histórias que ainda não tive 'coragem' de publicar por aí.
Welcome to my new home. Espero que os amigos visitem assim como fizeram (felizmente) com a outra casa. Entre e Fique à vontade!
Hey Ho, let's go!
ps. eu fico mais à vontade por aqui mesmo. o primeiro lugar onde eu publiquei meus textos e que foi palco da minha saída do armário - para quem não lembra, eu assinava as postagens com um pseudônimo travesti.
bom estar de volta.
Eu precisava de um espaço que fosse mais condizente com minha nova proposta. O Clube do Camba foi meu lar por pouco mais de um ano e recebeu inúmeros tipos de prosa (e poesia, por incrível que pareça). Mas a forma pela qual me expresso nele está bem longe daquilo que parece mais próximo a mim agora.
A forma de minhas prosas por aqueles lados ficou um pouco repetitiva e, no bom sentido, se é que há um bom sentido, acho q construi um estilo de contar alguma coisa. Mas a reflexão que tenho feito sobre esse estilo, assim como a reflexão que tenho feito acerca da forma como me comunico, exige uma roupagem nova.
Semana passada, comecei a ler 'Paris é uma Festa', do Hemingway, e me vi diante da prosa que mais agrada os meus sentidos. Além do prazer enorme de passar os olhos e a mente por todas aquelas descrições de cena que só ele sabe fazer, ainda é bonito demais saber como foi para o jovem escritor conviver com grandes da literatura nos anos em que viveu naquela cidade.
Ele sempre me faz pensar sobre como é escrever e no que escrever. Ele sempre me intriga com a ironia, com a sinceridade, com o que não é dito mas está tão presente under the surface. Hemingway foi o primeiro autor que me fez refletir sobre estilo, sobre a forma de se contar uma história (e isso longe dos estudos de letras, ainda).
Aqui é o novo espaço para experimentar essa nova forma que pretendo construir/testar. É aqui que pretendo levar mais à sério a experiência de deixar meu canal mais livre, mais aberto, ser mais sincera com o que tenho a dizer. Deixar o fingimento de contar e 'liberar' algumas histórias que ainda não tive 'coragem' de publicar por aí.
Welcome to my new home. Espero que os amigos visitem assim como fizeram (felizmente) com a outra casa. Entre e Fique à vontade!
Hey Ho, let's go!
ps. eu fico mais à vontade por aqui mesmo. o primeiro lugar onde eu publiquei meus textos e que foi palco da minha saída do armário - para quem não lembra, eu assinava as postagens com um pseudônimo travesti.
bom estar de volta.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Saudade
Bateu uma saudade gostosa hoje. Uma saudade desse clube que abrigou minhas aflições, minhas paixões, meus desejos, minhas alucinações e esquizofrenias por tanto tempo. Deu uma saudade daquele escoamento de idéias que eu tinha ao abrir a minha caixa de postagens.
Eu não sei. O outro blog me dá uma sensação gelada, distante, impessoal. E por mais que eu goste das coisas que tenho escrito por lá, parece-me que não sai muito mais do que meia dúzia de parágrafos. Parece que aquela janela de postagens (exatamente igual a esta) mantém meus dedos longe do teclado, como que congelados. E nem esse desabafo eu conseguiria escrever por lá.
Tô pensando no que fazer. Tô pensando em transferir os textos de lá para cá e deletar o outro espaço. Dar uma redecorada nessa minha casa velha, mas amada, querida, da qual eu sinto tanta falta. Visitar essa página me leva àquele ano que foi tão importante para decisões que me fizeram tão bem este ano. O efeito do Clube do Camba é meu 2008 mais maduro, mais centrado, focado.
Sugestões...aceito!
Eu não sei. O outro blog me dá uma sensação gelada, distante, impessoal. E por mais que eu goste das coisas que tenho escrito por lá, parece-me que não sai muito mais do que meia dúzia de parágrafos. Parece que aquela janela de postagens (exatamente igual a esta) mantém meus dedos longe do teclado, como que congelados. E nem esse desabafo eu conseguiria escrever por lá.
Tô pensando no que fazer. Tô pensando em transferir os textos de lá para cá e deletar o outro espaço. Dar uma redecorada nessa minha casa velha, mas amada, querida, da qual eu sinto tanta falta. Visitar essa página me leva àquele ano que foi tão importante para decisões que me fizeram tão bem este ano. O efeito do Clube do Camba é meu 2008 mais maduro, mais centrado, focado.
Sugestões...aceito!
terça-feira, 8 de julho de 2008
Minha Nova Morada
Amigos,
é com grande prazer que os convido para conhecer meu novo Lar:
O Que Será que Será
Para saber mais sobre a mudança...passem lá para um café!
Obrigada
é com grande prazer que os convido para conhecer meu novo Lar:
O Que Será que Será
Para saber mais sobre a mudança...passem lá para um café!
Obrigada
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Junho/2008
Normalmente, no final do semestre, por causa da quantidade surreal de textos que me são requisitados a produzir, eu fujo a cada cinco minutos para produção dos meus 'projetos pessoais', ou seja, textos deste e alguns outros blogs aos quais me dedico.
Não sei se foi o desespero agudo e fora do normal que este finalzinho me deu, mas eu travei de todas as minhas nóias e encanações. Esqueci de todas elas, de todas as minhas esquizofrenias, de todas as minhas vontades, excitações...sequei. Eu passei 15dias acordada e não consegui nem ler essa minha página.
Eu passei todo esse tempo querendo acabar logo tudo o que eu tinha para fazer, que
preferi não pensar em nada além das 'minhas coisas'. Puta egoísmo sem limites, com um monte de coisinhas acontecendo e eu, louca insana, engoli todo o resto para escrever umas coisas aqui e ali.
O resto do tempo eu chorei, fiz manha, bati o pé e implorei férias. Implorei noites de sono. Implorei tempo, frio, chocolate, implorei que eu não ficasse cansada, esquivei-me de discussões (não obtive sucesso), reclamei muito (tipo muito), abafei o jazz da minha vida, pq eu não tava aguentando minha melancolia solitária e minha tendência suicida a mantê-la. Eu dramatizei demais esse mês (eterno) de Junho.
Agora, fiquei doente - gripe, dor no corpo, espirros, tosse, bode, tontura de computador, dor de ouvido (que eu acho q tive pela última vez eu nem era 'mocinha'), tpm, cólica...e assim por diante.
Tomei remédio, virei fã de relaxante muscular e ainda não acabou minha saga. Eu tenho uma prova hoje e talvez ainda tenha uma na segunda-feira que vem (recuperação de Sintaxe, né? ahhh...as árvores...somo nozes).
Alguém me leva para passear? Alguém me tira da bagunça insana de textos e livros que o meu quarto virou? Alguém me perdoa por reclamar tanto...(e gemer, desde segunda, qd fiquei doente)? Alguém me dá uma historinha, um cafuné, um café quentinho e uma noite de sono completinha????
Não sei se foi o desespero agudo e fora do normal que este finalzinho me deu, mas eu travei de todas as minhas nóias e encanações. Esqueci de todas elas, de todas as minhas esquizofrenias, de todas as minhas vontades, excitações...sequei. Eu passei 15dias acordada e não consegui nem ler essa minha página.
Eu passei todo esse tempo querendo acabar logo tudo o que eu tinha para fazer, que
preferi não pensar em nada além das 'minhas coisas'. Puta egoísmo sem limites, com um monte de coisinhas acontecendo e eu, louca insana, engoli todo o resto para escrever umas coisas aqui e ali.
O resto do tempo eu chorei, fiz manha, bati o pé e implorei férias. Implorei noites de sono. Implorei tempo, frio, chocolate, implorei que eu não ficasse cansada, esquivei-me de discussões (não obtive sucesso), reclamei muito (tipo muito), abafei o jazz da minha vida, pq eu não tava aguentando minha melancolia solitária e minha tendência suicida a mantê-la. Eu dramatizei demais esse mês (eterno) de Junho.
Agora, fiquei doente - gripe, dor no corpo, espirros, tosse, bode, tontura de computador, dor de ouvido (que eu acho q tive pela última vez eu nem era 'mocinha'), tpm, cólica...e assim por diante.
Tomei remédio, virei fã de relaxante muscular e ainda não acabou minha saga. Eu tenho uma prova hoje e talvez ainda tenha uma na segunda-feira que vem (recuperação de Sintaxe, né? ahhh...as árvores...somo nozes).
Alguém me leva para passear? Alguém me tira da bagunça insana de textos e livros que o meu quarto virou? Alguém me perdoa por reclamar tanto...(e gemer, desde segunda, qd fiquei doente)? Alguém me dá uma historinha, um cafuné, um café quentinho e uma noite de sono completinha????
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Álvaro de Campos
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço porquê?
É uma sensação abstracta
Da vida concreta –
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como o quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!
- novo companheiro, nova paixão. Monopolizou noites e noites da minha vida esta semana. Mas ganhou um espaço eterno em meu coração. Ele é meu e eu sou dele. Álvaro, meu querido, amo-te!
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço porquê?
É uma sensação abstracta
Da vida concreta –
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como o quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!
- novo companheiro, nova paixão. Monopolizou noites e noites da minha vida esta semana. Mas ganhou um espaço eterno em meu coração. Ele é meu e eu sou dele. Álvaro, meu querido, amo-te!
Textos de Quinta
Contardo diz o que você pensa e não consegue organizar em palavras. Nesse caso, é pró-silêncio, same as me.
Obrigada por me entender, ConCa - Homem Redundância!
Amores silenciosos
--------------------------------------------------------------------------------
A gente se declara apaixonado porque está apaixonado ou pelo prazer de se apaixonar?
--------------------------------------------------------------------------------
FAZER E RECEBER declarações de amor é quase sempre prazeroso. O mesmo vale, aliás, para todos os sentimentos: mesmo quando dizemos a alguém, olho no olho, "Eu te odeio", o medo da brutalidade de nossas palavras não exclui uma forma selvagem de prazer.
De fato, há um prazer na própria intensidade dos sentimentos; por isso, desconfio um pouco das palavras com as quais os manifestamos. Tomando o exemplo do amor, nunca sei se a gente se declara apaixonado porque, de fato, ama ou, então, diz que está apaixonado pelo prazer de se apaixonar.
Simplificando, há duas grandes categorias de expressões: constatativas e performativas.
Se digo "Está chovendo", a frase pode ser verdadeira se estamos num dia de chuva ou falsa se faz sol; de qualquer forma, mentindo ou não, é uma frase que descreve, constata um fato que não depende dela.
Se digo "Eu declaro a guerra", minha declaração será legítima se eu for imperador ou será um capricho da imaginação se eu for simples cidadão; de qualquer forma, capricho ou não, é uma frase que não constata, mas produz (ou quer produzir) um fato. Se eu tiver a autoridade necessária, a guerra estará declarada porque eu disse que declarei a guerra. Minha "performance" discursiva é o próprio acontecimento do qual se trata (a declaração de guerra).
Pois bem, nunca sei se as declarações de amor são constatativas ("Digo que amo porque constato que amo") ou performativas ("Aca- bo amando à força de dizer que amo"). E isso se aplica à maioria dos sentimentos.
Recentemente, uma jovem, por quem tenho estima e carinho, confiava-me sua dor pela separação que ela estava vivendo. Ao escutá-la, eu pensava que expressar seus sentimentos devia ser, para ela, um alívio, mas que, de uma certa forma, seria melhor se ela não falasse. Por quê?
Justamente, era como se a falta do namorado (de quem ela tinha se separado por várias e boas razões), a sensação de perda etc. fossem intensificadas por suas palavras, e talvez mais que intensificadas: produzidas.
É uma experiência comum: externamos nossos sentimentos para vivê-los mais intensamente -para encontrar as lágrimas que, sem isso, não jorrariam ou a alegria que talvez, sem isso, fosse menor. Nada contra: sou a favor da intensidade das experiências, mesmo das dolorosas. Mas há dois problemas.
O primeiro é que o entusiasmo com o qual expressamos nossos sentimentos pode simplificá-los. Ao declarar meu amor, por exemplo, esqueço conflitos e nuances. No entusiasmo do "te amo", deixo de lado complementos incômodos ("Te amo, assim como amo outras e outros" ou "Te amo, aqui, agora, só sob este céu") e adversativas que atrapalhariam a declaração com o peso do passado ou a urgência de sonhos nos quais o amor que declaro não se enquadra.
O segundo problema é que nossa verborragia amorosa atropela o outro. A complexidade de seus sentimentos se perde na simplificação dos nossos, e sua resposta ("Também te amo"), de repente, não vale mais nada ("Eu disse primeiro").
Por isso, no fundo, meu ideal de relação amorosa é silencioso, contido, pudico.
Para contrabalançar os romances e filmes em que o amor triunfa ao ser dito e redito, como um performativo que inventa e força o sentimento, sugiro dois extraordinários romances breves, de Alessandro Baricco, o escritor italiano que estará na Festa Literária Internacional de Parati, na próxima semana: "Seda" e "Sem Sangue" (ambos Companhia das Letras).
Nos dois, a intensidade do amor se impõe com uma extrema economia de palavras ("Sem Sangue") ou sem palavra nenhuma ("Seda"). Nos dois, o silêncio permite que o amor vingue -apesar de ele não poder ser dito ou talvez por isso mesmo.
No caso de "Seda": te amo em silêncio porque te encontro ao limite extremo de uma viagem ao fim do mundo, indissociavelmente ligada a um outro, e nem sei falar tua língua.
Você me ama em silêncio porque sou outro: uma aparição efêmera, uma ave migrante.
No caso de "Sem Sangue": te amo, e não há como falar disso porque te dei e te tirei a vida. E você me ama pelas mesmas razões pelas quais poderia e deveria querer me matar (os leitores entenderão).
Nos dois romances, a ausência da fala amorosa acaba sendo um presente que os amantes se fazem reciprocamente, uma forma extrema (e freqüentemente perdida) de respeito pela complexidade de nossos sentimentos e dos sentimentos do outro que amamos.
Texto retirado da Folha de São Paulo - Ilustrada, 26/06/2008 - fazendo nossas quintas felizes, satisfeitas e relevantes.
Obrigada por me entender, ConCa - Homem Redundância!
Amores silenciosos
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A gente se declara apaixonado porque está apaixonado ou pelo prazer de se apaixonar?
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FAZER E RECEBER declarações de amor é quase sempre prazeroso. O mesmo vale, aliás, para todos os sentimentos: mesmo quando dizemos a alguém, olho no olho, "Eu te odeio", o medo da brutalidade de nossas palavras não exclui uma forma selvagem de prazer.
De fato, há um prazer na própria intensidade dos sentimentos; por isso, desconfio um pouco das palavras com as quais os manifestamos. Tomando o exemplo do amor, nunca sei se a gente se declara apaixonado porque, de fato, ama ou, então, diz que está apaixonado pelo prazer de se apaixonar.
Simplificando, há duas grandes categorias de expressões: constatativas e performativas.
Se digo "Está chovendo", a frase pode ser verdadeira se estamos num dia de chuva ou falsa se faz sol; de qualquer forma, mentindo ou não, é uma frase que descreve, constata um fato que não depende dela.
Se digo "Eu declaro a guerra", minha declaração será legítima se eu for imperador ou será um capricho da imaginação se eu for simples cidadão; de qualquer forma, capricho ou não, é uma frase que não constata, mas produz (ou quer produzir) um fato. Se eu tiver a autoridade necessária, a guerra estará declarada porque eu disse que declarei a guerra. Minha "performance" discursiva é o próprio acontecimento do qual se trata (a declaração de guerra).
Pois bem, nunca sei se as declarações de amor são constatativas ("Digo que amo porque constato que amo") ou performativas ("Aca- bo amando à força de dizer que amo"). E isso se aplica à maioria dos sentimentos.
Recentemente, uma jovem, por quem tenho estima e carinho, confiava-me sua dor pela separação que ela estava vivendo. Ao escutá-la, eu pensava que expressar seus sentimentos devia ser, para ela, um alívio, mas que, de uma certa forma, seria melhor se ela não falasse. Por quê?
Justamente, era como se a falta do namorado (de quem ela tinha se separado por várias e boas razões), a sensação de perda etc. fossem intensificadas por suas palavras, e talvez mais que intensificadas: produzidas.
É uma experiência comum: externamos nossos sentimentos para vivê-los mais intensamente -para encontrar as lágrimas que, sem isso, não jorrariam ou a alegria que talvez, sem isso, fosse menor. Nada contra: sou a favor da intensidade das experiências, mesmo das dolorosas. Mas há dois problemas.
O primeiro é que o entusiasmo com o qual expressamos nossos sentimentos pode simplificá-los. Ao declarar meu amor, por exemplo, esqueço conflitos e nuances. No entusiasmo do "te amo", deixo de lado complementos incômodos ("Te amo, assim como amo outras e outros" ou "Te amo, aqui, agora, só sob este céu") e adversativas que atrapalhariam a declaração com o peso do passado ou a urgência de sonhos nos quais o amor que declaro não se enquadra.
O segundo problema é que nossa verborragia amorosa atropela o outro. A complexidade de seus sentimentos se perde na simplificação dos nossos, e sua resposta ("Também te amo"), de repente, não vale mais nada ("Eu disse primeiro").
Por isso, no fundo, meu ideal de relação amorosa é silencioso, contido, pudico.
Para contrabalançar os romances e filmes em que o amor triunfa ao ser dito e redito, como um performativo que inventa e força o sentimento, sugiro dois extraordinários romances breves, de Alessandro Baricco, o escritor italiano que estará na Festa Literária Internacional de Parati, na próxima semana: "Seda" e "Sem Sangue" (ambos Companhia das Letras).
Nos dois, a intensidade do amor se impõe com uma extrema economia de palavras ("Sem Sangue") ou sem palavra nenhuma ("Seda"). Nos dois, o silêncio permite que o amor vingue -apesar de ele não poder ser dito ou talvez por isso mesmo.
No caso de "Seda": te amo em silêncio porque te encontro ao limite extremo de uma viagem ao fim do mundo, indissociavelmente ligada a um outro, e nem sei falar tua língua.
Você me ama em silêncio porque sou outro: uma aparição efêmera, uma ave migrante.
No caso de "Sem Sangue": te amo, e não há como falar disso porque te dei e te tirei a vida. E você me ama pelas mesmas razões pelas quais poderia e deveria querer me matar (os leitores entenderão).
Nos dois romances, a ausência da fala amorosa acaba sendo um presente que os amantes se fazem reciprocamente, uma forma extrema (e freqüentemente perdida) de respeito pela complexidade de nossos sentimentos e dos sentimentos do outro que amamos.
Texto retirado da Folha de São Paulo - Ilustrada, 26/06/2008 - fazendo nossas quintas felizes, satisfeitas e relevantes.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Semi-
acorda, bem-humorada, feliz, comprometida, trabalhando, estudando, vivendo. Semi, à beira, quase, no caminho, no processo, indo, entre.
Um quase cheio de dúvidas de uma lado e de outro. Quase cheio de coisinhas e estranhezas e maluquices. Quase tudo. Quase nada. Um pouco disso, nada disso. Tentando aquilo, indo com aquilo, à beira daquilo.
O caminho eterno de dois lados sem escolha. O caminho do meio por falta de opção, de oportunidade. Por falta de coragem, por falta de desejo, por falta de sentido.
A busca pelo que não está nem desse e nem daquele lado. O eterno olhar para os cantos, olhar pelos cantos, chegar de canto, sair no canto.
Cantei e nada significou uma extremidade profunda de sentimento. Cantei e como se tivesse evitado, calmaria de ilusões e até de decepções...
Reticências para a semi-vivência de quem, pacientemente, escuta, pergunta, tenta.
Now I would do most anything
To get you back by my side
But I just
Keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
Um quase cheio de dúvidas de uma lado e de outro. Quase cheio de coisinhas e estranhezas e maluquices. Quase tudo. Quase nada. Um pouco disso, nada disso. Tentando aquilo, indo com aquilo, à beira daquilo.
O caminho eterno de dois lados sem escolha. O caminho do meio por falta de opção, de oportunidade. Por falta de coragem, por falta de desejo, por falta de sentido.
A busca pelo que não está nem desse e nem daquele lado. O eterno olhar para os cantos, olhar pelos cantos, chegar de canto, sair no canto.
Cantei e nada significou uma extremidade profunda de sentimento. Cantei e como se tivesse evitado, calmaria de ilusões e até de decepções...
Reticências para a semi-vivência de quem, pacientemente, escuta, pergunta, tenta.
Now I would do most anything
To get you back by my side
But I just
Keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
terça-feira, 17 de junho de 2008
Expandindo Horizontes
Leitores/Amigos,
você que atende ao meu pedido insano e constante 'leia lá e comeeeeenta?'...fique feliz e atenda novamente.
Há quase um mês, enviei uma das minhas bobagens para o site da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo - leialivro.com.br - para análise e possível publicação. E não é que hoje, procurando um livro que eu não sabia o autor, nem o nome e muito menos do q realmente se tratava, em meio a tanta procura eu acabei achando a mim mesma pregada numa outra janela desse mundo virtual.
LeiaLivro aceitou meu pedido de publicação e agora você, caro amigo fiel, terá outro lugar para comentar uma história já antiguinha pelas páginas do Clube.
Visite o site e deixe seu oi para a Secretaria e seu apoio a mim.
Beijos!!!
você que atende ao meu pedido insano e constante 'leia lá e comeeeeenta?'...fique feliz e atenda novamente.
Há quase um mês, enviei uma das minhas bobagens para o site da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo - leialivro.com.br - para análise e possível publicação. E não é que hoje, procurando um livro que eu não sabia o autor, nem o nome e muito menos do q realmente se tratava, em meio a tanta procura eu acabei achando a mim mesma pregada numa outra janela desse mundo virtual.
LeiaLivro aceitou meu pedido de publicação e agora você, caro amigo fiel, terá outro lugar para comentar uma história já antiguinha pelas páginas do Clube.
Visite o site e deixe seu oi para a Secretaria e seu apoio a mim.
Beijos!!!
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Portishead
1 - meu deus essa letra!
2 - meu deus essa voz!
3 - meu deus essa apresentação foda!
e como diria Gabi, vou escutar essa música até ela se transformar no meu silêncio. valendo!
I'm so tired of playing,
Playing with this bow and arrow,
Gonna give my heart away,
Leave it to the other girls to play,
For I've been a temptress too long.
Hmm just,
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be,
A woman,
I just wanna be a woman.
From this time, unchained,
We’re all looking at a different picture,
Through this new frame of mind,
A thousand flowers could bloom,
Move over, and give us some room.
Yeah,
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be
A woman,
I just want to be a woman.
So don't you stop being a man,
Just take a little look from our side when you can,
Sow a little tenderness,
No matter if you cry.
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be,
A woman,
It's all I wanna be is all woman.
For this is the beginning of forever and ever,
It's time to move over ,
So I want to be.
I'm so tired of playing,
Playing with this bow and arrow,
Gonna give my heart away,
Leave it to the other girls to play.
For I've been a temptress too long.
Hmm just,
Give me a reason to love you
2 - meu deus essa voz!
3 - meu deus essa apresentação foda!
e como diria Gabi, vou escutar essa música até ela se transformar no meu silêncio. valendo!
I'm so tired of playing,
Playing with this bow and arrow,
Gonna give my heart away,
Leave it to the other girls to play,
For I've been a temptress too long.
Hmm just,
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be,
A woman,
I just wanna be a woman.
From this time, unchained,
We’re all looking at a different picture,
Through this new frame of mind,
A thousand flowers could bloom,
Move over, and give us some room.
Yeah,
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be
A woman,
I just want to be a woman.
So don't you stop being a man,
Just take a little look from our side when you can,
Sow a little tenderness,
No matter if you cry.
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be,
A woman,
It's all I wanna be is all woman.
For this is the beginning of forever and ever,
It's time to move over ,
So I want to be.
I'm so tired of playing,
Playing with this bow and arrow,
Gonna give my heart away,
Leave it to the other girls to play.
For I've been a temptress too long.
Hmm just,
Give me a reason to love you
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Sentia raiva. Não era de ninguém, era de si mesma. Raiva de ignorar os sentidos, raiva de criar um sentido. Raiva. O estômago doía mas era a forte contração no peito que empurrava as lágrimas que escorriam decididas pelo seu rosto.
Sentia medo. Medo dos olhos que não secavam, dos olhos que ansiava, dos outros olhos e de todos os olhos. Medo do que pulsava nas suas mãos que agarravam a caneta.
Sentia angústia. Latejava uma preocupação permanente em sua cabeça. Uma preocupação intensa por si, de si, consigo. Um egoísmo explícito e implícito nos seus pensamentos. E ainda sentia aquele esvaziamento no estômago. Aquele ar que ventava nas paredes úmidas de seu corpo.
Sentia 'um acréscimo de estima por si mesma', uma pena, uma arrogância tremenda. Sua pretensão de ser tão maior e tão mediocremente pequena.
Era uma exagerada, melancólica, uma menina que se achava mulher e uma mulher cada vez mais menina.
Uma grande pena...
Sentia medo. Medo dos olhos que não secavam, dos olhos que ansiava, dos outros olhos e de todos os olhos. Medo do que pulsava nas suas mãos que agarravam a caneta.
Sentia angústia. Latejava uma preocupação permanente em sua cabeça. Uma preocupação intensa por si, de si, consigo. Um egoísmo explícito e implícito nos seus pensamentos. E ainda sentia aquele esvaziamento no estômago. Aquele ar que ventava nas paredes úmidas de seu corpo.
Sentia 'um acréscimo de estima por si mesma', uma pena, uma arrogância tremenda. Sua pretensão de ser tão maior e tão mediocremente pequena.
Era uma exagerada, melancólica, uma menina que se achava mulher e uma mulher cada vez mais menina.
Uma grande pena...
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Flu Cala 'o' Boca
Ontem à noite aconteceu, no afamado estádio do Maracanã, a semifinal da Libertadores da América entre Fluminense e Boca Juniors. Só quem já entrou num estádio pode saber o que é sentar na arquibancada e ver, em meio a tantos gritos e bandeiras e alegrias e desesperos, a emoção que o futebol pode proporcionar.
Tá, eu nunca sentei numa arquibancada lotada, num jogo importante, com o entusiasmo de uma grande decisão. O único jogo que eu fui foi no Palestra com seus 10 mil torcedores palmeirenses e alguns poucos e perdidos torcedores do Inter de POA. Mesmo assim, ainda afirmo que só quem sentiu, nem que um pouquinho, essa emoção, pode ter uma breve idéia do que poderia ser estar entre aquela mancha verde, vermelha e branca da arquibancada carioca gritando 'argentino filho da puta'. hehe
Quando eu achei q a menina fluminense tinha mesmo que chorar e olhar para os céus e rezar, saiu um gol...e depois outro, e outro. E o Boca com seu mísero golzinho de algum daqueles cabeludos que eu nunca vou lembrar o nome e acho desnecessário consultar o Lance para inserir uma informação desse tipo... Palermo (heheh) nos 12min do segundo tempo. Washington reagiu e secou as lágrimas de aflição da garota carioca. Conca fez mais um e Dodo fez bom uso dos 4 minutos de prorrogação dados pelo juiz - marcou o último nos 47 do segundo tempo.
Eu assiti o jogo num boteco e, Walter, o garçom baiano mais simpático da Vila Madalena, trocava de canal de vez em quando para conferir um outro jogo importante da noite de ontem. E o Corinthians ganhou do Sport. Mas acho q desse jogo não tenho nada a dizer. Nem vi.
Mas é realmente um esporte apaixonante. E você realmente fica feliz, principalmente ganhando de time argentino. (a não ser que fosse algo do tipo - São Paulo ou Flamengo...aí, com certeza, eu ia torcer pelo Boca ou qq outro ...fácil). Insira a piada sobre argentinos de sua preferência aqui.
É isso aí. Eu tô aprendendo...e vou escrevendo. Ainda tá meio vazio de comentários técnicos (não tem nenhum) mas isso já é pedir demais para alguém que não manja nada, começou a assitir há 3 meses e ainda viu o jogo só 'de canto'.
ps.para rir sobre futebol, recomendo a coluna do Paulo Bonfá no Lance, às segundas-feiras, se não me engano. :D
Tá, eu nunca sentei numa arquibancada lotada, num jogo importante, com o entusiasmo de uma grande decisão. O único jogo que eu fui foi no Palestra com seus 10 mil torcedores palmeirenses e alguns poucos e perdidos torcedores do Inter de POA. Mesmo assim, ainda afirmo que só quem sentiu, nem que um pouquinho, essa emoção, pode ter uma breve idéia do que poderia ser estar entre aquela mancha verde, vermelha e branca da arquibancada carioca gritando 'argentino filho da puta'. hehe
Quando eu achei q a menina fluminense tinha mesmo que chorar e olhar para os céus e rezar, saiu um gol...e depois outro, e outro. E o Boca com seu mísero golzinho de algum daqueles cabeludos que eu nunca vou lembrar o nome e acho desnecessário consultar o Lance para inserir uma informação desse tipo... Palermo (heheh) nos 12min do segundo tempo. Washington reagiu e secou as lágrimas de aflição da garota carioca. Conca fez mais um e Dodo fez bom uso dos 4 minutos de prorrogação dados pelo juiz - marcou o último nos 47 do segundo tempo.
Eu assiti o jogo num boteco e, Walter, o garçom baiano mais simpático da Vila Madalena, trocava de canal de vez em quando para conferir um outro jogo importante da noite de ontem. E o Corinthians ganhou do Sport. Mas acho q desse jogo não tenho nada a dizer. Nem vi.
Mas é realmente um esporte apaixonante. E você realmente fica feliz, principalmente ganhando de time argentino. (a não ser que fosse algo do tipo - São Paulo ou Flamengo...aí, com certeza, eu ia torcer pelo Boca ou qq outro ...fácil). Insira a piada sobre argentinos de sua preferência aqui.
É isso aí. Eu tô aprendendo...e vou escrevendo. Ainda tá meio vazio de comentários técnicos (não tem nenhum) mas isso já é pedir demais para alguém que não manja nada, começou a assitir há 3 meses e ainda viu o jogo só 'de canto'.
ps.para rir sobre futebol, recomendo a coluna do Paulo Bonfá no Lance, às segundas-feiras, se não me engano. :D
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Trabalhar
O dia começa na página do Uol, as notícias do dia, do final de semana (o caso de hoje, uma segunda-feira cheia de coisinhas), alguns contos, posts de blogs sempre visitados, meu e-mail e aí o mundo corporativo vai, aos poucos para não assustar, começando junto com a semana...tudo meio acinzentado, meio cansado, meio preguiçoso, até acelerar e parar para o almoço.
Eu gosto da hora do almoço. Além de ser a hora do banho de Sol, é uma hora para não pensar em absolutamente nada enquanto escolhe-se qual vai ser a verdura de hoje, se arroz branco, integral ou risotto. Não sei se como carne vermelha, frango ou se viro vegetariana.
Eu gosto de tomar água de coco durante, fumar um cigarro depois e voltar para frente do computador com uma caneca de café recém-passado. Eu encho a garrafinha de água e, de novo, o mundo corporativo vai tomando conta dos olhos e dedos apressados de uma tarde que às vezes rasteja, às vezes corre e às vezes nunca vence.
A música é essencial para ajudar a concentrar e distrair do tanto q no fundo não é nada. Baixei dois cd's do Suede (q na verdade são um só divididos em 2 - Singles Part I e Part II) e não parei de escutar o dia todinho. Beautiful Ones, So Young e Love the way you love são absolutamente maravilhosas. Enquanto baixava esses escutava uma coletânea do Coltrane e matava a saudade de Tindersticks.
Os meninos da minha baia falam de futebol e vão inserindo outros esportes à minha cultura ESPN. Já manjo bem a tabela do Campeonato brasileiro e sei em q jogo o time x tá no campeonato da NBA. Hoje aprendi quem foi Roberto Gomes Pedrosa (e se vc não sabe é uma vergonha. Ele dá nome à Praça em frente ao estádio do Morumbi e foi título de um torneio de futebol na década de 60).
Tem uma campanha mostruosa no meu nome e já passada da data de entrega. Eu tenho q entregar. Já pedi desculpas, expliquei e fui super compreendida, mas me dá um desespero para entregar...aí fico assim, meio me desculpando por enrolar nas notícias da manhã, escutar música e me perder nos serviços de mensagem instântanea.
Na verdade, nada disso faz diferença. Tudo ajuda a sua maneira. A música, o futebol, o café, o cigarro, as notícias e os 'bom-dias' virtuais.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Dois
Toques de dedos nas costas descobertas
Arrepios debaixo do lençol
Censuras largadas entre sussurros amanhecidos
Febre de dentes.
O colorido de dois olhos amigos
De duas almas perdidas
Do encontro dos dois corpos.
Arrepios debaixo do lençol
Censuras largadas entre sussurros amanhecidos
Febre de dentes.
O colorido de dois olhos amigos
De duas almas perdidas
Do encontro dos dois corpos.
domingo, 25 de maio de 2008
Segundos de Felicidade
Eram sempre as três mulheres. Encontravam-se para falar da vida, dos homens de suas vidas, dos empregos que sustentavam suas vidas, dos empregos que satisfariam suas vidas, dos sonhos de suas vidas, dos desejos guardados, dos possíveis, dos realizáveis, dos impossíveis mas gostosos de imaginar.
Era sempre entre goles de cerveja, café, entre mordidas, tragadas, em noites quentes, chuvosas, frias (sempre esperadas).
Risadas, algumas raras lágrimas, entre saudades, as gargalhadas, no ridículo, no inviável, no perdido, no esperançoso, no otimismo.
Músicas cantadas, escutadas, cantaroladas, imagens perdidas da televisão, rostos conhecidos, desconhecidos, rostos distantes, pessoas presentes e distantes.
Lamentações.
Confissões.
Lembranças.
Era sempre entre goles de cerveja, café, entre mordidas, tragadas, em noites quentes, chuvosas, frias (sempre esperadas).
Risadas, algumas raras lágrimas, entre saudades, as gargalhadas, no ridículo, no inviável, no perdido, no esperançoso, no otimismo.
Músicas cantadas, escutadas, cantaroladas, imagens perdidas da televisão, rostos conhecidos, desconhecidos, rostos distantes, pessoas presentes e distantes.
Lamentações.
Confissões.
Lembranças.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
?
Não tenho nenhuma gotinha de texto para escrever há tanto tempo. Faz tanto tempo que só salvo rascunhos de duas linhas nesse meu blog mais ou menos. Não consigo definir nem mesmo o que eu poderia escrever. Aí, minha dificuldade acaba virando tema.
Bloqueio de não sei o quê! Bloqueio de construções sintáticas, de acentuações agudas e circunflexas, bloqueio de diálogos inexistentes e parágrafos incompletos, obtusos. Bloqueada nos versos livres, empacada no ritmo hiperventilante.
Os dedos ficam procurando montar palavras no teclado mas saem apenas as mesmas frases de sempre, os mesmos versos, cópias de músicas, bobagens de menina, loucuras de mulher, crises de ser humano, dor de coração, tristeza de bolso, angústia de modernidade...
Acontecem coisas ali e aqui e o auto-controle e excesso de bom senso impedem uma representação textual na rede mundial de computadores. Saudade de pequenas e grandes coisas, ansiedade por pequenas e grandes coisas, falta e excesso de pequenas e grandes coisas.
Bloqueio de não sei o quê! Bloqueio de construções sintáticas, de acentuações agudas e circunflexas, bloqueio de diálogos inexistentes e parágrafos incompletos, obtusos. Bloqueada nos versos livres, empacada no ritmo hiperventilante.
Os dedos ficam procurando montar palavras no teclado mas saem apenas as mesmas frases de sempre, os mesmos versos, cópias de músicas, bobagens de menina, loucuras de mulher, crises de ser humano, dor de coração, tristeza de bolso, angústia de modernidade...
Acontecem coisas ali e aqui e o auto-controle e excesso de bom senso impedem uma representação textual na rede mundial de computadores. Saudade de pequenas e grandes coisas, ansiedade por pequenas e grandes coisas, falta e excesso de pequenas e grandes coisas.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Liberté
Aproveitando o empenho francês, essa para dançar depois de cortar os pulsos com a Edith. Só para dizer que o som é bom e você nunca mais pára de balançar as perninhas.
Liberté!
Ah! tô no processo auto-didatismo - j'étude français.
Je m'appele Marina. Comment tu t'appele?
rs
Depois dessa, procurem Mon Dieu (soooo sexy), Noir Desir, Nuit Blanche e Schwarzkopf!
Liberté!
Ah! tô no processo auto-didatismo - j'étude français.
Je m'appele Marina. Comment tu t'appele?
rs
Depois dessa, procurem Mon Dieu (soooo sexy), Noir Desir, Nuit Blanche e Schwarzkopf!
La Vie en Rose
Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche.
Voila le portrait sans retouche,
De l'homme auquel, j'appartiens,
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose.
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie.
Et, dès que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat,
Des nuits d'amour à ne plus en finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des enuis des chagrins, des phases
Heureux, heureux a en mourir.
Quand il me prend dans ses bras,
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose.
Il est entré dans mon Coeur,
Une part de bonheur,
Dont je connais la cause.
C'est toi pour moi,
Moi pour toi dans la vie,
Il me l'a dit, m'a juré pour la vie.
Et, dès que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat.
Lalalala Lalalala
La La La La
recomendo ainda Milord e La Foule!
terça-feira, 22 de abril de 2008
Eu - Nós
Ela é bem resolvida, meio maluca mas bem resolvida. Acho que queria malucar por aí, mas se segura. Não se abala facilmente, controla-se, sabe lidar com rejeição, com sua auto-suficiência, com sua personalidade forte.
Ela é linda - bonita, interessante, simpática. Ela me acrescenta. Ela sabe o que dizer, mesmo que eu não esteja mais afim. Mesmo achando que eu possa ainda estar afim. Mesmo lembrando de seus peitos e sua bunda. Mesmo lembrando do sorriso dela. Mesmo dizendo. Ela ri. Ela sabe lidar comigo.
Eu...eu não sei bem o que quero. Talvez eu queira um pouco de tudo. Talvez por ela eu não abra mão de um pouco de tudo. Talvez ela também não abrisse mão de um pouco de tudo na vida tão cheia por um menino da balada. É isso que eu sou. Um cara da balada que ela beijou numa noite bêbada na São Paulo cinza.
Talvez eu prefira facilitar minha vida, simplificar. Talvez ela não queira se envolver. Talvez não precise. Talvez eu possa rir com ela e talvez ela possa não se importar muito com isso - comigo.
Eu não preciso pensar em nada disso. Mas ela me fez pensar. Fez com que eu pensasse na forma como lidamos um com o outro. Ela acha que eu sou amigo dela. Eu queria fazer outras coisas com ela. Eu acho que posso. Eu acho que talvez ela também queira fazer outras coisas comigo. Talvez não se importe.
ps. é sempre produtivo conversar com os meninos.
Ela é linda - bonita, interessante, simpática. Ela me acrescenta. Ela sabe o que dizer, mesmo que eu não esteja mais afim. Mesmo achando que eu possa ainda estar afim. Mesmo lembrando de seus peitos e sua bunda. Mesmo lembrando do sorriso dela. Mesmo dizendo. Ela ri. Ela sabe lidar comigo.
Eu...eu não sei bem o que quero. Talvez eu queira um pouco de tudo. Talvez por ela eu não abra mão de um pouco de tudo. Talvez ela também não abrisse mão de um pouco de tudo na vida tão cheia por um menino da balada. É isso que eu sou. Um cara da balada que ela beijou numa noite bêbada na São Paulo cinza.
Talvez eu prefira facilitar minha vida, simplificar. Talvez ela não queira se envolver. Talvez não precise. Talvez eu possa rir com ela e talvez ela possa não se importar muito com isso - comigo.
Eu não preciso pensar em nada disso. Mas ela me fez pensar. Fez com que eu pensasse na forma como lidamos um com o outro. Ela acha que eu sou amigo dela. Eu queria fazer outras coisas com ela. Eu acho que posso. Eu acho que talvez ela também queira fazer outras coisas comigo. Talvez não se importe.
ps. é sempre produtivo conversar com os meninos.
Parte da Semana
Às vezes detestava o céu azul, limpinho, perfeitinho. Tudo aquilo esquentava demais as minhas horas de ônibus de casa para o trabalho e, em abril, siginifica fim de tarde com chuva. Justo na hora em que sairia do trabalho, justo no dia em que tinha esquecido o guarda-chuva. Exatamente no dia em que não podia virar abóbora.
Os óculos escuros embaçavam a cada segundo com o calor humano do ônibus e suas janelas ainda fechadas por causa da chuva de meia hora atrás. Pessoas incomodadas nos bancos esmagadas pelas mochilas cheias e pesadas que arrebentavam os ombros já carregados de estafa.
Elevador quente e barulhento, calor na falta de ar condicionado tão cedo de manhã. Computador que lentamente ia acordando de um feriado que dizem prolongado, mas cortado pelo necessário final de semana.
Nem bem 8h da manhã e já enfio os fones no ouvido com o som alto de helter skelter a gritar para me fazer acordar com goles de café.
Mais uma insana terça-feira, como cara de segunda e canseira de sexta.
E é tudo um exagero de quem precisava de férias e um pouco de inverno. Aceito.
Os óculos escuros embaçavam a cada segundo com o calor humano do ônibus e suas janelas ainda fechadas por causa da chuva de meia hora atrás. Pessoas incomodadas nos bancos esmagadas pelas mochilas cheias e pesadas que arrebentavam os ombros já carregados de estafa.
Elevador quente e barulhento, calor na falta de ar condicionado tão cedo de manhã. Computador que lentamente ia acordando de um feriado que dizem prolongado, mas cortado pelo necessário final de semana.
Nem bem 8h da manhã e já enfio os fones no ouvido com o som alto de helter skelter a gritar para me fazer acordar com goles de café.
Mais uma insana terça-feira, como cara de segunda e canseira de sexta.
E é tudo um exagero de quem precisava de férias e um pouco de inverno. Aceito.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
'The happiness is only true when shared'
'Na Natureza Selvagem' é mais do que um filme on the road. É mais do que um filme de aventuras, é mais do que um filme de partidas. É um filme de encontros, com os outros e consigo próprio. É a demonstração daquele momento em que se entende e se acha tudo aquilo do que se fugiu e sobre o que se negou.
O adolescente recém-formado, com ótimas notas e possível futuro acadêmico brilhante, larga tudo, queima economias e se desfaz de todo o bem material para cair na aventura que o levará a entender que se distanciava da sua resolução final, mas que sem essa reflexão isolada não chegaria a compreender.
Perde-se em estradas, despede-se de pessoas que são tocadas pela sua doçura e por sua determinação e que o tocam pelo amor que ele acreditava ter sido negado de seus pais a ele.
Sua emoção de ver a vida e a imensidão da liberdade, só, sua busca e 'maior aventura', levam o rapaz a ver que toda esse transbordamento apenas faria sentido e seria realmente verdadeiro quando compartilhado.
O Alasca o acolhe e o repele, e seu mergulho em reflexões de páginas de livros estampam o sorriso congelado daquele que olha e suspira pela última vez.
O filme traz ótimas reflexões sobre relações humanas, sobre a recusa de compartilhá-las, liberdade, ou seu significado maquiado, valores - construção de uns, perda de outros - e fotografia esplendorosa.
Recomendo e aguardo comentários para tentar entender mais sobre a surpresa deste filme num domingo à noite.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Casei
Fui a uma palestra dele há anos atrás. Sentei na primeira fileira, concentrada. Jovem recém-formada, devorava suas paráfrases de Freud e adorava suas alfinetadas em Jung. Suas colunas eram recortadas do jornal e coladas naquele caderno que recebia todas minhas lamentações, angústias e paixões.
Os olhos escondidos no fundo das lentes do óculos, corridos nas anotações daquelas folhas branquinhas, riscadas de azul, vez ou outra fugiam rapidamente para minha blusa verde, meus óculos brilhando à meia luz.
Um café e mais meia dúzia de papos de temas conversados dentro da minha cabeça e um jantar. Eu confesso que achei meio cafona, me senti um pouco mais velha do que era...jantar? Não estava muito para 'romanticidades', 'galanteios'. Na verdade, estava mal acostumada a seduzir e voltar ao conforto de meu dias vazios.
O pedido foi numa manhã de sexta-feira, numa daquelas manhãs que fazem com o que dia fique muito melhor (às vezes mais de um dia muito melhor depois de uma dessas manhãs). Deitada, olhando o lado de fora de uma janela entreaberta, encontrei olhos semi-abertos, semi-cerrados, semi-acordados. 'O que você acha de casamento? Te perturba ainda essa idéia?' Uma lágrima escorreu tímida e prendeu-se entre os lábios que seguravam a palavra 'aceito'. hahahaha...era só isso que pensava em gritar.
Racional, distante e quase doída, refiz meu discurso de ataque sem parecer muito que havia mudado tanto em tão poucos e curtos e longos e eternos meses.
Ele tirou uma das margaridas do vaso da sala - meu presente - e arrumou entre os cachos do meu cabelo. Era a aliança que eu me recusava (e ainda me recuso) a usar. Foi dali que tirei todas as margaridas que estão sempre espalhadas por todos os lados da minha vida.
Foi num sítio, dia que começou meio cinza, mas que logo virou azul, que prendi mais milhões de margaridas no cabelo. Foi descalça, com um vestidinho branco costurado por algumas das minhas amigas, que aceitei toda a paz tumultada de tê-lo ao meu lado.
Temos 3 filhos - Pedro, Gabriel e João - 24, 22 e 15 anos, respectivamente. Pedro resolveu-se pelos lados do jornalismo e namora Daniel. Gabriel escreve, pára, lê, azedo, às vezes chatinho. É o que mais se parece comigo. É o que mais deita no meu colo e brinca nos cachos do cabelo com os olhos fechados. João se tranca no quarto e fica horas falando com seus teclados loiros, morenos, mais velhos e mais novos. Vive a vida daqueles em quem atirávamos pedras (pontiagudas). Devia jogar mais futebol.
Ah....o nome dele é Eduardo ...eu me chamo Clarice, prazer! Desculpe levantar correndo, parecendo cachorro magro, mas tô atrasada. Obrigada pelo café da manhã. Beijo.
Os olhos escondidos no fundo das lentes do óculos, corridos nas anotações daquelas folhas branquinhas, riscadas de azul, vez ou outra fugiam rapidamente para minha blusa verde, meus óculos brilhando à meia luz.
Um café e mais meia dúzia de papos de temas conversados dentro da minha cabeça e um jantar. Eu confesso que achei meio cafona, me senti um pouco mais velha do que era...jantar? Não estava muito para 'romanticidades', 'galanteios'. Na verdade, estava mal acostumada a seduzir e voltar ao conforto de meu dias vazios.
O pedido foi numa manhã de sexta-feira, numa daquelas manhãs que fazem com o que dia fique muito melhor (às vezes mais de um dia muito melhor depois de uma dessas manhãs). Deitada, olhando o lado de fora de uma janela entreaberta, encontrei olhos semi-abertos, semi-cerrados, semi-acordados. 'O que você acha de casamento? Te perturba ainda essa idéia?' Uma lágrima escorreu tímida e prendeu-se entre os lábios que seguravam a palavra 'aceito'. hahahaha...era só isso que pensava em gritar.
Racional, distante e quase doída, refiz meu discurso de ataque sem parecer muito que havia mudado tanto em tão poucos e curtos e longos e eternos meses.
Ele tirou uma das margaridas do vaso da sala - meu presente - e arrumou entre os cachos do meu cabelo. Era a aliança que eu me recusava (e ainda me recuso) a usar. Foi dali que tirei todas as margaridas que estão sempre espalhadas por todos os lados da minha vida.
Foi num sítio, dia que começou meio cinza, mas que logo virou azul, que prendi mais milhões de margaridas no cabelo. Foi descalça, com um vestidinho branco costurado por algumas das minhas amigas, que aceitei toda a paz tumultada de tê-lo ao meu lado.
Temos 3 filhos - Pedro, Gabriel e João - 24, 22 e 15 anos, respectivamente. Pedro resolveu-se pelos lados do jornalismo e namora Daniel. Gabriel escreve, pára, lê, azedo, às vezes chatinho. É o que mais se parece comigo. É o que mais deita no meu colo e brinca nos cachos do cabelo com os olhos fechados. João se tranca no quarto e fica horas falando com seus teclados loiros, morenos, mais velhos e mais novos. Vive a vida daqueles em quem atirávamos pedras (pontiagudas). Devia jogar mais futebol.
Ah....o nome dele é Eduardo ...eu me chamo Clarice, prazer! Desculpe levantar correndo, parecendo cachorro magro, mas tô atrasada. Obrigada pelo café da manhã. Beijo.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
by Rô Naddeo
quem me ama sabe onde me encontrar. quem sabe meu nome sabe que pode me chamar. a ausência é presente pra tanta gente. pra mim também. que sou gente. e se a gente diz que não sente. mente. então eu falo logo de uma vez. que droga de ausência! mas é preciso um tempo pra cada um. e cada qual. pra cada sozinho e cada casal. ando ausente de mim. um dia eu mando me buscar.
OOO gata! lindo. Obrigadinha. Adorei!
OOO gata! lindo. Obrigadinha. Adorei!
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Momento Música
Mais uma vez, utilizo o espaço para outras coisas e não tenho nada para escrever. Tenho umas coisas na cabeça, mas elas ainda não se transformaram em textos. Se tiver afim de me dar um presente...manda ae que eu posto aqui. :D
--------
http://lordass.muxtape.com/
O que vale bem a pena é a Ella Fitzgerald (quando é que ela não vale a pena?), a do Dean Martin (que dizem q ele é meio...sabe, né? meio...meio) e a linda de France Gall.
Fica aí a dica. ;)
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http://lordass.muxtape.com/
O que vale bem a pena é a Ella Fitzgerald (quando é que ela não vale a pena?), a do Dean Martin (que dizem q ele é meio...sabe, né? meio...meio) e a linda de France Gall.
Fica aí a dica. ;)
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Valsa da Solidão - Roberta Sá
Onde estava tanta estrela que eu não via
Onde estavam os meus olhos que não te encontrava
Onde foi que pisei e não senti
O ruído de teus passos em meu caminho
Onde foi que vivi
Se nem me lembro se existi antes de você
Ah, foi você quem trouxe essa tarde fria
E essa estrela pousada em meu peito
Ah, foi você quem trouxe todo esse vazio
E toda essa saudade
Toda essa vontade de morrer de amor
Onde estavam os meus olhos que não te encontrava
Onde foi que pisei e não senti
O ruído de teus passos em meu caminho
Onde foi que vivi
Se nem me lembro se existi antes de você
Ah, foi você quem trouxe essa tarde fria
E essa estrela pousada em meu peito
Ah, foi você quem trouxe todo esse vazio
E toda essa saudade
Toda essa vontade de morrer de amor
quarta-feira, 2 de abril de 2008
The Smiths to You
Please, please, please, let me get what I want
Good times for a change
See, the luck I've had
Can make a good man
Turn bad
So please please please
Let me, let me, let me
Let me get what I want
This time
Haven't had a dream in a long time
See, the life I've had
Can make a good man bad
So for once in my life
Let me get what I want
Lord knows, it would be the first time
Lord knows, it would be the first time
Good times for a change
See, the luck I've had
Can make a good man
Turn bad
So please please please
Let me, let me, let me
Let me get what I want
This time
Haven't had a dream in a long time
See, the life I've had
Can make a good man bad
So for once in my life
Let me get what I want
Lord knows, it would be the first time
Lord knows, it would be the first time
segunda-feira, 31 de março de 2008
Presente da Mari Poppa
Cada vez que ponho uma máscara para esconder minha realidade, fingindo ser o que não sou, faço-o para atrair o outro e logo descubro que só atraio a outros mascarados distanciando-me dos outros devido a um estorvo: a máscara.
Faço-o para evitar que os outros vejam minhas debilidades e logo descubro que, ao não verem minha humanidade, os outros não podem me querer pelo que sou, senão pela máscara.
Faço-o para preservar minhas amizades e logo descubro que, quando perco um amigo, por ter sido autêntico, realmente não era meu amigo, e, sim, da máscara.
Faço-o para evitar ofender alguém e ser diplomático e logo descubro que aquilo que mais ofende as pessoas, das quais quero ser mais íntimo, é a máscara.
Faço-o convencido de que é o melhor que posso fazer para ser amado, e logo descubro o triste paradoxo: o que mais desejo obter com minhas máscaras é, precisamente, o que não consigo com elas.
Tks, honey! adorei o texto, mesmo sem saber a origem. Amo-te! Orgulho de ser sangue do seu sangue...
Faço-o para evitar que os outros vejam minhas debilidades e logo descubro que, ao não verem minha humanidade, os outros não podem me querer pelo que sou, senão pela máscara.
Faço-o para preservar minhas amizades e logo descubro que, quando perco um amigo, por ter sido autêntico, realmente não era meu amigo, e, sim, da máscara.
Faço-o para evitar ofender alguém e ser diplomático e logo descubro que aquilo que mais ofende as pessoas, das quais quero ser mais íntimo, é a máscara.
Faço-o convencido de que é o melhor que posso fazer para ser amado, e logo descubro o triste paradoxo: o que mais desejo obter com minhas máscaras é, precisamente, o que não consigo com elas.
Tks, honey! adorei o texto, mesmo sem saber a origem. Amo-te! Orgulho de ser sangue do seu sangue...
sábado, 29 de março de 2008
CALL ME
Seu celular vibrava forte ao lado do computador. Seus olhos terminavam a última linha daquele parágrafo eterno e tedioso. Sábado à noite era um dia que dizem que se espera muita coisa. Ela não esperava há um bom tempo alguma coisa de um sábado à noite.
Uma cerveja com a mulherada, uma baladinha para dar risada e contar todos os últimos/de sempre bafões. Mais uma tragada, batom vermelho e uma preguiça de sair por aí.
Pretty baaaaaby...i fell in love with you!!
Another track, for God!
Mais uma olhada na caixa de e-mail e sua jornada geek ia dar uma parada até a volta dessa noite suja, mas graças a Jesus Cristo pregado, mais fria.
She's got Bette Davis eyes...
E seus olhos secos, cansados, eram disfarçados por uma leve sombra e um pouco de base, rímel, lápis, brilho, carão...Acrediiiita, bonita..hahahah...ops!
Tá...tô indo. Vamos ver qualéqueé de hoje, né?
Tem muita gente que acha que o Clube do Camba é um diário. Oi? Gente, eu não tenho 15 anos...hahahhahha! Tá, logo eu!
Bjomeliga
Uma cerveja com a mulherada, uma baladinha para dar risada e contar todos os últimos/de sempre bafões. Mais uma tragada, batom vermelho e uma preguiça de sair por aí.
Pretty baaaaaby...i fell in love with you!!
Another track, for God!
Mais uma olhada na caixa de e-mail e sua jornada geek ia dar uma parada até a volta dessa noite suja, mas graças a Jesus Cristo pregado, mais fria.
She's got Bette Davis eyes...
E seus olhos secos, cansados, eram disfarçados por uma leve sombra e um pouco de base, rímel, lápis, brilho, carão...Acrediiiita, bonita..hahahah...ops!
Tá...tô indo. Vamos ver qualéqueé de hoje, né?
Tem muita gente que acha que o Clube do Camba é um diário. Oi? Gente, eu não tenho 15 anos...hahahhahha! Tá, logo eu!
Bjomeliga
Presente Fernando Pessoesco de Rô Naddeo
"Não: não quero nada,
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-a!
(Trecho de "Lisbon Revisited", de Fernando Pessoa)
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-a!
(Trecho de "Lisbon Revisited", de Fernando Pessoa)
quinta-feira, 13 de março de 2008
Momento Texto Bom e Relevante
CONTARDO CALLIGARIS
É proibido viajar
A modernidade, que começou com a livre circulação, acaba proibindo a viagem
NO EPISÓDIO dos jovens pesquisadores brasileiros barrados em Madri, as autoridades espanholas agiram como se o cônsul-geral do Brasil contasse lorotas para facilitar o trânsito de imigrantes ilegais. O desrespeito justifica a "retaliação" brasileira.
No mais, a cada dia, as fronteiras do mundo (não só do primeiro) barram alguém que tenta viajar, sobretudo se for jovem, solteiro e sem as aparências de uma "vida feita".
Ao atravessar uma fronteira, o passaporte prova que estamos em paz com a Justiça de nosso país. As outras nações devem decidir se somos hóspedes desejáveis. Nas últimas décadas, as "condições" para ser desejável se multiplicaram. Hoje, no caso da Espanha: 1) 70 por dia de permanência planejada; 2) passagem de volta marcada; 3) reserva de hotel, já pago; 4) para quem se hospedar com parentes, formulário preenchido pelos mesmos; 5) quem se desloca para trabalhar deve dispor de um contrato assinado. Normas muito parecidas valem na maioria dos países.
O escândalo é que essas condições podem nos parecer "aceitáveis". Afinal, qualquer Estado quer proteger o emprego de seus cidadãos impedindo a chegada de imigrantes não-autorizados, não é? Pois é, Michel Foucault é mesmo o pensador para os nossos tempos: o sistema social e produtivo dominante ordena nossas vidas furtivamente, convencendo-nos de que não há opressão, mas apenas necessidades "racionais". Se achamos essas regras "aceitáveis", é porque já adotamos a idéia de que, no nosso mundo, só é legítimo ter moradia fixa e profissão estável.
As pessoas com moradia fixa podem, quando elas dispõem dos meios necessários, adquirir uma passagem de ida e volta e sair de seu lar seguindo um programa pré-estabelecido -ou seja, podem ser, ocasionalmente, turistas.
Escárnio: prefere-se que os turistas sejam otários, pagando de antemão. Há uma pousada melhor da que estava prevista? Você quer encurtar a viagem? Pena, você já pagou. Mas isso é o de menos. Importa o seguinte. A modernidade, que começou com a circulação (livre ou forçada) de todos os agentes econômicos, acaba parindo, nem mais nem menos, a proibição da viagem. Como assim? Pois é, viajar não tem nada a ver com férias num resort ou com ser transportado de cidade em cidade para que os cicerones nos mostrem as coisas "memoráveis".
Para começar, viajar é usar uma passagem só de ida.
- Quanto tempo você vai ficar?
- Não faço a menor idéia. Um dia? Três meses? Um ano?
- E você vai para onde?
- Não sei. Talvez eu curta uma pequena enseada, alugue um quarto numa casa de pescadores e fique comendo caranguejos com os pés na areia. Talvez, já no avião ou pelas ruas de Barcelona, eu me apaixone por uma holandesa, um russo ou uma argelina e os siga até o país deles, por uma semana ou um mês.
Se a paixão durar, ficarei por lá.
- E o dinheiro?
- Não sei, meu amigo. Toco violão, posso ganhar um trocado numa esquina ou no metrô. Também posso lavar pratos, ajudar na colheita, cortar lenha, lavar carros e vender pulôveres. E, se a coisa apertar, tenho endereços de parentes e conhecidos que nem sabem que estou viajando, mas não me recusarão uma sopa e um banho quente. Além disso, em Paris, quando fecha o mercado da rua Saint Antoine, sobram na calçada as frutas e as saladas que não foram vendidas; em São Paulo, Londres e Nova York, conheço dezenas de igrejas que oferecem um pão com manteiga; em Varanasi, ao meio dia, distribuem riso com curry e carne aos peregrinos.
Cem anos depois da invenção do passaporte com fotografia, chegamos nisto: uma ordem que só permite se movimentar para consumir férias ou para se relocar segundo os imperativos da produção.
As regras que barram o viajante expressam nossa própria miséria coletiva: perdemos de vez o sentimento de que a vida é uma aventura. Preferimos a vida feita à vida para fazer.
Para quem quiser ler sobre a história da documentação de viagem, uma sugestão: "Invention of the Passport: Surveillance, Citizenship and the State" (invenção do passaporte: vigilância, cidadania e o Estado), de Torpey, Chanuk e Arup (Cambridge University Press).
Para quem quiser viajar, outra sugestão: a mentira, num mundo opressivo, é uma forma aceitável de resistência.
-retirado da Folha de São Paulo, caderno Ilustrada - 13/03/2008
É proibido viajar
A modernidade, que começou com a livre circulação, acaba proibindo a viagem
NO EPISÓDIO dos jovens pesquisadores brasileiros barrados em Madri, as autoridades espanholas agiram como se o cônsul-geral do Brasil contasse lorotas para facilitar o trânsito de imigrantes ilegais. O desrespeito justifica a "retaliação" brasileira.
No mais, a cada dia, as fronteiras do mundo (não só do primeiro) barram alguém que tenta viajar, sobretudo se for jovem, solteiro e sem as aparências de uma "vida feita".
Ao atravessar uma fronteira, o passaporte prova que estamos em paz com a Justiça de nosso país. As outras nações devem decidir se somos hóspedes desejáveis. Nas últimas décadas, as "condições" para ser desejável se multiplicaram. Hoje, no caso da Espanha: 1) 70 por dia de permanência planejada; 2) passagem de volta marcada; 3) reserva de hotel, já pago; 4) para quem se hospedar com parentes, formulário preenchido pelos mesmos; 5) quem se desloca para trabalhar deve dispor de um contrato assinado. Normas muito parecidas valem na maioria dos países.
O escândalo é que essas condições podem nos parecer "aceitáveis". Afinal, qualquer Estado quer proteger o emprego de seus cidadãos impedindo a chegada de imigrantes não-autorizados, não é? Pois é, Michel Foucault é mesmo o pensador para os nossos tempos: o sistema social e produtivo dominante ordena nossas vidas furtivamente, convencendo-nos de que não há opressão, mas apenas necessidades "racionais". Se achamos essas regras "aceitáveis", é porque já adotamos a idéia de que, no nosso mundo, só é legítimo ter moradia fixa e profissão estável.
As pessoas com moradia fixa podem, quando elas dispõem dos meios necessários, adquirir uma passagem de ida e volta e sair de seu lar seguindo um programa pré-estabelecido -ou seja, podem ser, ocasionalmente, turistas.
Escárnio: prefere-se que os turistas sejam otários, pagando de antemão. Há uma pousada melhor da que estava prevista? Você quer encurtar a viagem? Pena, você já pagou. Mas isso é o de menos. Importa o seguinte. A modernidade, que começou com a circulação (livre ou forçada) de todos os agentes econômicos, acaba parindo, nem mais nem menos, a proibição da viagem. Como assim? Pois é, viajar não tem nada a ver com férias num resort ou com ser transportado de cidade em cidade para que os cicerones nos mostrem as coisas "memoráveis".
Para começar, viajar é usar uma passagem só de ida.
- Quanto tempo você vai ficar?
- Não faço a menor idéia. Um dia? Três meses? Um ano?
- E você vai para onde?
- Não sei. Talvez eu curta uma pequena enseada, alugue um quarto numa casa de pescadores e fique comendo caranguejos com os pés na areia. Talvez, já no avião ou pelas ruas de Barcelona, eu me apaixone por uma holandesa, um russo ou uma argelina e os siga até o país deles, por uma semana ou um mês.
Se a paixão durar, ficarei por lá.
- E o dinheiro?
- Não sei, meu amigo. Toco violão, posso ganhar um trocado numa esquina ou no metrô. Também posso lavar pratos, ajudar na colheita, cortar lenha, lavar carros e vender pulôveres. E, se a coisa apertar, tenho endereços de parentes e conhecidos que nem sabem que estou viajando, mas não me recusarão uma sopa e um banho quente. Além disso, em Paris, quando fecha o mercado da rua Saint Antoine, sobram na calçada as frutas e as saladas que não foram vendidas; em São Paulo, Londres e Nova York, conheço dezenas de igrejas que oferecem um pão com manteiga; em Varanasi, ao meio dia, distribuem riso com curry e carne aos peregrinos.
Cem anos depois da invenção do passaporte com fotografia, chegamos nisto: uma ordem que só permite se movimentar para consumir férias ou para se relocar segundo os imperativos da produção.
As regras que barram o viajante expressam nossa própria miséria coletiva: perdemos de vez o sentimento de que a vida é uma aventura. Preferimos a vida feita à vida para fazer.
Para quem quiser ler sobre a história da documentação de viagem, uma sugestão: "Invention of the Passport: Surveillance, Citizenship and the State" (invenção do passaporte: vigilância, cidadania e o Estado), de Torpey, Chanuk e Arup (Cambridge University Press).
Para quem quiser viajar, outra sugestão: a mentira, num mundo opressivo, é uma forma aceitável de resistência.
-retirado da Folha de São Paulo, caderno Ilustrada - 13/03/2008
terça-feira, 11 de março de 2008
Breathless
Às vezes a gente quer largar tudo e sair correndo. É uma puta covardia da nossa parte. E daí? Somos todos covardes mesmo. Queria sair correndo, desaparecer e voltar daqui uns 5 anos, mais magra, com o cabelo laranja e cantando hare krishna hare hare, distribuindo margaridas para as pessoas na rua.
Reencontrar amigos e contar histórias do tempo de estrada, fazer festinha, e depois achar que tudo por aqui realmente tinha se esgotado e você devia mesmo ter se jogado. Não pelos amigos (e família), que são a parte mais importante da sua estadia estagnada por esses lados, mas por todo o resto.
Queria me enfiar numa comunidade hippie, colocar flores no cabelo e fazer colar de miçangas. Andar descalça na grama e chorar ao ver o mar. Ganhar cadernos e escrever minhas bobagens olhando o mundo de outra janela que não a virtual. Enfiar o pé na areia e sentir que o mundo é muito maior do que viagens de ônibus e corridas contra o tempo.
Queria passar o limite dos 70 caracteres. Queria me emocionar, me jogar, me molhar, me sujar. Queria poder não pensar no extrato da minha conta corrente. Ouvir as notas de um piano e ser uma cantora de jazz com um cravo preso na orelha esquerda, os olhos esfumaçados num bar de paredes vermelhas.
Queria que o desejo destes olhos encontrasse o daqueles outros olhos. Queria que o simples da vida não fosse tão difícil de alcançar.
Reencontrar amigos e contar histórias do tempo de estrada, fazer festinha, e depois achar que tudo por aqui realmente tinha se esgotado e você devia mesmo ter se jogado. Não pelos amigos (e família), que são a parte mais importante da sua estadia estagnada por esses lados, mas por todo o resto.
Queria me enfiar numa comunidade hippie, colocar flores no cabelo e fazer colar de miçangas. Andar descalça na grama e chorar ao ver o mar. Ganhar cadernos e escrever minhas bobagens olhando o mundo de outra janela que não a virtual. Enfiar o pé na areia e sentir que o mundo é muito maior do que viagens de ônibus e corridas contra o tempo.
Queria passar o limite dos 70 caracteres. Queria me emocionar, me jogar, me molhar, me sujar. Queria poder não pensar no extrato da minha conta corrente. Ouvir as notas de um piano e ser uma cantora de jazz com um cravo preso na orelha esquerda, os olhos esfumaçados num bar de paredes vermelhas.
Queria que o desejo destes olhos encontrasse o daqueles outros olhos. Queria que o simples da vida não fosse tão difícil de alcançar.
quarta-feira, 5 de março de 2008
Não é à Toa que Ele é o Homem da Minha Vida
Qual é o sonho dos anos 80 para você, John?
Bem, você faz seu próprio sonho. É a história dos Beatles, não é? É a história de Yoko. É o que eu digo agora. Faça seu próprio sonho. Se você quer salvar o Peru, vá salvar o Peru. É bem possível fazer alguma coisa, mas não dotá-lo de líderes ou parquímetros. Não espere que Jimmy Carter ou Ronald Reagan ou John Lennon ou Yoko Ono ou Bob Dylan ou Jesus Cristo venha e o faça por você. Você tem de fazê-lo sozinho. É o que os grandes mestres têm dito desde que os tempos começaram. Eles podem apontar o caminho, deixar indicações e instruções em variados livros que são chamados de sagrados e venerados por suas capas, e não por aquilo que dizem, mas as instruções estão aí para que todos as vejam. Sempre estiveram e sempre estarão. Não há nada de novo sob o sol. Todos os caminhos levam a Roma. E as pessoas não podem fazê-lo por você. Eu não posso te despertar. Você pode se despertar. Eu não posso te curar. Você pode se curar.
O que impede as pessoas de aceitarem essa mensagem?
O medo do desconhecido. É esse medo que impede todo mundo para os sonhos, as ilusões, as guerras, a paz, o amor, o ódio, tudo isso – é ilusão. É isso o desconhecido. Aceite o desconhecido e será uma viagem tranqüila. Tudo é desconhecido – aí você estará à frente do jogo. É o que é. Certo?
(John Lennon, em entrevista publicada pela Playboy. Do arquivo de Renato Modernell)
Bem, você faz seu próprio sonho. É a história dos Beatles, não é? É a história de Yoko. É o que eu digo agora. Faça seu próprio sonho. Se você quer salvar o Peru, vá salvar o Peru. É bem possível fazer alguma coisa, mas não dotá-lo de líderes ou parquímetros. Não espere que Jimmy Carter ou Ronald Reagan ou John Lennon ou Yoko Ono ou Bob Dylan ou Jesus Cristo venha e o faça por você. Você tem de fazê-lo sozinho. É o que os grandes mestres têm dito desde que os tempos começaram. Eles podem apontar o caminho, deixar indicações e instruções em variados livros que são chamados de sagrados e venerados por suas capas, e não por aquilo que dizem, mas as instruções estão aí para que todos as vejam. Sempre estiveram e sempre estarão. Não há nada de novo sob o sol. Todos os caminhos levam a Roma. E as pessoas não podem fazê-lo por você. Eu não posso te despertar. Você pode se despertar. Eu não posso te curar. Você pode se curar.
O que impede as pessoas de aceitarem essa mensagem?
O medo do desconhecido. É esse medo que impede todo mundo para os sonhos, as ilusões, as guerras, a paz, o amor, o ódio, tudo isso – é ilusão. É isso o desconhecido. Aceite o desconhecido e será uma viagem tranqüila. Tudo é desconhecido – aí você estará à frente do jogo. É o que é. Certo?
(John Lennon, em entrevista publicada pela Playboy. Do arquivo de Renato Modernell)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Ah, o Início do Semestre
Lamaçal, cerveja a um real, cigarrinhos embaixo da árvore, mochilas jogadas no único pedaço seco do espaço todo da festa. Fazia tempo que eu não ficava nas festinhas da Letras. Primeira semana de aula, segundo dia, achei digno.
Várias pessoas, gente conhecida, gente esquecida, gente, muita gente. Gente de lá, gente daqui, e de lugares que não guardava mais. A Ci tava lá comigo. Sobramos nós duas de toda a turminha esquisita que se acabava com uma garrafa de Curaçau Blue, enquanto pulava, ria de palhaços pops e comprava salsichas na falta de dogs para salgar a bebedeira.
A gente não tinha forças para trabalhar de sexta-feira, curávamos a ressaca em Grill's e McDonald's. Depois a gente dormia, editava todas as 4 linhas de vírgulas q o dedo preso ao teclado enchia na tela enquanto dávamos a cochiladinha da tarde. Não tinha olodum que me acordasse. Não tinha noite que não tivesse festinha, graça, bebidinhas. E com elas, as manhãs de risadas e ressaca, dor de estômago.
Agora a gente passa as festinhas lembrando dos surtos e querendo que a galera se junte de novo - nos tempos em que éramos bêbados, zuados e felizes. A gente nunca tá satisfeito, mas percebe como as coisas vão ficando diferentes e mais difíceis com o passar do tempo. Muita coisa melhora. Muitas nóias desaparecem. Muitas outras aparecem.
Eu já fui muita coisa, mas nunca soube de verdade quem eu era. Hoje, eu acho que eu tenho uma idéia mais clara e isso facilita muita a vida. É um adianto de vida, né xuxu? Vai aparecendo uma certa segurança no meio de tanta insegurança. Vai rolando umas azedadas mais frequentes, pq quanto mais se sabe sobre o que se é, mais ridículo parece o que já se tentou ser.
Ah! o início do semestre. As aulas são sempre bacanas. Sempre tem um monte de coisas com as quais vc se empolga para estudar. Você sempre pensa que vai ler todos os textos, que vai estudar para não deixar tudo estourar nos 45 do segundo tempo. Você promete para si mesmo. Você imagina. E o semestre vai passando, e muito de tudo isso vai ficando distante.
E aí, tudo isso fica mais teórico e menos empírico. A gente trabalha demais. E essa é a melhor desculpa para tudo o que a gente vai deixando para lá. Tudo o que a gente vai abrindo mão. Tudo o que vai ficando para os finais de tarde com MP3 nos ouvidos naquele banquinho em frente à biblioteca. Tudo vai ficando para as conversas de gente que cansou, mas q ainda não parou. Nem vai.
ps. bobinho, nostálgico, mas é o espírito. A todos aqueles que estiveram nos surtos e que riram das bobagens entre latinhas e dancinhas.
Várias pessoas, gente conhecida, gente esquecida, gente, muita gente. Gente de lá, gente daqui, e de lugares que não guardava mais. A Ci tava lá comigo. Sobramos nós duas de toda a turminha esquisita que se acabava com uma garrafa de Curaçau Blue, enquanto pulava, ria de palhaços pops e comprava salsichas na falta de dogs para salgar a bebedeira.
A gente não tinha forças para trabalhar de sexta-feira, curávamos a ressaca em Grill's e McDonald's. Depois a gente dormia, editava todas as 4 linhas de vírgulas q o dedo preso ao teclado enchia na tela enquanto dávamos a cochiladinha da tarde. Não tinha olodum que me acordasse. Não tinha noite que não tivesse festinha, graça, bebidinhas. E com elas, as manhãs de risadas e ressaca, dor de estômago.
Agora a gente passa as festinhas lembrando dos surtos e querendo que a galera se junte de novo - nos tempos em que éramos bêbados, zuados e felizes. A gente nunca tá satisfeito, mas percebe como as coisas vão ficando diferentes e mais difíceis com o passar do tempo. Muita coisa melhora. Muitas nóias desaparecem. Muitas outras aparecem.
Eu já fui muita coisa, mas nunca soube de verdade quem eu era. Hoje, eu acho que eu tenho uma idéia mais clara e isso facilita muita a vida. É um adianto de vida, né xuxu? Vai aparecendo uma certa segurança no meio de tanta insegurança. Vai rolando umas azedadas mais frequentes, pq quanto mais se sabe sobre o que se é, mais ridículo parece o que já se tentou ser.
Ah! o início do semestre. As aulas são sempre bacanas. Sempre tem um monte de coisas com as quais vc se empolga para estudar. Você sempre pensa que vai ler todos os textos, que vai estudar para não deixar tudo estourar nos 45 do segundo tempo. Você promete para si mesmo. Você imagina. E o semestre vai passando, e muito de tudo isso vai ficando distante.
E aí, tudo isso fica mais teórico e menos empírico. A gente trabalha demais. E essa é a melhor desculpa para tudo o que a gente vai deixando para lá. Tudo o que a gente vai abrindo mão. Tudo o que vai ficando para os finais de tarde com MP3 nos ouvidos naquele banquinho em frente à biblioteca. Tudo vai ficando para as conversas de gente que cansou, mas q ainda não parou. Nem vai.
ps. bobinho, nostálgico, mas é o espírito. A todos aqueles que estiveram nos surtos e que riram das bobagens entre latinhas e dancinhas.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
My Sweet Old Etcetera - By e.e. cummings
my sweet old etcetera
aunt lucy during the recent
war could and what
is more did tell you just
what everybody was fighting
for,
my sister
isabel created hundreds
(and
hundreds)of socks not to
mention shirts fleaproof earwarmers
etcetera wristers etcetera, my
mother hoped that
i would die etcetera
bravely of course my father used
to become hoarse talking about how it was
a privilege and if only he
could meanwhile my
self etcetera lay quietly
in the deep mud et
cetera
(dreaming,
et
cetera, of
Your smile
eyes knees and of your Etcetera)
aunt lucy during the recent
war could and what
is more did tell you just
what everybody was fighting
for,
my sister
isabel created hundreds
(and
hundreds)of socks not to
mention shirts fleaproof earwarmers
etcetera wristers etcetera, my
mother hoped that
i would die etcetera
bravely of course my father used
to become hoarse talking about how it was
a privilege and if only he
could meanwhile my
self etcetera lay quietly
in the deep mud et
cetera
(dreaming,
et
cetera, of
Your smile
eyes knees and of your Etcetera)
Discordar
Discordar, como é bem sabido, é só ter um ponto-de-vita ou opinião divergente à opinião de alguém ou a algo estabelecido. Não há nada de errado em acreditar em algo diferente, apresentar uma nova (ou passada) forma de encarar as coisas.
Às vezes parece que acreditar em outra coisa é um crime, ou é uma forma de atacar alguém. Não é. E às vezes pode ser interpretado como arrogância, intolerância, prepotência. A forma de apresentar um ponto-de-vista divergente deve ser refletida e testada para que esse tipo de interpretação negativa (?) não acompanhe suas palavras.
Discordar de algo só sigifica pensar diferente. E não há motivo para preocupação. Pode ser que se mude de idéia, pq ninguém é feito de idéias estagnadas. O que não se pode fazer é ficar preso às ditas 'verdades absolutas', q segundo meu ponto-de-vista, não existem. Para mim, toda a verdade é relativa. Algo é verdadeiro para um conhecimento de mundo e não para outro. Fatos não são verdades absolutas, são somente fatos (antes que alguém me diga q existem fatos que não podem ser questionados, como o Holocausto ou a fome ou a violência). Mesmo estes fatos possuem conotação diferente a diferentes grupos ou indivíduos da sociedade.
Não aceitar que existam mais de um ponto-de-vista é negar a diversidade, a diferença. Não tô nem fazendo apologia à diferença, estou apenas dizendo que ela existe, e que não há como negá-la. (Até que surja alguém para fazê-lo).
O caso é que a sociedade impõe valores aos indivíduos, e cabe a estes aceitá-los para si ou negá-los com um outro valor. Em cada pedaço de todo mundo existe algo que incomoda, que perturba. Isso, claro, para aqueles que negam algum desses valores, ou são forçados a questioná-los em razão de dificuldade de aplicação em suas vidas.
Talvez a maior doença da modernidade seja a angústia. A angústia causada pelo questionamento, pela reflexão por se sentir forasteiro, out of box, estanho no ninho. Talvez seja a dor de não se fazer parte daquilo que repugnamos, que tentamos expugar, que negamos, discordamos. Discordar dói em casa pedaço de certeza incerta que se desenvolve de dentro para fora de nós mesmos, e de fora para dentro.
Não há nada com que concordar no que foi escrito acima. Isso tudo é só uma forma de me desculpar pela forma como apresento minhas idéias. Talvez elas sejam agressivas. Talvez não. Fiquem à vontade para opinar.
Às vezes parece que acreditar em outra coisa é um crime, ou é uma forma de atacar alguém. Não é. E às vezes pode ser interpretado como arrogância, intolerância, prepotência. A forma de apresentar um ponto-de-vista divergente deve ser refletida e testada para que esse tipo de interpretação negativa (?) não acompanhe suas palavras.
Discordar de algo só sigifica pensar diferente. E não há motivo para preocupação. Pode ser que se mude de idéia, pq ninguém é feito de idéias estagnadas. O que não se pode fazer é ficar preso às ditas 'verdades absolutas', q segundo meu ponto-de-vista, não existem. Para mim, toda a verdade é relativa. Algo é verdadeiro para um conhecimento de mundo e não para outro. Fatos não são verdades absolutas, são somente fatos (antes que alguém me diga q existem fatos que não podem ser questionados, como o Holocausto ou a fome ou a violência). Mesmo estes fatos possuem conotação diferente a diferentes grupos ou indivíduos da sociedade.
Não aceitar que existam mais de um ponto-de-vista é negar a diversidade, a diferença. Não tô nem fazendo apologia à diferença, estou apenas dizendo que ela existe, e que não há como negá-la. (Até que surja alguém para fazê-lo).
O caso é que a sociedade impõe valores aos indivíduos, e cabe a estes aceitá-los para si ou negá-los com um outro valor. Em cada pedaço de todo mundo existe algo que incomoda, que perturba. Isso, claro, para aqueles que negam algum desses valores, ou são forçados a questioná-los em razão de dificuldade de aplicação em suas vidas.
Talvez a maior doença da modernidade seja a angústia. A angústia causada pelo questionamento, pela reflexão por se sentir forasteiro, out of box, estanho no ninho. Talvez seja a dor de não se fazer parte daquilo que repugnamos, que tentamos expugar, que negamos, discordamos. Discordar dói em casa pedaço de certeza incerta que se desenvolve de dentro para fora de nós mesmos, e de fora para dentro.
Não há nada com que concordar no que foi escrito acima. Isso tudo é só uma forma de me desculpar pela forma como apresento minhas idéias. Talvez elas sejam agressivas. Talvez não. Fiquem à vontade para opinar.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Surto e um Convite Tarantinesco
Quem quer fazer maratona Tarantino põe o dedo aqui!
http://www.youtube.com/watch?v=Fknp2aDXQyU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Fknp2aDXQyU&feature=related
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Epidemia de Insônia
Sentada no escuro em sua cama, os olhos gritavam verdes brilhantes como de uma coruja. Sentia seu corpo pesar nos lençóis brancos - cor que chorava fria na penumbra de uma madrugada infinita. O abajur solitário e esquecido há horas, pedia a luz que faltava no sono da mulher cansada.
Esticava o corpo para acalmar a canseira que não era correspondida pelos comandos de sua mente. Intensamente jogava imagens, desejos e sonhos na tela acordada de neurônios dispersos e sinapses eternas.
Criava uma infinidade de histórias e produzia milhares de cenários e personagens. Novelas inteiras, contos apertados nos segundos de respiração. Poemas ritmados na escassez de palavras longas e curtas idéias.
Diálogos, conversas com a mente acordada do outro lado do rio. Declarações. Músicas. Desenhava a letra de todas aquareladas na parede que refletia a luz da rua lá de fora.
Repetia o passado no presente acordado. Imaginava o futuro na falta de luz daqueles minutos intermináveis de uma noite de segunda-feira.
Preguiça. O livro deitava-se a seu lado na cama. Mais alguns outros eram empilhados embaixo do abajur que insistia no pedido de claridade no quarto quente de verão. A porta encostada prendia a luz da sala entre seus dentes de madeira e chacoalhava com o sopro que vinha da janela.
A cortina levantava-se por segundos e voltava ao seu lugar com a falta de ar das estrelas.
Algumas linhas preenchidas, algumas linhas lidas. Parágrafos esquecidos entre o suspirar e o apagar das vozes que a seguiam ao longo da vigília. Dormia.
Esticava o corpo para acalmar a canseira que não era correspondida pelos comandos de sua mente. Intensamente jogava imagens, desejos e sonhos na tela acordada de neurônios dispersos e sinapses eternas.
Criava uma infinidade de histórias e produzia milhares de cenários e personagens. Novelas inteiras, contos apertados nos segundos de respiração. Poemas ritmados na escassez de palavras longas e curtas idéias.
Diálogos, conversas com a mente acordada do outro lado do rio. Declarações. Músicas. Desenhava a letra de todas aquareladas na parede que refletia a luz da rua lá de fora.
Repetia o passado no presente acordado. Imaginava o futuro na falta de luz daqueles minutos intermináveis de uma noite de segunda-feira.
Preguiça. O livro deitava-se a seu lado na cama. Mais alguns outros eram empilhados embaixo do abajur que insistia no pedido de claridade no quarto quente de verão. A porta encostada prendia a luz da sala entre seus dentes de madeira e chacoalhava com o sopro que vinha da janela.
A cortina levantava-se por segundos e voltava ao seu lugar com a falta de ar das estrelas.
Algumas linhas preenchidas, algumas linhas lidas. Parágrafos esquecidos entre o suspirar e o apagar das vozes que a seguiam ao longo da vigília. Dormia.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Korea House
E num desses domingos ensolarados que prometia chuvas e desencontros, Rô e eu resolvemos ir onde o povo está. Caminhadinha até a Liberdade para tentar o Yakisoba da barraquinha. Mas a gente detesta Fila e Sol, ainda mais quando estas duas entidades andam de mãos dadas. Bora procurar um restaurante com sombra e água fresca.
Em meio a uma multidão de rostos desconhecidos, entramos em um restaurante coreano. Uma pequena longa espera (para quem tava de ressaca e suando em bicas). Não íamos arriscar, mas de repente...criatividade.
A gente resolveu que experimentar podia ser divertido. Nada antes de perguntar com que carne era feito o tal churrasco coreano. É, foi isso que a gente pediu. Não lembro de nada que acompanhava, só sei que muitas daquelas tigelinhas eram extremamente apimentadas. Sim, apimentadas. E a carne não era de dalmata, era contra-filé.
O mais divertido é que é você quem 'assa' seu churrasco. Rola uma chapa na mesa e você e seu cabelo vão sendo defumados juntos com sua carne meio moída, meio em tiras. E olha que é bem saboroso.
Para não dizer que eu tô inventando, dessa vez este post é realmente autobiográfico. Segue o cartão do restaurante. Comi e recomendo.
Ode ao Azedume - by Roberta Naddeo
O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou...
Caixa de mensagem: 10 novas
8 delas spam e duas você enviou para você mesma não esquecer que amanhã é a entrega daqueles relatórios.
MSN: vários contatos online. Abro minha janela às 9h, quando chego ao trabalho. Às 18h, ele ainda não me deu um bom dia.
De segunda a sexta: preguiça, ônibus e MP3 nos ouvidos. Novelle Vague distrai das businas e das pessoas e suas mesmices. Já bastam as minhas...
O trabalho me cansa, mas é uma das poucas coisas que me estimula hoje em dia. O trabalho estimula o cérebro que cisma em empacar na mesma sinapse o tempo todo. Aquele estímulo que fica bem no meio de dois neurônios – aquele que tem potencial de se transformar em pensamento bom, volta como pensamento ruim, pegajoso e pára, porque não sabe o que quer.
Trabalho-casa-cozinha-banheiro e cama. Imagens e vontades pulam cercas até eu pegar no sono.
Lá pela quarta ou quinta-feira algo me dá um suspiro. Uma bobagem da Mari me faz rir e eu retruco com um azedume na ponta da língua. Ela compreende e ri de mim e dela mesma.
Final de semana: na expectativa de algo novo, a mesmice do sempre supera as expectativas. Pessoas novas, risadas - muitas risadas - no mesmo lugar de sempre. Final de noite? No final do sábado a gente se dá por satisfeita, volta pra casa, ri por duas horas para começar o domingo do mesmo jeito.
- Ganhei o texto hoje à tarde durante desabafos e reflexões. Adorei. E adorei que minhas bobagens suscitem suas respostas azedas e nossas risadas. Êta vida besta, meu deus!
Te amo, gatinha. Arrasou na produção.
O mundo está ao contrário e ninguém reparou...
Caixa de mensagem: 10 novas
8 delas spam e duas você enviou para você mesma não esquecer que amanhã é a entrega daqueles relatórios.
MSN: vários contatos online. Abro minha janela às 9h, quando chego ao trabalho. Às 18h, ele ainda não me deu um bom dia.
De segunda a sexta: preguiça, ônibus e MP3 nos ouvidos. Novelle Vague distrai das businas e das pessoas e suas mesmices. Já bastam as minhas...
O trabalho me cansa, mas é uma das poucas coisas que me estimula hoje em dia. O trabalho estimula o cérebro que cisma em empacar na mesma sinapse o tempo todo. Aquele estímulo que fica bem no meio de dois neurônios – aquele que tem potencial de se transformar em pensamento bom, volta como pensamento ruim, pegajoso e pára, porque não sabe o que quer.
Trabalho-casa-cozinha-banheiro e cama. Imagens e vontades pulam cercas até eu pegar no sono.
Lá pela quarta ou quinta-feira algo me dá um suspiro. Uma bobagem da Mari me faz rir e eu retruco com um azedume na ponta da língua. Ela compreende e ri de mim e dela mesma.
Final de semana: na expectativa de algo novo, a mesmice do sempre supera as expectativas. Pessoas novas, risadas - muitas risadas - no mesmo lugar de sempre. Final de noite? No final do sábado a gente se dá por satisfeita, volta pra casa, ri por duas horas para começar o domingo do mesmo jeito.
- Ganhei o texto hoje à tarde durante desabafos e reflexões. Adorei. E adorei que minhas bobagens suscitem suas respostas azedas e nossas risadas. Êta vida besta, meu deus!
Te amo, gatinha. Arrasou na produção.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Junkie - Blog Cru
Seus cabelos jogavam-se numa poça do banheiro com paredes avermelhadas. A pia ficava longe de seus olhos. Embaçado. Molhado. Ardendo. Suas pernas enroscavam-se no vaso e penduravam-se no cesto de lixo. Imundo.
Suas mãos secavam seu rosto banhado de suor. Não sentia dores, não sentia nada, mas angústia. Uma dor de dentro para fora. A dor que a levara a enfiar a seringa no braço esquerdo, empurrar o êmbolo e jogar nas suas veias aquela loucura líquida.
Os olhos seguiam as sombras que dançavam pelo vão da porta, trancada. Forçava o corpo a se equilibrar sobre as duas pernas anestesiadas. Seu rosto no espelho era outro. Seus olhos vidrados e fundos tentavam reconhecer o rosto que se contorcia em espasmos.
Jogou a colher, a seringa, seu elástico gasto e vencido e o resto do que a salvaria mais tarde numa sacola de plástico e girou a chave na fechadura da porta.
Um copo de vodka com gelo e limão. Os gomos explodiam entre os dentes apertados pela língua no céu da boca. As luzes explodiam em todos os rostos que olhavam o dela, espantado, olhos quase pulando a face em busca de todas as imagens que dançavam cinzentas no canto de seus olhos.
Abriu os olhos em um sofá qualquer que não reconhecia. Estava com o vestido na cintura e sua bolsa, aberta, no chão. Enfiou a mão no crochê maltratado e não encontrou a seringa e o papel. Correu até o banheiro e um homem jogado nos azulejos azuis tinha a seringa presa no braço esquerdo. Os olhos dele a procuravam e os dela choravam.
ps. Para mais com a mesma temática - dê uma olhada no Cru - crublog.blogspot.com
Suas mãos secavam seu rosto banhado de suor. Não sentia dores, não sentia nada, mas angústia. Uma dor de dentro para fora. A dor que a levara a enfiar a seringa no braço esquerdo, empurrar o êmbolo e jogar nas suas veias aquela loucura líquida.
Os olhos seguiam as sombras que dançavam pelo vão da porta, trancada. Forçava o corpo a se equilibrar sobre as duas pernas anestesiadas. Seu rosto no espelho era outro. Seus olhos vidrados e fundos tentavam reconhecer o rosto que se contorcia em espasmos.
Jogou a colher, a seringa, seu elástico gasto e vencido e o resto do que a salvaria mais tarde numa sacola de plástico e girou a chave na fechadura da porta.
Um copo de vodka com gelo e limão. Os gomos explodiam entre os dentes apertados pela língua no céu da boca. As luzes explodiam em todos os rostos que olhavam o dela, espantado, olhos quase pulando a face em busca de todas as imagens que dançavam cinzentas no canto de seus olhos.
Abriu os olhos em um sofá qualquer que não reconhecia. Estava com o vestido na cintura e sua bolsa, aberta, no chão. Enfiou a mão no crochê maltratado e não encontrou a seringa e o papel. Correu até o banheiro e um homem jogado nos azulejos azuis tinha a seringa presa no braço esquerdo. Os olhos dele a procuravam e os dela choravam.
ps. Para mais com a mesma temática - dê uma olhada no Cru - crublog.blogspot.com
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Soluços e Lágrimas
Clara deitou-se sozinha. Deitou-se para pensar, para lembrar. Deitou-se sozinha para dormir.
Seus olhos verdes a buscavam longe. Clara procurava segurança no maço de cigarros. Acendia um cigarro em meio a uma escuridão de decisões. Fixava seus olhos castanhos e tentava se decidir na postura resolvida de quem não sabe o que fazer enquanto traga e olha.
Bento vinha agora em sua direção. Apreensivamente, mas com o sorriso mais aberto do universo todo estrelado. Ele se segurava enquanto apressava-se para estar mais perto dela. Ela fumava...sugava o cigarro em duas tragadas e jogavas bitucas no canto da calçada.
O abraço demorado, quente. Sentaram-se no chão de uma sala meio escura, com as janelas tapadas por um tecido colorido, escuro - púrpura. Encostaram na parede e mediam-se e a seus pensamentos pela profundidade do silêncio que dizia tanto na conversa de bocas fechadas.
De olhos baixos, as mãos procurando as de Clara. Ela, abraçando-o em seus devaneios, procurava o olhar que a fazia sonhar. Algumas lágrimas escorriam no rosto claro de Bento, e ela o colocava no colo, acomodando sua cabeça em seu peito. Suas mãos afundavam-se nos cabelo molhados de suor.
Depois de longas lágrimas e soluços, ele adormeceu em seus braços. Clara agora procurava na noite de suas elucubrações os raios de sol que manteriam Bento aconchegado.
Acordou sozinha. Sozinha para se levantar, para trabalhar, para pensar e lembrar dele.
Seus olhos verdes a buscavam longe. Clara procurava segurança no maço de cigarros. Acendia um cigarro em meio a uma escuridão de decisões. Fixava seus olhos castanhos e tentava se decidir na postura resolvida de quem não sabe o que fazer enquanto traga e olha.
Bento vinha agora em sua direção. Apreensivamente, mas com o sorriso mais aberto do universo todo estrelado. Ele se segurava enquanto apressava-se para estar mais perto dela. Ela fumava...sugava o cigarro em duas tragadas e jogavas bitucas no canto da calçada.
O abraço demorado, quente. Sentaram-se no chão de uma sala meio escura, com as janelas tapadas por um tecido colorido, escuro - púrpura. Encostaram na parede e mediam-se e a seus pensamentos pela profundidade do silêncio que dizia tanto na conversa de bocas fechadas.
De olhos baixos, as mãos procurando as de Clara. Ela, abraçando-o em seus devaneios, procurava o olhar que a fazia sonhar. Algumas lágrimas escorriam no rosto claro de Bento, e ela o colocava no colo, acomodando sua cabeça em seu peito. Suas mãos afundavam-se nos cabelo molhados de suor.
Depois de longas lágrimas e soluços, ele adormeceu em seus braços. Clara agora procurava na noite de suas elucubrações os raios de sol que manteriam Bento aconchegado.
Acordou sozinha. Sozinha para se levantar, para trabalhar, para pensar e lembrar dele.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Desventura de Viver
Clara passava o dia com a melodia de 'Eu sei q vou te amar' na cabeça. Cantarolava sempre que respirava de boca aberta, sentia cada palavra de amor, de sofrimento. Chorava. De óculos escuros ninguém podia ver as lágrimas que escorriam de seus olhos, pela sua face, até que brilhavam na ponta de seus lábios pintados de batom cor-de-rosa.
'Eu sei que vou sofrer
a eterna desventura de viver
a espera de viver ao lado teu
por toda minha vida'
Sabia o que essas palavras significam dentro do seu peito, nos poros de sua pele, nos pêlos de suas costas, em sua espinha, nos cabelos que se arrepiavam ao lembrar de seus olhos profundos nos seus.
Sabia que cada verso seu seria para dizer-lhe que ia, e sabia que ia, amá-lo por toda sua vida. Ouvia as notas do piano soarem dentro de seu corpo, vibrando junto com seu sangue que esquentava e corria por suas veias e artérias levando toda a sensação de tê-lo perto, dentro, em cada pedaço de si mesma.
Chorava a cada ausência de seus olhos, de seu corpo. A volta apagava sempre tudo o que sua ausência causava. Dizia sim. Era levada por suas mãos, deitava sua cabeça no ombro encolhido, sentia a esquisitice, estranheza de seus pensamentos. Ouvia de longe. O som todo era abafado por toda a alegria, a ofegangte epidemia de tê-lo por segundos ao seu lado.
Despedia-se apreensiva, dolorida, temerosa. Sabia que suas ausências seriam sempre mais longas que a volta para junto dela. Sabia que a angústia ia sempre ser mais do que a febre de se controlar ao acariciar seus cabelos, seu rosto, sua pele.
Seus olhos lambiam palavras em livros, em cadernos, nas carícias virtuais que se acumulavam em sua caixa de e-mail. Seus dedos corriam em folhas em branco, em telas em branco e enchiam de palavras linhas e linhas de paixão.
Continuava cantarolando 'eu sei que vou te amar'. Continuava com a certeza incerta de pedidos e promessas. Continuava com o medo e a coragem de quem ama, de quem espera.
'Eu sei que vou sofrer
a eterna desventura de viver
a espera de viver ao lado teu
por toda minha vida'
Sabia o que essas palavras significam dentro do seu peito, nos poros de sua pele, nos pêlos de suas costas, em sua espinha, nos cabelos que se arrepiavam ao lembrar de seus olhos profundos nos seus.
Sabia que cada verso seu seria para dizer-lhe que ia, e sabia que ia, amá-lo por toda sua vida. Ouvia as notas do piano soarem dentro de seu corpo, vibrando junto com seu sangue que esquentava e corria por suas veias e artérias levando toda a sensação de tê-lo perto, dentro, em cada pedaço de si mesma.
Chorava a cada ausência de seus olhos, de seu corpo. A volta apagava sempre tudo o que sua ausência causava. Dizia sim. Era levada por suas mãos, deitava sua cabeça no ombro encolhido, sentia a esquisitice, estranheza de seus pensamentos. Ouvia de longe. O som todo era abafado por toda a alegria, a ofegangte epidemia de tê-lo por segundos ao seu lado.
Despedia-se apreensiva, dolorida, temerosa. Sabia que suas ausências seriam sempre mais longas que a volta para junto dela. Sabia que a angústia ia sempre ser mais do que a febre de se controlar ao acariciar seus cabelos, seu rosto, sua pele.
Seus olhos lambiam palavras em livros, em cadernos, nas carícias virtuais que se acumulavam em sua caixa de e-mail. Seus dedos corriam em folhas em branco, em telas em branco e enchiam de palavras linhas e linhas de paixão.
Continuava cantarolando 'eu sei que vou te amar'. Continuava com a certeza incerta de pedidos e promessas. Continuava com o medo e a coragem de quem ama, de quem espera.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Ofegante Epidemia
Era uma ansiedade muito grande para voltar ao lugar onde eu passei o melhor carnaval da minha vida. Muita vontade de degustar todas aquelas garrafinhas de pinga com mel. Tanta vontade de ver aquela ofegante epidemia de marchinhas, blocos, espontaneidade e alegria sem tamanho.
Tudo isso ainda com o plus de uma das pousadas mais fofas e delícias dos últimos tempos. Tomar banho em chuveiro quentinho, dormir numa caminha tudo, toalhas trocadas, piscina para curar a ressaca e café da manhã com bolinhos, queijo e cigarros - não tem preço. Até teve o seu preço...mas foi bem baratinho. :)
Esse carnaval foi todo cheio de sinais, de conversas surreais, um monte de gente, um monte de situações. Sempre é, mas esse parecia que tinha sido preparado para nossas neuras, ilusões e desilusões. Ao contrário do próposito do carnaval, pensei bastante enquanto chegava e enquanto saia da agitação master do milênio.
Viajei com duas das minhas manas (outra maninha já instalava na gringa) e uma galera que eu conheci por aquelas lados do estado mesmo. Fui obrigada a escutar Ivete Sangalo e um monte de outras coisas piores - tipo funk...um exercício de auto-controle.
A gente estava a 40 minutos da orgia de São Luis, a 3 da piscina arrasadora, e a 1 segundo de um ataque de nervos. Eu até gravei minha versão de Lucy inthe sky with diamonds com um levadinha jazz durante o transtorno. Um dia eu divulgo.
Conheci a teoria psicanalítica do ok e não ok, do sim sim não não..e mais um monte de toques que colocam o nosso pé no chão, esvaziam a cabeça de merda e enchem com um pouco menos de bobagem.
Presenciei uma das cenas de paixão e desespero mais lindas e que eu nunca poderia imaginar presenciar. Também não sabia muito como reagir, mas sobre dor no coração eu dou curso, então abracei e pulei o 'ôôô Barbosa' junto.
Relembrei todas as marchinhas que cantei por meses o ano passado. Aquelas que embalaram a bebedeiras e que neste carnaval tinham um gosto diferente do da novidade do ano passado. Admiração à festa colorida. Às pessoas que ficam fofas, àquela próposito sem propósito algum.
As fotos talvez expliquem um pouco, talvez não. Acho que só entende quem já foi.
Aguardo o próximo. Feliz Ano Novo (pq agora começou de verdade!)
ps. para mais fotos, visite flickr.com/mari_migliacci
Tudo isso ainda com o plus de uma das pousadas mais fofas e delícias dos últimos tempos. Tomar banho em chuveiro quentinho, dormir numa caminha tudo, toalhas trocadas, piscina para curar a ressaca e café da manhã com bolinhos, queijo e cigarros - não tem preço. Até teve o seu preço...mas foi bem baratinho. :)
Esse carnaval foi todo cheio de sinais, de conversas surreais, um monte de gente, um monte de situações. Sempre é, mas esse parecia que tinha sido preparado para nossas neuras, ilusões e desilusões. Ao contrário do próposito do carnaval, pensei bastante enquanto chegava e enquanto saia da agitação master do milênio.
Viajei com duas das minhas manas (outra maninha já instalava na gringa) e uma galera que eu conheci por aquelas lados do estado mesmo. Fui obrigada a escutar Ivete Sangalo e um monte de outras coisas piores - tipo funk...um exercício de auto-controle.
A gente estava a 40 minutos da orgia de São Luis, a 3 da piscina arrasadora, e a 1 segundo de um ataque de nervos. Eu até gravei minha versão de Lucy inthe sky with diamonds com um levadinha jazz durante o transtorno. Um dia eu divulgo.
Conheci a teoria psicanalítica do ok e não ok, do sim sim não não..e mais um monte de toques que colocam o nosso pé no chão, esvaziam a cabeça de merda e enchem com um pouco menos de bobagem.
Presenciei uma das cenas de paixão e desespero mais lindas e que eu nunca poderia imaginar presenciar. Também não sabia muito como reagir, mas sobre dor no coração eu dou curso, então abracei e pulei o 'ôôô Barbosa' junto.
Relembrei todas as marchinhas que cantei por meses o ano passado. Aquelas que embalaram a bebedeiras e que neste carnaval tinham um gosto diferente do da novidade do ano passado. Admiração à festa colorida. Às pessoas que ficam fofas, àquela próposito sem propósito algum.
As fotos talvez expliquem um pouco, talvez não. Acho que só entende quem já foi.
Aguardo o próximo. Feliz Ano Novo (pq agora começou de verdade!)
ps. para mais fotos, visite flickr.com/mari_migliacci
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